Giglio coçou a cabeça confuso, parece que falavam línguas diferentes, apesar de Matteo, muito alterado, falar bem a língua italiana. — Está bem, senhor. Eu só quis ajudar, mas se é assim, me desculpe, não vou mais mexer com essa história. Os olhos azuis de Matteo brilhavam de ódio. — Vá! Espero que não tenha estragado o meu apetite! Giglio desceu o caminho de pedra e foi ter com Silva e outro segurança. Ele já chegou desabafando. — Ele se deitou com ela! Conheço o patrão quando está de cabeça virada por um rabo de saia! Ela o pegou pelo ponto fraco! — Mas será que Antonieta cumpriu com o acordo? Acredita mesmo na fidelidade dela com o senhor?— Silva jogou o veneno. Giglio ficou pensativo, intrigado. — Eu não tinha pensado nisso. Se ela me traiu, vai me pagar caro. Ela deve a mim, por estar aqui há tantos anos! O outro segurança, de nome Almir, foi mais longe. — Eu não duvido nada que ela esteja mancomunada com essa moça aí! Eu sempre lh
Eu me curvei, para observar como eles se colocavam em posição de prontidão, como se temessem que eu pudesse estar levando o patrão para uma armadilha. Matteo os ignorou, mas eu sabia que eles iriam ficar por perto. Há poucos passos logo mais à frente, já não me lembrava mais daqueles homens. Não poderia ser de outra forma, eu estava presa à sensação maravilhosa de estar sendo conduzida por um ser tão elegante, tão lindo! Detalhe, eu nem sabia onde ele estava me levando. A água ali era cristalina e dava para uma pequena caverna. Matteo apressou-se e sumiu da minha vista. Logo, eu encontrei só a sua sunga. Fiquei boquiaberta. Ele nadava totalmente nu nas águas transparentes. — Vem!— ele me chamou. Eu olhei para o meu biquíni por baixo do camisão aberto e pensei se deveria ousar tanto. Tirei tudo, fiquei livre como o Matteo e pulei na água. A sensação de liberdade era incrível! Enquanto eu ia na direção das mãos que ansiavam pelas minhas, a
“Eu pulei do penhasco e me joguei ao mar, deixando a dor da decepção apagar todo o meu passado. Eu só queria esquecer aquela traição, mesmo que isso custasse a minha vida, os meus sonhos e por fim, a minha identidade. “ Foi assim que tudo começou… Eu dirigia feliz, havia fechado um grande negócio! Com a venda daquela mansão milionária, finalmente poderia trocar o carro do meu marido. Diogo se queixava sempre que, enquanto não chegasse a tão sonhada promoção na exportadora em que trabalhava, teria que se conformar com o seu carro, que não trocava há três anos. De repente, por ironia do destino, o surpreendo dirigindo quase do meu lado. O farol fechou e ele estava tão ansioso, impaciente, olhando para frente que não me viu. Meu coração disparou de felicidade e eu o segui, ele dirigia rápido e eu desviava dos carros para alcançá-lo, cheguei a gritar o seu nome, mas ele não me ouviu. Para mim, era muita sorte não precisar chegar em casa para lhe contar do meu grande feito, me se
Enquanto as águas me arrastavam, eu refletia sobre tudo o que estava me acontecendo. Cath ainda ia fazer dezenove anos, enquanto eu já tinha quase vinte e seis. Desde criança, ela estava sempre entre nós. Já nesse tempo, Diogo não a suportava! Queria pegar na minha mão, mas ela dizia que iria contar para os meus pais. Quando eu tinha só treze aninhos ele me beijou, escondido no jardim, e ela fez um escândalo! Saiu correndo e contou aos gritos. — Que criança insuportável!— Diogo exclamou e saiu correndo para a sua casa, que ficava no mesmo quarteirão. Eu até achei graça da situação, pois Cath tinha só seis anos e eu achava que se tratava de ciúmes da irmã, apesar que me deu muito trabalho aquela atitude infantil. Meus pais me achavam nova demais para namorar e eu quase levei uma surra! Demorou mais de três anos para os meus pais aceitarem o nosso namoro! Eles davam ordens para que Cath ficasse sempre por perto. Ela não desgrudava de mim, parecia não suportar o Diogo. A
