Um novo amanhã No chalé, Samantha havia conseguido fazer Antony dormir, mas com muito custo. Colocou-o na cama e desceu; Verônica estava na cozinha guardando a louça.— Conseguiu?! — Verônica respirou aliviada. — Eu já não sabia mais o que fazer.Samantha se aproximou, ajudando-a.— Ele sempre fica assim quando o pai some — continuou Verônica. — Não paro de pensar nele.— Não vamos começar, por favor. Não quero surtar, não quero! Preciso que você fique calma, porque eu não tenho estrutura para cuidar de mais ninguém. Estou cansada! — desabafou, um pouco irritada.— Você já está surtando, e tudo bem. Vai, coloca tudo para fora!— Deixa de maluquice!Verônica saiu para os fundos, e Samantha a seguiu.— Você vai ficar guardando tudo até quando?— Samantha, me deixa, eu estou bem.— Você quer enganar quem? Seu filho está sumido, ninguém sabe dele. Não podemos sair daqui para nos
Mudanças no Chalé— Papai!Antony largou o pote cheio de morangos que havia colhido, saiu correndo e pulou nos braços do pai. Giovanni segurou o filho e o abraçou com força.Samantha ficou de pé, assistindo à cena, imóvel. Estava emocionada com a volta do marido; vê-lo abraçando o filho daquela forma, demonstrando tanto carinho, era muito lindo.Giovanni soltou Antony e foi em direção a Samantha. Pegou o pote que ela estava segurando, deu a Antony, que saiu cantando os morangos que tinha deixado cair, e a abraçou.Samantha não conseguiu segurar o choro. Ver Giovanni bem ali na sua frente era tudo o que ela queria, depois de tudo o que estava acontecendo.— Estava morrendo de medo — disse ela entre soluços.— Eu também. Achei que nunca mais veria vocês — respondeu Giovanni, segurando seu rosto e lhe dando um beijo, antes de voltar a abraçá-la.— Onde está minha mãe?— Lá em cima.— Venha — disse
Adeus, Verônica Rebecca Miller Catalano nasceu numa tarde isolada, com quase quatro quilos, transbordando saúde. O parto foi tranquilo e, em dois dias, Rebecca e a mãe já estavam em casa. Samantha foi proibida de fazer qualquer coisa que não fosse relacionada a Rebecca, então ela se dedicava quase que exclusivamente aos cuidados da menina.Antony adorou ter uma irmãzinha e não desgrudava dela. Samantha até flagrou o garoto mostrando um sapo que havia pego, o que lhe custou uma pequena bronca de Giovanni. — Tony, ela é pequenininha, não pode ficar perto desses bichos, nem você deveria. — disse Giovanni calmamente.— É só um sapo. — respondeu ele, com uma leve tristeza na voz.— Eu sei que você quer brincar com ela, mas ainda não dá. Ela não entende, é muito pequena. — Giovanni explicou, pegando o garoto pela mão e o conduzindo para o jardim.— Você não deveria pegar esses bichos, você não sabe qual pode tocar, é perigoso. — completou ele, enqu
No ritmo da casaCom as crianças um pouco maiores, Giovanni decidiu viajar para ampliar os negócios. Foi a Las Vegas, onde queria abrir um cassino. Levou consigo James e Ricco e reforçou a segurança em casa antes de partir.Samantha tomava conta da casa e das crianças.Um dia, indo à cidade, ela achou que tinha visto Lia dentro de uma loja de joias. Como estava atrasada para levar Antony à natação, não quis parar o carro para se certificar, mas isso ficou martelando em sua cabeça. Samantha estava sempre pela cidade, levando Antony para a escola e para a natação, e, para isso, tinha que passar por lá.A viagem de Giovanni durou cerca de três semanas e correu tudo bem. Um dia antes de seu retorno, Samantha estava organizando um jantar para sua chegada e levou as crianças para a cidade, querendo que estivessem impecáveis. Levou-os para cortar o cabelo e comprar roupas novas. Antes de ir ao salão cuidar de si, deu-lhes livros e lápis de cor para
