― Por que você faria essa pergunta? ― As sobrancelhas afiadas de Brendan estavam bem franzidas e seus olhos estavam cheios de descrença. Deirdre apertou seu cobertor com toda a força. Ela costumava acreditar que Brendan era um homem sem coração e de sangue frio que faria uma coisa dessas com ela. No entanto, agora tinha perdido um pouco dessa convicção. Se Brendan estivesse envolvido naquele incidente, em um esforço para vingar Charlene, por que ele forçaria Charlene a se desculpar com ela? Ele havia sido imparcial com Charlene, exatamente como havia prometido. ― Você só precisa me responder. Sim ou não? ― ― Não. ― Embora Brendan estivesse incrédulo, ele lhe deu uma resposta. Mas, em seguida, zombou dizendo ― É isso que você pensa de mim em seu coração? ― Os pensamentos de Deirdre se tornaram caóticos. Ela só podia se distrair de seus pensamentos para se acalmar, concentrando-se na dor intensa em suas mãos. ― Deirdre, como você pôde pensar isso? Se eu tivesse sequestr
Brendan dobrou o bilhete. A expressão de seu rosto estava cheia de agitação e sua mente estava caótica. ― Ei, você! O que está fazendo? ― Sam notou uma mulher se esgueirando pelo corredor e a chamou. Brendan olhou na direção apontada por Sam e viu uma mulher com uma expressão em pânico parada por perto. O segurança estava prestes a se aproximar dela, mas ela estava com tanto medo que quase caiu de joelhos:― Desculpe! Me desculpe! Foi minha culpa! Eu desapontei a Senhora McKinney... Por favor, não chame a polícia para mim... ― Sam ficou atordoado por um momento:― Do que você está falando? ― A mulher murmurou para si mesma, com lágrimas escorrendo pelo rosto:― Eu sabia que não deveria ter seguido as instruções da cega. Presumi que estava ajudando alguém, mas acabei colocando a Sra. McKinney em perigo... ― As pupilas de Brendan se contraíram. Ele se levantou rapidamente e se aproximou da mulher, com uma presença dominadora:― Fale direito! As instruções de quem você e
― Sam ― Brendan interrompeu o segurança, com a voz firme ― você também foi enganado por ela ― e, falando entredentes, com uma expressão amarga no rosto, continuou ― Deirdre sabia que uma acusação direta não surtiria efeito. Então, ela elaborou todo esse teatro sutil, nos manipulando pouco a pouco para que quando a culpa chegasse em Charlene, estivéssemos tão envolvidos que nem perceberíamos o jogo sujo. ―O homem balançou a cabeça negativamente, então voltou a olhar para Sam, antes de concluir:― Ela é o tipo de mulher que usa táticas sem escrúpulos para conseguir o que quer. E caindo nesse golpe sujo, quase causei a morte de Charlene! ― A raiva de ser enganado e a culpa de quase causar a morte de sua salvadora encheram seu peito. Ele sentiu a cabeça girar e cerrou os punhos. Sentindo o sangue correr quente em suas veias, caminhou em direção ao quarto de Deirdre, com passadas rápidas, e chutou a porta. Deirdre não estava dormindo, mas ficou bastante assustada e tensa com o movim
― Brendan? Brendan! ― Quando entendeu o que o monstro queria dizer, as cores foram drenadas do rosto de Deirdre e, em total desespero, a jovem se lançou sobre ele, passando os braços ao redor de sua coxa em total humilhação e submissão. Mais uma vez, ele iria descontar em Sterling. ― Se você está bravo porque Charlene quase morreu, eu... eu posso me desculpar por isso! Vou engolir os mesmos comprimidos para sofrer a mesma dor que ela! Mas, por favor, pare de descontar sua raiva em pessoas inocentes! ― ― Pessoas inocentes? ― Brendan zombou e, puxando a perna para trás, para se livrar dos braços que o agarravam, o monstro se agachou e segurou o queixo de Deirdre, observando seu rosto repleto de cicatrizes, os olhos opacos e as bochechas banhadas em lágrimas ― Pelas suas atitudes, pensei que você não acreditasse em coisas como ‘deixar os inocentes em paz’, afinal, Lena não é inocente? Por Deus, Deirdre! Você pelo menos poderia ter sido sincera comigo. As coisas teriam terminado m
