Ao acordar aquela manhã parecia que tudo que eu tinha passado ontem fora apenas um sonho ruim e estranho e que ao retornar para a sala de aula hoje os garotos nem notassem a minha existência. levantei da cama um pouco cambaleante meu corpo estava dolorido como se eu realmente tivesse sido perseguida por um minotauro ontem, ri de mim mesma lembrando do sonho e me dirigi ao banheiro arrastando meus pês no chão de madeira do alojamento. Quando vi minha face no espelho e foquei nas olheiras agradeci mentalmente por minha franja ter o trabalho de cobrir isso. Lavei meu rosto e tomei um banho demorado enquanto olhava o vapor subindo e escondendo meu corpo naquele pequeno quadrado cheio de azulejos verde. Ao terminar enrolei meu corpo em uma toalha e fui até os armários me trocar, não tinha pressa afinal eu sou a unica garota nesse modulo e fico sozinha no banheiro feminino.
Coloco minha farda e arrumo meu cabelo da forma necessária para continuar sendo invisível. Passo pelos corredores silenciosa e andando rente as paredes como sempre fazia evitando que as pessoas esbarrem em mim e fiquem realmente sem me notar de forma alguma. Observo o rosto daquelas crianças despreocupadas que acham que estão aqui apenas para servir o país, outros estão aqui só porque é uma das melhores instituições de ensino e disciplina e quando terminarem o colegial sairão daqui e dificilmente vão lembrar de algo, esses são tratados como príncipes por estarem pagando uma fortuna nesses blocos que para outros são prisões, existem crianças e jovens que são mandados para cá pelo governo por causa das atitudes deploráveis que mereciam castigos disciplinares. Outros como eu estão aqui por que foram abandonados mas a outra parte de mim esta aqui por que eu sinto que esse é o meu lugar, não me vejo em uma escola normal com regras fajutas e quebráveis e muito menos em aulas de Ballet e piano, é aqui que eu realmente me encontro de verdade.
Entro devagar na sala e coloco meus livros sobre a ultima carteira como sempre costumava fazer, a aula hoje irá começar com química orgânica e o professor Steves já esta sentado atras de sua mesa organizando todas as folhas que irá nos dar para manter-nos ocupados durante a tarde livre. Os alunos começam a entrar na sala ocupando as carteiras uma a uma até que todas estivessem com seus devidos donos exceto três carteiras muito bem conhecidas por mim, Lucca, Lucien e Ermet ainda não tinham chegado na sala e isso era um pouco estranho eles eram sempre os primeiros a chegar e nunca se atrasavam.
- Allegra, seus amigos estão em uma missão especial. Não precisa se preocupar com eles. - Toda a sala começou a rir de mim, eu não havia notado que estava prestando tanta atenção na carteira deles a ponto de ser notorio. O professor pediu silencio a turma e continuou a explicar o capitulo sete do livro de química cujo qual eu não estava prestando o minimo de atenção disponível em minha cabeça conturbada.
A aula toda foi um completo carma, pela primeira vez eu não consegui prestar atenção na matéria que eu mais gostava. Minha mente viajava pelo meu sonho e o rosto de um homem barbudo me vigiando por todos os lugares, minha caneta batia freneticamente sobre a mesa, minhas pernas balançavam no mesmo ritmo e eu já estava beirando o ponto da inconsciência quando finalmente o sinal tocou me fazendo pular sobre a cadeira. Joguei todos os meus livros dentro da mochila e sai para o patio de treinamento observando tudo ao meu redor, esse lugar também tinha feito parte do meu sonho da noite anterior e eu acabei rindo ao lembrar com exatidão de todas as cenas mas meu sorriso sumiu quando olhei para o chão um pouco mais a frente e vi alguns soldados levantando as coisas que haviam sido derrubadas, nesse mesmo momento vários fleches começavam a aparecer em minha mente, eu caindo e derrubando as coisas enquanto um minotauro estava correndo atras de mim e foram os gêmeos que o mataram. Minhas mãos começaram a tremer quando eu finalmente me dei conta de que nada daquilo foi um sonho.
Rapidamente corri em direção a floresta tendo o cuidado de não ser seguida e deixei que as imagens da noite anterior me guiassem pelo caminho certo, tendo a certeza que se eu estivesse errada provavelmente ficaria perdida por aqui mas foi exatamente nesse pensamento quando cruzei o que parecia um portal e a imagem de todas aquelas estrelas me deixaram encantada, era a mesma campina com as mesmas coisas que eu havia visto ontem tudo estava no mesmo lugar e do mesmo jeito porém agora aqui do outro lado era noite mostrando que era um universo paralelo ao que nós vivemos ou um portal para uma dimensão paralela eu realmente não sei explicar exatamente o que é isso. A unica coisa que eu sei é que eu sou filha de um deus ou melhor do deus da guerra. Minhas pernas bambearam e eu cai no chão com as mãos na boca, nada foi um sonho ou um mero fruto da minha imaginação tu do que eu passei ontem foi real, assustador porem real.
