Os olhos negros fecharam-se de uma vez enquanto sugava a fatia em meia-lua do limão, esse parecia aumentar e, simultaneamente, suavizar o ardor intenso da dose de tequila que descia por sua garganta. O punho fechou-se batendo na mesa com força enquanto a garota de cabelos castanhos claros ria se divertindo com a cena junto aos seus amigos.— Uau, eu não quero pensar na ressaca de amanhã! – ele imediatamente bebeu um gole da água próximo de si enquanto uma careta suave e divertida formava-se em seu rosto.Havia algo divertido e ao mesmo diferente na vida adulta. Talvez fosse o foda-se que nos permitimos dar algumas vezes. Não era como se aquele grupo em especial fosse inconsequente, muito pelo contrário, eram adultos com trabalhos, contas, responsabilidades... histórias, mas juntaram-se para ter um momento de... alivio, sim, alivio do cotidiano, dos dias pesados, das dores, dos problemas, das rotinas. E esse era o conceito do “happy hour”. Naquele momento, por exemplo, usavam da velha
Já era três e meia da manhã quando ele enfiou a chave na porta destrancando-a e girou a maçaneta entrando. Tudo estava escuro, tudo estava silencioso quando ele se arrastou para dentro. havia apenas a iluminação fraca e indireta em alguns pontos, no entanto, havia um lugar da casa que tinha uma luz um pouco mais forte, acesa, indicando a presença de alguém ali: a cozinha. Sinceramente? ele gelou. Estava um tanto desleixado, sabia que deveria estar cheirando a álcool, afinal estava embriagado, não era um segredo, mas nunca sentiu necessidade de esconder algo assim quando saia para beber com os amigos e nunca foi um ponto para ele e Susan, mas agora sentia-se culpado por isso, e mais culpado ainda por querer evitar o confronto e apenas ignorar aquela luz e subir as escadas, e fora esse seu erro com a mulher que parecia ter ouvido de felinos, quando a voz dela soou firme vinda do cômodo. — Onde estava até essa hora? Suspirou derrotado em seu próprio jogo. virando o corpo em seu eixo,
A consciência voltava lentamente ao corpo à medida que o toque baixinho soava ao fundo. Buscou ainda mais pelo aconchego do corpo pequeno contra o seu, agarrando apertado a cintura feminina. O nariz roçou lento próximo ao pescoço, sentindo o aroma doce que ela emanava. Era como viver um dos seus sonhos lúcidos; difícil de acreditar que ela estava bem ali, em seus braços, que ficou a noite toda, mais do que isso, ele a teve por tanto tempo naquela noite. Toques, mordidas, chupões... seu corpo sentia saudades, mas, além disso, ele sentia falta de tudo. Uma consciência de que eram os mínimos detalhes a tanto tempo, esquecidos, que traziam a alegria real, como o toque suave de mãos, ou o enlaçar firme dos dedos enquanto se afundava nela, até mesmo o contato do olhar, o hálito quente, o beijo úmido... tudo, cada pedacinho era importante e fazia falta. Não era a mera questão de fazer sexo. Talvez soasse tão piegas ao dizer que essa era diferença de fazer amor. Claro que agora era um moment
Quando finalmente o peso do sono fora deixando-a, Hanna espreguiçou-se preguiçosamente, sentindo todo o corpo dolorido, mas um dolorido bom e saudoso da qual ela sentira tanta falta. Obviamente, que assim que tomou total ciência, os olhos abriram-se expressivamente rápidos e virou-se na cama, encontrando o espaço vazio. Sentou-se no colchão enquanto encobria o corpo nu olhando ao redor. Percebendo os detalhes sóbrios que compunha a suíte do ex marido. Não havia sons pela casa, fosse de chuveiro ou qualquer outro. Talvez houvesse um toque de arrependimento e estranheza, talvez decepção quando ela tornou a olhar para o seu lado na cama. Uma pressão em seu coração a fizera imediatamente reviver situações ruins próximas ao final do casamento, da ausência de Nicolas.Por um instante sentiu magoa, e se sentiu tola.Ergue-se encontrando suas roupas ligeiramente dobradas sobre um móvel. Corada, pensava em tudo que aconteceu na noite passada, nos sentimentos e sensações. No instante que se sen
