Deirdre tinha sido estúpida. Por que ele daria a mínima para a sua inocência? ‘Tudo com o que Brendan se importava era se Charlene estava viva e sempre tinha sido assim.’ Três dias se passaram e Brendan nunca mais tinha aparecido em seu quarto. Até mesmo a proteção oferecida por Sam foi substituída pela vigilância de uma enfermeira recém-contratada, que rapidamente se aproveitou da cegueira de Deirdre e o pouco que se importavam com aquela paciente, para abusar da jovem.Para economizar com a própria refeição, a mulher passou a se alimentar da comida de Deirdre, antes de entregar o prato para a jovem que, orgulhosa, quando percebeu o que acontecia, se recusou a comer sobras, empurrando o prato para longe.― Uau! Você é realmente exigente com sua comida! Ou será que você é do tipo de cachorro que não gosta de dividir o osso? Você age como se eu comer sua comida fosse tão nojento quanto ter que almoçar olhando para essa sua cara nojenta! Pare com isso! Faz três dias que estou aqui
― Já chega! ― Brendan avançou e agarrou a mão de Deirdre. Todo o espetáculo foi tão irritante que ele rangeu os dentes e rosnou:― Já terminou de bancar a vítima!? Você está tão empenhada nisso que me enoja! O que você espera? Que se eu te ver se fingindo de pobre humilde maltratada, por tempo o suficiente, vou acreditar que você é uma santa? Meu Deus. Quando eu penso que você não vai mais conseguir se rebaixar, você me surpreende! ― ‘Bancando a vítima? Quão cego esse sujeito é para pensar que tudo isso é um fingimento?’ Pensou a enfermeira, impressionada. O novo ferimento de Deirdre doía tanto que seu braço tremia. Ela não havia terminado a tarefa que Brendan ordenara, então simplesmente murmurou, apesar de sua expressão pálida:― Você pode, por favor, me deixar em paz? Eu não terminei de limpar. ― ― Vá para o inferno com a limpeza! ― Brendan berrou. Ele chutou a lata de lixo com tanta força que cada fragmento da tigela quebrada caiu de volta no chão. Então, o monstr
'Night City?’ Deirdre ficou horrorizada. Qualquer um em Neve sabia o que era o local e os perigos que comportava. Apesar de se passar como um estabelecimento de entretenimento era, na realidade, mais um santuário para os ricos e poderosos. Desde que ninguém morresse, não havia crime em Night City. O rosto da jovem ficou pálido:― Por que você me trouxe aqui, Brendan? ― Ela gritou, enquanto lutava para se libertar. Mas, Brendan não deixaria que ela se desvencilhasse dele tão facilmente e o aperto de sua mão no punho de Deirdre se tornou firme como uma algema. Então, ele a puxou para perto de si e sussurrou:― Tarde demais, Deirdre. Você quase tirou a vida de Lena e isso não é algo que eu vou deixar passar. ― ― Mas, eu não fiz isso! ― Brendan lançou um olhar gelado. Fazia três dias, mas ela ainda mantinha sua mentira. Por isso, o homem afrouxou o aperto e disse:― Você quer sair daqui, vá em frente. Eu só me pergunto o que vai acontecer com Sterling se você for embora. ―
― Você está aqui para beber no lugar dele, não é? ― O rapaz perguntou, em um tom malicioso, antes de completar ― Hora de fazer o seu trabalho! Beba isso! ― ― Vira! Vira! Vira! ― O grupo começou a clamar animadamente. Deirdre sempre foi intolerante ao álcool e apenas o cheiro da bebida foi capaz de desencadear um reflexo de vômito e ela empurrou o copo para longe, para desgosto do jovem. Então, o sorriso em seu rosto endureceu:― Ei, por que você fez isso? Você está querendo me dizer que, como é a cadela do Senhor Brighthall, você só abana para ele? Ah Não... Você não é nem um pouco engraçada! ― De seu assento, Brendan observava a conversa, cruzando as pernas e brincando com o anel. Seus olhos negros e frígidos perfuravam o rosto de Deirdre. Seus lábios estavam curvados para cima, quando a repreendeu, placidamente:― Ora ora... O que eu te disse sobre essa atitude mal educada entre meus amigos? Você esqueceu? ― Ele não parecia particularmente zangado, mas a indiferença era u
