Os gêmeos seguraram em minhas mãos enquanto Ermet nos dirigia por entre os alojamentos. Eles tinham um lugar especial na floresta, era como uma campina encantada onde apenas semideuses poderiam entrar. Tinha algumas armas e alvos, era um local perfeito para treinamento. Não havia ninguém ali além de nós, eles me dirigiram a um pequeno tronco caído e ali me sentei. Ao contrário da noite que fazia no alojamento militar aqui fazia um sol frio e revigorante, parecia uma dimensão paralela enquanto eu olhava ao redor eles ficavam rindo baixinho das minhas reações, eu mal tinha notado que o cabelo já não estava em meu rosto e todo ele estava a mostra teria continuado assim se Ermet ficasse de boca fechada.
- Seus olhos são lindos. - Rapidamente escondi o rosto com a franja e o espiei entre os fios alaranjados. - Não precisa esconder, não aqui.
Ele se aproximou de mim e colocou minha franja atrás da orelha de forma delicada e sorrio para mim, sorri de volta sem jeito.
- O que achou daqui maninha? - Falou Lucca, sempre o mais simpático. Ele deu um soco em meu ombro que logo retribuí e pela primeira vez eu me senti em casa, me senti em um lar.
- Eu amei isso aqui - Disse somente com um sorriso estampado no rosto. Minha visão dava voltas e voltas e eu não conseguia parar de olhar para todos os lugares maravilhosos que alcançava.
- Você é um pouco diferente de nós no corpo e em algumas habilidades. - Arqueei uma sobrancelha em resposta.
- Como assim diferente? - Dobrei as pernas sobre o tronco ficando de frente para Lucca.
- Sua mãe era filha de Afrodite, nosso pai acabou se apaixonando por seus encantos. - E foi aí que tudo começou a fazer sentido. Eu não obedecia ela, eu era a única pessoa que não obedecia ela é por isso ela me odiava. - Você não é mais fraca, porém não aparenta ter a força que tem. Sua estrutura é de alguém delicado mas sua força é de um monstro. Sua beleza também evidência muito os traços da sua mãe. Você acaba chamando a atenção por onde passa apenas por sua beleza, filhos de Ares não são tão bonitos assim.
Rimos juntos, os garotos não são modelos mas também não são feios. São de certa forma normal fora o corpo que não aparenta ter uma idade tão baixa. Ermet parecia ter puxado mais ao seu lado materno, pelo que eu sabia da mitologia seu pai não era tão lindo assim. Volto meu olhar para um lago cristalino e fico imaginando o meu pai usando alguns traços de Lucca para preencher os espaços vazios, o resultado foi um homem alto e musculoso, com um cabelo loiro e uma barba grande, olhos azuis e uma armadura grega, ri de mim mesma interiormente.
- É aqui que vamos treinar para descobrir seus dons. - E mais uma vez me pus a imaginar um exército com armaduras gregas, sim eu tinha pensamentos ultrapassados.
- Que tipo de don, voar? - Perguntei de forma meio sarcástica e Ermet rio de lado olhando diretamente para o céu.
- Filhos de Ares não voam, mas tem alguns dons que são raros. Cada filho tem sua especialidade, porém todos eles tem algo em comum a força e a sede de sangue. - Não sabia que filhos de Ares bebiam sangue, será que agora vou queimar no sol também? Sem notar eu estava mordendo meu dedo indicador.
- Tipo vampiros? - Ele riram novamente de mim, Lucien acabou caindo no chão.
- Não, Alle. Sede de sangue inimigo, vontade de matar, fúria, raiva, ódio... - Disse Lucca passando a mão em meu cabelo de forma protetora.
- Entendi agora. - Então papai ja que te conheço você bem que poderia aparecer. Era isso que eu repetia em meu pensamento. Eu só queria ser uma criança normal que tinha pai e mãe mas agora sou uma Semideusa que tem sangue de dois deuses correndo por suas veias.
- Não fique com isso na cabeça, sei que é muita coisa para assimilar. Eu tive que passar por muitos baixos para poder acreditar que era realmente filho de Hefesto. - Soltei o ar que eu não lembrava estar prendendo. Ermet tinha um certo domínio sobre mim, domínio esse que ele perderá em breve.
Conversamos sobre muitas habilidades que envolviam deuses e o temido Olimpo. Parece que nem tudo que nos contam na escola é de todo verdade. Os meninos disseram que já conversaram com seus pais e não era tão aterrorizante quanto eu imaginava e Ares não anda por aí com armadura grega, disse que eles estão sempre entre os humanos vivendo e interagindo como nós, eles se misturam em nosso meio de forma que nem percebemos. Eles também disseram que ele ficava o tempo todo ao meu lado me olhando e tentando cuidar de mim porém ele não poderia intervir. Fiquei chateada inicialmente mas eu sabia que tudo isso era para que eu estivesse aqui, de certa forma ele queria me trazer para perto e me mostrar o que eu realmente sou.
