BeatrizAssim que Rafael abre os olhos e ouve minhas palavras, vejo o pânico se espalhar em seu rosto. Por um momento, ele parece completamente perdido, como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés.— O quê? Agora? — ele balbucia, sentando-se rapidamente na cama, seus olhos arregalados, sem saber para onde olhar ou o que fazer primeiro. É quase engraçado vê-lo assim, tão nervoso, quando normalmente é ele quem sempre tem o controle da situação.Ele se levanta de repente, sem rumo, começando a andar de um lado para o outro, enquanto eu o observo, tentando manter a calma. Rafael olha para a porta, depois para mim, e depois para o chão, como se estivesse tentando descobrir qual o próximo passo.— Eu… eu vou buscar… não, espera… você precisa de alguma coisa? — Ele pergunta, a voz trêmula, e então começa a mexer nas gavetas, pegando qualquer coisa que encontra, a sua pistola e o celular, como se fossem necessárias agora. Não consigo evitar um sorriso ao ver o seu desespero.— Amor, calm
BeatrizA Dra. Mônica, mantendo a calma, responde com firmeza.— Beatriz está indo bem, Rafael, mas se vocês quiserem, podemos discutir a cesárea. O parto natural ainda é viável, mas vai depender dela, de suas forças. Vamos continuar monitorando, e se for necessário, mudamos de plano.Ela me olha nos olhos, sua expressão tranquila, me passando confiança.— Beatriz, você pode fazer isso, mas preciso saber como se sente. Se achar que não aguenta mais, podemos seguir com a cesárea. É a sua escolha.Tento falar, mas estou tão cansada. Tudo que consigo é um pequeno aceno de cabeça, enquanto respiro profundamente, tentando me concentrar na próxima onda de dor. Eu sei que posso, mas ao mesmo tempo, o cansaço é esmagador. Rafael se inclina para mim, seus olhos cheios de preocupação, mas também de amor.— Eu estou com você, amor. Não precisa ser assim... podemos mudar se for muito pra você — ele sussurra, me beijando a testa.Fecho os olhos por um momento, tentando reunir forças. Não quero des
Beatriz— Vamos salvar você e a Giulia, Beatriz — ela completa, sem tirar os olhos de mim.Rafael finalmente solta minha mão e se inclina para me beijar na testa.— Vai dar tudo certo, meu amor. Estou aqui com você — ele sussurra, mas posso sentir o quanto ele está nervoso.Sinto o meu corpo sendo rapidamente preparado pela equipe enquanto Rafael é afastado temporariamente para que possam iniciar o procedimento. O medo agora toma conta de mim, mas uma pequena parte do meu coração ainda está firme, agarrada à esperança de que em breve, terei nossa filha nos braços.A movimentação ao meu redor se intensifica. As luzes do teto passam rapidamente por mim enquanto sou levada pelo corredor em direção à sala de cirurgia. O ruído de passos e equipamentos parece um eco distante. Tudo está acontecendo tão depressa, que mal consigo acompanhar. A única coisa que me mantém presente é a mão de Rafael, que, mesmo afastado, segue comigo em pensamento.Chegamos à sala de cirurgia, e a equipe médica se
RafaelEu me levanto lentamente, todos os olhares se voltam para mim. O som da minha cadeira arrastando é a única coisa que quebra o silêncio pesado que paira na sala. Com as mãos sobre a mesa, inclino-me levemente para frente, encarando a todos. Não há espaço para dúvidas no que estou prestes a dizer.— O casamento entre Lucas e Priscila vai acontecer. a minha voz sai firme, sem hesitação. Cada palavra é um martelo batendo na estrutura invisível de poder que mantemos. — É o único caminho para assegurar a ordem, e que todos lembrem o lugar de cada um dentro dessa organização.— Casamentos aqui não são sobre amor ou escolha. São alianças de poder, acordos feitos para reforçar lealdades e proteger interesses. Eu preciso garantir que as pessoas saibam que Priscila e a sua virgindade, algo que ainda pesa no valor que a máfia dá às mulheres e está sendo protegida.Sei que o futuro dela é algo que pesa na mente de Ramiro, e não quero dar espaço para que ninguém acredite que estou interr
