― Como? Veio aqui para se desculpar? ― Deirdre achou que tinha ouvido mal e ficou estupefata. ―Por quê?― Eilis também tinha a mesma dúvida.― Eu estava aqui pensando a mesma coisa. Dada a personalidade da senhora Boebert, ela poderia ser chamada educada só de não ter vindo fazer cena. E pensar que ela veio para se desculpar? Ela também trouxe uma mistura de aveia com tâmaras secas. Ela queria pedir desculpas a você pessoalmente, mas eu disse a ela que você estava ocupado e a mandei embora. ― Deirdre franziu a testa pesadamente.― Ela disse mais alguma coisa? ― ― Não. Mas, em outra oportunidade, vou perguntar. ― Enquanto guardava o saco de aveia, Eilis disse: ― De qualquer forma, esse presente veio bem a calhar. Vou cozinhar um mingau de tâmara para você, hoje. ― Ótimo. ― Deirdre assentiu. Depois disso, voltou para o quarto, se arrumou e arrumou a cama. Quando finalmente saiu da sala, Eilis não estava mais em casa, apenas o mingau ainda estava cozinhando na panela. Senti
Os olhos de Kyran, negros como breu, estavam fixos no rosto de Deirdre. A ponta de seu nariz ficou vermelha por causa do frio porque ela havia caminhado até o local. Talvez fosse por causa de sua atitude indiferente da noite anterior, ou talvez fosse porque ela tinha dúvidas sobre quem Kyran realmente era, mas não conseguia mais sorrir indefesa. De qualquer forma, quando se recompôs, ouviu a voz do telefone de Kyran, com seu timbre metálico.― Está muito frio aqui fora. Vamos entrar. ― Deirdre assentiu e estendeu a mão para a parede. Kyran a seguiu, para que ela pudesse segurar sua manga.― Apenas me acompanhe. ― ― Obrigada. ― Deirdre abaixou a cabeça. Nos poucos passos que os separavam da igreja, escutou a conversa de trabalhadores, construtores e moradores do bairro e alguns que estavam familiarizados com Kyran começaram a brincar com ele.― Senhor Reed, você tem uma esposa, afinal! ― ― É por isso que sempre recusa quando tento apresentá-lo às garotas. Acontece
Deirdre claramente sabia que não era atraente o suficiente para ter conquistado um homem como Kyran Reed, principalmente se ele fosse bonito como Madame Russell havia dito. Então, não havia motivos para que ele preocupasse tanto com ela. Além do mais, havia a questão do amendoim...Por isso, respirando fundo, Deirdre disse:― Senhor Reed, você se lembra de ontem, quando jantamos juntos? Eu estava sentada ao seu lado e peguei uma fatia de bolo. Você deu um tapa na minha mão e levou o prato inteiro embora. Posso saber por que você fez isso? Você pode explicar isso? ― Kyran ficou em silêncio e não se mexeu. Deirdre franziu a testa, sentindo-se mais inquieta.― Senhor Reed? ― Finalmente, Kyran respondeu:― Você quer que eu me explique? ― ― Sim. ― Deirdre mordeu o lábio. Ela insistiu em uma resposta porque havia sido torturada por uma noite só por causa disso. Kyran parecia ter suspirado, mas em seus ouvidos, a exalação parecia um pouco mais pesada. Depois disso, ele começo
Kyran parou de digitar e agarrou a mão de Deirdre com firmeza. A mão era muito larga, mas ao contrário das mãos frias de Brendan, a de Kyran era muito quente e estava tão quente que o calor queimava a pele. Deirdre tremeu inconscientemente. Então sentiu que Kyran levava a mão dela para junto de seu corpo. Mesmo que pouco a pouco, gradualmente se aproximou. Então, ela o ouviu arregaçar a camisa, antes de colocar lentamente a palma da mão no peito. Aconteceu de ser o local onde estava seu coração. Quando Deirdre sentiu o calor e as batidas do coração, ela corou e inconscientemente quis retirar a mão. Entretanto, Kyran segurou a mão dela com mais força e guiou até a cintura. Em seguida, Kyran soltou a mão dela e apenas puxou a camisa para cima. Parecia estar dizendo a Deirdre que ela poderia tocar onde quisesse. Deirdre estava vermelha como um tomate e advertiu a si mesma, repetidamente, que aquilo tinha como único objetivo verificar a identidade de Kyran. Mas, porque ela não pod
