'Night City?’ Deirdre ficou horrorizada. Qualquer um em Neve sabia o que era o local e os perigos que comportava. Apesar de se passar como um estabelecimento de entretenimento era, na realidade, mais um santuário para os ricos e poderosos. Desde que ninguém morresse, não havia crime em Night City. O rosto da jovem ficou pálido:― Por que você me trouxe aqui, Brendan? ― Ela gritou, enquanto lutava para se libertar. Mas, Brendan não deixaria que ela se desvencilhasse dele tão facilmente e o aperto de sua mão no punho de Deirdre se tornou firme como uma algema. Então, ele a puxou para perto de si e sussurrou:― Tarde demais, Deirdre. Você quase tirou a vida de Lena e isso não é algo que eu vou deixar passar. ― ― Mas, eu não fiz isso! ― Brendan lançou um olhar gelado. Fazia três dias, mas ela ainda mantinha sua mentira. Por isso, o homem afrouxou o aperto e disse:― Você quer sair daqui, vá em frente. Eu só me pergunto o que vai acontecer com Sterling se você for embora. ―
― Você está aqui para beber no lugar dele, não é? ― O rapaz perguntou, em um tom malicioso, antes de completar ― Hora de fazer o seu trabalho! Beba isso! ― ― Vira! Vira! Vira! ― O grupo começou a clamar animadamente. Deirdre sempre foi intolerante ao álcool e apenas o cheiro da bebida foi capaz de desencadear um reflexo de vômito e ela empurrou o copo para longe, para desgosto do jovem. Então, o sorriso em seu rosto endureceu:― Ei, por que você fez isso? Você está querendo me dizer que, como é a cadela do Senhor Brighthall, você só abana para ele? Ah Não... Você não é nem um pouco engraçada! ― De seu assento, Brendan observava a conversa, cruzando as pernas e brincando com o anel. Seus olhos negros e frígidos perfuravam o rosto de Deirdre. Seus lábios estavam curvados para cima, quando a repreendeu, placidamente:― Ora ora... O que eu te disse sobre essa atitude mal educada entre meus amigos? Você esqueceu? ― Ele não parecia particularmente zangado, mas a indiferença era u
Brendan a forçava a fazer uma escolha. Ela poderia salvar o que restava de sua dignidade, mas Sterling teria que perder a dele, por ela. Ela teria que condená-lo para se salvar. O sadismo de Brendan não tinha limites. ‘Como ele pode ser tão sem coração?’ Deirdre soluçou. Ela sentia ansiedade, mas seu coração estava, ironicamente, muito mais calmo do que antes:― Está tudo bem ― ela disse, seus olhos tão vazios quanto seu tom ― eu vou fazer isso. ― A sala comemorou. Era o que todos queriam. Em meio à folia, porém, a expressão de Brendan ficava cada vez mais tempestuosa e seus olhos ficavam frios. ― Você entendeu o que acabou de dizer? Você vai se despir e dançar na frente de uma multidão de estranhos. Se você ligar para Sterling, o máximo que vou fazer é obrigá-lo beber. ― ‘O máximo que você vai fazer?’ Deirdre sorriu, entre as lágrimas. Ela jamais acreditaria naquilo. Ela não acreditava mais nas promessas de Brendan. Afinal, Como ela poderia? Quando ele disse a ela que
― Oh, você é muito atencioso, Senhor Brighthall. Esta mulher é realmente muito magra para se olhar. É melhor procurar outra diversão do que enojar todos nós aqui. ― Um puxa-saco concordou, imediatamente. ― Você tem razão. Uma mulher tão magra não ficaria bonita dançando, ainda mais se tiver o corpo mutilado. ― Outra pessoa falou. O grupo balançava a cabeça, em concordância. Somente Sofia parecia ter se desagradado. ‘Como o Senhor Brighthall sabe que o corpo dela é todo mutilado e cheio de cicatrizes? Será que ele já viu esta mulher nua? Ele não sentiu nojo?’ O álcool ainda fazia efeito e Deirdre sentia calor no rosto e frio no corpo. Brendan a arrastou e a forçou a se sentar no sofá. O corpo de Deirdre estava mole e sem energia. Ela só podia contar com o apoio de Brendan para ficar ereta. Mas, em seus lampejos de sobriedade, se esforçava para se manter firme, sem vontade de tocar em Brendan. Perceber esse movimento de repulsa deixou o homem furioso e ele agarrou Deirdr
