― Como não há ferida na mão do paciente? ― A enfermeira foi pega de surpresa ― A mão está ferida sim, e é muito sério. Não é apenas um ferimento simples, está infectado e descarregará pus à noite. É por isso que a mantemos enfaixada. ― ― Infectado? ― Brendan se levantou do assento ― Quando isso aconteceu? ― A enfermeira pensou por um momento:― Na manhã do dia 19. ― Deirdre dizia a verdade. Ela havia sido ferida na manhã do dia 19. Por outro lado, naquela manhã... Brendan não pôde deixar de respirar pesadamente quando a imagem de Charlene aparecendo naquela manhã surgiu em sua mente. Ele cerrou os punhos com força e perguntou ansiosamente:― Como é a ferida!? ― A enfermeira se assustou, mas não teve coragem de não responder. Ela considerou atentamente, por um momento, antes de apontar para as costas da própria mão e dizer:― Está ferido aqui, aqui e aqui. São marcas de perfurações. Em uma delas a carne foi arrancada de sua pele e ela sangrava em profusão. ― ‘Feridas
― Está feito. Eu drenei o pus completamente e é por isso que doeu tanto. Lembre-se de não molhar o curativo e você ficará bem. Quanto à cicatriz, vai depender do seu tipo de pele. ― ― Muito obrigada. ― A enfermeira respondeu sorrindo:― Por nada! ― Ela então saiu, empurrando o carrinho. Assim que a porta foi fechada, a sala ficou tão silenciosa que parecia sufocante. Então, Brendan cerrou os punhos e se preparou para falar, depois de algumas tentativas:― Se você dizia a verdade, por que você não insistiu? ― O olhar de Deirdre estava vazio. Ele zombava, zombava e a humilhava constantemente, sempre que ela fazia um comentário. Se ela fosse se explicar mais, ela sabia que estaria condenada. Enquanto falava, Brendan percebeu que ele estava errado e franziu os lábios finos dizendo:― Deirdre, é muito difícil para mim confiar em você, por causa de sua história de... ― ― Você terminou? Estou cansada e gostaria muito de descansar. ― A jovem se deitou e fechou os olhos.
― Mostre suas mãos! ― Brendan disse, parado na frente da janela. Seu rosto impecável irradiava frieza. Ele falava em um tom privado de sua gentileza anterior. ― O que... o que aconteceu, Bren? ― Charlene estendeu as mãos, com uma risada forçada ― Por que você está falando tão sério? Você está me deixando nervosa. ― Brendan examinou as unhas dela. Fazia apenas dois dias desde o incidente, então suas unhas ainda não tinham crescido muito. Elas eram aparadas em stiletto, o que as deixava afiadas, como as de um gato. Se ela cravasse as unhas na carne de alguém, seria considerado misericordioso para a vítima apenas sofrer as perfurações e não perder pedaços de carne. ― Você fez alguma coisa nas suas unhas? ― Brendan perguntou, com os olhos semicerrados. ― Como? ― Charlene puxou as mãos para trás, com a consciência pesada ― Eu não tenho certeza. Fui na manicure, há dois dias. Talvez elas tenham sido polidas? ― ― Você causou o ferimento nas mãos de Deirdre? ― Todo o sangue fo
― Por que você faria essa pergunta? ― As sobrancelhas afiadas de Brendan estavam bem franzidas e seus olhos estavam cheios de descrença. Deirdre apertou seu cobertor com toda a força. Ela costumava acreditar que Brendan era um homem sem coração e de sangue frio que faria uma coisa dessas com ela. No entanto, agora tinha perdido um pouco dessa convicção. Se Brendan estivesse envolvido naquele incidente, em um esforço para vingar Charlene, por que ele forçaria Charlene a se desculpar com ela? Ele havia sido imparcial com Charlene, exatamente como havia prometido. ― Você só precisa me responder. Sim ou não? ― ― Não. ― Embora Brendan estivesse incrédulo, ele lhe deu uma resposta. Mas, em seguida, zombou dizendo ― É isso que você pensa de mim em seu coração? ― Os pensamentos de Deirdre se tornaram caóticos. Ela só podia se distrair de seus pensamentos para se acalmar, concentrando-se na dor intensa em suas mãos. ― Deirdre, como você pôde pensar isso? Se eu tivesse sequestr
