Início da Vingança
Rebecca foi a primeira a acordar, se arrumou e ficou esperando os outros acordarem. Não demorou muito e todos estavam alimentados e pegando a estrada. Dessa vez, mandaram um motorista; Maurício foi na frente e os irmãos atrás. Pareciam crianças, apontando para tudo, rindo e conversando. Rebecca adorou a paisagem; na verdade, ela adorou tudo o que estava vendo e achou tudo lindo. Demorou, mas chegaram. A casa ficava muito afastada da cidade e era enorme. Tinha um portão alto de ferro e, atrás dele, um caminho com árvores de cada lado. No final do caminho, havia uma fonte de mármore branco e, atrás, estava a mansão. Havia cinco degraus até a entrada de mármore branco, duas colunas também de mármore branco, dois jarros de plantas grandes e a porta ficava entre os jarros, uma enorme porta de madeira escura. As janelas eram da mesma madeira da porta, as paredes eram de pedra e algumas janelas tinham uma pequena varanda com plantas suspensas. O jardim ao redor de onde estavam era muito bonito, bem cuidado e florido. Rebecca estava encantada com o lugar. — Bem-vinda à sua nova casa — disse Antony. — Vou precisar de um mapa — disse ela, sorrindo para o irmão. Ele concordou e sorriu de volta. — Olha ali a Maria, já está esperando por nós. Maria era a governanta e estava de pé em frente à porta. O carro parou e os três desceram. Maria veio na direção deles. — Vão para a cabana, o pai de vocês está lá. Vá depressa! Entraram no carro novamente e o motorista dirigiu rapidamente. A cabana ficava bem distante da casa. Rebecca se perguntava o que mais teria naquele lugar e por que seu pai estava esperando tão longe, além de por que todos estavam calados. Um clima tenso se formou, mas ela não queria perguntar nada. Sabia que era sério. Quando chegaram, havia uma cabana bem bonita, mas não entraram; deram a volta. Rebecca começou a ouvir vozes alteradas, mas não sabia o que estava acontecendo. Aproximando-se mais, viu vários homens ali, que logo notaram a presença deles. Atrás dos homens, havia uma cadeira e alguém estava sentado e amarrado. Antony segurou o braço de Rebecca, fazendo-a parar. Os homens saíram da frente e ela viu o homem que apontou a arma para sua mãe, o homem que atirou nela e virou sua vida de cabeça para baixo. — Achei que estivesse morto — falou ela, apontando para ele, com a voz trêmula. — Gêmeos — disse Antony. — Victor morreu lá em Nova Iorque. Esse é Tadeu. Um homem aproximou-se e começou a explicar: — Seguimos ele naquela noite, senhor, mas o local estava muito bem guardado. Resolvemos recuar e fazer ele acreditar que tinha despistado a gente. Eles iam atacar no enterro, mas estávamos preparados. Trouxemos ele para o senhor. Antony começou a andar na direção do homem amarrado e começou a rir. Uma risada de dar medo. Enquanto Antony ria olhando para Tadeu, Rebecca se aproximou lentamente e ficou diante do homem. Uma fúria começou a brotar dentro dela. — Rebecca, esse é nosso presente para você. O que você quiser será feito — disse um homem que estava saindo da cabana. — Giovanni — disse Maurício, entregando um envelope e dando um abraço em seguida. — Como podem ver, essa jovem é minha filha, que esse maldito e sua família de porcos ousaram ameaçar. E fracassaram, como fazem em tudo ao longo de suas vidas patéticas. Minha filha perdeu a mãe por causa desses porcos desgraçados. Uma filha sem mãe não pode existir. — Giovanni falava com uma voz fria, mas dava para sentir o ódio crescendo dentro dele. Começou a andar na direção dos filhos. — Hoje estou triste e feliz ao mesmo tempo. Estou triste porque conheço a dor de enterrar a mãe, e feliz porque hoje tenho meus filhos comigo e posso me vingar de quem os atacou. O que você quiser será feito — disse para ela quando enfim chegou bem perto. Rebecca estava ali de pé, fervendo de raiva. Avançou até o homem e lhe deu um tapa tão forte que a cadeira virou, fazendo-o