― Isso mesmo. O Brighthall só queria limpar o fedor daquela mulher. Vamos continuar bebendo! ― Todos concordaram, mas deram sorrisos forçados. Era difícil acreditar no que eles mesmos haviam dito. Brendan foi até seu quarto reservado e, com Deirdre no colo, abriu a porta do banheiro com um chute e encheu a banheira com água. Em seguida, rasgou as roupas da jovem e a jogou na água morna. ― Ah! ― Deirdre engasgou com a água e lutou vigorosamente até suas mãos se agarrarem fracamente à borda. Seus olhos opacos estavam vermelhos quando ela levantou a cabeça na direção de Brendan. O corpo inteiro de Deirdre lutava contra os efeitos do álcool e ela estava corada. Brendan ficou seduzido por ver a jovem naquele estado e engoliu em seco. Então, segurou seu pescoço e a beijou com força. ― Não! Não! ― Deirdre respirou fundo, tentando afastar Brendan, mas estava tão fraca que parecia estar fingindo ser tímida. Brendan segurou o pulso da jovem com uma força desnecessária e, com ho
Em um tom gelado e condescendente, enquando Deirdre ainda se engasgava, Brendan disse:― Como você é capaz de fazer qualquer coisa, tive que confiar no meu instinto. Como você insiste em continuar se apegando às suas mentiras sórdidas, não me culpe por agir assim! ― Brendan saiu e bateu a porta atrás dele.A água na banheira esfriava rapidamente e Deirdre estava congelando. No entanto, seu coração desapontado era muito mais frio do que a própria água. A jovem tremia quando saiu da banheira, com dificuldade. E tateando, localizou uma toalha de banho e se enrolou nela. Quando abriu a porta, sentiu um olhar hostil. Sofia avaliava Deirdre, antes de dizer, com desdém:― No final, seu corpo não é nada atraente, mesmo. Eu pensei que, apesar de ter esse rosto, você poderia ter um bom corpo. Percebo que eu estava errada. ― Pela voz, Deirdre sabia quem era a pessoa. No entanto, não queria discutir. Seu cabelo ainda estava molhado e sua cabeça doía. Tudo o que a jovem queria era paz
A preocupação de Sam não era fingida, senão, ele poderia facilmente ignorar Deirdre, assim como os outros seguranças faziam. ― Agradeço muito. ― A gentileza de Sam tinha tocado Deirdre, por isso, depois de hesitar, decidiu perguntar ― Sam, você pode me ajudar?― ― Se não for algo que me coloque em uma situação difícil, ficarei feliz em atender. ― Deirdre disse apressadamente:― Não, não vai! Eu só gostaria que você me ajudasse a descobrir onde Sterling está, sua situação atual e se ele está vivendo uma boa vida. ― Deirdre tinha certeza de que Brendan não desistiria facilmente de perseguir o médico. O fato de Brendan não tê-la continuado humilhando na festa a levou a supor que Brendan poderia ter mudado seu foco para Sterling. Por isso, ela queria saber a condição em que ele estava. No entanto, antes que Sam pudesse responder, o som da porta da frente sendo escancarada, ecoou pela sala. Deirdre ficou atordoada e seu peito se apertou, de repente. Ela ouviu Brendan dizer,
Assim que Deirdre entrou no carro, Brendan ligou o motor e partiu. Como completos desconhecidos, o casal não trocou nem uma palavra, durante todo o percurso. Mas, quando o carro parou, Brendan levou Deirdre até o destino. No saguão, o gerente do lugar cumprimentou Brendan com um largo sorriso: ― Senhor Brighthall, seja bem-vindo. Preparamos uma mesa para você, no segundo andar. Me deixe acompanhá-los. A propósito, os pratos serão servidos em minutos. ― ‘Pratos? Estamos aqui para fazer uma refeição?’ Deirdre ficou atônita. Mas, seus instintos lhe diziam que nada era tão simples quanto ela pensava. No entanto, quando ela ocupou seu lugar, esperando pelo pior e com medo, nada aconteceu. Brendan perguntou com indiferença:― O que você gosta de comer? Eu pedi alguns pratos, mas não sei se eles se adequam ao seu gosto. ― Deirdre cerrou os punhos, enquanto se sentia inexplicavelmente inquieta.― Eu como de tudo. ― ― Sério? ― Brendan sorriu ― Bom, foi você mesma quem disse. En