Os dias passavam devagar e eu sabia bem aproveitar cada momento dele, acho que descobrir ser uma semideusa foi a melhor coisa da minha vida. Com eles eu não me sentia mais diferente, me sentia apenas eu mesma porque com eles eu me sentia em casa e agra eu podia chamar esse pequeno alojamento de lar, não por que os gêmeos eram meus meio-irmãos mas porque eu finalmente me sentia parte de alguma coisa, eles me mostraram que mesmo sendo diferente não significava algo ruim, para eles eu era especial.
Treinar com eles era divertido e ao mesmo tempo cansativo, passamos varias noites sem dormir para testar minhas habilidades. Cada um tem uma habilidade, Lucca tinha uma habilidade que apelidamos de grito do medo qualquer criatura que estivesse ao alcance do seu grito ficava terrivelmente aterrorizada e apavorada. Engraçado quando lembrei que ele fez isso contra o minotauro aquela noite, porem isso não funciona contra seus irmãos pós filhos de ares desenvolvem imunidade ao medo. Após sua demonstração sentamos um pouco distante dos garotos que estavam treinando com lanças, a beira do lago ficamos jogando pequenas pedras que quicavam sobre a água diversas vezes.
- Não se atemorize com o que vai ver daqui para frente. Em breve você vai olhar para trás e rir disso tudo porque o medo que você sente é temporário. - Ele rio de lado piscando seu olho esquerdo de um jeito divertido. - Ainda tem muita coisa para aprender, muito tempo para ensinar.
- Eu não tenho medo. - Disse meio indiferente dando de ombros e prestando atenção nas pequenas ondas que formava no lago quando a pedra afundava. Ele rio divertido percebendo a mentira em minha voz. - Talvez um pouco de medo.
- Um pouco? A primeira vez que fui atacado eu simplesmente me borrei de medo, lembro que o Lucien passou três dias debaixo da cama com medo da harpia. - Rimos juntos após sua confissão. - Não tenha vergonha de sentir medo, isso é passageiro. Você tem um grande futuro, nós não.
Fiquei sem entender o que ele tinha falado, ou entendi e não quis realmente deixar subir a minha perfeita consciência. Ele continuou rindo como se esse fosse o seu ultimo dia de vida, era assim que eles viviam como se cada minuto fosse importante demais para ser perdido com qualquer coisa, mas tudo era perfeito quando eu estava aqui ao menos era isso que eles faziam com que eu sentisse.
- Agora vamos voltar e fazer aqueles dois treinarem você com duas espadas. - Seu sorriso continuou porém agora tinha um ar mais sério. - E antes que pergunte o porque falo em espadas saiba que ainda não fizemos balas perfeitas de ouro celestial, alias o Ermet ainda esta terminando os primeiros protótipos.
Ele segurou em meu pulso e fomos juntos até onde os meninos estavam treinando com duas lanças douradas e aparentemente muito pesadas. Eles riam e golpeavam um ao outro ainda sorrindo como se tudo isso fosse uma brincadeira, e talvez seja. Descobri que a habilidade do Lucien é abençoar armas dando a elas o dobro da sua capacidade. Era divertido ver eles lutando e mais divertindo ainda era lutar com eles, eu sabia que eles pegavam leve comigo de qualquer forma ainda não sou forte o suficiente para ser considerada uma semideusa. Ermet já chegou a comentar que uma parte das habilidades de Afrodite podem estar inibindo minha força e por esse motivo eu teria que entrar em estado de perigo várias vezes e dispersar as habilidades herdadas do meu pai.
Para uma garota de doze anos isso parecia moleza, para uma Semideusa acredite que não era tanto assim. O sorriso fácil e o jeito meio desleixado deles escondia muito bem a máquina de matar que levavam dentro de si, eu sabia que eles eram incríveis e ao mesmo tempo muito perigosos.
- Acho que por hoje já chega. - Fala Lucien se jogando na grama com os braços abertos e olhos fechados. - O que acham de comer um pouco?
Outra coisa que descobri é que somos muito gulosos, os quatro na verdade. Depois dos treinos nos sempre paramos para fazer uma boquinha independente da hora, o lado bom de tudo isso é que como somos de turmas avançadas não precisamos esperar as horas das refeições para poder atacar a cozinha. Lucien normalmente era o mais faminto de todos, Lucca me explicou que o fato da sua habilidade ser transpassada para uma arma acaba drenando energia do seu corpo e o deixando com fome e cansado em pouco tempo. Para três pequenos marmanjos de quinze anos eles eram bem fortes.