Brendan dobrou o bilhete. A expressão de seu rosto estava cheia de agitação e sua mente estava caótica. ― Ei, você! O que está fazendo? ― Sam notou uma mulher se esgueirando pelo corredor e a chamou. Brendan olhou na direção apontada por Sam e viu uma mulher com uma expressão em pânico parada por perto. O segurança estava prestes a se aproximar dela, mas ela estava com tanto medo que quase caiu de joelhos:― Desculpe! Me desculpe! Foi minha culpa! Eu desapontei a Senhora McKinney... Por favor, não chame a polícia para mim... ― Sam ficou atordoado por um momento:― Do que você está falando? ― A mulher murmurou para si mesma, com lágrimas escorrendo pelo rosto:― Eu sabia que não deveria ter seguido as instruções da cega. Presumi que estava ajudando alguém, mas acabei colocando a Sra. McKinney em perigo... ― As pupilas de Brendan se contraíram. Ele se levantou rapidamente e se aproximou da mulher, com uma presença dominadora:― Fale direito! As instruções de quem você e
― Sam ― Brendan interrompeu o segurança, com a voz firme ― você também foi enganado por ela ― e, falando entredentes, com uma expressão amarga no rosto, continuou ― Deirdre sabia que uma acusação direta não surtiria efeito. Então, ela elaborou todo esse teatro sutil, nos manipulando pouco a pouco para que quando a culpa chegasse em Charlene, estivéssemos tão envolvidos que nem perceberíamos o jogo sujo. ―O homem balançou a cabeça negativamente, então voltou a olhar para Sam, antes de concluir:― Ela é o tipo de mulher que usa táticas sem escrúpulos para conseguir o que quer. E caindo nesse golpe sujo, quase causei a morte de Charlene! ― A raiva de ser enganado e a culpa de quase causar a morte de sua salvadora encheram seu peito. Ele sentiu a cabeça girar e cerrou os punhos. Sentindo o sangue correr quente em suas veias, caminhou em direção ao quarto de Deirdre, com passadas rápidas, e chutou a porta. Deirdre não estava dormindo, mas ficou bastante assustada e tensa com o movim
― Brendan? Brendan! ― Quando entendeu o que o monstro queria dizer, as cores foram drenadas do rosto de Deirdre e, em total desespero, a jovem se lançou sobre ele, passando os braços ao redor de sua coxa em total humilhação e submissão. Mais uma vez, ele iria descontar em Sterling. ― Se você está bravo porque Charlene quase morreu, eu... eu posso me desculpar por isso! Vou engolir os mesmos comprimidos para sofrer a mesma dor que ela! Mas, por favor, pare de descontar sua raiva em pessoas inocentes! ― ― Pessoas inocentes? ― Brendan zombou e, puxando a perna para trás, para se livrar dos braços que o agarravam, o monstro se agachou e segurou o queixo de Deirdre, observando seu rosto repleto de cicatrizes, os olhos opacos e as bochechas banhadas em lágrimas ― Pelas suas atitudes, pensei que você não acreditasse em coisas como ‘deixar os inocentes em paz’, afinal, Lena não é inocente? Por Deus, Deirdre! Você pelo menos poderia ter sido sincera comigo. As coisas teriam terminado m
Deirdre tinha sido estúpida. Por que ele daria a mínima para a sua inocência? ‘Tudo com o que Brendan se importava era se Charlene estava viva e sempre tinha sido assim.’ Três dias se passaram e Brendan nunca mais tinha aparecido em seu quarto. Até mesmo a proteção oferecida por Sam foi substituída pela vigilância de uma enfermeira recém-contratada, que rapidamente se aproveitou da cegueira de Deirdre e o pouco que se importavam com aquela paciente, para abusar da jovem.Para economizar com a própria refeição, a mulher passou a se alimentar da comida de Deirdre, antes de entregar o prato para a jovem que, orgulhosa, quando percebeu o que acontecia, se recusou a comer sobras, empurrando o prato para longe.― Uau! Você é realmente exigente com sua comida! Ou será que você é do tipo de cachorro que não gosta de dividir o osso? Você age como se eu comer sua comida fosse tão nojento quanto ter que almoçar olhando para essa sua cara nojenta! Pare com isso! Faz três dias que estou aqui