Era escuro e assustador, e eu não conseguia respirar por causa da pressão. Os mínimos barulhos já me assustavam e me faziam dar alguns pulos, era tão asqueroso esse ambiente mesmo que eu não pudesse vê-lo. Era meu lugar de tortura, onde tudo que aconteceu em minha vida começa a passar em minha frente, o desprezo e abandono, as palavras e os machucados, as horas e os minutos ali trancada. Meu tórax pesa e minha respiração entrecortada, meus olhos não abrem com medo do escuro que esta dentro, meu corpo chacoalha, minha mente gira em forma de queda e eu acordo.
O despertador finalmente resolveu tocar, não me importa o culpado dessa demora seja do tempo ou apenas mais uma das loucuras que estão tomando lugar em minha mente. Passo a mão no rosto tentando finalmente acordar por completo, observo todo o alojamento tomando ciência que estava vazio e apenas eu ainda estou dormindo. Respiro fundo tomando postura e me levanto em um salto, por mais que eu não esteja ansiosa para sair hoje a noite eu precisava, arrastando os pés vou parar no banheiro onde me banho rapidamente e logo coloco a farda do exercito. Minha franja sempre no mesmo lugar me permite ficar sozinha com meus pensamentos, saio do alojamento indo de encontro aos outros que estavam no campo de treino apenas esperando que os próximos jogos comessem, ou lutas, isso não era muito o que eu gostava de ver afinal não podia tirar sangue do "coleguinha" era contra as regras machucar gravemente seu adversário. As mãos nos bolsos e passos desleixados, me sentei na arquibancada esperando os próximos nomes serem chamados pois sabia que o meu não seria. Todos os jogos eles jogavam um papel fora e esse papel continha o meu nome. Digamos que depois do incidente do primeiro ano eles resolveram me manter longe de qualquer atrito contra outro aluno. As lutas costumavam ser tediantes e vários saiam machucados mas nada muito grave por que quem tivesse a ousadia de fazer isso iria passar a noite inteira no arsenal limpando as armas. Até meus irmãos e Ermet lutaram e eu apenas assisti, vi que eles estavam se segurando o máximo possível para não matarem seus oponentes. Algumas garotas também lutaram e acabaram saindo quase carecas dali, algumas lutas eram realmente vergonhosas de se ver. Com o tempo todos lutaram e só restou um garoto algumas classes mais velho e eu, a regra era clara se sobrassem dois alunos eles teriam que lutar entre si. O garoto tinha duas vezes o meu tamanho. Os professores correram para discutir se iam mesmo permitir que um garoto mais velho lutasse contra mim, uma garota raquítica de apenas treze anos. O diretor não demorou a tomar o controle da situação, só dois dias depois do incidente com o garoto do primeiro ano foi que eu descobri que ele era filho do diretor, a ordem tinha sido dada e assinada em baixo. O diretor queria ver o garoto me dar uma surra e vingar seu filho que agora tem alguns pontos no rosto igual a mim.
O garoto ria e se movimentava em passos de Boxe, ele era alto por esse motivo não conseguia manter uma guarda muito baixa. Enquanto ele pulava igual idiota eu soltei os braços ao lado do meu corpo, foi uma arte de luta que eu aprendi sozinha. Ele rio e seu cabelo loiro parecia poeira no vendo quanto veio em minha direção, não precisei de muito esforço para desviar de seu soco baixo e sem força suficiente, joguei meu corpo para a direita e agarrei seu braço com minhas mãos usando da minha força forcei seu punho e seu rádio para a mesma direção e o quebrei como um pequeno pedaço de madeira. Todos ficaram parados em pé olhando o que eu tinha acabado de fazer, eu sabia que tinha saído do limite e iria ser castigada duas ou três vezes por aquele incidente. Dois soldados me levaram arrastada até o arsenal e me jogaram lá dentro trancando a porta logo depois. O olhar de todos para mim era de puro deboche, Lucca e Lucien estavam decepcionados mas o olhar de Ermet era quase de orgulho e foi a isso que eu me agarrei fortemente. Enquanto eu pegava o pano e começava a limpar arma por arma ficava pensando naquele olhar de orgulho e me senti satisfeita com o que tinha feito.
Estava quase acabando o setor das pistolas quando escuto a porta ser aberta e em seguida fechada novamente, olho de soslaio e vejo Ermet se aproximar devagar com as mãos no bolso do seu uniforme. Sua postura era invejável mas seu olhar nunca pediu submissão. Ele parou ao meu lado mas eu fiz de conta que não o havia visto, simplesmente ignorei a sua presença.
