― Se eu quiser comprar um aparelho novo. Vocês vendem do mesmo modelo? ―O proprietário balançou a cabeça e deu um sorriso impotente.― Você está me pedindo uma antiguidade de mais de dez anos. O tipo que só serve para ligar e enviar mensagens de texto e... nada mais. Não os vendemos mais... ninguém compra isso. ―A decepção nublou os olhos de Brendan. Para uma mulher cega como Deirdre, um telefone com menos funcionalidades e com teclas ao invés de uma tela touch era muito mais útil. Além disso, se ele substituísse o telefone, teria que reaprender a usar. Ela nem saberia onde clicar.― Então, pode consertar. Eu não me importo com o quanto custa. Eu só quero que conserte. ―― Uau. Você está falando sério? ― O dono ficou surpreso. Era uma resposta que ele não esperava. Ainda assim, ele se recuperou do choque rapidamente. ― Está bem então. Eu farei o meu melhor. Deixa aqui comigo. Ligarei para o seu número quando terminar. ―― Muito obrigado. ―-Mesmo uma noite inteira de sono nã
Brendan lançou um olhar de canto de olho e, impassível, perguntou:― Como você adivinhou isso? ―― Eu bati na sua porta, há um tempo atrás, e ninguém atendeu, então fui perguntar na recepção ― respondeu Deirdre, com franqueza. ― Foi a recepcionista quem me disse que você saiu ontem à noite. ―Brendan fechou os olhos, cansado.― Isso é verdade ― ele disse categoricamente. ― Eu saí. ―Deirdre uniu as sobrancelhas, mas ficou em silêncio. Então olhou para ele, sua confusão crescendo conforme os segundos se arrastavam. Ele não ia se explicar? Impaciente, respirou fundo e perguntou:― A recepcionista disse que você estava procurando lojas de telefones. Por que você faria isso? ―Ele descansou um pouco antes de contrair os lábios em um sorriso.― Onde você quer chegar com essas perguntas? ―Deirdre foi pega de surpresa e Brendan continuou:― Você quer que eu diga: 'Oh, fui procurar uma loja de telefones tarde da noite por sua causa? Porque eu não quero mais que você fique triste?' O
Deirdre lembrou Brendan. Ela se lembrava de cada um de seus machucados, e retribuía cada insulto que o magnata havia lançado contra ela. Brendan nunca, em sua vida, se sentira tão atormentado pelo carma. Todas as coisas ruins que ele disse no passado voltavam para esfaqueá-lo no peito, tirando sangue.Ele abriu a boca para tentar se justificar:― Eu... ― Mas, nada, nem remotamente, bom saiu. No final, ele deu um tapa no braço do sofá e finalizou pateticamente: ― Se é isso que você pensa, que seja... ―Explicar-se deixou de ser significativo. Ele podia sentir um dilúvio sem precedentes de desgosto e ódio em Deirdre. Era como um vórtice sugando qualquer resquício de sua força e, de repente, se viu fraco demais para dizer mais alguma coisa.― Que assim seja? ― Deirdre abaixou a cabeça. Algo pareceu piscar em seus olhos. Ela exalou um longo suspiro. ― Bom... ―O cômodo ficou imerso em um silêncio gelado. Até que. depois de algum tempo, Brendan falou.― Eu já falei com a recepcionista
A sala também estava estranhamente fria. Alguém havia aberto a janela, ou o fedor teria sido ainda mais forte. Deirdre ficou em silêncio um pouco antes de perguntar:― Você estava fumando? ―― Sim. ― Brendan tossiu e limpou a garganta. Uma vez que sua voz recuperou a clareza, ele ordenou: ― As roupas estão na sua cama. Vista-se, está na hora. Devemos ir. ―Daquela vez, não havia nenhuma maquiadora com eles. Depois de trocar de roupa, Deirdre soltou o cabelo, que caiu sobre os ombros e, antes de sair, a jovem colocou um pouco de batom nos lábios, para parecer um pouco mais viva.Brendan a encarou.― Você passou batom? ―― Sim. ― Ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e desviou o olhar dele. ― Não consigo ver minha maquiagem, mas não sei mais o que fazer. Por que? Algo errado? ―― Está tudo errado ― ele respondeu bruscamente. Dando um passo à frente, ele pressionou o dedo em seus lábios macios e enxugou seu esforço. ― Você fez um péssimo trabalho. ―Deirdre não ficou nem