Cuidando à sua maneiraTodos estavam animados para ir a Las Vegas. Giovanni permitiu que as crianças dormissem mais tarde do que o costume e jogassem alguns jogos.Maurício e Marco também estariam lá com suas esposas e filhos.Chegaram bem cedo a Las Vegas; a viagem foi tranquila e o hotel era lindo. Maurício e Marco já estavam no local com suas famílias.Guardaram as malas, saíram para conhecer o hotel e dar uma volta pelas ruas.À tarde, voltaram ao hotel. Estavam todos cansados, até mesmo as crianças, então decidiram descansar.Às vinte horas seria a inauguração. Meia hora antes, Samantha já havia deixado as crianças prontas. Antony estava vestido com um terninho preto e gravata borboleta vermelha. O sapatinho social estava tão brilhante que ele adorou. Estava parecendo com o pai. Rebecca usava um vestido rosa com um laço enorme atrás, sapatinhos brancos e meia-calça; parecia uma boneca.Giovanni estava com um te
Fragmentos de uma noiteAntony ficou um tempo no quarto, para ter a certeza de que Samantha havia realmente adormecido. Rebecca estava concentrada, assistindo ao filme.— Vou ao banheiro, fica aqui — disse ele para Rebecca.— Quero pipoca.— Vou pedir.Ele saiu do quarto, fechando a porta devagar, desceu as escadas, foi até a cozinha, pediu a pipoca e, sem que ninguém o visse, seguiu para o escritório do pai. Lá, pegou o número do hotel e ligou para ele.— Pai?— Tony, o que houve? — perguntou ele, já preocupado.— Vai demorar muito? Você precisa vir para casa. A Sam não está bem.— Como assim, não está bem? Eu falei com ela ontem.— Pai, ela não deixa eu ir à escola, não come, não dorme... Fica no quarto só observando eu e a Becca dormir.— Filho, ela está com medo. Só isso.— Pai, eu também estou com medo.— Eu sei, filho, mas eu prometo que já vou voltar pra c
Reorganizando a vidaSamantha deu uma olhada nos remédios. Relutante, entrou e começou a tomá-los.As crianças corriam pelo jardim, brincando e fazendo barulho. Nunca havia sido um problema, mas começou a ser.Samantha se sentou e começou a refletir. Realmente precisava de ajuda. Passara por muita coisa desde que entrou para a família.Precisava de ajuda psicológica e também com as crianças.Precisava de alguém de confiança ao seu lado para dar conta da casa; não poderia cuidar de tudo sozinha, e as crianças precisavam de uma rotina.— A senhora está bem?Seus pensamentos foram interrompidos por Maria.— Sim.— Por que a senhora não vai descansar? Eu cuido deles, não precisa se preocupar.— Acho que vou aceitar a ajuda, Maria. Estou péssima.— Desculpe, senhora, pela sinceridade, mas realmente está. A senhora precisa de ajuda com a casa e as crianças. Já passou da hora de contrata
Cicatrizes não visíveis Por meio de Maria, a casa ganhou uma nova vida. Como governanta, ela trouxe organização e harmonia ao ambiente. As crianças estavam felizes, com uma nova rotina que as deixava mais tranquilas. Samantha, por sua vez, começou a frequentar as consultas e, aos poucos, foi se recuperando. O processo a fez reacender um antigo sonho: ter um restaurante. Ela começou a cozinhar mais, aprimorando suas receitas. As crianças e os empregados adoraram as novidades e, logo, todos estavam experimentando os pratos de Samantha. Não demorou muito para que todos ganhassem alguns quilos a mais. Com Maria assumindo suas novas funções, Samantha precisou substituir alguém em sua posição. Não foi difícil. Através de uma sugestão do jardineiro, ela entrevistou suas duas filhas e, após a conversa, as contratou. Após alguns dias, Giovanni retornou. Ao chegar em casa, encontrou as crianças no jardim, cuidando das plantas ao lado