- Sabia que aquele garoto também é um semideus? - Ele perguntou contendo um sorriso vitorioso nos lábios.
- Não, eu não sabia. - Dei as costas para ele e continuei meu bom serviço.
- Ele é filho de Anfitrite. - Falou por fim e ficou me olhando. - Fez um ótimo trabalho, nem eu teria feito melhor.
- Está brincando não é? Todos me odeiam e o diretor provavelmente já está vendo uma forma de me expulsar. - ele rio.
- Um bom soldado não aquele que faz o que lhe mandam mas aquele que faz o que é necessário para conseguir vencer. Se o diretor pudesse te expulsar teria sido quando quase matou o filho dele, mas eles precisam de soldados assim. - Ele bateu levemente em meu ombro e sorrio. - Parece que alguém vai começar a ir em missões sigilosas.
- Como? - Ele saiu sorrindo de dentro do arsenal e trancou a porta novamente. Parece que a aventura vai começar agora, pronta ou não eu não perderei essa oportunidade.
Ao lado de uma fenda, uma pequena fenda situada ao leste de Washington, DC. Afastada da estrada e de olhos curiosos eu me repouso em sua beirada esperando por ele. Todo dia era a mesma coisa para mim, vir e sentar de cara ao sol esperando que ele desse uma escapadinha do tártaro e confesso não saber como ele faz isso, sabia que não era o único a conseguir mas nunca dividiu comigo essa informação tão importante. Baguncei o cabelo impaciente e joguei minha cabeça para trás, hoje ele estava demorando mais do que costumava, fico imaginando como ele passa todo esse tempo lá em baixo e permanece são, na verdade duvido que aquele velho ainda esteja são.Enquanto eu conversava com meu eu interior que não era nem um pouco mais gentil que eu, pelo contrário parecia ser mais pervertido e atormentado uma sombra levantou da fenda como um líquido negro subindo pelas paredes, uma pequena serpente negra se aproximava do meu pé e eu suspirei.- Demorou. - Falei impaciente, es
Acordei e olhei em volta, várias armas brilhando contra a luz que ultrapassava a janela. O ar frio daquele lugar me dava alguns arrepios passageiros que abalaram minha espinha. Terminei de limpar tudo há quatro horas atrás e só então me deitei para dormir um pouco, respiro fundo enquanto me sento no chão úmido encarando um pequeno brilho no fundo da sala, era estranho por que estava no chão e eu não me lembro de ter derrubado nenhuma arma, o brilho não era prata ou fosco era algo claro e cintilante que fazia a visão doer. Fiquei de joelhos e comecei a engatinhar de encontro a luz mesmo tendo que desviar a visão por causa do seu brilho, estiquei meu braço para debaixo da mesa e alcancei um cabo de osso puxando-o em minha direção observo uma linda adaga de diamante com alguns traços aleatórios de ouro, seu cabo era escultural e tinha cravejado sobre ele o rosto de um javali. Fiquei admirando aquela adaga quase me esquecendo do tempo quando ouço a porta ser destrancada, rapid
Todos já estavam dormindo e eu começava a arrumar a cama para deitar enquanto Hermet me encarava com os olhos escuros. Estava realmente se divertindo com a situação, eu me troquei e notei que ele desviou o olhar e limpou a garganta, em seguida eu me deitei na cama e ele rio.- Acha mesmo que vai dormir aí? E eu como fico? - a escuridão das suas palavras me fez tremer.- Creio que amanhã irá chegar mais camas, você só precisa esperar um pouco. - me aconcheguei e virei de costas para ele. Não demorou para sentir a cama afundar do outro lado e alguém me empurrar um pouco.- Já que não vai sair, então anos dividir a cama. - falou ele me empurrando. - Mas, se me tocar eu te derrubo.- Se me tocar eu quebro a parte que me tocou. - resmunguei de lado e pude ouvir o seu divertimento.Estava tudo calmo e eu estava quase dormindo quando senti ele me empurrar com as costas e tive que me apoiar para não cair, chutei suas pernas com for
