Brendan dobrou o bilhete. A expressão de seu rosto estava cheia de agitação e sua mente estava caótica. ― Ei, você! O que está fazendo? ― Sam notou uma mulher se esgueirando pelo corredor e a chamou. Brendan olhou na direção apontada por Sam e viu uma mulher com uma expressão em pânico parada por perto. O segurança estava prestes a se aproximar dela, mas ela estava com tanto medo que quase caiu de joelhos:― Desculpe! Me desculpe! Foi minha culpa! Eu desapontei a Senhora McKinney... Por favor, não chame a polícia para mim... ― Sam ficou atordoado por um momento:― Do que você está falando? ― A mulher murmurou para si mesma, com lágrimas escorrendo pelo rosto:― Eu sabia que não deveria ter seguido as instruções da cega. Presumi que estava ajudando alguém, mas acabei colocando a Sra. McKinney em perigo... ― As pupilas de Brendan se contraíram. Ele se levantou rapidamente e se aproximou da mulher, com uma presença dominadora:― Fale direito! As instruções de quem você e
― Sam ― Brendan interrompeu o segurança, com a voz firme ― você também foi enganado por ela ― e, falando entredentes, com uma expressão amarga no rosto, continuou ― Deirdre sabia que uma acusação direta não surtiria efeito. Então, ela elaborou todo esse teatro sutil, nos manipulando pouco a pouco para que quando a culpa chegasse em Charlene, estivéssemos tão envolvidos que nem perceberíamos o jogo sujo. ―O homem balançou a cabeça negativamente, então voltou a olhar para Sam, antes de concluir:― Ela é o tipo de mulher que usa táticas sem escrúpulos para conseguir o que quer. E caindo nesse golpe sujo, quase causei a morte de Charlene! ― A raiva de ser enganado e a culpa de quase causar a morte de sua salvadora encheram seu peito. Ele sentiu a cabeça girar e cerrou os punhos. Sentindo o sangue correr quente em suas veias, caminhou em direção ao quarto de Deirdre, com passadas rápidas, e chutou a porta. Deirdre não estava dormindo, mas ficou bastante assustada e tensa com o movim
― Brendan? Brendan! ― Quando entendeu o que o monstro queria dizer, as cores foram drenadas do rosto de Deirdre e, em total desespero, a jovem se lançou sobre ele, passando os braços ao redor de sua coxa em total humilhação e submissão. Mais uma vez, ele iria descontar em Sterling. ― Se você está bravo porque Charlene quase morreu, eu... eu posso me desculpar por isso! Vou engolir os mesmos comprimidos para sofrer a mesma dor que ela! Mas, por favor, pare de descontar sua raiva em pessoas inocentes! ― ― Pessoas inocentes? ― Brendan zombou e, puxando a perna para trás, para se livrar dos braços que o agarravam, o monstro se agachou e segurou o queixo de Deirdre, observando seu rosto repleto de cicatrizes, os olhos opacos e as bochechas banhadas em lágrimas ― Pelas suas atitudes, pensei que você não acreditasse em coisas como ‘deixar os inocentes em paz’, afinal, Lena não é inocente? Por Deus, Deirdre! Você pelo menos poderia ter sido sincera comigo. As coisas teriam terminado m
Deirdre tinha sido estúpida. Por que ele daria a mínima para a sua inocência? ‘Tudo com o que Brendan se importava era se Charlene estava viva e sempre tinha sido assim.’ Três dias se passaram e Brendan nunca mais tinha aparecido em seu quarto. Até mesmo a proteção oferecida por Sam foi substituída pela vigilância de uma enfermeira recém-contratada, que rapidamente se aproveitou da cegueira de Deirdre e o pouco que se importavam com aquela paciente, para abusar da jovem.Para economizar com a própria refeição, a mulher passou a se alimentar da comida de Deirdre, antes de entregar o prato para a jovem que, orgulhosa, quando percebeu o que acontecia, se recusou a comer sobras, empurrando o prato para longe.― Uau! Você é realmente exigente com sua comida! Ou será que você é do tipo de cachorro que não gosta de dividir o osso? Você age como se eu comer sua comida fosse tão nojento quanto ter que almoçar olhando para essa sua cara nojenta! Pare com isso! Faz três dias que estou aqui
