Um dos vizinhos superestimou a intimidade que tinha com Deirdre e, de forma indelicada, enfiou um copo de cerveja na mão da jovem:― Vamos! Vamos fazer um brinde. Se o turismo da colina crescer e construirmos algum tipo de resort, Alnwick ficará famoso! Por isso, vamos comemorar! ― Deirdre foi colocada em uma situação embaraçosa porque não queria beber e, como Eilis não estava por perto, Deirdre hesitou. Demorou um pouco antes que ela finalmente decidisse perguntar:― Sinto muito. eu não posso beber. Posso substituir a cerveja por chá? ― ― Substituir a cerveja por chá? ― O homem fez uma careta ao insistir: ― Como você pode não querer beber depois de ter ficado longe por tanto tempo? Você está tentando me desprezar? Acha que ficou superior a mim, por ter morado longe? ― ― Não, eu não quis dizer isso! ― ― Para que criar confusão por tão pouco? ― perguntou Archie. ― Do que você tem medo? É apenas meio copo de cerveja. Além disso, ninguém iria abusar de você se você estivesse
Deirdre pegou o bolo com um guardanapo. Mas, quando estava prestes a colocar na boca, uma força repentina atingiu sua mão, fazendo seu coração bater mais forte e o bolo rolar para o chão. Madame Russell ficou estupefata.― Qual é o problema? ― Kyran não disse nada, enquanto, retirava os pratos com o bolo de perto. Entretanto, por mais que tivesse sido um incidente pequeno, a comoção acabou atraindo a atenção das pessoas mais próximas. ― O que está acontecendo? ― perguntou alguém. Até Deirdre ficou perplexa. Era óbvio que Kyran não queria que ela comesse aquele bolo, mas ela não entendia o porquê. Mas, um sentimento inexplicável de suspeita brotou do fundo de seu coração. Todos fizeram caretas com o acontecimento e, brincando, disseram que Kyran amava tanto aquele bolo que levou para longe, para comer tudo sozinho. ― Nah, você acha que o senhor Reed é como você? ― Um homem zombou. ― Você viu o relógio no pulso dele? É um relógio que custa uma nota preta. Como uma pess
No final do jantar na casa de Madame Brighthall, Deirdre subiu para seu quarto e vasculhou a bolsa, em busca de seu remédio para alergia, enquanto suportava um crescente desconforto. No entanto, não havia levado o remédio porque nunca comia amendoim. Portanto, só podia suportar a náusea e a tontura. Enquanto estava deitada na cama, sentindo dor. Mesmo naquele momento, teve medo de ser vista por Madame Brighthall e se cobriu com um cobertor. Entretanto, ouviu o som da porta se abrindo e a voz desgostosa de Brendan, que acompanhara o ato. ― Deirdre, você acha que eu trouxe você aqui para descansar? Saia já da cama! ― Vendo que Deirdre não respondia, ele levantou o cobertor com um gesto rude e viu que a pele da jovem estava coberta de erupções cutâneas. Ela estava deitada enrolada, ofegando como se estivesse à beira da morte. ― Que merda é essa! ― Brandan ficou chocado. Então, largou o cobertor e agarrou o ombro de Deirdre, enquanto dizia, com pânico nos olhos: ― O que está
A resposta era óbvia para Deirdre. Caso contrário, o ato de Kyran de bater em sua mão para derrubar a fatia e retirar todo o bolo de amendoim da mesa não fazia sentido algum. No entanto, ela não conseguia explicar por que Brendan ficaria ao seu lado como um estranho e não faria mais nada... Portanto, ainda no banheiro, lavou as mãos várias vezes até ficar calma e sentir a gastrite emocional incomodar menos. Então, secou as mãos e o rosto, suspirou, buscando paz de espírito e saiu.Mas, assim que deixou o banheiro, reconheceu a voz do líder da comunidade, que a chamava:— Deirdre, o que você está fazendo aqui? ― ― Estou aqui para descansar um pouco. ― ― Sério? ― O chefe da aldeia ponderou. ― De qualquer forma, é ótimo que você esteja aqui. Tenho me perguntado como conseguiria conversar com você em particular. ― Ao ouvir o tom do homem, Deirdre teve um palpite de que algo estava errado. Ela fez uma pausa antes de perguntar:― O que aconteceu? ― ― Você discutiu com a se