- Eu não entendo o interesse dele em mim... - Falo mais para mim do que para eles, mas sei que escutaram pois todos soltaram um longo suspiro cansado.
- Quando chegar a hora você pergunta pra ele. - Disse Lucien se levantando e indo em direção ao portal. - Vamos, já está tarde e amanhã temos aula e dois treinos.
- Dois? - Perguntei olhando para ele e Lucca me ajudou a levantar.
- Seu treino começa o mais breve possível. - Ele passou pelo portal e logo nós fomos atrás dele sem demorar indo em silêncio cada um para o seu alojamento.
Da minha mente não parava de vir o rosto daquele homem que eu havia montado usando o perfil do Lucca, não era assustador mas tinha aquela feição de pai protetor. Na verdade parecia aquela imagem que eu projetava quando estava com medo. Aquele pai que me esconderia dela, que me fazia sorrir, mas não fez. Com isso em mente eu me deitei olhando o teto e contando os minutos até finalmente cair no sono sonhando com ele ou um suposto ele...
Ao acordar aquela manhã parecia que tudo que eu tinha passado ontem fora apenas um sonho ruim e estranho e que ao retornar para a sala de aula hoje os garotos nem notassem a minha existência. levantei da cama um pouco cambaleante meu corpo estava dolorido como se eu realmente tivesse sido perseguida por um minotauro ontem, ri de mim mesma lembrando do sonho e me dirigi ao banheiro arrastando meus pês no chão de madeira do alojamento. Quando vi minha face no espelho e foquei nas olheiras agradeci mentalmente por minha franja ter o trabalho de cobrir isso. Lavei meu rosto e tomei um banho demorado enquanto olhava o vapor subindo e escondendo meu corpo naquele pequeno quadrado cheio de azulejos verde. Ao terminar enrolei meu corpo em uma toalha e fui até os armários me trocar, não tinha pressa afinal eu sou a unica garota nesse modulo e fico sozinha no banheiro feminino.Coloco minha farda e arrumo meu cabelo da forma necessária para continuar sendo invisível. Passo pelos corredo
Os dias passavam devagar e eu sabia bem aproveitar cada momento dele, acho que descobrir ser uma semideusa foi a melhor coisa da minha vida. Com eles eu não me sentia mais diferente, me sentia apenas eu mesma porque com eles eu me sentia em casa e agra eu podia chamar esse pequeno alojamento de lar, não por que os gêmeos eram meus meio-irmãos mas porque eu finalmente me sentia parte de alguma coisa, eles me mostraram que mesmo sendo diferente não significava algo ruim, para eles eu era especial.Treinar com eles era divertido e ao mesmo tempo cansativo, passamos varias noites sem dormir para testar minhas habilidades. Cada um tem uma habilidade, Lucca tinha uma habilidade que apelidamos de grito do medo qualquer criatura que estivesse ao alcance do seu grito ficava terrivelmente aterrorizada e apavorada. Engraçado quando lembrei que ele fez isso contra o minotauro aquela noite, porem isso não funciona contra seus irmãos pós filhos de ares desenvolvem imunidade ao medo. Após su
Era escuro e assustador, e eu não conseguia respirar por causa da pressão. Os mínimos barulhos já me assustavam e me faziam dar alguns pulos, era tão asqueroso esse ambiente mesmo que eu não pudesse vê-lo. Era meu lugar de tortura, onde tudo que aconteceu em minha vida começa a passar em minha frente, o desprezo e abandono, as palavras e os machucados, as horas e os minutos ali trancada. Meu tórax pesa e minha respiração entrecortada, meus olhos não abrem com medo do escuro que esta dentro, meu corpo chacoalha, minha mente gira em forma de queda e eu acordo.O despertador finalmente resolveu tocar, não me importa o culpado dessa demora seja do tempo ou apenas mais uma das loucuras que estão tomando lugar em minha mente. Passo a mão no rosto tentando finalmente acordar por completo, observo todo o alojamento tomando ciência que estava vazio e apenas eu ainda esto
Ao lado de uma fenda, uma pequena fenda situada ao leste de Washington, DC. Afastada da estrada e de olhos curiosos eu me repouso em sua beirada esperando por ele. Todo dia era a mesma coisa para mim, vir e sentar de cara ao sol esperando que ele desse uma escapadinha do tártaro e confesso não saber como ele faz isso, sabia que não era o único a conseguir mas nunca dividiu comigo essa informação tão importante. Baguncei o cabelo impaciente e joguei minha cabeça para trás, hoje ele estava demorando mais do que costumava, fico imaginando como ele passa todo esse tempo lá em baixo e permanece são, na verdade duvido que aquele velho ainda esteja são.Enquanto eu conversava com meu eu interior que não era nem um pouco mais gentil que eu, pelo contrário parecia ser mais pervertido e atormentado uma sombra levantou da fenda como um líquido negro subindo pelas paredes, uma pequena serpente negra se aproximava do meu pé e eu suspirei.- Demorou. - Falei impaciente, es
