Ronaldo havia ajudado Florence silenciosamente tantas vezes que ela não queria deixá-lo em uma situação difícil por causa de uma simples foto. Mas o que precisava ser esclarecido, precisava ser dito. Para ela, ele era apenas um irmão, nada mais. Depois de um tempo, Ronaldo respondeu com um emoji sorridente e escreveu: [Durma cedo.] Florence respondeu: [Certo, boa noite.]Ela saiu da conversa e, distraída, deu uma olhada nas chamadas perdidas. Ao ver o número de Lucian, seus dedos hesitaram por um instante, mas, no final, colocou o celular de lado e foi tomar banho antes de dormir. …Na manhã seguinte, Florence levantou cedo e foi em direção à cozinha. Pelo caminho, ainda pensava em qual desculpa usar para convencer os empregados a deixarem que ela mesma preparasse algo. Afinal, antes, até quando tentava pegar um simples lanche, era alvo de comentários sarcásticos. Mas, para sua surpresa, assim que entrou na cozinha, viu rostos desconhecidos. Todos estavam ocupados, mas, ao no
— Mano, o que você está fazendo aqui? — Ela enxugou as mãos e foi cumprimentá-lo. — Vi que você se machucou e pensei em te levar ao estúdio hoje cedo. Melhor do que pegar metrô apertado. — Ronaldo hesitou ao vê-la de avental. — O que você está fazendo? Florence, um pouco sem jeito, levantou as mãos ainda sujas de farinha. — Queria preparar um café da manhã para você e para a Sra. Melissa, mas fui pega no flagra. — Então é melhor eu ir embora? — Ronaldo brincou. Florence riu junto com ele. — Senta aí, já estou terminando. Ronaldo assentiu e aguardou enquanto ela finalizava o café da manhã. Como percebeu que ele olhava o relógio de tempos em tempos, decidiu embalar tudo nos novos potes que havia comprado. Antes de sair, ainda virou-se para a empregada e recomendou: — A Sra. Melissa vai gostar dessas waffles, são mais macias e fáceis de digerir. Não esqueça de servi-las ainda quentes. — Pode deixar, senhorita. — Respondeu a funcionária. Depois, entregou a Ronaldo uma
A secretária de Ronaldo sentiu um impacto súbito na parte de trás do joelho, perdeu o equilíbrio e, num instante, o café escorreu por toda a roupa dele e pelo recipiente de comida. Ronaldo franziu a testa, enquanto a mulher se apressava em se desculpar. — Me perdoe, Sr. Ronaldo, eu não fiz de propósito. Naquele momento, Lucian apagou o cigarro no cinzeiro. — Preciso que você vá a Cidade H para uma viagem de negócios. Os documentos estão aí, dê uma olhada. Ronaldo lançou um olhar para os papéis sobre a mesa. — Certo. — Bom trabalho. — Lucian saiu sem sequer olhar para trás. No escritório, Ronaldo pegou o lenço da mão da secretária com a mesma calma de sempre. — Vá organizar os detalhes da viagem. — Sim, senhor. Assim que a secretária saiu, Ronaldo ficou encarando o recipiente de comida sobre a mesa, seus olhos se tornando cada vez mais profundos. … No elevador, Cláudio girava uma pequena pedra entre os dedos. — Sr. Lucian, o senhor pediu para eu vir junto só p
Valentina refletiu por um momento antes de falar com cautela: — Sendo assim, vocês três, que são novos no estágio, devem apresentar um esboço de design. Depois, irei com vocês para a reunião com Lavínia. — Certo. — Florence e Isadora responderam ao mesmo tempo. Daphne, no entanto, sorriu com confiança: — Diretora Valentina, não precisa se preocupar tanto com isso. Posso marcar um encontro com Lavínia e levar Florence e Isadora comigo. Valentina estava realmente ocupada, então assentiu e concordou. Assim que a reunião terminou, vários colegas cercaram Daphne, cheios de admiração. — Daphne, você realmente é a mulher do Lucian. Conhece todo mundo. — Imagina. — Daphne ergueu os olhos para Florence, um sorriso insinuante nos lábios. Florence ignorou completamente e, pegando seus pertences, saiu com Isadora. Enquanto caminhavam, Isadora comentou em voz baixa: — Flor, se você tivesse conexões tão boas quanto ela, com certeza faria um design ainda melhor. — Isadora, che