Deirdre tinha sido estúpida. Por que ele daria a mínima para a sua inocência? ‘Tudo com o que Brendan se importava era se Charlene estava viva e sempre tinha sido assim.’ Três dias se passaram e Brendan nunca mais tinha aparecido em seu quarto. Até mesmo a proteção oferecida por Sam foi substituída pela vigilância de uma enfermeira recém-contratada, que rapidamente se aproveitou da cegueira de Deirdre e o pouco que se importavam com aquela paciente, para abusar da jovem.Para economizar com a própria refeição, a mulher passou a se alimentar da comida de Deirdre, antes de entregar o prato para a jovem que, orgulhosa, quando percebeu o que acontecia, se recusou a comer sobras, empurrando o prato para longe.― Uau! Você é realmente exigente com sua comida! Ou será que você é do tipo de cachorro que não gosta de dividir o osso? Você age como se eu comer sua comida fosse tão nojento quanto ter que almoçar olhando para essa sua cara nojenta! Pare com isso! Faz três dias que estou aqui
― Já chega! ― Brendan avançou e agarrou a mão de Deirdre. Todo o espetáculo foi tão irritante que ele rangeu os dentes e rosnou:― Já terminou de bancar a vítima!? Você está tão empenhada nisso que me enoja! O que você espera? Que se eu te ver se fingindo de pobre humilde maltratada, por tempo o suficiente, vou acreditar que você é uma santa? Meu Deus. Quando eu penso que você não vai mais conseguir se rebaixar, você me surpreende! ― ‘Bancando a vítima? Quão cego esse sujeito é para pensar que tudo isso é um fingimento?’ Pensou a enfermeira, impressionada. O novo ferimento de Deirdre doía tanto que seu braço tremia. Ela não havia terminado a tarefa que Brendan ordenara, então simplesmente murmurou, apesar de sua expressão pálida:― Você pode, por favor, me deixar em paz? Eu não terminei de limpar. ― ― Vá para o inferno com a limpeza! ― Brendan berrou. Ele chutou a lata de lixo com tanta força que cada fragmento da tigela quebrada caiu de volta no chão. Então, o monstr
'Night City?’ Deirdre ficou horrorizada. Qualquer um em Neve sabia o que era o local e os perigos que comportava. Apesar de se passar como um estabelecimento de entretenimento era, na realidade, mais um santuário para os ricos e poderosos. Desde que ninguém morresse, não havia crime em Night City. O rosto da jovem ficou pálido:― Por que você me trouxe aqui, Brendan? ― Ela gritou, enquanto lutava para se libertar. Mas, Brendan não deixaria que ela se desvencilhasse dele tão facilmente e o aperto de sua mão no punho de Deirdre se tornou firme como uma algema. Então, ele a puxou para perto de si e sussurrou:― Tarde demais, Deirdre. Você quase tirou a vida de Lena e isso não é algo que eu vou deixar passar. ― ― Mas, eu não fiz isso! ― Brendan lançou um olhar gelado. Fazia três dias, mas ela ainda mantinha sua mentira. Por isso, o homem afrouxou o aperto e disse:― Você quer sair daqui, vá em frente. Eu só me pergunto o que vai acontecer com Sterling se você for embora. ―
― Você está aqui para beber no lugar dele, não é? ― O rapaz perguntou, em um tom malicioso, antes de completar ― Hora de fazer o seu trabalho! Beba isso! ― ― Vira! Vira! Vira! ― O grupo começou a clamar animadamente. Deirdre sempre foi intolerante ao álcool e apenas o cheiro da bebida foi capaz de desencadear um reflexo de vômito e ela empurrou o copo para longe, para desgosto do jovem. Então, o sorriso em seu rosto endureceu:― Ei, por que você fez isso? Você está querendo me dizer que, como é a cadela do Senhor Brighthall, você só abana para ele? Ah Não... Você não é nem um pouco engraçada! ― De seu assento, Brendan observava a conversa, cruzando as pernas e brincando com o anel. Seus olhos negros e frígidos perfuravam o rosto de Deirdre. Seus lábios estavam curvados para cima, quando a repreendeu, placidamente:― Ora ora... O que eu te disse sobre essa atitude mal educada entre meus amigos? Você esqueceu? ― Ele não parecia particularmente zangado, mas a indiferença era u