cair e bater a cabeça no chão. Ele já estava bem machucado, tinha apanhado muito, mas Rebecca não se importava. Estava em cima dele, batendo loucamente e gritando. Nunca havia sentido nada parecido; era uma explosão de raiva. Agarrou o homem pela camisa e começou a sacudir, fazendo-o bater a cabeça no chão, e parou. Estava encolhida em cima dele, chorando muito. — Por quê? Por que tirou ela de mim? Eram suas únicas palavras; só perguntava e chorava. Antony se aproximou e a levantou, mas ela não conseguiu ficar de pé; só conseguia chorar e perguntar "por quê?". Antony fez sinal para um homem que estava bem atrás, perto de onde o pai saiu. O homem se aproximou. — Leve-a para casa — disse ele ao homem, e virou-se para a irmã. — Deixe-me fazer isso por você. Deixe que eu vingue a morte de Samantha — suplicou ele. — Faça-o sofrer, faça-o sofrer bem lentamente — disse Rebecca, ainda em lágrimas. — Quero vê-lo morrer. Quero poder olhar nos olhos dele quando der seu último suspiro. Antony concordou, fez um sinal e o homem carregou Rebecca e a levou para o carro, que seguiu para a mansão. Os homens que estavam ali ficaram felizes com o pedido de Rebecca. — Não esperava isso dela — disse Maurício para Giovanni. — Isso prova ainda mais que é minha filha. Antony, não decepcione sua irmã! — disse Giovanni, incentivando. Havia mais de vinte homens ali e com certeza passariam horas torturando, seguindo o pedido da filha do chefe. O carro estacionou novamente em frente à mansão. Rebecca ainda estava abalada, mas conseguia ficar de pé. Mesmo assim, o homem que a havia tirado de lá a ajudou a entrar. Passaram direto e subiram, entrando em um quarto bem grande. Havia presentes por todos os lados. O homem a colocou sentada em uma cadeira próxima e começou a tirar os presentes da cama. — Desculpe, senhora, Maria já está vindo te ajudar — disse ele correndo de um lado para o outro. — Mas de quem são todos esses presentes? Que sorte! — falou Rebecca, se levantando para ajudar o homem. — Nada disso! — surgiu uma voz enérgica. — Nem pense nisso, sente-se. Rebecca e o homem tomaram um susto. Ela obedeceu à mulher, que logo começou a discutir com o homem em italiano. Rebecca não entendia nada. Só reparou que era a governanta, que estava ali furiosa arrumando tudo depressa. — Desculpe, senhora — falou a mulher, arrumando a roupa. — Como pode ver, a casa hoje está um pouco agitada. Sou Maria, a governanta, e este é Matteo; ele será um de seus seguranças. Devo lembrá-la de que não pode sair sem a permissão de seu pai ou de seu irmão, e de forma alguma deve sair sozinha. — Tony me falou sobre isso. Maria, este quarto é meu? — perguntou ela, curiosa. — Claro, senhora. Por que não está satisfeita? — perguntou a governanta, preocupada em agradar. — Não é isso, mas não é muito grande para mim? Eu só tenho três malas, duas com roupas e uma com livros e alguns pertences. — Senhora, aqui é a sua casa. Você é filha de Giovanni Catalano; isso aqui não é nada — falou, como se ele fosse uma celebridade. Ela não o conhecia, mas pôde entender o quanto ele era importante por ali. — Queríamos arrumar o quarto para deixá-lo mais ao seu gosto, mas decidimos esperar você chegar para poder escolher tudo e deixar do seu jeito. — Eu amei o quarto, os móveis, tudo. Só achei muito grande. — Bobagem, logo estará preenchendo-o com suas coisas. Falar nisso, esses presentes são seus; os convidados enviaram como boas-vindas. E suas coisas estarão arrumadas até o final do dia, não se preocupe. — Entrou uma empregada no quarto, trazendo uma bandeja com um copo de água e um pote com comprimidos. — Beba, isso vai te ajudar a dormir um pouco. Quando acordar, estará renovada. Rebecca tomou o remédio e deitou na cama. Todos se retiraram e ela dormiu.O JantarRebecca acordou de um sono pesado no final da tarde com Antony chamando-a. Já eram 17:00 horas, e ela precisava se arrumar para o jantar. Giovanni havia organizado um jantar com toda a família, inclusive a família "de negócios". Ele queria apresentar a filha e começar a planejar os próximos passos.