Elisa acompanhou os servos que levaram seu irmão ao quarto em que seria acomodado. À porta, antes de deixá-lo, ainda o abraçou com todo seu carinho. Parecia um sonho tê-lo de volta depois de tanto tempo.— Ainda não acredito que é real ter você aqui, Joaquim — falou, suspirando em seus braços.— É real sim, Elisa. E prometo que não a deixarei mais. Estou aqui para cuidar de você.Ela suspirou fundo, contendo uma lágrima de emoção.O lacaio surgiu à porta e comunicou que o banho de Joaquim estava preparado. Elisa o soltou e viu seu irmão entrar, até que ficou só no corredor. De repente, Elisa viu Antônia surgir, ela estava completamente aflita, sua pele clara, mais pálida do que nunca. A jovem, ao ver Elisa, se lançou sobre seus braços.— Elisa, como é bom vê-la! Céus, Manuel e Fernando estão discutindo, eles podem se matar!Antônia estava muito angustiada, e Elisa também ficou, temeu pela vida de Fernando, ele estava com muita raiva acumulada de seu irmão e não sabia do que seria cap
Horas mais tarde, enquanto a senhora Mazé chegava com o jantar no quarto de Antônia, contou a Elisa que Manuel tinha saído. Ficou satisfeita, não desejava ter que vê-lo novamente. Então, Elisa decidiu se encontrar com seu irmão.Quando chegou à porta do quarto em que Joaquim estava hospedado, sentiu seu coração se alegrar, ainda era difícil de acreditar que ele estava ali. Ela bateu na porta delicadamente com os nós dos dedos e, quando a imagem de Joaquim surgiu à porta completamente diferente do que havia chegado, ela ficou surpresa.Os cabelos bem cortados e alinhados, a barba feita e vestia uma roupa impecável, ele estava bonito como sempre foi, porém um pouco mais magro e, enquanto Joaquim lhe envolvia em mais um abraço caloroso, foi impossível não pensar sobre o quanto ele devia ter sofrido enquanto estava refém. Antônia lhe contou um pouco sobre o que Joaquim lhe confessou enquanto estavam presos no quartinho.Quando estava totalmente entregue ao conforto dos braços do irmão, ai
Ninguém havia dormido bem naquela noite, para Fernando nem todo o conforto da melhor hospedaria da cidade era suficiente para aquietar seu corpo e o fazer repousar. Dois pensamentos insistiam em deixá-lo agitado: A possibilidade de cancelar o casamento de Elisa e Manuel, e as lembranças do último beijo que trocou com ela, a única mulher que, até então, era proibida para ele.Já Elisa quase não podia se mexer na cama, dividir o pequeno móvel com Joana não havia sido fácil, mas a pequena ficou eufórica quando Elisa anunciou que dormiria em sua cama. Mas, por várias vezes, Elisa acordou assustada, temendo que Manuel chegasse a qualquer momento para exigir que ela ficasse em seu quarto.O dia amanheceu com um sol lindo brilhando no céu. Antônia e Joana estavam no jardim com Mazé. Antônia tentava convencer a dama de que o sol naquele horário era favorável à saúde, mas a serva achou aquela ideia descabida e resmungava algo sobre selecionar os livros que a jovem continuaria a ler. De repente
Muitas coisas passavam pela mente de Elisa enquanto tomava seu café da manhã, já era tarde, ela havia decidido ficar um pouco mais na cama, não tinha dormido bem e a culpa não era de Joana, a menina mal se mexia a noite toda, talvez devesse à exaustão de toda a energia gasta pela criança durante o dia. Mas quando soube que as meninas iriam sair para um passeio, Elisa preferiu ficar e se preparar, pois a qualquer momento Manuel iria procurá-la, então precisava estar pronta para este confronto.Não estava com fome, seu apetite desapareceu no momento em que soube que precisaria voltar àquela casa. Muitas delícias estavam sobre a mesa, entretanto, degustava apenas um chá de hortelã com mel. No momento em que iria comer uma fatia de pão, a senhora Francesca surgiu ordenando às servas que retirassem a mesa do café como se Elisa nem estivesse ali a ignorando. Elisa ficou surpresa e abriu a boca para protestar, no entanto, viu a imagem de Edna surgir toda imponente logo atrás. A presença daqu