Daphne achava que Lucian, ao ver aquela cena, ficaria enojado com a atitude de Florence. No entanto, ele permaneceu impassível. Seus longos dedos pressionaram a têmpora enquanto a outra mão folheava, com indiferença, os documentos sobre os joelhos. — Você me chamou aqui só para assistir a um espetáculo? — A voz grave dele soou gelada, com um tom que fazia parecer que a mulher à sua frente não era sua noiva, mas uma subordinada incompetente. Daphne cerrou os punhos com força, mordendo o lábio interno quase até sangrar, mas não ousou rebater. Foi então que, pelo retrovisor, ela olhou para o banco de trás e viu Florence. Seus olhos tremeram. Florence estava... Ao perceber que Lucian estava prestes a levantar o olhar, Daphne rapidamente segurou o braço dele. — Lucian, eu te procurei por causa de Lavínia, a gerente-geral da Oásis do Chá. Sei que você está negociando com ela, e, por coincidência, nosso estúdio também tem contato com ela. Se você me levar para conhecê-la, eu prome
Por que Florence conseguia sempre a atenção de Lucian? No instante seguinte, Rosana levantou os olhos úmidos e fitou o colega ao lado. Em um movimento calculado, ela deixou o corpo cair em direção ao peito do homem, cobrindo o rosto com o gesto. — Desculpa, acho que me deu uma tontura aqui no banco de trás. O homem, como muitos, não resistiu ao contato de uma mulher caindo em seus braços. Ele riu e a segurou com firmeza. — Não tem problema, eu te apoio. — Obrigada, você é muito gentil. — Rosana agradeceu, engolindo o desgosto que sentia, decidida a manchar a imagem de Florence aos olhos de Lucian. ... No táxi, Florence soltou um longo suspiro de alívio: — Isadora, obrigada. Isadora deu um tapinha no peito, como se recuperasse o fôlego, e explicou: — Não foi nada. Mas toma cuidado com sua "amiga". Hoje de manhã, ela chegou na empresa toda animada dizendo que é sua melhor amiga. Alguns caras até tentaram se aproximar de você por meio dela. — Eu já percebi. — Florenc
Ronaldo negou com urgência: — Flor, não diga isso. Lucian sabe o que está fazendo. Enquanto eu estiver fora, cuide bem de si mesma. Era óbvio que ela tinha acertado em cheio. Florence apertou o celular com força, e um ressentimento tomou conta de seu peito. Lucian, por causa de Daphne, era capaz de eliminar até as pessoas que a ajudavam. Ele era mesmo um homem cruel e sem escrúpulos. Na outra vida, Ronaldo havia sido afastado, pouco a pouco, do centro de poder do Grupo Avery com tantas viagens a trabalho. O herdeiro mais velho da família Avery acabou sendo exilado no exterior, algo que Florence nunca conseguia esquecer. Florence estava parada no meio do vento, com a cabeça baixa. — Me desculpe, irmão. Fui eu quem te prejudicou. — Não diga besteiras. Talvez Lucian esteja muito ocupado com a negociação com a Oásis do Chá e não tenha outra escolha a não ser me mandar no lugar dele. — Ronaldo ainda tentou justificar Lucian. Mesmo assim, Florence captou uma palavra familiar.
Ao ver o colega de trabalho cair no chão com um baque surdo, Florence ficou paralisada por um instante. Ela ergueu o olhar rapidamente e viu Lucian se aproximar, com um sorriso frio e divertido nos lábios. A presença dele fazia o ar ao redor dela parecer mais pesado, sufocante. — Bastante popular com os homens, né? — A voz grave de Lucian carregava um tom de sarcasmo que a fez estremecer. Florence tentou mexer o pulso, mas sabia que resistir era inútil. Dessa vez, decidiu ser mais esperta. Se as mãos não funcionavam, usaria os pés. Com um movimento rápido, ela levantou a perna para acertá-lo, mas Lucian antecipou seu golpe. Com a mão firme, ele segurou sua perna no ar, puxando-a para mais perto sem esforço algum. O corpo dela acabou se chocando contra o dele, o atrito da roupa arranhando o cinto que ele usava. A proximidade fez o constrangimento e a raiva queimarem no rosto dela. — Me solta! — Florence exigiu, a voz carregada de indignação. — Sem gratidão nenhuma. — Lucian