— Becca, você tem que levantar para se arrumar — disse Antony quando ela abriu os olhos.— O quê? Para quê? — disse Rebecca, ainda zonza.— O jantar que papai organizou. Todo mundo vai estar lá. Seu quarto está cheio de presentes — disse ele, olhando para o canto repleto de pacotes. — Acho que você pode usar algo novo hoje — sugeriu, mexendo nos presentes.— Tem muita coisa aqui. Nunca recebi tantos presentes — falou, levantando-se devagar.— Venha abrir. Tô curioso — disse ele, sorrindo.Ela se aproximou, e começaram a abrir os presentes. Aos poucos, ela foi se animando. Havia de tudo: livros, perfumes, roupas, maquiagem, flores e até uma chave, embora ela não soubesse se era de c
A Reunião Quando Rebecca saiu da cama, já passava das 13h. A governanta a acordara, e assim que Rebecca abriu os olhos, a mulher escancarou as cortinas, deixando a luz inundar o quarto. Rebecca, irritada, se cobriu até a cabeça e tentou se acomodar novamente na cama.— Não, não, não, pode levantar! — ordenou a governanta, puxando o lençol sem cerimônia.— Pelo amor de Deus! — exclamou Rebecca, com os cabelos desgrenhados.— Você está péssima! — comentou a mulher de maneira natural, entregando a Rebecca uma caneca de café bem forte. — Tome, isso vai te ajudar.— Obrigada. Humm, tá gostoso — murmurou Rebecca, tomando um gole.— Então, o que vai fazer hoje? — perguntou a governanta.— Eu não faço ideia. O que faz uma filha de mafioso? — Rebecca respondeu, com um sorriso irônico.— Casa, tem filhos e anda por aí bem bonita — disse a governanta, empurrando Rebecca para fora da cama.— Nem pense nisso! — retrucou Rebecca, sentando-se à mesa que havia em seu quarto, e atacando as torradas q
Os CatalanoIr à cabana estava deixando todos animados. Fazia muito tempo que Giovanni não se empolgava ou tirava um tempinho para sair de casa e fazer algo diferente. Antony estava adorando a ideia de passar um tempo com a família, agora que estava completa.Iam todos à cabana: o pai, a irmã, os tios, Lourenço, Marco e Maurício. Fazia anos que isso não acontecia, os irmãos reunidos. Claro, eles falariam de trabalho, e muito, mas mesmo assim daria para aproveitar.De todos os tios, Antony era mais próximo de Maurício. Na mesma época em que a mãe de Antony estava grávida dele, a esposa de Maurício também estava, mas, infelizmente, a gravidez foi interrompida. Isso foi muito triste para todos e abalou profundamente Maurício. Após esse acontecimento, Maurício e a esposa foram passar um tempo com Giovanni, e acabaram se apegando ao menino.Maurício ama Antony como se fosse seu próprio filho, criaram uma conexão forte e bonita. Giovanni é muito grato por isso, pois, ao assumir os negócios
A CabanaDias se passaram até que todos fossem à cabana, localizada bem distante de casa. Quando Rebecca avistou a construção, não conseguiu conter o pensamento: “Uau!”. Para os Catalano, era um lugar simples, mas a simplicidade era apenas aparente.A cabana era enorme, com dois andares. Toda feita de madeira, tinha uma rede na entrada e, no segundo andar, uma pequena varanda com duas espreguiçadeiras. O interior também era de madeira, mas ao contrário do que Rebecca imaginava, não havia móveis antigos ou um estilo retrô. O ambiente era surpreendentemente moderno: a sala possuía um sofá espaçoso, tapetes cobertos de almofadas, e uma lareira. A cozinha americana tinha uma mesa para seis pessoas, e uma porta de vidro revelava o quintal mais lindo que Rebecca já havia visto.No quintal, havia uma fogueira cercada por cadeiras de madeira, e um caminho de pedras que descia até um rio, onde um barco e um pequeno píer completavam a paisagem. No segundo andar, havia três quartos: dois de casa
