A secretária de Ronaldo sentiu um impacto súbito na parte de trás do joelho, perdeu o equilíbrio e, num instante, o café escorreu por toda a roupa dele e pelo recipiente de comida. Ronaldo franziu a testa, enquanto a mulher se apressava em se desculpar. — Me perdoe, Sr. Ronaldo, eu não fiz de propósito. Naquele momento, Lucian apagou o cigarro no cinzeiro. — Preciso que você vá a Cidade H para uma viagem de negócios. Os documentos estão aí, dê uma olhada. Ronaldo lançou um olhar para os papéis sobre a mesa. — Certo. — Bom trabalho. — Lucian saiu sem sequer olhar para trás. No escritório, Ronaldo pegou o lenço da mão da secretária com a mesma calma de sempre. — Vá organizar os detalhes da viagem. — Sim, senhor. Assim que a secretária saiu, Ronaldo ficou encarando o recipiente de comida sobre a mesa, seus olhos se tornando cada vez mais profundos. … No elevador, Cláudio girava uma pequena pedra entre os dedos. — Sr. Lucian, o senhor pediu para eu vir junto só p
Valentina refletiu por um momento antes de falar com cautela: — Sendo assim, vocês três, que são novos no estágio, devem apresentar um esboço de design. Depois, irei com vocês para a reunião com Lavínia. — Certo. — Florence e Isadora responderam ao mesmo tempo. Daphne, no entanto, sorriu com confiança: — Diretora Valentina, não precisa se preocupar tanto com isso. Posso marcar um encontro com Lavínia e levar Florence e Isadora comigo. Valentina estava realmente ocupada, então assentiu e concordou. Assim que a reunião terminou, vários colegas cercaram Daphne, cheios de admiração. — Daphne, você realmente é a mulher do Lucian. Conhece todo mundo. — Imagina. — Daphne ergueu os olhos para Florence, um sorriso insinuante nos lábios. Florence ignorou completamente e, pegando seus pertences, saiu com Isadora. Enquanto caminhavam, Isadora comentou em voz baixa: — Flor, se você tivesse conexões tão boas quanto ela, com certeza faria um design ainda melhor. — Isadora, che
Daphne achava que Lucian, ao ver aquela cena, ficaria enojado com a atitude de Florence. No entanto, ele permaneceu impassível. Seus longos dedos pressionaram a têmpora enquanto a outra mão folheava, com indiferença, os documentos sobre os joelhos. — Você me chamou aqui só para assistir a um espetáculo? — A voz grave dele soou gelada, com um tom que fazia parecer que a mulher à sua frente não era sua noiva, mas uma subordinada incompetente. Daphne cerrou os punhos com força, mordendo o lábio interno quase até sangrar, mas não ousou rebater. Foi então que, pelo retrovisor, ela olhou para o banco de trás e viu Florence. Seus olhos tremeram. Florence estava... Ao perceber que Lucian estava prestes a levantar o olhar, Daphne rapidamente segurou o braço dele. — Lucian, eu te procurei por causa de Lavínia, a gerente-geral da Oásis do Chá. Sei que você está negociando com ela, e, por coincidência, nosso estúdio também tem contato com ela. Se você me levar para conhecê-la, eu prome
Por que Florence conseguia sempre a atenção de Lucian? No instante seguinte, Rosana levantou os olhos úmidos e fitou o colega ao lado. Em um movimento calculado, ela deixou o corpo cair em direção ao peito do homem, cobrindo o rosto com o gesto. — Desculpa, acho que me deu uma tontura aqui no banco de trás. O homem, como muitos, não resistiu ao contato de uma mulher caindo em seus braços. Ele riu e a segurou com firmeza. — Não tem problema, eu te apoio. — Obrigada, você é muito gentil. — Rosana agradeceu, engolindo o desgosto que sentia, decidida a manchar a imagem de Florence aos olhos de Lucian. ... No táxi, Florence soltou um longo suspiro de alívio: — Isadora, obrigada. Isadora deu um tapinha no peito, como se recuperasse o fôlego, e explicou: — Não foi nada. Mas toma cuidado com sua "amiga". Hoje de manhã, ela chegou na empresa toda animada dizendo que é sua melhor amiga. Alguns caras até tentaram se aproximar de você por meio dela. — Eu já percebi. — Florenc
Ronaldo negou com urgência: — Flor, não diga isso. Lucian sabe o que está fazendo. Enquanto eu estiver fora, cuide bem de si mesma. Era óbvio que ela tinha acertado em cheio. Florence apertou o celular com força, e um ressentimento tomou conta de seu peito. Lucian, por causa de Daphne, era capaz de eliminar até as pessoas que a ajudavam. Ele era mesmo um homem cruel e sem escrúpulos. Na outra vida, Ronaldo havia sido afastado, pouco a pouco, do centro de poder do Grupo Avery com tantas viagens a trabalho. O herdeiro mais velho da família Avery acabou sendo exilado no exterior, algo que Florence nunca conseguia esquecer. Florence estava parada no meio do vento, com a cabeça baixa. — Me desculpe, irmão. Fui eu quem te prejudicou. — Não diga besteiras. Talvez Lucian esteja muito ocupado com a negociação com a Oásis do Chá e não tenha outra escolha a não ser me mandar no lugar dele. — Ronaldo ainda tentou justificar Lucian. Mesmo assim, Florence captou uma palavra familiar.