- Ainda tinha duvidas não era? - A voz de Ermet ecoou pelo local, eu sabia que eles não tinham ido em missão alguma. - Espero que agora não reste mais nenhuma delas, seja bem vinda ao mundo dos deuses.
Ele se sentou ao meu lado e sorrio de lado segurando sua placa de identificação do exercito o que queria dizer que ele já participava de missões importantes pois apenas formandos ganham uma e ele ainda estava estudando na mesma turma que eu, mesmo que avançada eles ainda não confiam em mim para resolver alguma coisa, na verdade nem eu mesma confio em mim então por qual motivo eles confiariam?
- Onde estava? - Ele sorrio novamente. - Não que eu esteja preocupada mas é que...
- Estávamos em uma missão especial contra monstros mitológicos. - Ele não quis dar explicações apenas falou o que eu precisava saber e se deitou sobre a grama. - Vai adorar essa vida...
Os dias passavam devagar e eu sabia bem aproveitar cada momento dele, acho que descobrir ser uma semideusa foi a melhor coisa da minha vida. Com eles eu não me sentia mais diferente, me sentia apenas eu mesma porque com eles eu me sentia em casa e agra eu podia chamar esse pequeno alojamento de lar, não por que os gêmeos eram meus meio-irmãos mas porque eu finalmente me sentia parte de alguma coisa, eles me mostraram que mesmo sendo diferente não significava algo ruim, para eles eu era especial.Treinar com eles era divertido e ao mesmo tempo cansativo, passamos varias noites sem dormir para testar minhas habilidades. Cada um tem uma habilidade, Lucca tinha uma habilidade que apelidamos de grito do medo qualquer criatura que estivesse ao alcance do seu grito ficava terrivelmente aterrorizada e apavorada. Engraçado quando lembrei que ele fez isso contra o minotauro aquela noite, porem isso não funciona contra seus irmãos pós filhos de ares desenvolvem imunidade ao medo. Após su
Era escuro e assustador, e eu não conseguia respirar por causa da pressão. Os mínimos barulhos já me assustavam e me faziam dar alguns pulos, era tão asqueroso esse ambiente mesmo que eu não pudesse vê-lo. Era meu lugar de tortura, onde tudo que aconteceu em minha vida começa a passar em minha frente, o desprezo e abandono, as palavras e os machucados, as horas e os minutos ali trancada. Meu tórax pesa e minha respiração entrecortada, meus olhos não abrem com medo do escuro que esta dentro, meu corpo chacoalha, minha mente gira em forma de queda e eu acordo.O despertador finalmente resolveu tocar, não me importa o culpado dessa demora seja do tempo ou apenas mais uma das loucuras que estão tomando lugar em minha mente. Passo a mão no rosto tentando finalmente acordar por completo, observo todo o alojamento tomando ciência que estava vazio e apenas eu ainda esto
Ao lado de uma fenda, uma pequena fenda situada ao leste de Washington, DC. Afastada da estrada e de olhos curiosos eu me repouso em sua beirada esperando por ele. Todo dia era a mesma coisa para mim, vir e sentar de cara ao sol esperando que ele desse uma escapadinha do tártaro e confesso não saber como ele faz isso, sabia que não era o único a conseguir mas nunca dividiu comigo essa informação tão importante. Baguncei o cabelo impaciente e joguei minha cabeça para trás, hoje ele estava demorando mais do que costumava, fico imaginando como ele passa todo esse tempo lá em baixo e permanece são, na verdade duvido que aquele velho ainda esteja são.Enquanto eu conversava com meu eu interior que não era nem um pouco mais gentil que eu, pelo contrário parecia ser mais pervertido e atormentado uma sombra levantou da fenda como um líquido negro subindo pelas paredes, uma pequena serpente negra se aproximava do meu pé e eu suspirei.- Demorou. - Falei impaciente, es
Acordei e olhei em volta, várias armas brilhando contra a luz que ultrapassava a janela. O ar frio daquele lugar me dava alguns arrepios passageiros que abalaram minha espinha. Terminei de limpar tudo há quatro horas atrás e só então me deitei para dormir um pouco, respiro fundo enquanto me sento no chão úmido encarando um pequeno brilho no fundo da sala, era estranho por que estava no chão e eu não me lembro de ter derrubado nenhuma arma, o brilho não era prata ou fosco era algo claro e cintilante que fazia a visão doer. Fiquei de joelhos e comecei a engatinhar de encontro a luz mesmo tendo que desviar a visão por causa do seu brilho, estiquei meu braço para debaixo da mesa e alcancei um cabo de osso puxando-o em minha direção observo uma linda adaga de diamante com alguns traços aleatórios de ouro, seu cabo era escultural e tinha cravejado sobre ele o rosto de um javali. Fiquei admirando aquela adaga quase me esquecendo do tempo quando ouço a porta ser destrancada, rapid