Depois de toda confusão no hall principal da casa grande, Antônia ajudou Elisa a levar Joaquim para seus aposentos, mesmo sobre a recriminação de sua mãe. Ele resmungou por várias vezes que estava bem, mas era nítido que estava mentindo, talvez sentisse vergonha de que Antônia o visse naquela situação, porém, quando finalmente conseguiram colocá-lo na cama, ele levou a mão à altura do ferimento que há pouco tinha sido cuidado.— Ah, meu irmão, eu sinto muito... — lamentou Elisa com voz de choro.— A culpa não é sua... — respondeu entre um gemido e outro.— Não mesmo, meu irmão, que é um monstro! — Antônia manifestou indignada.Elisa levou a mão à altura da camisa e, antes de retirá-la, olhou para Antônia. Não sabia ao certo se deixar o corpo do irmão à mostra próximo de uma donzela fosse algo certo, e sabia muito bem que não era, no entanto, a situação parecia necessária. Ficou surpresa com a naturalidade com que Antônia agiu, a menina realmente não era mais uma adolescente, se torna
Dias depois...Fernando retornou de Santana, estava ansioso quando o trem de ferro parou na estação de sua cidade. Logo, se encontrou com Menezes no Alamedas Café, precisava lhe entregar os documentos que tinha conseguido, aquele no qual Manuel usara para protestar a dívida.O advogado segurava uma das inúmeras folhas entre as mãos, atônito.— Seu irmão pode ser preso por fraude — Menezes falou, analisando o documento.Fernando respirou fundo, não desejava mal ao seu meio-irmão, entretanto, sabia que Manuel estava colhendo os frutos de suas ações.Menezes continuou:— Manuel foi longe demais. Além disso, condenou uma jovem a se manter em um casamento indesejado, obrigando-a ao matrimônio.— Meu irmão nunca teve limites — afirmou Fernando, bufando, estava indignado com tudo que descobriu.— Fernando, eu preciso ser sincero... tenho pena da senhora Elisa. A situação dela é delicada... Pelo que percebi naquele dia do baile, talvez ela esteja...Fernando pigarreou, incomodado com as lemb
Aquela se tratava de uma noite relativamente quente. Elisa estava com dificuldades para dormir, como em todas as noites desde que chegou aquela casa. Felizmente estava em um quarto somente seu, depois que se impôs a Manuel, ele a deixou em paz, e não se colocou contra quando pediu que os servos arrumassem o quarto que era dela quando havia chegado na casa. Na verdade, tudo estava tranquilo demais, o que era inquietante. Elisa sabia que Manuel estava empenhado em alguma coisa para tentar virar o jogo ao seu favor novamente, e aquela suposição a deixava mais assustada do que antes. Ele mal parava em casa, saía muito cedo e chegava pela madrugada. Os criados começavam a falar sobre algumas questões administrativas dos negócios que não andavam bem. Manuel não era como Fernando, que andava pelos campos, conversava com os trabalhadores e às vezes até colocava a mão no arado. Além do mais, Manuel havia deixado de assinar papéis importantes, se recusava a aceitar suprimentos de cargas encomen
Quando Fernando retornou à casa dos Antunes, estava completamente satisfeito, havia feito amor com Elisa da forma mais maravilhosa do mundo, ansiava que em breve ela se tornasse sua esposa, assim a teria em seu leito todas as noites e dias também. Na casa principal, tudo estava quieto demais, afinal ainda era madrugada, e ao subir a escada, se deparou com quem ele não queria, Manuel. Aquele foi um encontro do qual Fernando não desejava ter, o irmão ainda estava embriagado, e isso não era nada bom, costumava se encorajar quando estava naquele estado. No entanto, percebeu que não havia tanta surpresa em sua expressão por vê-lo ali.Então, Daniel surgiu também, sua pele pálida estava vermelha pela exaustão da noitada, seus cabelos loiros, como os de Valentina, estavam completamente desalinhados. E assim como Manuel, não pareceu surpreso com sua presença.— Fernando — Daniel estendeu a mão e o cumprimentou primeiro.Era óbvio que ele temia uma batalha entre os irmãos em sua casa.— Olá,