Ao ver o colega de trabalho cair no chão com um baque surdo, Florence ficou paralisada por um instante. Ela ergueu o olhar rapidamente e viu Lucian se aproximar, com um sorriso frio e divertido nos lábios. A presença dele fazia o ar ao redor dela parecer mais pesado, sufocante. — Bastante popular com os homens, né? — A voz grave de Lucian carregava um tom de sarcasmo que a fez estremecer. Florence tentou mexer o pulso, mas sabia que resistir era inútil. Dessa vez, decidiu ser mais esperta. Se as mãos não funcionavam, usaria os pés. Com um movimento rápido, ela levantou a perna para acertá-lo, mas Lucian antecipou seu golpe. Com a mão firme, ele segurou sua perna no ar, puxando-a para mais perto sem esforço algum. O corpo dela acabou se chocando contra o dele, o atrito da roupa arranhando o cinto que ele usava. A proximidade fez o constrangimento e a raiva queimarem no rosto dela. — Me solta! — Florence exigiu, a voz carregada de indignação. — Sem gratidão nenhuma. — Lucian
Após escapar, Florence não teve coragem de se hospedar em um hotel próximo à universidade. Decidiu ir diretamente para um hotel mais perto do estúdio. Antes de entrar no carro, ela se virou para olhar para a esquina. Uma luxuosa SUV preta parou ali, e Lucian, vestido inteiramente de preto, saiu da penumbra e entrou no veículo. Logo depois, o vidro do carro desceu alguns centímetros, revelando um par de olhos negros e intensos que a observavam. No contraste da noite, aquele olhar parecia uma ameaça silenciosa, como se dissesse que ela não tinha para onde fugir. Um arrepio percorreu as costas de Florence. Sem olhar para trás, ela entrou no carro e ordenou ao motorista que saísse imediatamente. ... Do outro lado. Cláudio entrou no carro e fechou a porta com cuidado antes de relatar: — Sr. Lucian, Florence denunciou os homens por estarem dirigindo alcoolizados e ainda deu o nome da Rosana. Lucian estava sentado no banco traseiro, girando lentamente o anel no dedo. Ele arque
Nesse momento, Daphne chegou, perguntando rapidamente o que havia acontecido. Ela franziu o cenho, visivelmente contrariada, e lançou um olhar de desaprovação para Rosana. Aquela idiota... Nem para lidar com uma situação simples sem se complicar. Florence, ao ver que todos os envolvidos já estavam presentes, decidiu encerrar a situação com estilo. Ela imitou o tom de voz que Rosana usava no passado, adotando uma falsa preocupação: — Rosana, é melhor você pedir desculpas logo. Se isso chegar aos ouvidos da Valentina, vai ser ruim tanto para você quanto para o estúdio. Afinal, foi você quem saiu para jantar e beber com o marido dela, né? Não acha, Daphne? Florence jogou a questão diretamente para Daphne, que agora era o centro das atenções. Na vida passada, as duas haviam se unido inúmeras vezes para prejudicá-la. Agora, Florence queria que elas provassem do próprio veneno. Todos os olhares se voltaram para Daphne, que, como noiva de Lucian, tinha naturalmente mais peso em suas