Todos já estavam dormindo e eu começava a arrumar a cama para deitar enquanto Hermet me encarava com os olhos escuros. Estava realmente se divertindo com a situação, eu me troquei e notei que ele desviou o olhar e limpou a garganta, em seguida eu me deitei na cama e ele rio.- Acha mesmo que vai dormir aí? E eu como fico? - a escuridão das suas palavras me fez tremer.- Creio que amanhã irá chegar mais camas, você só precisa esperar um pouco. - me aconcheguei e virei de costas para ele. Não demorou para sentir a cama afundar do outro lado e alguém me empurrar um pouco.- Já que não vai sair, então anos dividir a cama. - falou ele me empurrando. - Mas, se me tocar eu te derrubo.- Se me tocar eu quebro a parte que me tocou. - resmunguei de lado e pude ouvir o seu divertimento.Estava tudo calmo e eu estava quase dormindo quando senti ele me empurrar com as costas e tive que me apoiar para não cair, chutei suas pernas com for
Três longos dias e nenhuma noticia era trazida deles, não estava com medo que não voltassem mas eram a minha pequena e imperfeita família. Todos os dias eu ia e voltava do alojamento o tempo todo com alguma esperança que eles já tivessem aparecido, ou no minimo uma carta que dissesse que estavam bem. Estava sentada em nossa dimensão de treinamento olhando para o lago quando ouvi um barulho estranho, algo entre as arvores do lado de fora, eu sabia que nenhum dos garotos do acampamento se atreveriam a chegar até aqui e mesmo que vissem eles não conseguiriam passar pelo portal, mas esse não era um garoto qualquer. Ao olhar para trás encontrei com dois cristais cinzas em uma pele branca e cabelos negros sobre os olhos, aquele garoto tinha conseguido passar pelo portal o que quer dizer que ele não é um humano comum, ele é um semideus assim como eu. Minha boca se abria lentamente enquanto eu olhava para ele chocada, era muito difícil ver algum semideus que não fossem meus irmão
- Acorde Aly, você vai se atrasar!- a voz rouca de Ermet ecoava em meus ouvidos mas eu me recusava a levantar, a cama estava gostosa hoje e apesar de não estar chovendo o tempo era frio e agradável. As meias que cobriam meus pés enquanto eu dormia estavam jogadas ao lado da cama depois de uma noite agitada. Ele eme balançava gentilmente como fazia todas as manhãs mas hoje era diferente. - Vai se atrasar para a cerimonia!Meus olhos abriram instantaneamente e meus pés trabalharam sozinhos em direção aos chuveiros do alojamento. Hoje eu seria elevada a coronel da minha primeira equipe especial e havia esquecido completamente. não foi difícil vestir a farda ornamentada do exercito mas como sempre era uma dor ter que tirar minha franja da frente do rosto, mesmo após muita relutância finalmente resolvi coloca-la para tras e por o quepe.- Esta linda. - Ermet evitava falar essas coisas para mim e sempre que fazia desviava o olhar. - Como se sente?- Me sinto
- Mamãe? Você esta aqui? - eu tossia com força por causa da fumaça que me sufocava, toda a casa estava branca e quente. - Mamãe!- Corra Tory! Corra!! - era a voz dela, eles estavam ali tentando matar ela. Corri de encontro a sua voz e a hidra estraçalhou seu corpo como uma pequena boneca, eu tremi e corri para longe das bocas quando tudo se tornou escuridão e eu já não sentia mais a fumaça.Eu podia ve-los sempre que meus olhos estivessem fechados, eu tentei avisar a todos mas não adiantou, nunca adiantava para todos eu estava louca ate que eles chegaram e pegaram todos ...- Ela morreu! Eles vão voltar para me buscar! São monstros! - uma agulha, duas e eu já perdi a conta das vezes que me furaram e me chamaram de louca.- Tory? - meus olhos se abriram devagar enquanto eu me acostumava com a claridade, finalmente o avião havia pousado e já estavamos em terras japonesa