― Minha sogra odiava. Ela ficou muito furiosa e disse ao jardineiro para arrancar todo o canteiro. Ela não os instruiu a substituir as flores, então ninguém se atreveu a fazer nada a respeito ― explicou Laura. ― Depois disso, deixamos apenas assim. ―Assim que ela terminou, o trio ouviu o som de um bebê chorando e Laura correu rapidamente, à frente deles, para a sala de estar.― ‘Rosa’ era o nome da mãe de Declan. Também era sua flor favorita, então ela costumava plantar fileiras e fileiras de roseiras no jardim. Então, a primeira coisa que alguém pensaria ao olhar para as rosas seria nela ― disse Brendan, retomando a explicação que Laura deixou de fora de sua narrativa.Deirdre estava atordoada.― Então é por isso ― ela murmurou. ― Ainda não consigo acreditar que a matriarca de uma família poderosa e de elite não aguentou nem mesmo a visão de algumas rosas inofensivas. ―Brendan riu.― Se ela tivesse um coração maior, a mãe de Declan não teria morrido. ―Brendan segurou a mão d
Joy provavelmente sentiu a animosidade entre os dois adultos e fechou as mãozinhas e gritou alto, fazendo com que Deirdre entrasse em pânico.―Sshhh. Não chore, pequena Joy. Você é uma menina feliz, não é? Tia Deirdre está aqui com você. ―Laura conduziu Cillian escada abaixo bem a tempo e deu um passo à frente, com os braços estendidos.― Não se preocupe, Deirdre. Ela está tendo um acesso de raiva, na verdade, isso é comum. ―O choro da criança parecia ter estragado o bom humor de Cillian que, irritado, rosnou:― Você pode colocar uma rolha nisso? Essa coisa não para de chorar, seja de dia ou de noite! E agora ela está tendo um ataque estúpido na frente dos meus convidados? Cristo! Leve-a para cima! Vocês duas nunca cansam de me envergonhar! ―O rosto de Laura empalideceu. Ela se desculpou e levou a criança com ela, para cima.Furiosa, Deirdre falou.― Se me permite... Toda criança chora. É uma coisa muito comum e natural de se fazer. Não há vergonha nenhuma nisso. ― ― Natu
― Como assim? Não entendi bem... ―― Eu perguntei se tem algo acontecendo com você... ― Deirdre disse, com seriedade, enquanto olhava para Laura. ― Você está bem? ―Laura ficou perplexa e demorou alguns segundos para se recuperar, mas a compreensão logo ocorreu a ela. Enquanto estava surpresa, engoliu em seco e disse:― Obrigada por sua preocupação, mas eu... estou bem. Meu marido tem um temperamento curto, mas ele é realmente muito bom para mim. ―― Ele é muito bom para você? ― Deirdre ficou em silêncio, digerindo aquela afirmação e perguntou: ― Esta é a resposta do seu coração? ―Laura ficou perplexa e, aproveitando a chance enquanto a mulher buscava palavras para responder, Deirdre disse:― Não sei o que te fez desistir de Declan e escolher Cillian. Mas eu realmente quero te dizer que se você estiver disposta a esperar por Declan, ele ainda te ama e vai te aceitar. No entanto, a premissa é que você tem que cair em si e ajudá-lo. ―Uma onda de emoções passou pelos olhos de Lau
Deirdre sabia o quanto aquela pulseira era cara, apenas por tocar, então percebeu que não poderia aceitar. Como se pudesse ver através de suas preocupações, Brendan passou o braço em volta da cintura da jovem e arrumou seu cabelo atrás da orelha, dizendo:― Se é um presente da senhora King. Você deveria simplesmente aceitar. ―Deirdre não teve outra escolha a não ser colocar a joia em torno do pulso e agradecer:― Tudo bem. Muito obrigado, senhora King.A matriarca elogiou Deirdre por sua compreensão e comentou sobre sua aparência, enquanto os guiava para a mesa. Depois que todos se sentaram, senhor King perguntou, com uma voz descontente:― Onde está Declan? ―A matrona suspirou e disse:― Ele provavelmente está entocado em seu quarto. ―― Mas que absurdo! ― o patriarca bateu na mesa e continuou. ― Apresse-se e traga-o aqui! Temos convidados hoje. Como ele pode se esconder em seu quarto e não mostrar o rosto? ―Cillian passou o braço em volta de Laura e disse:― Pai, você de