Kyran ignorou a interrupção de Declan, virou o rosto para Deirdre e perguntou, com a camisa ainda erguida e o tórax desnudo:― Você encontrou o que procurava? ― As orelhas de Deirdre queimavam. Mesmo que ela não pudesse ver nada, virou a cabeça para o outro lado.― Não encontrei nada. ― Kyran puxou a camisa para baixo e abotoou-a novamente. Depois disso, digitou, perguntando:― Aquele seu amigo se parecia muito comigo? ― Deirdre ficou atordoada por um momento, e a luz em seus olhos esmaeceu.― Sim, mas ainda há uma pequena diferença entre você e ele. ― ― Que tipo de pessoa ele é? ― 'Que tipo de pessoa ele é?' Deirdre pensou. ‘dominador, de sangue frio e sem coração.’ Quando o rosto de Brendan aparecia na mente de Deirdre, ele sempre olhava para ela com um olhar condescendente e gelado. Quando ela pensou duas vezes, Kyran e Brendan eram duas pessoas completamente diferentes. Algo deve ter dado errado em sua cabeça por ter imaginado que de alguma forma eles pudessem
Deirdre não soube o que pensar. Mais uma vez, o gesto de Kyran era exatamente o mesmo de Brendan. No entanto, logo voltou à realidade balançando a cabeça. ‘Por que estou pensando nele de novo? Brendan não é o único homem neste mundo que faria isso.' A neve estava ficando mais pesada, à medida que avançavam, e pequenos montes se acumulavam sobre seus ombros. Deirdre não sabia se era porque Kyran estava segurando sua mão que ela não sentia tanto frio. Quando chegaram à porta, Kyran parou e digitou em seu telefone: ― Chegamos. ― Deirdre deu alguns tapinhas em seu corpo, derrubando a neve e disse:― Muito obrigada. ― A jovem avançou para abrir o portão, mas Kyran continuou parado. Então, Deirdre hesitou por um momento e perguntou:― Você quer entrar e tomar uma xícara de chá? ― Não, obrigado. Talvez da próxima vez ― Kyran rapidamente digitou algumas palavras em seu telefone. Depois disso, ele pensou um pouco e perguntou: ―Você não me perguntou se eu tinha algo a dizer
― Você pode nos dar uma carona? ― Eilis perguntou: ― Vamos à cidade comprar algumas roupas de inverno para Deirdre. ― ― Claro ― disse Declan. No entanto, quando olhou para seu carro, disse, de repente: ― Mas, meu carro está totalmente ocupado. Que tal você perguntar a Kyran? Ele está ali e também vai voltar para a cidade. ― ― Pedir ao senhor Reed? ― Eilis hesitou por um momento. Ela não tinha mais nenhuma hostilidade em relação a Kyran, mas não estava muito familiarizada com ele. ― Tenho um pouco de medo de que ele se recuse e eu passe vergonha. ― ―Ah, não se preocupe com isso. Tenho certeza de que ele vai aceitar ― disse Declan. ― Somos todos uma família. Tenho certeza de que ele ficará feliz em ajudar. ― ― Tudo bem, então. ― Eilis agarrou Deirdre e eles caminharam em direção ao carro de Kyran. Ela bateu na janela, e a janela foi abaixada, revelando o rosto perfeitamente esculpido do homem. Ele olhou para Eilis, antes de se concentrar em Deirdre. Eilis congelou po
― Pare de me provocar, tia... ― disse Deirdre, seu rosto ficando vermelho de vergonha, quando ela mordeu o lábio inferior. De repente, o carro parou novamente e uma voz mecânica soou.― Chegamos. ― ― Muito obrigada, senhor Reed ― disse Eilis, enquanto abria a porta apressadamente. Ela não sabia o motivo, mas se sentiu sufocada ao ficar no carro com Kyran. Ele havia cerrado o maxilar durante todo o caminho, e parecia a ela que estava meio infeliz. De repente, percebeu algo. Então, foi para a parte de trás do carro e ajudou Deirdre a sair do veículo. Kyran perguntou, através de seu telefone:― Como vocês pretendem voltar para Alnwick? ― Deirdre respondeu:― A gente pretende pegar o último ônibus, o que passa às oito. ― ― Às oito? Isso é muito tarde. ― Kyran franziu a testa. Vendo que ainda faltava um bom tempo até o horário informado, ele continuou. ― Não tenho nada para fazer agora, então posso acompanhar vocês. Depois disso, eu levo de volta. ― Deirdre disse:― Vo