PriscilaEu entro no apartamento do Rafael com Lucas ao meu lado, e sinto o peso do dia amanhecendo começar a cair sobre mim. O ar no apartamento é silencioso, quase acolhedor, e contrasta fortemente com o caos que acabamos de deixar para trás. O cheiro de sangue ainda está impregnado na minha pele, nos meus cabelos, mas aqui dentro, pelo menos, há uma sensação de segurança que não posso ignorar.Lucas fecha a porta atrás de nós, e, sem dizer nada, se move em direção ao banheiro. Ele sabe o que precisa ser feito. Já passamos por isso antes, tantas vezes, mas hoje foi diferente. Hoje foi mais intenso, mais pessoal. Eu o sigo em silêncio, tentando processar tudo o que aconteceu, enquanto ele liga a banheira, a água quente começando a encher o espaço com vapor.— Venha aqui, vou cuidar de você — ele diz, com a voz baixa, quase suave quando liga o chuveiro.Eu faço o que ele pede. Começo a me despir, e Lucas se aproxima, seus dedos ágeis e delicados, apesar de tudo. Ele começa a retirar o
PriscilaA pressão entre nós é quase palpável, mas, ao mesmo tempo, não há necessidade de apressar nada. O desejo está ali, contido, quase como uma chama baixa que sabemos que pode se intensificar a qualquer momento. Mas por enquanto, o toque, o olhar, e o silêncio entre nós são suficientes. É mais do que físico, é uma conexão que transcende o desejo. A sensação de que somos uma coisa só, especialmente depois de tudo o que enfrentamos juntos.Lucas me puxa um pouco mais para perto, e eu sinto o calor do seu corpo contra o meu, a ereção dele ainda evidente, mas sem pressão, sem urgência. Ele é cuidadoso, sempre foi. Seus dedos traçam caminhos invisíveis pela minha pele, subindo até a nuca e enredando-se nos meus cabelos. O jeito como ele me olha, com um misto de fascínio e devoção, faz meu coração acelerar de uma maneira que raramente acontece.Eu deixo meus lábios tocarem os dele novamente, um beijo lento e carregado de significados. O tipo de beijo que transmite tudo o que não precis
PriscilaEle me beija de novo, dessa vez mais suave, mas ainda carregado de desejo, e eu sei que ele também está se contendo, lutando contra a vontade de ir além. Seus olhos brilham com uma intensidade que me deixa tonta, e por um momento, ficamos ali, nossos corpos ainda entrelaçados, o calor da água ao nosso redor, respirando pesado e sem palavras.Lucas me olha como se eu fosse tudo o que ele sempre quis. E, naquele momento, eu sei que somos.Mas por enquanto, estamos apenas aqui. Eu, ele, e a certeza de que, mesmo no meio da escuridão, encontramos um ao outro. Ele pode sentir o meu coração batendo contra o dele, e por um breve momento, nada mais importa.Quando finalmente abro os olhos, o vejo me encarando com aquele olhar que mistura tudo — desejo, amor, fascínio, e a proteção que ele sempre me oferece. Eu sei que, mais tarde, quando voltarmos para a realidade, teremos que lidar com todas as consequências do que aconteceu. Mas agora, aqui, nos braços dele, nada disso importa.Ele
BeatrizAssim que Rafael abre os olhos e ouve minhas palavras, vejo o pânico se espalhar em seu rosto. Por um momento, ele parece completamente perdido, como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés.— O quê? Agora? — ele balbucia, sentando-se rapidamente na cama, seus olhos arregalados, sem saber para onde olhar ou o que fazer primeiro. É quase engraçado vê-lo assim, tão nervoso, quando normalmente é ele quem sempre tem o controle da situação.Ele se levanta de repente, sem rumo, começando a andar de um lado para o outro, enquanto eu o observo, tentando manter a calma. Rafael olha para a porta, depois para mim, e depois para o chão, como se estivesse tentando descobrir qual o próximo passo.— Eu… eu vou buscar… não, espera… você precisa de alguma coisa? — Ele pergunta, a voz trêmula, e então começa a mexer nas gavetas, pegando qualquer coisa que encontra, a sua pistola e o celular, como se fossem necessárias agora. Não consigo evitar um sorriso ao ver o seu desespero.— Amor, calm