O táxi encostou frente à entrada da mansão enquanto a Sanches encostou o cartão preguiçosamente realizando o pagamento daquela corrida. Puxou sua bolsa, descendo, ainda sentindo o rosto ligeiramente quente pelo que vinha pensando ao longo daquele deslocamento da casa de Nicolas até ali. Suspirou olhando para o celular vendo uma mensagem de seu pai. No primeiro momento pensou mesmo em abrir e ler, no entanto, estava com a cabeça mais tendida a outra coisa do que lidar com genitor.Talvez um erro de momento...O primeiro passo diante dos degraus e lá estava os olhos azuis ligeiramente frios a encarando.— Senhorita Sanches, esperei no horário do seu itinerário. Mas...— Eu tenho uma vida própria, Murilo – ela disse enquanto olhava o celular, mas diferente do que deveria, ela agora lia alguns artigos sobre a escolha do nome de bebês. – Tenho certeza que não deve gostar de servir de babá o tempo todo. Já disse que quando precisar, eu vou mandar avisá-lo.— Sinto muito, senhorita, mas seu
Já dentro do seu carro, a morena encarou o reflexo de si no retrovisor. Queria pensar e nada mais que isso. Dispensou o motorista naquela manhã, manteve a segurança distancia porque sua mente parecia apenas inquieta demais. As unhas bateram alinhas ao volante enquanto sugava o ar lentamente e só então voltou a olhar para sua bolsa no banco do carona ao lado daquela revista de cores berrantes demais ao seu ver. A chamada da capa lhe dizia absolutamente tudo que precisava, ainda assim se deu ao trabalho de ler aquilo, afinal, foi com isso que fora acordada aos berros cedo demais da ligação de seu pai, e esse não estava nada feliz, foi quando aquilo pareceu estourar, o corpo sentindo a dura carga emocional o fez parecer patético ao achar que o coração infartava.— Velho estupido! – rosnou a mulher enquanto ajeitava o corpo no banco. Os cabelos castanhos escuros brilharam cuidados e certamente a beleza vaidosa dela chamava sempre atenção. Haley era mais que um rostinho bonito, uma garota
Ele largou a caixinha de comida chinesa de lado enquanto afastou o corpo ligeiramente da poltrona a fim de encarar a tela do notebook. Contemplava a fotografia de casal que havia aberto por qualquer razão inicialmente idiota. Estava mais que claro que as coisas estavam difíceis, e talvez fossem os anos juntos que empurrasse certo comodismo ao não enfrentar o óbvio: O casamento deles estava em crise.Mesmo superando a ressaca e tentando trabalhar, sabia que seu dia não estava fluindo. tão cedo pela manhã Susan não estava mais lá, não havia café ou mesa posta, não havia mensagem ou ligação, não havia recados, e isso por nenhuma das duas partes que se encontravam agora magoados e pesarosos. Talvez com um ponto infantil, em suas emoções e sentimentos, mais uma vez o ego imperava em admitir quem estava errado, quando a certeza era que ambos estavam. Eram um time, mas agora pareciam rivais duelando em quem conseguiria destruir aquela relação mais rápido que o outro.Samuel tentou focar nos
Ser paciente...Esse não era exatamente um adjetivo que se enquadrava em Susan, embora quando o assunto era sua profissão, a história era outra.Estava em um momento extremamente conturbado de sua vida, e escolhera a péssima conselheira de matrimônio: sua mãe, a final, a mesma estava divorciada e desde então jamais quis um novo status marital.Matutando a discussão que teve com o marido por toda a noite, ela dormiu mal, e se viu, novamente, presa as velhas inseguranças, velhos gatilhos como o abandono paterno. Não é como se ela só gostasse de fazer, mas merda, Susan nunca teve que lidar com alguém como Samuel, alguém que a desafiava, que instigava daquele modo. Se viu tão... apaixonada por ele e apenas queria tudo, achava merecer tudo. Era justo o amor de retribuição, não é? Desde a faculdade era assim. Sempre tendo que lidar com outras garotas a fim de seu namorado, sempre lidando com o jeito frio e meio distante dele, sempre tendo que lidar com a insuficiência que achava possuir, af