Reviver
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Por: Amanda Bittencourt
Prólogo

Nicholas deu entrada no hospital às oito e quarenta e cinco da noite. Seu avô era o único parente esperando por ele no local. Estava nevando lá fora. A neve suja de Nova Iorque que outrora o vira tão feliz, agora testemunhava o pior momento da sua vida. Aquele lugar não era mais a casa dele. A casa dele era agora em outro lugar. Um lugar distante e definitivamente... mais feliz.

— Qual o quadro? — o médico perguntou enquanto as enfermeiras e os paramédicos levavam a maca pelos corredores do hospital.

— Overdose por cocaína. — disse o paramédico que o tratou ainda na ambulância.

O médico examinou o pulso e os olhos dele com uma lanterna. Ele não tinha reação alguma.

— As pupilas dele estão dilatadas. Preparem tudo para entubar imediatamente. — ele disse às enfermeiras — Verifiquem os monitores cardíacos. Vamos começar o tratamento com Naloxona.

— Sim, doutor. — a enfermeira 1 confirmou.

Entraram no quarto da emergência às pressas e começaram os preparativos. Precisavam fazer a limpeza imediatamente. A quantidade de droga que ele usara tinha causado uma overdose muito mais grave do que a anterior a essa alguns meses atrás. De repente o monitor cardíaco começou a fazer um som estridente repetidamente, muito rápido e assimétrico. Os batimentos do seu coração estavam acelerados demais.

O médico e as enfermeiras se prontificaram imediatamente a verificar o que estava acontecendo.

— Temos fibrilação. Taquicardia. — disse a enfermeira 2.

Não demorou muito para que o monitor cardíaco mostrasse uma linha reta com um barulho contínuo.

— Preparem o desfibrilador. — o médico disse — Temos uma parada cardíaca.

— Pronto doutor. — a enfermeira 1 disse.

O aparelho foi colocado perto da maca enquanto uma das enfermeiras cortava a camisa dele para que pudessem ressuscitá-lo. Seu coração estava parado há 2 segundos.

— Carregando 200. Pronto? Afastem-se.

O choque foi dado em seu peito. A enfermeira 2 usou o ambu para fazer a respiração, mas ele não reagiu.

4 segundos.

— Carregando 300. Pronto? Afastem-se.

Repetiu-se o processo e mais uma vez ele não acordou.

6 segundos.

— Outra carga de 300. Pronto? Afastem-se.

Seu coração parecia ter desistido. Ele nem ao menos estava lutando.

— Ele não está respondendo, doutor. Nós vamos perdê-lo. — a enfermeira 1 disse.

— Vamos lá Nicholas. — o médico implorou para que seu paciente voltasse — Fique comigo. — ele disse antes de aplicar mais uma vez o choque em seu corpo.

Mais uma vez sem resposta. O médico tentaria mais uma vez e ele teria que reagir ou seria tarde demais.

8 segundos

— Carregando... 350. Pronto? Afastem-se.

A enfermeira fez mais uma vez a respiração e como se fosse um milagre, o som do monitor voltou ao seu ritmo simétrico habitual. Ele havia voltado.

— Ele voltou. — a enfermeira 2 disse animada.

— Estabilizem-no. — o médico falou aliviado — Apliquem 3 mg de epinefrina intravenosa.

Ele havia voltado.

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