- Bom, acho melhor voltarmos para o alojamento. O que acha Alle? - Ermet, o único garoto que conseguia me deixar sem jeito. Agradeço a minha franja por cobrir a vermelhidão da minha pele e sorrio disfarçadamente.
- Também acho, hoje está sendo um dia bem cansativo. - Eles assentiram e passamos pelo portal, parece que as aulas de esgrima ficaram para depois.
Após retornarmos eles já começaram a agir diferente antes cada um ia para o seu lado sem se importar muito com o outro agora Lucca colocou o braço em volta do meu pescoço e começou a conversar com Ermet animadamente, a conversa foi atraindo minha atenção e logo nós quatro estávamos conversando sobre o melhor tipo de arma para ele começar a fabricar a munição, claro que houve discussão entre armas de porte pequeno mas de um bom calibre que pode facilmente ser escondida e uma metralhadora mas estar ali com eles era como um novo recomeço, nunca estar sozinha.
Era escuro e assustador, e eu não conseguia respirar por causa da pressão. Os mínimos barulhos já me assustavam e me faziam dar alguns pulos, era tão asqueroso esse ambiente mesmo que eu não pudesse vê-lo. Era meu lugar de tortura, onde tudo que aconteceu em minha vida começa a passar em minha frente, o desprezo e abandono, as palavras e os machucados, as horas e os minutos ali trancada. Meu tórax pesa e minha respiração entrecortada, meus olhos não abrem com medo do escuro que esta dentro, meu corpo chacoalha, minha mente gira em forma de queda e eu acordo.O despertador finalmente resolveu tocar, não me importa o culpado dessa demora seja do tempo ou apenas mais uma das loucuras que estão tomando lugar em minha mente. Passo a mão no rosto tentando finalmente acordar por completo, observo todo o alojamento tomando ciência que estava vazio e apenas eu ainda esto
Ao lado de uma fenda, uma pequena fenda situada ao leste de Washington, DC. Afastada da estrada e de olhos curiosos eu me repouso em sua beirada esperando por ele. Todo dia era a mesma coisa para mim, vir e sentar de cara ao sol esperando que ele desse uma escapadinha do tártaro e confesso não saber como ele faz isso, sabia que não era o único a conseguir mas nunca dividiu comigo essa informação tão importante. Baguncei o cabelo impaciente e joguei minha cabeça para trás, hoje ele estava demorando mais do que costumava, fico imaginando como ele passa todo esse tempo lá em baixo e permanece são, na verdade duvido que aquele velho ainda esteja são.Enquanto eu conversava com meu eu interior que não era nem um pouco mais gentil que eu, pelo contrário parecia ser mais pervertido e atormentado uma sombra levantou da fenda como um líquido negro subindo pelas paredes, uma pequena serpente negra se aproximava do meu pé e eu suspirei.- Demorou. - Falei impaciente, es
Acordei e olhei em volta, várias armas brilhando contra a luz que ultrapassava a janela. O ar frio daquele lugar me dava alguns arrepios passageiros que abalaram minha espinha. Terminei de limpar tudo há quatro horas atrás e só então me deitei para dormir um pouco, respiro fundo enquanto me sento no chão úmido encarando um pequeno brilho no fundo da sala, era estranho por que estava no chão e eu não me lembro de ter derrubado nenhuma arma, o brilho não era prata ou fosco era algo claro e cintilante que fazia a visão doer. Fiquei de joelhos e comecei a engatinhar de encontro a luz mesmo tendo que desviar a visão por causa do seu brilho, estiquei meu braço para debaixo da mesa e alcancei um cabo de osso puxando-o em minha direção observo uma linda adaga de diamante com alguns traços aleatórios de ouro, seu cabo era escultural e tinha cravejado sobre ele o rosto de um javali. Fiquei admirando aquela adaga quase me esquecendo do tempo quando ouço a porta ser destrancada, rapid
