― Obrigada... ― Deirdre esticou o colarinho em volta do pescoço e olhou para o chão. Sua voz era suave. ― Tanto por me ajudar a consertar o celular quanto por me salvar do afogamento. ―Brendan estava longe de ser um homem bom e decente e não era estranho a todos os tipos de transgressões imperdoáveis. Mas, pelo menos, a gratidão de Deirdre tinha sido sincera. Afinal, o homem era um monstro mas tinha salvado a vida dela.― Não foi nada. ― Brendan considerou o semblante pálido e meio traumatizado da jovem e lutou contra o impulso de apenas puxá-la para um abraço reconfortante. ― Não se preocupe com isso. Qualquer um que se atrever a tocar em um único fio de cabelo de sua cabeça vai se arrepender amargamente. Se tudo correr exatamente como eu pensei, a vida de Minerva Cole em Eastgene está acabada. ―Deirdre não poderia se importar menos, mas também não tentou convencer Brendan a desistir, por isso, simplesmente acenou com a cabeça e disse:― Tudo bem. ―― Descanse um pouco ― o magn
― Para que você quer um telefone? Para ligar para aquele homem? ―Deirdre não tentou negar.― Sim... Já faz um tempo que não consigo falar com ele e, como meu telefone está com defeito... temo que ele tente me ligar e não obtenha resposta. Então, pensei que tinha que ligar para ele, só para dizer que estou bem.Os pensamentos de Brendan começaram a se chocar. O aparelho que ele usava para interpretar Kyran também tinha sido danificado quando ele mergulhou na piscina. Se Deirdre ligasse agora, Brendan não poderia atender e Deirdre definitivamente começaria a imaginar cenários paranoicos.Ele se virou para o estafeta.― Nós já resolvemos isso. Você pode ir agora. ―O rapazote enrijeceu um pouco.― E o telefone? ―― Acabei de dizer que já resolvemos isso. ―Os olhos de Deirdre tremeram. Agarrando o roupão de Brendan pelo colarinho, ela protestou.― Não, não faça isso comigo. É só uma ligação, Brendan. Uma chamada. Eu só preciso dizer a ele que meu telefone está quebrado. Por fav
― Se eu quiser comprar um aparelho novo. Vocês vendem do mesmo modelo? ―O proprietário balançou a cabeça e deu um sorriso impotente.― Você está me pedindo uma antiguidade de mais de dez anos. O tipo que só serve para ligar e enviar mensagens de texto e... nada mais. Não os vendemos mais... ninguém compra isso. ―A decepção nublou os olhos de Brendan. Para uma mulher cega como Deirdre, um telefone com menos funcionalidades e com teclas ao invés de uma tela touch era muito mais útil. Além disso, se ele substituísse o telefone, teria que reaprender a usar. Ela nem saberia onde clicar.― Então, pode consertar. Eu não me importo com o quanto custa. Eu só quero que conserte. ―― Uau. Você está falando sério? ― O dono ficou surpreso. Era uma resposta que ele não esperava. Ainda assim, ele se recuperou do choque rapidamente. ― Está bem então. Eu farei o meu melhor. Deixa aqui comigo. Ligarei para o seu número quando terminar. ―― Muito obrigado. ―-Mesmo uma noite inteira de sono nã
Brendan lançou um olhar de canto de olho e, impassível, perguntou:― Como você adivinhou isso? ―― Eu bati na sua porta, há um tempo atrás, e ninguém atendeu, então fui perguntar na recepção ― respondeu Deirdre, com franqueza. ― Foi a recepcionista quem me disse que você saiu ontem à noite. ―Brendan fechou os olhos, cansado.― Isso é verdade ― ele disse categoricamente. ― Eu saí. ―Deirdre uniu as sobrancelhas, mas ficou em silêncio. Então olhou para ele, sua confusão crescendo conforme os segundos se arrastavam. Ele não ia se explicar? Impaciente, respirou fundo e perguntou:― A recepcionista disse que você estava procurando lojas de telefones. Por que você faria isso? ―Ele descansou um pouco antes de contrair os lábios em um sorriso.― Onde você quer chegar com essas perguntas? ―Deirdre foi pega de surpresa e Brendan continuou:― Você quer que eu diga: 'Oh, fui procurar uma loja de telefones tarde da noite por sua causa? Porque eu não quero mais que você fique triste?' O