Entretanto, Deirdre era cega e Kyran era mudo. Portanto, o julgamento superficial não funcionaria. Com isso na cabeça, quando as duas voltaram para Alnwick, virou para Madame Russell e perguntou:― Tia, como é o Kyran? ― ― Por quê? ― Eilis se assustou, como se sua futura nora fosse levada embora. Depois disso, ela suspirou resignada. ― Bem, eu não posso impedir você de ficar junto do homem, se você quiser, de qualquer maneira. Embora eu saiba que vou sentir sua falta, posso ver que ele é realmente bom para você. ― ― Não, apenas sinto que ele é muito parecido com alguém que conheci ― explicou Deirdre. Ela não esperava que Eilis a entendesse mal. ― Você acha que já conhece ele? ― Eilis estava estendendo o cobertor na cama e não conseguiu entender o que Deirdre queria dizer. ― O que você quer dizer? Por que ele não lhe contaria nada se fosse alguém que você conhece? ― ― Talvez tenha passado tanto tempo que ele se esqueceu. Mas preciso confirmar se ele é quem eu imagino, porque
― Como eles podem ser pessoas diferentes? ― Eilis estranhou quando ouviu Deirdre.― Dee, você entendeu mal alguma coisa? Não me diga que pensou que Kyran fosse Brendan Brighthall? Como isso seria possível? Não importa o quão poderoso Kyran seja, ele não pode ser comparado a Brendan Brighthall. Afinal, como CEO do Grupo Brighthall, em Neve, o homem tem centenas de empresas sob seu controle. Como alguém ocupado assim poderia vir ao nosso bairro, quase fora da cidade e ficar por tanto tempo apenas para um projeto de resort? ― Deirdre parecia ter perdido toda a sua energia. Depois de ouvir o que Eilis disse, ela sentiu que sua especulação era ridícula. ‘Sim, se ele fosse Brendan, ele teria me arrastado para fora da aldeia. Como ele pôde ficar comigo na aldeia?' Ela levantou um canto dos lábios e concordou.― Sim, você está certa. Eu acho que dei uma bela de uma viajada. ― ― Não sei se foi bem isso. Parece mesmo é que você está procurando sarna para se coçar. ― Eilis falou
― Como? Veio aqui para se desculpar? ― Deirdre achou que tinha ouvido mal e ficou estupefata. ―Por quê?― Eilis também tinha a mesma dúvida.― Eu estava aqui pensando a mesma coisa. Dada a personalidade da senhora Boebert, ela poderia ser chamada educada só de não ter vindo fazer cena. E pensar que ela veio para se desculpar? Ela também trouxe uma mistura de aveia com tâmaras secas. Ela queria pedir desculpas a você pessoalmente, mas eu disse a ela que você estava ocupado e a mandei embora. ― Deirdre franziu a testa pesadamente.― Ela disse mais alguma coisa? ― ― Não. Mas, em outra oportunidade, vou perguntar. ― Enquanto guardava o saco de aveia, Eilis disse: ― De qualquer forma, esse presente veio bem a calhar. Vou cozinhar um mingau de tâmara para você, hoje. ― Ótimo. ― Deirdre assentiu. Depois disso, voltou para o quarto, se arrumou e arrumou a cama. Quando finalmente saiu da sala, Eilis não estava mais em casa, apenas o mingau ainda estava cozinhando na panela. Senti
Os olhos de Kyran, negros como breu, estavam fixos no rosto de Deirdre. A ponta de seu nariz ficou vermelha por causa do frio porque ela havia caminhado até o local. Talvez fosse por causa de sua atitude indiferente da noite anterior, ou talvez fosse porque ela tinha dúvidas sobre quem Kyran realmente era, mas não conseguia mais sorrir indefesa. De qualquer forma, quando se recompôs, ouviu a voz do telefone de Kyran, com seu timbre metálico.― Está muito frio aqui fora. Vamos entrar. ― Deirdre assentiu e estendeu a mão para a parede. Kyran a seguiu, para que ela pudesse segurar sua manga.― Apenas me acompanhe. ― ― Obrigada. ― Deirdre abaixou a cabeça. Nos poucos passos que os separavam da igreja, escutou a conversa de trabalhadores, construtores e moradores do bairro e alguns que estavam familiarizados com Kyran começaram a brincar com ele.― Senhor Reed, você tem uma esposa, afinal! ― ― É por isso que sempre recusa quando tento apresentá-lo às garotas. Acontece