Verdade IncineradaNo jantar, todos estavam reunidos, conversando de forma animada. Fazia muito tempo desde a última vez que Giovanni havia se sentido tão descontraído e leve.Samantha, sentindo-se exausta, decidiu que era hora de se retirar. Ela se levantou e subiu para o quarto, onde rapidamente caiu no sono.Gradualmente, todos seguiram o exemplo de Samantha e se retiraram para seus quartos, inclusive Lia.Giovanni, no entanto, permaneceu na sala com James, apreciando um uísque.— Achei que eu tinha deixado claro que elas não deveriam sair de casa — Giovanni começou.— Ricco foi com elas — James respondeu.— Eu sei, mas eu disse para elas não saírem. O que deu nela?— Samantha está apenas resolvendo as coisas do jeito dela. Você ainda não percebeu, não é?— Perceber o quê, James? O que está acontecendo na minha própria casa que eu não estou ciente?— Lia... todos já perceberam. Sua mãe, Samantha, eu. Giovanni, ela está tentando chamar sua atenção.— Lia? — Giovanni ficou em silênci
Confronto InevitávelOs dias se passaram, e ninguém mais teve notícias de Lia, o que foi um alívio para Giovanni. Samantha ainda estava de cama, apenas para agradar o marido, mas sentia-se à beira da loucura; precisava urgentemente fazer algo. O tédio era tanto que toparia qualquer coisa. Percebendo a inquietação da nora, Verônica tentou distraí-la, ensinando-a a tricotar. Não era a atividade preferida de Samantha, mas era melhor que nada.Giovanni estava no escritório quando Ricco e James entraram. Ele acendeu um charuto, esticou as pernas e ouviu-os com calma.— Nosso informante disse que Milani entrará em contato. Ele quer você como aliado a qualquer custo, agora que percebeu que não é tão popular — começou James.— Sem contar que alguns de seus sócios já não querem mais trabalhar com ele — completou Ricco.Giovanni ficou ali pensativo, lembrando dos ensinamentos do pai. Por sorte, James e Ricco tinham experiência e saberiam o que fazer.— Acredito que meu velho pai diria que isso
Rastro de DestruiçãoSaíram pelos fundos às pressas, seguindo em direção ao que hoje é o salão de festas, mais atrás ficava o estábulo. Verônica foi abrindo caminho, deixando-os livres.— Verônica, estamos sendo atacados? — perguntou Samantha, ofegante, enquanto a ficha começava a cair.— Sim. — Verônica também estava ofegante. — Tem um lugar seguro, vamos pra lá.Verônica segurou a mochila de Antony, abriu-a e tirou de dentro uma garrafa de água. Ofereceu a Samantha, que tomou alguns goles antes de passar para o menino.— Vai ser um caminho longo, mas estaremos seguras.— Tudo bem. — Samantha ficou olhando os cavalos. — Vamos de cavalo?— Não, isso chamaria muita atenção. Vamos andar por dentro da floresta. — Verônica virou-se para Antony, pegando a garrafa e guardando-a. — Tony, preciso que você obedeça, seja forte e fique em silêncio.— Tá bom. — respondeu ele, acreditando que tudo fazia parte da brincadeira.— Bem-vinda à família, vamos!Começaram a se distanciar da casa. O estábu
Laços de SobrevivênciaJá era noite quando Samanta, Verônica e Antony chegaram ao chalé, exaustas e famintas. Tiveram que parar várias vezes para que Antony pudesse descansar um pouco. O chalé estava sujo e escuro, uma vela acesa em um canto que proporcionava um pouco de luz. Na cozinha, encontraram comida enlatada e comeram como se fosse de um restaurante cinco estrelas. Antony adormeceu antes de terminar, e Samanta, delicadamente, tirou a lata de sua mão, carregou-o e o colocou na cama.— O que você acha que aconteceu com Giovanni? — perguntou, preocupada.— Ele está bem, é a única coisa que sei.— Como pode ter tanta certeza, Verônica? Perdemos tudo. Como pode ter certeza de algo? — falou, irritada.— Não perdemos tudo, Samantha. Tony está bem, você está bem, eu estou aqui. Estou tentando não surtar também. Acabei de perder minha casa e estou preocupada com meu filho. Então, por favor, vai dormir.Verônica falou, irritada, e saiu para os fundos, onde se sentou no degrau, permanecen
