‘Ele deve ter ligado e eu não vi... deve ser isso. Kyran não iria sumir por dois dias seguidos.' Ela queria pedir a ajuda de uma garçonete para verificar as mensagens de texto em seu telefone, mas levantou a cabeça para encontrar uma mulher com um corpo esguio entrando em seu campo visual e imaginou ser uma atendente.― Olá. ― Deirdre se levantou e passou o telefone para a mulher. ― Você poderia, por favor, me ajudar a verificar se há alguma chamada perdida no meu telefone? Sou cega e não consigo ver. ―Ela falou em tom de súplica, mas a pessoa não respondeu. Então, Deirdre não pôde deixar de se sentir abatida e forçou um sorriso:― Sinto muito por ter incomodado. ―Então, se levantou e se afastou, na tentativa de pedir ajuda a uma garçonete, enquanto Brendan estava fora. Ela havia acabado de passar pela mulher quando tropeçou em um pé que, de repente, se estendeu sob ela. Logo depois, sentiu seu corpo sendo empurrado para frente e perdeu o equilíbrio, caindo na água.A intensa e
Brendan se acalmou, fechando os olhos e controlando a respiração, depois girou o aparelho celular molhado nas mãos, tirou a bateria e comentou:― Não se preocupe, vou tentar resolver isso. ―Uma mudança finalmente sombreou o rosto congelado e mortificado de Deirdre quando um lampejo de surpresa se iluminou brevemente em seus olhos vidrados e quase cegos, antes que ela abaixasse a cabeça e sussurrasse, com um sorriso:― Obrigada. ― O agradecimento veio do fundo de seu coração, pois aquele telefone significava muito para ela.Brendan só conseguia rir de si mesmo. Ele a estava pressionando para estar mais perto de seu próprio alter ego! Mesmo que... sempre tivesse sido daquele jeito.Em um instante, um garçom trouxe uma toalha felpuda e um roupão de banho e, com carinho, Brendan secou sua companheira o melhor que pôde, certificando-se de que o frio intenso não a atingiria. E isso foi o último vestígio de qualquer suavidade em sua expressão. Quase imediatamente, ele examinou os arredo
― Ou você pula logo na porcaria da piscina, ou qualquer empreendimento que sua família tenha será varrido do planeta. A decisão é sua ― Brendan zombou. Então puxou Deirdre ainda mais perto de seus braços e sorriu. ― Aposto que alguém que sabe que sou um Brighthall também saberia quem eu sou, certo? Posso destruir empresinhas em um estalar de dedos, então talvez não teste minha paciência. ―― N-Não, senhor Brighthall! Não precisa! ― Minerva implorou, alarmada.Deirdre quase tinha morrido pois a ajuda demoraria a chegar, se Brendan não a tivesse visto. E a julgar pelo tom de Brendan, ninguém ousaria resgatar Minerva, a menos que ele permitisse!― Mas, eu não sei nadar, eu vou morrer se eu pular! Por favor, mostre alguma misericórdia! Foi apenas um acidente! ―O tom de Brendan era tão frígido quanto nitrogênio líquido.― Três. Dois... ―Os lábios de Minerva tremeram. Tudo pelo que ela trabalhou duro para construir, sua imagem, sua reputação, tudo estava indo para as ruínas. Se a not
― Obrigada... ― Deirdre esticou o colarinho em volta do pescoço e olhou para o chão. Sua voz era suave. ― Tanto por me ajudar a consertar o celular quanto por me salvar do afogamento. ―Brendan estava longe de ser um homem bom e decente e não era estranho a todos os tipos de transgressões imperdoáveis. Mas, pelo menos, a gratidão de Deirdre tinha sido sincera. Afinal, o homem era um monstro mas tinha salvado a vida dela.― Não foi nada. ― Brendan considerou o semblante pálido e meio traumatizado da jovem e lutou contra o impulso de apenas puxá-la para um abraço reconfortante. ― Não se preocupe com isso. Qualquer um que se atrever a tocar em um único fio de cabelo de sua cabeça vai se arrepender amargamente. Se tudo correr exatamente como eu pensei, a vida de Minerva Cole em Eastgene está acabada. ―Deirdre não poderia se importar menos, mas também não tentou convencer Brendan a desistir, por isso, simplesmente acenou com a cabeça e disse:― Tudo bem. ―― Descanse um pouco ― o magn