Todos já estavam dormindo e eu começava a arrumar a cama para deitar enquanto Hermet me encarava com os olhos escuros. Estava realmente se divertindo com a situação, eu me troquei e notei que ele desviou o olhar e limpou a garganta, em seguida eu me deitei na cama e ele rio.- Acha mesmo que vai dormir aí? E eu como fico? - a escuridão das suas palavras me fez tremer.- Creio que amanhã irá chegar mais camas, você só precisa esperar um pouco. - me aconcheguei e virei de costas para ele. Não demorou para sentir a cama afundar do outro lado e alguém me empurrar um pouco.- Já que não vai sair, então anos dividir a cama. - falou ele me empurrando. - Mas, se me tocar eu te derrubo.- Se me tocar eu quebro a parte que me tocou. - resmunguei de lado e pude ouvir o seu divertimento.Estava tudo calmo e eu estava quase dormindo quando senti ele me empurrar com as costas e tive que me apoiar para não cair, chutei suas pernas com for
Três longos dias e nenhuma noticia era trazida deles, não estava com medo que não voltassem mas eram a minha pequena e imperfeita família. Todos os dias eu ia e voltava do alojamento o tempo todo com alguma esperança que eles já tivessem aparecido, ou no minimo uma carta que dissesse que estavam bem. Estava sentada em nossa dimensão de treinamento olhando para o lago quando ouvi um barulho estranho, algo entre as arvores do lado de fora, eu sabia que nenhum dos garotos do acampamento se atreveriam a chegar até aqui e mesmo que vissem eles não conseguiriam passar pelo portal, mas esse não era um garoto qualquer. Ao olhar para trás encontrei com dois cristais cinzas em uma pele branca e cabelos negros sobre os olhos, aquele garoto tinha conseguido passar pelo portal o que quer dizer que ele não é um humano comum, ele é um semideus assim como eu. Minha boca se abria lentamente enquanto eu olhava para ele chocada, era muito difícil ver algum semideus que não fossem meus irmão
- Acorde Aly, você vai se atrasar!- a voz rouca de Ermet ecoava em meus ouvidos mas eu me recusava a levantar, a cama estava gostosa hoje e apesar de não estar chovendo o tempo era frio e agradável. As meias que cobriam meus pés enquanto eu dormia estavam jogadas ao lado da cama depois de uma noite agitada. Ele eme balançava gentilmente como fazia todas as manhãs mas hoje era diferente. - Vai se atrasar para a cerimonia!Meus olhos abriram instantaneamente e meus pés trabalharam sozinhos em direção aos chuveiros do alojamento. Hoje eu seria elevada a coronel da minha primeira equipe especial e havia esquecido completamente. não foi difícil vestir a farda ornamentada do exercito mas como sempre era uma dor ter que tirar minha franja da frente do rosto, mesmo após muita relutância finalmente resolvi coloca-la para tras e por o quepe.- Esta linda. - Ermet evitava falar essas coisas para mim e sempre que fazia desviava o olhar. - Como se sente?- Me sinto
- Mamãe? Você esta aqui? - eu tossia com força por causa da fumaça que me sufocava, toda a casa estava branca e quente. - Mamãe!- Corra Tory! Corra!! - era a voz dela, eles estavam ali tentando matar ela. Corri de encontro a sua voz e a hidra estraçalhou seu corpo como uma pequena boneca, eu tremi e corri para longe das bocas quando tudo se tornou escuridão e eu já não sentia mais a fumaça.Eu podia ve-los sempre que meus olhos estivessem fechados, eu tentei avisar a todos mas não adiantou, nunca adiantava para todos eu estava louca ate que eles chegaram e pegaram todos ...- Ela morreu! Eles vão voltar para me buscar! São monstros! - uma agulha, duas e eu já perdi a conta das vezes que me furaram e me chamaram de louca.- Tory? - meus olhos se abriram devagar enquanto eu me acostumava com a claridade, finalmente o avião havia pousado e já estavamos em terras japonesa
O carro estava com os vidros baixos e o vento entrava bagunçando meu cabelo e trazendo novamente meu sonho persistente a tona, estávamos próximos a uma fazenda afastada da cidade. As horas de avião foram as melhores já que eu finalmente consegui dormir um pouco. Eles não eram barulhentos mas ele era, Issei tornou a viagem de carro um inferno e tudo que eu queria era mandar ele ir apertar a mão de Hades pessoalmente. Suas piadas eram as piores e seu comportamento infantil perto das garotas eram terríveis, perdi as contas de quantas vezes vi Ermet molhar o rosto com a água do cantil e fitar os olhos na estrada.- Finalmente chegamos... - Lucca saiu correndo do carro e tirou o boné para analisar melhor o lugar, as duas garotas desceram e levaram sua própria bagagem para dentro da casa, Ermet pegou sua sacola e a minha atirando ambas no chão enquanto examinava o perímetr