A LigaçãoNo dia seguinte, foram almoçar. Samantha já estava no local combinado, o mesmo restaurante com mesas na calçada. Giovanni desceu do carro, carregando um buquê de lírios, as flores favoritas de Samantha.— Você está linda.— Estou de calça jeans e camiseta, olha o exagero — disse ela, sorrindo enquanto se levantava para um abraço.— Você está sempre linda. E essas flores são para você — ele entregou o buquê a Samantha.— São lindas, Giovanni. Obrigada. Vou colocá-las ao lado da minha cama.Sentaram-se e pediram um café. Conversaram por um tempo, mas dava para perceber que estavam sem jeito de falar o que realmente importava, algo que não combinava com eles.Quando os assuntos triviais acabaram, o silêncio tomou conta. Surgiu uma timidez nunca antes vista entre os dois. Ambos estavam nervosos. Giovanni então segurou a mão de Samantha, a olhou nos olhos e sorriu.— Por que estamos assim? Nem combina com a gente.— Eu não sei, eu... eu não sei — gaguejou Samantha, apertando a m
A chegada de SamanthaPoucas horas depois, Giovanni despertou assustado com o telefone tocando. Havia adormecido ali mesmo, na poltrona do seu escritório.— Alô?— Giovanni... — a voz de Samantha soou do outro lado da linha, carregada de lágrimas.— O que houve? — perguntou ele, preocupado.— Minha avó, Giovanni... — ela soluçou.Giovanni entendeu imediatamente. Passou a mão no rosto e respirou fundo.— Não se preocupe com nada, pode ficar tranquila.— Eu tô sozinha aqui, Giovanni... — Samantha continuava a chorar.— Não, você não está. Confia em mim.— Eu confio... — ela respirou fundo. — Preciso ir.Ela desligou a ligação. Giovanni, então, começou a fazer uma série de telefonemas. Em poucas horas, alguém já estava no hospital com Samantha. As contas foram pagas, o funeral organizado. Ela não teria que se preocupar com nada.Giovanni não podia largar tudo e ir vê-la, não dessa vez.E tudo o que Samantha queria era ele por perto. A raiva começou a crescer dentro dela.James tentou jus
PositivoNa manhã seguinte, Samantha acordou um pouco mais disposta. Trocou de roupa e desceu. Na cozinha, Verônica e o pequeno Antony estavam tomando café.— Bom dia — disse Samantha, com um sorriso no rosto, enquanto se sentava.— Bom dia, Sam. Está melhor? Giovanni disse que você estava meio indisposta ontem.— Estou bem melhor. Acho que foi o cansaço.— Bom, aqui você não vai precisar se preocupar com nada. Descanse e se recupere. Sei o quanto é difícil superar o luto. Aliás, a gente não supera, a gente se acostuma. Eu sofri muito quando perdi o pai do Giovanni, que Deus o tenha — disse Verônica, levantando as mãos para o céu e fazendo o sinal da cruz.— Foi muito difícil? Desculpa perguntar.— E como foi. Mas eu estava rodeada de gente que cuidou de mim, então acabou sendo mais fácil.— Entendi. Bom, vamos dar tempo ao tempo.— Você vai ficar bem, pode acreditar — sorriu Verônica.— Giovanni ainda dorme?— Não, Giovanni está no escritório. Pedi para prepararem algo para ele comer
Surpresas à VistaGiovanni estava em seu escritório quando recebeu um telefonema que não lhe agradou. Um de seus homens informou que Augusto Milani estava entrando em contato com alguns de seus sócios, tentando a todo custo fazer negócios. Giovanni contatou seus sócios; alguns deles se sentiam desconfortáveis com as ações de Milani. Para tranquilizá-los, ele disponibilizou segurança e também entrou em contato com os irmãos e seus aliados, que também não gostaram do que estava acontecendo, fazendo todos ficarem em alerta.Augusto Milani não era um homem confiável; era capaz de acabar com qualquer um por nenhum ou qualquer motivo. Ele podia ser invasivo e importuno, não possuía a fineza que se esperava da máfia. Por isso, era mal visto por várias pessoas, que preferiam os métodos dos Catalano.Os Catalano eram extremamente discretos, educados e confiáveis. Qualquer tipo de desavença que chegasse até eles era resolvida de maneira limpa e justa. Milani nunca seria bem-sucedido se permanec