Acordei e olhei em volta, várias armas brilhando contra a luz que ultrapassava a janela. O ar frio daquele lugar me dava alguns arrepios passageiros que abalaram minha espinha. Terminei de limpar tudo há quatro horas atrás e só então me deitei para dormir um pouco, respiro fundo enquanto me sento no chão úmido encarando um pequeno brilho no fundo da sala, era estranho por que estava no chão e eu não me lembro de ter derrubado nenhuma arma, o brilho não era prata ou fosco era algo claro e cintilante que fazia a visão doer. Fiquei de joelhos e comecei a engatinhar de encontro a luz mesmo tendo que desviar a visão por causa do seu brilho, estiquei meu braço para debaixo da mesa e alcancei um cabo de osso puxando-o em minha direção observo uma linda adaga de diamante com alguns traços aleatórios de ouro, seu cabo era escultural e tinha cravejado sobre ele o rosto de um javali. Fiquei admirando aquela adaga quase me esquecendo do tempo quando ouço a porta ser destrancada, rapid
Todos já estavam dormindo e eu começava a arrumar a cama para deitar enquanto Hermet me encarava com os olhos escuros. Estava realmente se divertindo com a situação, eu me troquei e notei que ele desviou o olhar e limpou a garganta, em seguida eu me deitei na cama e ele rio.- Acha mesmo que vai dormir aí? E eu como fico? - a escuridão das suas palavras me fez tremer.- Creio que amanhã irá chegar mais camas, você só precisa esperar um pouco. - me aconcheguei e virei de costas para ele. Não demorou para sentir a cama afundar do outro lado e alguém me empurrar um pouco.- Já que não vai sair, então anos dividir a cama. - falou ele me empurrando. - Mas, se me tocar eu te derrubo.- Se me tocar eu quebro a parte que me tocou. - resmunguei de lado e pude ouvir o seu divertimento.Estava tudo calmo e eu estava quase dormindo quando senti ele me empurrar com as costas e tive que me apoiar para não cair, chutei suas pernas com for
Três longos dias e nenhuma noticia era trazida deles, não estava com medo que não voltassem mas eram a minha pequena e imperfeita família. Todos os dias eu ia e voltava do alojamento o tempo todo com alguma esperança que eles já tivessem aparecido, ou no minimo uma carta que dissesse que estavam bem. Estava sentada em nossa dimensão de treinamento olhando para o lago quando ouvi um barulho estranho, algo entre as arvores do lado de fora, eu sabia que nenhum dos garotos do acampamento se atreveriam a chegar até aqui e mesmo que vissem eles não conseguiriam passar pelo portal, mas esse não era um garoto qualquer. Ao olhar para trás encontrei com dois cristais cinzas em uma pele branca e cabelos negros sobre os olhos, aquele garoto tinha conseguido passar pelo portal o que quer dizer que ele não é um humano comum, ele é um semideus assim como eu. Minha boca se abria lentamente enquanto eu olhava para ele chocada, era muito difícil ver algum semideus que não fossem meus irmão
- Acorde Aly, você vai se atrasar!- a voz rouca de Ermet ecoava em meus ouvidos mas eu me recusava a levantar, a cama estava gostosa hoje e apesar de não estar chovendo o tempo era frio e agradável. As meias que cobriam meus pés enquanto eu dormia estavam jogadas ao lado da cama depois de uma noite agitada. Ele eme balançava gentilmente como fazia todas as manhãs mas hoje era diferente. - Vai se atrasar para a cerimonia!Meus olhos abriram instantaneamente e meus pés trabalharam sozinhos em direção aos chuveiros do alojamento. Hoje eu seria elevada a coronel da minha primeira equipe especial e havia esquecido completamente. não foi difícil vestir a farda ornamentada do exercito mas como sempre era uma dor ter que tirar minha franja da frente do rosto, mesmo após muita relutância finalmente resolvi coloca-la para tras e por o quepe.- Esta linda. - Ermet evitava falar essas coisas para mim e sempre que fazia desviava o olhar. - Como se sente?- Me sinto