Acalmando as águasJames estava sentado no carro, ansioso, olhando para o relógio várias vezes. Sacudia as pernas e mexia nas mãos, até que viu a enfermeira sair do prédio e caminhar na direção do carro. Era uma das informantes de Giovanni.Ela se apoiou no carro, arrumando os sapatos, e colocou no parabrisa um pedaço de papel. Ninguém que estava na rua percebeu o que ela estava fazendo. Em seguida, saiu andando, se afastando do carro e sumiu na rua.— Chegou a hora — disse James. — Tom e Francisco, venham comigo. Você fica aqui, deixe o carro ligado. Não vamos demorar.James saiu do carro, pegou o bilhete com o número dos quartos e seguiu acompanhado dos homens. Entrou no prédio e seguiu para os quartos.— Cinco homens, dois quartos: cento e três e cento e oito — disse ele.Disse James, guardando o bilhete e marchando rumo ao seu destino, os dois homens na sua cola.Entraram no elevador e ficaram olhando o painel de andares. A porta se abriu, e um enfermeiro estava esperando o elevad
Um novo amanhã No chalé, Samantha havia conseguido fazer Antony dormir, mas com muito custo. Colocou-o na cama e desceu; Verônica estava na cozinha guardando a louça.— Conseguiu?! — Verônica respirou aliviada. — Eu já não sabia mais o que fazer.Samantha se aproximou, ajudando-a.— Ele sempre fica assim quando o pai some — continuou Verônica. — Não paro de pensar nele.— Não vamos começar, por favor. Não quero surtar, não quero! Preciso que você fique calma, porque eu não tenho estrutura para cuidar de mais ninguém. Estou cansada! — desabafou, um pouco irritada.— Você já está surtando, e tudo bem. Vai, coloca tudo para fora!— Deixa de maluquice!Verônica saiu para os fundos, e Samantha a seguiu.— Você vai ficar guardando tudo até quando?— Samantha, me deixa, eu estou bem.— Você quer enganar quem? Seu filho está sumido, ninguém sabe dele. Não podemos sair daqui para nos
Mudanças no Chalé— Papai!Antony largou o pote cheio de morangos que havia colhido, saiu correndo e pulou nos braços do pai. Giovanni segurou o filho e o abraçou com força.Samantha ficou de pé, assistindo à cena, imóvel. Estava emocionada com a volta do marido; vê-lo abraçando o filho daquela forma, demonstrando tanto carinho, era muito lindo.Giovanni soltou Antony e foi em direção a Samantha. Pegou o pote que ela estava segurando, deu a Antony, que saiu cantando os morangos que tinha deixado cair, e a abraçou.Samantha não conseguiu segurar o choro. Ver Giovanni bem ali na sua frente era tudo o que ela queria, depois de tudo o que estava acontecendo.— Estava morrendo de medo — disse ela entre soluços.— Eu também. Achei que nunca mais veria vocês — respondeu Giovanni, segurando seu rosto e lhe dando um beijo, antes de voltar a abraçá-la.— Onde está minha mãe?— Lá em cima.— Venha — disse
Adeus, Verônica Rebecca Miller Catalano nasceu numa tarde isolada, com quase quatro quilos, transbordando saúde. O parto foi tranquilo e, em dois dias, Rebecca e a mãe já estavam em casa. Samantha foi proibida de fazer qualquer coisa que não fosse relacionada a Rebecca, então ela se dedicava quase que exclusivamente aos cuidados da menina.Antony adorou ter uma irmãzinha e não desgrudava dela. Samantha até flagrou o garoto mostrando um sapo que havia pego, o que lhe custou uma pequena bronca de Giovanni. — Tony, ela é pequenininha, não pode ficar perto desses bichos, nem você deveria. — disse Giovanni calmamente.— É só um sapo. — respondeu ele, com uma leve tristeza na voz.— Eu sei que você quer brincar com ela, mas ainda não dá. Ela não entende, é muito pequena. — Giovanni explicou, pegando o garoto pela mão e o conduzindo para o jardim.— Você não deveria pegar esses bichos, você não sabe qual pode tocar, é perigoso. — completou ele, enqu