― Para que você quer um telefone? Para ligar para aquele homem? ―Deirdre não tentou negar.― Sim... Já faz um tempo que não consigo falar com ele e, como meu telefone está com defeito... temo que ele tente me ligar e não obtenha resposta. Então, pensei que tinha que ligar para ele, só para dizer que estou bem.Os pensamentos de Brendan começaram a se chocar. O aparelho que ele usava para interpretar Kyran também tinha sido danificado quando ele mergulhou na piscina. Se Deirdre ligasse agora, Brendan não poderia atender e Deirdre definitivamente começaria a imaginar cenários paranoicos.Ele se virou para o estafeta.― Nós já resolvemos isso. Você pode ir agora. ―O rapazote enrijeceu um pouco.― E o telefone? ―― Acabei de dizer que já resolvemos isso. ―Os olhos de Deirdre tremeram. Agarrando o roupão de Brendan pelo colarinho, ela protestou.― Não, não faça isso comigo. É só uma ligação, Brendan. Uma chamada. Eu só preciso dizer a ele que meu telefone está quebrado. Por fav
― Se eu quiser comprar um aparelho novo. Vocês vendem do mesmo modelo? ―O proprietário balançou a cabeça e deu um sorriso impotente.― Você está me pedindo uma antiguidade de mais de dez anos. O tipo que só serve para ligar e enviar mensagens de texto e... nada mais. Não os vendemos mais... ninguém compra isso. ―A decepção nublou os olhos de Brendan. Para uma mulher cega como Deirdre, um telefone com menos funcionalidades e com teclas ao invés de uma tela touch era muito mais útil. Além disso, se ele substituísse o telefone, teria que reaprender a usar. Ela nem saberia onde clicar.― Então, pode consertar. Eu não me importo com o quanto custa. Eu só quero que conserte. ―― Uau. Você está falando sério? ― O dono ficou surpreso. Era uma resposta que ele não esperava. Ainda assim, ele se recuperou do choque rapidamente. ― Está bem então. Eu farei o meu melhor. Deixa aqui comigo. Ligarei para o seu número quando terminar. ―― Muito obrigado. ―-Mesmo uma noite inteira de sono nã
Brendan lançou um olhar de canto de olho e, impassível, perguntou:― Como você adivinhou isso? ―― Eu bati na sua porta, há um tempo atrás, e ninguém atendeu, então fui perguntar na recepção ― respondeu Deirdre, com franqueza. ― Foi a recepcionista quem me disse que você saiu ontem à noite. ―Brendan fechou os olhos, cansado.― Isso é verdade ― ele disse categoricamente. ― Eu saí. ―Deirdre uniu as sobrancelhas, mas ficou em silêncio. Então olhou para ele, sua confusão crescendo conforme os segundos se arrastavam. Ele não ia se explicar? Impaciente, respirou fundo e perguntou:― A recepcionista disse que você estava procurando lojas de telefones. Por que você faria isso? ―Ele descansou um pouco antes de contrair os lábios em um sorriso.― Onde você quer chegar com essas perguntas? ―Deirdre foi pega de surpresa e Brendan continuou:― Você quer que eu diga: 'Oh, fui procurar uma loja de telefones tarde da noite por sua causa? Porque eu não quero mais que você fique triste?' O
Deirdre lembrou Brendan. Ela se lembrava de cada um de seus machucados, e retribuía cada insulto que o magnata havia lançado contra ela. Brendan nunca, em sua vida, se sentira tão atormentado pelo carma. Todas as coisas ruins que ele disse no passado voltavam para esfaqueá-lo no peito, tirando sangue.Ele abriu a boca para tentar se justificar:― Eu... ― Mas, nada, nem remotamente, bom saiu. No final, ele deu um tapa no braço do sofá e finalizou pateticamente: ― Se é isso que você pensa, que seja... ―Explicar-se deixou de ser significativo. Ele podia sentir um dilúvio sem precedentes de desgosto e ódio em Deirdre. Era como um vórtice sugando qualquer resquício de sua força e, de repente, se viu fraco demais para dizer mais alguma coisa.― Que assim seja? ― Deirdre abaixou a cabeça. Algo pareceu piscar em seus olhos. Ela exalou um longo suspiro. ― Bom... ―O cômodo ficou imerso em um silêncio gelado. Até que. depois de algum tempo, Brendan falou.― Eu já falei com a recepcionista