Jogos de aparência James observava Lia há dias, notando pequenos gestos que, aos poucos, deixavam claro o que ela estava tentando fazer. A maneira como se aproximava de Giovanni, os elogios disfarçados de preocupação, o olhar que demorava um segundo a mais do que o necessário. Seguiu-a até o quarto, entrou e fechou a porta com um pouco mais de força do que o normal. Ela o olhou, surpresa com o tom pesado em seu semblante. — O que foi, James? — disse ela, como se não soubesse o que estava prestes a acontecer. — O que você acha que está fazendo, Lia? — ele foi direto, cruzando os braços, com os olhos fixos nela.Ela tentou manter o controle, esboçando um sorriso descontraído. — Eu não sei do que está falando.James a olhou ainda mais sério, deixando claro que não estava para jogos. — Não se faça de desentendida. Eu te vi. Sei o que você está tentando fazer. E vou deixar uma coisa muito clara: não vou permitir que continue. Eu não sou cego, Lia. E Giovanni também não é. Ele só es
Verdade IncineradaNo jantar, todos estavam reunidos, conversando de forma animada. Fazia muito tempo desde a última vez que Giovanni havia se sentido tão descontraído e leve.Samantha, sentindo-se exausta, decidiu que era hora de se retirar. Ela se levantou e subiu para o quarto, onde rapidamente caiu no sono.Gradualmente, todos seguiram o exemplo de Samantha e se retiraram para seus quartos, inclusive Lia.Giovanni, no entanto, permaneceu na sala com James, apreciando um uísque.— Achei que eu tinha deixado claro que elas não deveriam sair de casa — Giovanni começou.— Ricco foi com elas — James respondeu.— Eu sei, mas eu disse para elas não saírem. O que deu nela?— Samantha está apenas resolvendo as coisas do jeito dela. Você ainda não percebeu, não é?— Perceber o quê, James? O que está acontecendo na minha própria casa que eu não estou ciente?— Lia... todos já perceberam. Sua mãe, Samantha, eu. Giovanni, ela está tentando chamar sua atenção.— Lia? — Giovanni ficou em silênci
Confronto InevitávelOs dias se passaram, e ninguém mais teve notícias de Lia, o que foi um alívio para Giovanni. Samantha ainda estava de cama, apenas para agradar o marido, mas sentia-se à beira da loucura; precisava urgentemente fazer algo. O tédio era tanto que toparia qualquer coisa. Percebendo a inquietação da nora, Verônica tentou distraí-la, ensinando-a a tricotar. Não era a atividade preferida de Samantha, mas era melhor que nada.Giovanni estava no escritório quando Ricco e James entraram. Ele acendeu um charuto, esticou as pernas e ouviu-os com calma.— Nosso informante disse que Milani entrará em contato. Ele quer você como aliado a qualquer custo, agora que percebeu que não é tão popular — começou James.— Sem contar que alguns de seus sócios já não querem mais trabalhar com ele — completou Ricco.Giovanni ficou ali pensativo, lembrando dos ensinamentos do pai. Por sorte, James e Ricco tinham experiência e saberiam o que fazer.— Acredito que meu velho pai diria que isso
Rastro de DestruiçãoSaíram pelos fundos às pressas, seguindo em direção ao que hoje é o salão de festas, mais atrás ficava o estábulo. Verônica foi abrindo caminho, deixando-os livres.— Verônica, estamos sendo atacados? — perguntou Samantha, ofegante, enquanto a ficha começava a cair.— Sim. — Verônica também estava ofegante. — Tem um lugar seguro, vamos pra lá.Verônica segurou a mochila de Antony, abriu-a e tirou de dentro uma garrafa de água. Ofereceu a Samantha, que tomou alguns goles antes de passar para o menino.— Vai ser um caminho longo, mas estaremos seguras.— Tudo bem. — Samantha ficou olhando os cavalos. — Vamos de cavalo?— Não, isso chamaria muita atenção. Vamos andar por dentro da floresta. — Verônica virou-se para Antony, pegando a garrafa e guardando-a. — Tony, preciso que você obedeça, seja forte e fique em silêncio.— Tá bom. — respondeu ele, acreditando que tudo fazia parte da brincadeira.— Bem-vinda à família, vamos!Começaram a se distanciar da casa. O estábu