Três longos dias e nenhuma noticia era trazida deles, não estava com medo que não voltassem mas eram a minha pequena e imperfeita família. Todos os dias eu ia e voltava do alojamento o tempo todo com alguma esperança que eles já tivessem aparecido, ou no minimo uma carta que dissesse que estavam bem. Estava sentada em nossa dimensão de treinamento olhando para o lago quando ouvi um barulho estranho, algo entre as arvores do lado de fora, eu sabia que nenhum dos garotos do acampamento se atreveriam a chegar até aqui e mesmo que vissem eles não conseguiriam passar pelo portal, mas esse não era um garoto qualquer. Ao olhar para trás encontrei com dois cristais cinzas em uma pele branca e cabelos negros sobre os olhos, aquele garoto tinha conseguido passar pelo portal o que quer dizer que ele não é um humano comum, ele é um semideus assim como eu. Minha boca se abria lentamente enquanto eu olhava para ele chocada, era muito difícil ver algum semideus que não fossem meus irmão
- Acorde Aly, você vai se atrasar!- a voz rouca de Ermet ecoava em meus ouvidos mas eu me recusava a levantar, a cama estava gostosa hoje e apesar de não estar chovendo o tempo era frio e agradável. As meias que cobriam meus pés enquanto eu dormia estavam jogadas ao lado da cama depois de uma noite agitada. Ele eme balançava gentilmente como fazia todas as manhãs mas hoje era diferente. - Vai se atrasar para a cerimonia!Meus olhos abriram instantaneamente e meus pés trabalharam sozinhos em direção aos chuveiros do alojamento. Hoje eu seria elevada a coronel da minha primeira equipe especial e havia esquecido completamente. não foi difícil vestir a farda ornamentada do exercito mas como sempre era uma dor ter que tirar minha franja da frente do rosto, mesmo após muita relutância finalmente resolvi coloca-la para tras e por o quepe.- Esta linda. - Ermet evitava falar essas coisas para mim e sempre que fazia desviava o olhar. - Como se sente?- Me sinto
- Mamãe? Você esta aqui? - eu tossia com força por causa da fumaça que me sufocava, toda a casa estava branca e quente. - Mamãe!- Corra Tory! Corra!! - era a voz dela, eles estavam ali tentando matar ela. Corri de encontro a sua voz e a hidra estraçalhou seu corpo como uma pequena boneca, eu tremi e corri para longe das bocas quando tudo se tornou escuridão e eu já não sentia mais a fumaça.Eu podia ve-los sempre que meus olhos estivessem fechados, eu tentei avisar a todos mas não adiantou, nunca adiantava para todos eu estava louca ate que eles chegaram e pegaram todos ...- Ela morreu! Eles vão voltar para me buscar! São monstros! - uma agulha, duas e eu já perdi a conta das vezes que me furaram e me chamaram de louca.- Tory? - meus olhos se abriram devagar enquanto eu me acostumava com a claridade, finalmente o avião havia pousado e já estavamos em terras japonesa
O carro estava com os vidros baixos e o vento entrava bagunçando meu cabelo e trazendo novamente meu sonho persistente a tona, estávamos próximos a uma fazenda afastada da cidade. As horas de avião foram as melhores já que eu finalmente consegui dormir um pouco. Eles não eram barulhentos mas ele era, Issei tornou a viagem de carro um inferno e tudo que eu queria era mandar ele ir apertar a mão de Hades pessoalmente. Suas piadas eram as piores e seu comportamento infantil perto das garotas eram terríveis, perdi as contas de quantas vezes vi Ermet molhar o rosto com a água do cantil e fitar os olhos na estrada.- Finalmente chegamos... - Lucca saiu correndo do carro e tirou o boné para analisar melhor o lugar, as duas garotas desceram e levaram sua própria bagagem para dentro da casa, Ermet pegou sua sacola e a minha atirando ambas no chão enquanto examinava o perímetr
Quando sai de perto deles tentei sem sorte alguma passar pelos seguranças do porão, eles diziam que eu não podia entrar porque era apenas um soldado, em minha última tentativa fui atirado a uns dois metros de distância ralando as costas no chão.- Eu, não queria entrar nessa droga de porão mesmo... - limpei a poeira da roupa e segui em direção a casa da fazenda. - Não se pode fazer nada aqui, mas que droga! Não pder ficar com as pessoas importantes é um tedio.- Issei, onde esta indo? - a morena me chamou da escada da entrada da casa, olhei para ela de lado e estalei a lingua.- Encontrar com Hades quer vir junto? - sorri sem graça estendendo a mão para ela.- O que te deixou de mal humor? - me virei para ela escondendo logo o sorriso e pondo as mãos nos bolsos.- Curiosos irritantes... - me encostei na parede de fora da casa.- Eu vi você tentando entrar no porão.&n