Deirdre lembrou Brendan. Ela se lembrava de cada um de seus machucados, e retribuía cada insulto que o magnata havia lançado contra ela. Brendan nunca, em sua vida, se sentira tão atormentado pelo carma. Todas as coisas ruins que ele disse no passado voltavam para esfaqueá-lo no peito, tirando sangue.Ele abriu a boca para tentar se justificar:― Eu... ― Mas, nada, nem remotamente, bom saiu. No final, ele deu um tapa no braço do sofá e finalizou pateticamente: ― Se é isso que você pensa, que seja... ―Explicar-se deixou de ser significativo. Ele podia sentir um dilúvio sem precedentes de desgosto e ódio em Deirdre. Era como um vórtice sugando qualquer resquício de sua força e, de repente, se viu fraco demais para dizer mais alguma coisa.― Que assim seja? ― Deirdre abaixou a cabeça. Algo pareceu piscar em seus olhos. Ela exalou um longo suspiro. ― Bom... ―O cômodo ficou imerso em um silêncio gelado. Até que. depois de algum tempo, Brendan falou.― Eu já falei com a recepcionista
A sala também estava estranhamente fria. Alguém havia aberto a janela, ou o fedor teria sido ainda mais forte. Deirdre ficou em silêncio um pouco antes de perguntar:― Você estava fumando? ―― Sim. ― Brendan tossiu e limpou a garganta. Uma vez que sua voz recuperou a clareza, ele ordenou: ― As roupas estão na sua cama. Vista-se, está na hora. Devemos ir. ―Daquela vez, não havia nenhuma maquiadora com eles. Depois de trocar de roupa, Deirdre soltou o cabelo, que caiu sobre os ombros e, antes de sair, a jovem colocou um pouco de batom nos lábios, para parecer um pouco mais viva.Brendan a encarou.― Você passou batom? ―― Sim. ― Ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e desviou o olhar dele. ― Não consigo ver minha maquiagem, mas não sei mais o que fazer. Por que? Algo errado? ―― Está tudo errado ― ele respondeu bruscamente. Dando um passo à frente, ele pressionou o dedo em seus lábios macios e enxugou seu esforço. ― Você fez um péssimo trabalho. ―Deirdre não ficou nem
― Minha sogra odiava. Ela ficou muito furiosa e disse ao jardineiro para arrancar todo o canteiro. Ela não os instruiu a substituir as flores, então ninguém se atreveu a fazer nada a respeito ― explicou Laura. ― Depois disso, deixamos apenas assim. ―Assim que ela terminou, o trio ouviu o som de um bebê chorando e Laura correu rapidamente, à frente deles, para a sala de estar.― ‘Rosa’ era o nome da mãe de Declan. Também era sua flor favorita, então ela costumava plantar fileiras e fileiras de roseiras no jardim. Então, a primeira coisa que alguém pensaria ao olhar para as rosas seria nela ― disse Brendan, retomando a explicação que Laura deixou de fora de sua narrativa.Deirdre estava atordoada.― Então é por isso ― ela murmurou. ― Ainda não consigo acreditar que a matriarca de uma família poderosa e de elite não aguentou nem mesmo a visão de algumas rosas inofensivas. ―Brendan riu.― Se ela tivesse um coração maior, a mãe de Declan não teria morrido. ―Brendan segurou a mão d
Joy provavelmente sentiu a animosidade entre os dois adultos e fechou as mãozinhas e gritou alto, fazendo com que Deirdre entrasse em pânico.―Sshhh. Não chore, pequena Joy. Você é uma menina feliz, não é? Tia Deirdre está aqui com você. ―Laura conduziu Cillian escada abaixo bem a tempo e deu um passo à frente, com os braços estendidos.― Não se preocupe, Deirdre. Ela está tendo um acesso de raiva, na verdade, isso é comum. ―O choro da criança parecia ter estragado o bom humor de Cillian que, irritado, rosnou:― Você pode colocar uma rolha nisso? Essa coisa não para de chorar, seja de dia ou de noite! E agora ela está tendo um ataque estúpido na frente dos meus convidados? Cristo! Leve-a para cima! Vocês duas nunca cansam de me envergonhar! ―O rosto de Laura empalideceu. Ela se desculpou e levou a criança com ela, para cima.Furiosa, Deirdre falou.― Se me permite... Toda criança chora. É uma coisa muito comum e natural de se fazer. Não há vergonha nenhuma nisso. ― ― Natu