RafaelPego a fotografia de Giulia e passo os dedos pela moldura. Ela é minha, não de sangue sangue, mas por amor e por ela, eu faria qualquer coisa. Mas me dou conta de que isso também é verdade para todos os pais dentro da organização. Ramiro e Priscila. Cristian e Maria. Todos eles têm filhas, e por mais que façamos parte de algo muito maior e mais perigoso, no fundo, o instinto é o mesmo: proteger.Eu quero proteger a Giulia do mundo e por isso casei a Priscila com o seu grande amor, o Lucas, mas não por isso, para protegê-la, do próprio pai, Como Ramiro fez isso por tanto tempo com ela, eu tenho vontade de mata-lo, mas preciso continuar a ser líder, porém se um dia, alguém fizer isso com a minha filha, eu volto do inferno, mas protegerei a minha Giulia.Minha mente volta para Priscila, que sempre foi uma guerreira, mais forte do que qualquer um poderia imaginar. Eu a coloquei em situações impossíveis, e ela sempre superou as expectativas. Maria, tão dedicada e leal, uma jovem que
LipeSinto o peso do revólver na minha mão e inspiro fundo, deixando o cheiro do metal e da pólvora preencherem o ar. Estou aqui com o meu irmão, o Gian Carlo, e a sensação é de camaradagem pura. Ele olha para mim, com aquele sorriso confiante de quem já fez isso milhares de vezes, e assente, sinalizando que está pronto.Posiciono os pés, ajusto a postura, e o barulho ao nosso redor parece diminuir enquanto foco no alvo à frente. Gian levanta a arma primeiro e dispara uma sequência rápida, três tiros certeiros que ressoam pelo estande. Os impactos acertam o alvo com precisão, e não posso deixar de admirá-lo. Ele sempre foi bom nisso.Agora é a minha vez. Levanto o revólver e respiro fundo, controlando a ansiedade. Puxo o gatilho uma vez, e o primeiro disparo me dá um pequeno tranco, mas o meu foco permanece firme. Repito o movimento, soltando outros dois tiros em sequência. Sinto a adrenalina percorrer o meu corpo, e um leve sorriso surge no meu rosto.Gian Carlo bate no meu ombro, me
Felipe VassaloCom calma, puxo uma faca da mesa ao lado, e sinto o cabo frio na minha mão enquanto ele observa o reflexo dela com os olhos arregalados. Gian Carlo permanece em silêncio, seu olhar firme, apenas me observando e me deixando conduzir o ritmo. Sem pressa, traço a lâmina pelo braço do primeiro homem, arrancando um grunhido de dor, e repito o movimento lentamente, deixando que cada som de agonia ecoe pelo galpão. Cada corte, cada pressão aplicada, parece esvaziar um pouco da dor que eu mesmo carrego.Quando me viro para os outros dois, vejo que a resistência deles está praticamente destruída, faço um corte profundo de cada e Gian Carlo me encara e me passa a sua pistola, e sem hesitar, aponto para o segundo homem. Um disparo preciso. O som seco e o corpo dele caindo inerte marcam o fim de sua luta.Sigo para o último, sem pressa, observo o sangue fluindo do corte que fiz a instantes atrás e sinto a calma tomar conta. Ele já desistiu, o olhar vidrado. Outro disparo, e o silên
Lucas— O Rafael é pai!— Imagino o quanto ele está feliz, do jeito que ele é apaixonado pela Beatriz e agora com uma mini Beatriz para mimar, deve ser incrível Lucas!— Estou ansiosa para conhecê-la!— Eu também gostaria de conhecê-la logo, Pri.— Deve ser tão linda!— Acho que o Rafael realmente vai nos casar, estou torcendo que sim, isso não saiu da minha cabeça depois daquela conversa no escritório.— Assim que casarmos, vou te engravidar, quero ter filhos com você, no mínimo três!— Pri, você também pensa em ter filhos logo?— Lu, estamos no auge da nossa carreira e da nossa vida, quero muito ter filhos com você, mas eu gostaria de aproveitar um pouco mais o início do nosso casamento para podermos aproveitar a vida e curtir, viajar.— Faz sentido Pri, eu realmente quero aproveitar muito com você e fazer amor contigo todas as horas e lugares, mas primeiro temos que arrumar uma casa no condomínio para morar.— Vamos mudar de assunto, preciso voltar ao caos da nossa realidade, estou