Comecei a afogar de repente. As águas me abraçaram e o mar começou a me puxar, sem que eu estivesse mais no controle. Foi um desespero muito grande, eu comecei a gritar por socorro, quando avistei uma enorme propriedade sobre um penhasco, era uma mansão gigantesca! Minha experiência como corretora de imóveis, me dizia que a casa era habitada por alguém muito poderoso, e eu comecei a gritar por socorro, me debatendo nas águas. De repente, consegui chamar atenção, muitos homens pularam para o mar e vieram na minha direção. Eu não conseguia ver, nem ouvir, em meio ao meu desespero, mas havia uma figura que me observava ao longe, gritando para os seus homens. — Tragam-na, depressa homens! Andem logo com isso! O relógio do seu pulso se chocava contra a parede de pedra que cercava a casa. — Tem que salvá-la!— ele continuou a gritar. De repente, eu fui puxada por braços fortes e pensei que já estava perdendo os sentidos. “ Meu Deus, eu preciso viver!” — dizia em pensame
Um homem forte, com a camisa molhada, deu um passo à frente, saindo do meio dos outros que também haviam pulado na água para me salvar. — O que pretende fazer, senhor? O todo poderoso suspirou, ainda segurando meus ombros. — Vou ficar com ela, levem-na para o meu quarto! — O quê!— parecia mesmo absurdo, o homem, que se destacava dentre os demais subordinados, não estava errado. Dois homens responderam ao sinal do patrão e avançaram para me colocar nos braços. Um foi na frente, abrindo portas, afastando cortinas, enquanto o outro ofegava me levando nos braços para o meu destino. Depois de subir uma escada de pedra, que dava para um corredor, onde o som das ondas do mar parecia mais próximo, enfim chegamos. — O que acha que o patrão pretende?— um perguntou para outro, depois de me deitar no leito. — Não sei, tomá-la como sua amante, talvez! Eu gelei e fingi estar adormecida. — Fala como se o patrão fosse um bandido, um mafioso
Alencar ficou indignado. — Eles estão escolhendo uma esposa da sua linguagem, que não atrapalhe os negócios! Matteo esbravejou. — Eu a escolhi, Alencar, e está decidido! O homem, suspirou resignado, já conhecia o patrão. Quando ele queria uma coisa, tinha que ser do jeito dele, e agora não seria diferente. Sem saber que o meu destino já estava selado, eu observava curiosa o visitante sair e subir na lancha novamente. Olhei para minhas roupas úmidas e suspirei. Desolada comecei a questionar a minha loucura de se passar por uma desmemoriada, era quase a morte. Não sa ia onde estava pisando e isso me deixava completamente insegura. — O que será esse lugar? Onde será que me meti? Quem é esse ser, dono de tudo isso? Será que se esconde? Ele tem um leve sotaque italiano, quando fica alterado, parece estar na própria Itália! Na verdade, eu ainda não sabia, mas Matteo era herdeiro de uma grande multinacional com sede no Rio de Janeiro. Ultimamente os negócios estavam mais
Me segurei no vão da porta, desolada. — Quem é Antonieta? Mais uma vez, a mulher sorriu misteriosamente. — İsso não é importante. Eu não tinha mais perguntas, deixei que ela se fosse. Agora eu sabia que pelo menos uma pessoa sabia da minha farsa. Restava só matar a fome. Estava decidida, aceitaria a proposta do todo poderoso Matteo Basso Spinelli, seria Antonieta, deixaria de ser Cinthia para sempre. Enquanto isso, Diogo suava muito diante do seu superior, o assessor do ceo da empresa onde trabalhava. Ele esperava ansioso por aquela promoção. Alencar o olhava atento, enquanto lhe falava: — Você passa a ocupar um cargo importante agora, Diogo. Com o afastamento do senhor Matteo, vou precisar do seu apoio, será meu assessor. Diogo suspirou aliviado e sorriu para Alencar. Ele saiu da empresa e voltou a ficar tenso. Cath o esperava na frente do prédio. Ele parou o carro e ela entrou rapidamente. — Deu certo?— ela quis sab