BeatrizA Dra. Mônica, mantendo a calma, responde com firmeza.— Beatriz está indo bem, Rafael, mas se vocês quiserem, podemos discutir a cesárea. O parto natural ainda é viável, mas vai depender dela, de suas forças. Vamos continuar monitorando, e se for necessário, mudamos de plano.Ela me olha nos olhos, sua expressão tranquila, me passando confiança.— Beatriz, você pode fazer isso, mas preciso saber como se sente. Se achar que não aguenta mais, podemos seguir com a cesárea. É a sua escolha.Tento falar, mas estou tão cansada. Tudo que consigo é um pequeno aceno de cabeça, enquanto respiro profundamente, tentando me concentrar na próxima onda de dor. Eu sei que posso, mas ao mesmo tempo, o cansaço é esmagador. Rafael se inclina para mim, seus olhos cheios de preocupação, mas também de amor.— Eu estou com você, amor. Não precisa ser assim... podemos mudar se for muito pra você — ele sussurra, me beijando a testa.Fecho os olhos por um momento, tentando reunir forças. Não quero des
Beatriz— Vamos salvar você e a Giulia, Beatriz — ela completa, sem tirar os olhos de mim.Rafael finalmente solta minha mão e se inclina para me beijar na testa.— Vai dar tudo certo, meu amor. Estou aqui com você — ele sussurra, mas posso sentir o quanto ele está nervoso.Sinto o meu corpo sendo rapidamente preparado pela equipe enquanto Rafael é afastado temporariamente para que possam iniciar o procedimento. O medo agora toma conta de mim, mas uma pequena parte do meu coração ainda está firme, agarrada à esperança de que em breve, terei nossa filha nos braços.A movimentação ao meu redor se intensifica. As luzes do teto passam rapidamente por mim enquanto sou levada pelo corredor em direção à sala de cirurgia. O ruído de passos e equipamentos parece um eco distante. Tudo está acontecendo tão depressa, que mal consigo acompanhar. A única coisa que me mantém presente é a mão de Rafael, que, mesmo afastado, segue comigo em pensamento.Chegamos à sala de cirurgia, e a equipe médica se
RafaelEu me levanto lentamente, todos os olhares se voltam para mim. O som da minha cadeira arrastando é a única coisa que quebra o silêncio pesado que paira na sala. Com as mãos sobre a mesa, inclino-me levemente para frente, encarando a todos. Não há espaço para dúvidas no que estou prestes a dizer.— O casamento entre Lucas e Priscila vai acontecer. a minha voz sai firme, sem hesitação. Cada palavra é um martelo batendo na estrutura invisível de poder que mantemos. — É o único caminho para assegurar a ordem, e que todos lembrem o lugar de cada um dentro dessa organização.— Casamentos aqui não são sobre amor ou escolha. São alianças de poder, acordos feitos para reforçar lealdades e proteger interesses. Eu preciso garantir que as pessoas saibam que Priscila e a sua virgindade, algo que ainda pesa no valor que a máfia dá às mulheres e está sendo protegida.Sei que o futuro dela é algo que pesa na mente de Ramiro, e não quero dar espaço para que ninguém acredite que estou interr
RafaelPego a fotografia de Giulia e passo os dedos pela moldura. Ela é minha, não de sangue sangue, mas por amor e por ela, eu faria qualquer coisa. Mas me dou conta de que isso também é verdade para todos os pais dentro da organização. Ramiro e Priscila. Cristian e Maria. Todos eles têm filhas, e por mais que façamos parte de algo muito maior e mais perigoso, no fundo, o instinto é o mesmo: proteger.Eu quero proteger a Giulia do mundo e por isso casei a Priscila com o seu grande amor, o Lucas, mas não por isso, para protegê-la, do próprio pai, Como Ramiro fez isso por tanto tempo com ela, eu tenho vontade de mata-lo, mas preciso continuar a ser líder, porém se um dia, alguém fizer isso com a minha filha, eu volto do inferno, mas protegerei a minha Giulia.Minha mente volta para Priscila, que sempre foi uma guerreira, mais forte do que qualquer um poderia imaginar. Eu a coloquei em situações impossíveis, e ela sempre superou as expectativas. Maria, tão dedicada e leal, uma jovem que