Em volta da fogueiraMaurício, Marco e Antony chegaram à noite, após resolverem algumas questões relacionadas aos ataques que a família sofreu. Eles tiveram que organizar o enterro e decidir o futuro da filha de Ricco, que havia sobrevivido. Felizmente, era uma menininha de apenas três anos, então não se lembraria de nada.Ao entrarem em casa, perceberam que estava tudo muito quieto. Verificaram os quartos e, ao constatarem que estava tudo em ordem, desceram. Viram que havia comida separada no balcão e a fogueira estava acesa. Eles avivaram o fogo e começaram a arrumar as coisas do lado de fora.Estavam famintos, então sentaram-se e começaram a preparar as salsichas na fogueira. A noite estava fria, e a fogueira os mantinha aquecidos.Após um breve descanso, Rebecca acordou. Ela estava de pijama, então colocou um roupão e calçou as pantufas, querendo ficar o mais aquecida possível. Olhou pela janela e viu a movimentação em torno da fogueira. Olhou para o lado e viu Matteo deitado, dor
19971997 não foi um ano fácil para Giovanni. Sua esposa estava gravemente doente, e ele ainda tinha negócios importantes para resolver. Lilian havia sido diagnosticada com câncer de pele e lutava contra a doença há muito tempo. Mal conseguia cuidar do filho pequeno, Antony, que tinha apenas dois anos na época. Tudo o que ela desejava era passar um tempo com a família.Com o passar do tempo, ficava cada vez mais evidente que essa batalha não duraria muito. Giovanni queria desesperadamente ficar ao lado da esposa, mas precisou ir a Nova Iorque para resolver alguns problemas. Embora planejasse ficar fora por apenas uma semana, a ideia de se ausentar o atormentava.Como combinado, Giovanni foi para Nova Iorque. Apenas três dias haviam se passado, e ele já estava louco para voltar para casa. Todos os dias ligava para falar com Lilian, com seu pai e com o filho, sempre em busca de notícias sobre a saúde da esposa e para manter o pai informado.No quarto dia em Nova Iorque, Giovanni consegu
Samantha e Giovanni Mesmo após a recusa, Giovanni e Samantha continuaram a se falar, mesmo quando ele não estava em Nova Iorque. Sempre que estava na cidade, fazia questão de encontrá-la.Em casa, Giovanni se esforçava para ser presente com o filho e a mãe. Sempre jantava com eles, colocava o filho para dormir e passava tempo com sua mãe. No trabalho, ele era tão dedicado quanto era como pai.Certo dia, Giovanni recebeu uma mensagem de Milani, convidando-o para um encontro. Imediatamente, Giovanni ligou para os irmãos e sócios, convocando uma reunião.No dia da reunião, Giovanni informou a todos sobre a mensagem que havia recebido e pediu a opinião deles. Todos sabiam o que aquilo significava: Milani queria se associar a Giovanni. No entanto, nenhum deles gostava de Milani, muito menos de sua maneira de conduzir os negócios. Após uma longa conversa, chegaram à conclusão de que não deveriam aceitar nenhum tipo de vínculo com ele. Giovanni decidiu seguir essa recomendação, pois até seu
A LigaçãoNo dia seguinte, foram almoçar. Samantha já estava no local combinado, o mesmo restaurante com mesas na calçada. Giovanni desceu do carro, carregando um buquê de lírios, as flores favoritas de Samantha.— Você está linda.— Estou de calça jeans e camiseta, olha o exagero — disse ela, sorrindo enquanto se levantava para um abraço.— Você está sempre linda. E essas flores são para você — ele entregou o buquê a Samantha.— São lindas, Giovanni. Obrigada. Vou colocá-las ao lado da minha cama.Sentaram-se e pediram um café. Conversaram por um tempo, mas dava para perceber que estavam sem jeito de falar o que realmente importava, algo que não combinava com eles.Quando os assuntos triviais acabaram, o silêncio tomou conta. Surgiu uma timidez nunca antes vista entre os dois. Ambos estavam nervosos. Giovanni então segurou a mão de Samantha, a olhou nos olhos e sorriu.— Por que estamos assim? Nem combina com a gente.— Eu não sei, eu... eu não sei — gaguejou Samantha, apertando a m