― Já chega! ― Brendan avançou e agarrou a mão de Deirdre. Todo o espetáculo foi tão irritante que ele rangeu os dentes e rosnou:― Já terminou de bancar a vítima!? Você está tão empenhada nisso que me enoja! O que você espera? Que se eu te ver se fingindo de pobre humilde maltratada, por tempo o suficiente, vou acreditar que você é uma santa? Meu Deus. Quando eu penso que você não vai mais conseguir se rebaixar, você me surpreende! ― ‘Bancando a vítima? Quão cego esse sujeito é para pensar que tudo isso é um fingimento?’ Pensou a enfermeira, impressionada. O novo ferimento de Deirdre doía tanto que seu braço tremia. Ela não havia terminado a tarefa que Brendan ordenara, então simplesmente murmurou, apesar de sua expressão pálida:― Você pode, por favor, me deixar em paz? Eu não terminei de limpar. ― ― Vá para o inferno com a limpeza! ― Brendan berrou. Ele chutou a lata de lixo com tanta força que cada fragmento da tigela quebrada caiu de volta no chão. Então, o monstr
'Night City?’ Deirdre ficou horrorizada. Qualquer um em Neve sabia o que era o local e os perigos que comportava. Apesar de se passar como um estabelecimento de entretenimento era, na realidade, mais um santuário para os ricos e poderosos. Desde que ninguém morresse, não havia crime em Night City. O rosto da jovem ficou pálido:― Por que você me trouxe aqui, Brendan? ― Ela gritou, enquanto lutava para se libertar. Mas, Brendan não deixaria que ela se desvencilhasse dele tão facilmente e o aperto de sua mão no punho de Deirdre se tornou firme como uma algema. Então, ele a puxou para perto de si e sussurrou:― Tarde demais, Deirdre. Você quase tirou a vida de Lena e isso não é algo que eu vou deixar passar. ― ― Mas, eu não fiz isso! ― Brendan lançou um olhar gelado. Fazia três dias, mas ela ainda mantinha sua mentira. Por isso, o homem afrouxou o aperto e disse:― Você quer sair daqui, vá em frente. Eu só me pergunto o que vai acontecer com Sterling se você for embora. ―
― Você está aqui para beber no lugar dele, não é? ― O rapaz perguntou, em um tom malicioso, antes de completar ― Hora de fazer o seu trabalho! Beba isso! ― ― Vira! Vira! Vira! ― O grupo começou a clamar animadamente. Deirdre sempre foi intolerante ao álcool e apenas o cheiro da bebida foi capaz de desencadear um reflexo de vômito e ela empurrou o copo para longe, para desgosto do jovem. Então, o sorriso em seu rosto endureceu:― Ei, por que você fez isso? Você está querendo me dizer que, como é a cadela do Senhor Brighthall, você só abana para ele? Ah Não... Você não é nem um pouco engraçada! ― De seu assento, Brendan observava a conversa, cruzando as pernas e brincando com o anel. Seus olhos negros e frígidos perfuravam o rosto de Deirdre. Seus lábios estavam curvados para cima, quando a repreendeu, placidamente:― Ora ora... O que eu te disse sobre essa atitude mal educada entre meus amigos? Você esqueceu? ― Ele não parecia particularmente zangado, mas a indiferença era u
Brendan a forçava a fazer uma escolha. Ela poderia salvar o que restava de sua dignidade, mas Sterling teria que perder a dele, por ela. Ela teria que condená-lo para se salvar. O sadismo de Brendan não tinha limites. ‘Como ele pode ser tão sem coração?’ Deirdre soluçou. Ela sentia ansiedade, mas seu coração estava, ironicamente, muito mais calmo do que antes:― Está tudo bem ― ela disse, seus olhos tão vazios quanto seu tom ― eu vou fazer isso. ― A sala comemorou. Era o que todos queriam. Em meio à folia, porém, a expressão de Brendan ficava cada vez mais tempestuosa e seus olhos ficavam frios. ― Você entendeu o que acabou de dizer? Você vai se despir e dançar na frente de uma multidão de estranhos. Se você ligar para Sterling, o máximo que vou fazer é obrigá-lo beber. ― ‘O máximo que você vai fazer?’ Deirdre sorriu, entre as lágrimas. Ela jamais acreditaria naquilo. Ela não acreditava mais nas promessas de Brendan. Afinal, Como ela poderia? Quando ele disse a ela que