Brendan a forçava a fazer uma escolha. Ela poderia salvar o que restava de sua dignidade, mas Sterling teria que perder a dele, por ela. Ela teria que condená-lo para se salvar. O sadismo de Brendan não tinha limites. ‘Como ele pode ser tão sem coração?’ Deirdre soluçou. Ela sentia ansiedade, mas seu coração estava, ironicamente, muito mais calmo do que antes:― Está tudo bem ― ela disse, seus olhos tão vazios quanto seu tom ― eu vou fazer isso. ― A sala comemorou. Era o que todos queriam. Em meio à folia, porém, a expressão de Brendan ficava cada vez mais tempestuosa e seus olhos ficavam frios. ― Você entendeu o que acabou de dizer? Você vai se despir e dançar na frente de uma multidão de estranhos. Se você ligar para Sterling, o máximo que vou fazer é obrigá-lo beber. ― ‘O máximo que você vai fazer?’ Deirdre sorriu, entre as lágrimas. Ela jamais acreditaria naquilo. Ela não acreditava mais nas promessas de Brendan. Afinal, Como ela poderia? Quando ele disse a ela que
― Oh, você é muito atencioso, Senhor Brighthall. Esta mulher é realmente muito magra para se olhar. É melhor procurar outra diversão do que enojar todos nós aqui. ― Um puxa-saco concordou, imediatamente. ― Você tem razão. Uma mulher tão magra não ficaria bonita dançando, ainda mais se tiver o corpo mutilado. ― Outra pessoa falou. O grupo balançava a cabeça, em concordância. Somente Sofia parecia ter se desagradado. ‘Como o Senhor Brighthall sabe que o corpo dela é todo mutilado e cheio de cicatrizes? Será que ele já viu esta mulher nua? Ele não sentiu nojo?’ O álcool ainda fazia efeito e Deirdre sentia calor no rosto e frio no corpo. Brendan a arrastou e a forçou a se sentar no sofá. O corpo de Deirdre estava mole e sem energia. Ela só podia contar com o apoio de Brendan para ficar ereta. Mas, em seus lampejos de sobriedade, se esforçava para se manter firme, sem vontade de tocar em Brendan. Perceber esse movimento de repulsa deixou o homem furioso e ele agarrou Deirdr
― Isso mesmo. O Brighthall só queria limpar o fedor daquela mulher. Vamos continuar bebendo! ― Todos concordaram, mas deram sorrisos forçados. Era difícil acreditar no que eles mesmos haviam dito. Brendan foi até seu quarto reservado e, com Deirdre no colo, abriu a porta do banheiro com um chute e encheu a banheira com água. Em seguida, rasgou as roupas da jovem e a jogou na água morna. ― Ah! ― Deirdre engasgou com a água e lutou vigorosamente até suas mãos se agarrarem fracamente à borda. Seus olhos opacos estavam vermelhos quando ela levantou a cabeça na direção de Brendan. O corpo inteiro de Deirdre lutava contra os efeitos do álcool e ela estava corada. Brendan ficou seduzido por ver a jovem naquele estado e engoliu em seco. Então, segurou seu pescoço e a beijou com força. ― Não! Não! ― Deirdre respirou fundo, tentando afastar Brendan, mas estava tão fraca que parecia estar fingindo ser tímida. Brendan segurou o pulso da jovem com uma força desnecessária e, com ho
Em um tom gelado e condescendente, enquando Deirdre ainda se engasgava, Brendan disse:― Como você é capaz de fazer qualquer coisa, tive que confiar no meu instinto. Como você insiste em continuar se apegando às suas mentiras sórdidas, não me culpe por agir assim! ― Brendan saiu e bateu a porta atrás dele.A água na banheira esfriava rapidamente e Deirdre estava congelando. No entanto, seu coração desapontado era muito mais frio do que a própria água. A jovem tremia quando saiu da banheira, com dificuldade. E tateando, localizou uma toalha de banho e se enrolou nela. Quando abriu a porta, sentiu um olhar hostil. Sofia avaliava Deirdre, antes de dizer, com desdém:― No final, seu corpo não é nada atraente, mesmo. Eu pensei que, apesar de ter esse rosto, você poderia ter um bom corpo. Percebo que eu estava errada. ― Pela voz, Deirdre sabia quem era a pessoa. No entanto, não queria discutir. Seu cabelo ainda estava molhado e sua cabeça doía. Tudo o que a jovem queria era paz