Quando Deirdre estava colocando as roupas de volta nos cabides, tendo desistido da compra, Eilis se aproximou e perguntou:― O que há de errado? Achei que você tinha gostado. ― Deirdre baixou a voz e disse:― Não, não. Vamos para outro lugar. ― ― Por quê? Tobey me disse para trazê-la para esta loja. Ele disse que as roupas de inverno daqui são as melhores da cidade ― disse Eilis que, de repente, percebeu algo e riu. ― Você não precisa se preocupar com o preço. Tobey acabou de transferir 3.000 dólares para mim. Ele me disse para usar o dinheiro para comprar roupas para você, então tenho que fazer o que me instruíram. ― Quando Eilis arrastou Deirdre até o balcão, o lojista disse:― Aquele homem ali já pagou pelas roupas. Você precisa de uma sacola? Caso contrário, você pode nos deixar seu endereço e nós os entregaremos a você. ― Eilis e Deirdre ficaram atordoados, especialmente a última. Ela já sentia que eles haviam incomodado muito Kyran quando ele os enviou para a cidade.
― Mas... ― Deirdre abaixou a cabeça e depois de ficar em silêncio por um tempo, disse: ― Talvez, eu não consiga pagar tão cedo. ― Ela não tinha mais nada. Não tinha capacidade nem para cuidar de si mesma, muito menos encontrar um emprego para ganhar dinheiro. Nas circunstâncias em que não conseguia encontrar nenhum emprego, só podia depender de outras pessoas para sobreviver. ― Você deveria aceitar o dinheiro. Posso devolver a Tobey a qualquer momento, mas você não vai embora assim que o projeto estiver concluído? Acho que não consigo tanto dinheiro em tão pouco tempo. ― Deirdre não achava que Kyran ficaria em Alnwick, por toda a sua vida. Alnwick não era o lugar para alguém como ele e ele também não era o tipo de pessoa que pararia em um projeto. Ela tinha certeza de que outro Alnwick esperava por ele. Kyran não pegou o dinheiro. Em vez disso, perguntou:― Então, posso dizer que você está me pedindo para ficar em Alnwick por mais algum tempo? ― A voz mecânica do telefo
Deirdre foi forçada a encostar a cabeça no peito largo do homem, o cheiro agradável dele fazendo cócegas em suas narinas. Ela não sabia dizer que tipo de colônia ele estava usando, mas achou um cheiro bastante agradável. Entretanto, qualquer pessoa que os visse naquela posição, interpretaria errado o relacionamento entre eles. A mulher pigarreou e disse:― Caramba! Então vocês são um casal? Não sei o que está acontecendo com as pessoas, hoje em dia. Por que todos os homens bonitos combinam com mulheres feias? Isso é tão frustrante! ― Ela saiu furiosa. Mas, Kyran apertou o corpo de Deirdre um pouco mais, quando ouviu o que a mulher disse. A jovem podia sentir seus sentimentos. Ela não queria que ele ficasse com raiva por causa de uma estranha, então disse:― Tudo bem. Já me acostumei a ser tratada assim. ― O rosto de Kyran estava sombrio. Ele acariciou o rosto de Deirdre com a mão e escreveu na palma da mão dela. ‘Você é mais bonita que ela.’ Ele não estava mentindo. A se
A semente da suspeita começou a brotar no coração de Charlene depois de ouvir as especulações de Elaine. Entretanto, ela tinha visto Brendan, na mansão Brighthall, no dia anterior e o bairro nobre ficava muito longe de Alnwick, então o que poderia estar acontecendo? Quando Charlene não disse nada, Elaine acrescentou:― O que você ainda está esperando, Charlene? Você realmente quer entregar o homem por quem você está apaixonada há tantos anos para aquela mulher? Ela pegou fácil e se tornou sua esposa só porque se parecia com você. Não apenas isso, mas ela também é a razão pela qual você não pode aparecer em público. Agora ela vai roubar seu noivo de novo! Se você não fizer nada, perderá o que suou para conquistar! ― As coisas que Elaine dizia fizeram Charlene se lembrar de seu passado amargo. Uma pitada de frieza cruzou seus olhos. Ela não ia voltar para aqueles dias. ― Tudo bem, eu sei o que devo fazer. Muito obrigada, Elaine — disse Charlene gentilmente. ―Vou pedir a alguém
Para ser honesta, Charlene não se importava com quem era o homem. Mesmo assim, se importava muito em saber tudo sobre o paradeiro de Deirdre e sobre o que ela vinha fazendo, naqueles dias. Ela tinha gastado uma fortuna com detetives, sem obter respostas, afinal, jamais tinha imaginado que a jovem poderia ter voltado para o miserável bairro de Alnwick.Uma pitada de frieza cruzou os olhos de Charlene. Depois que ela saiu da casa de Brendan, ligou para Elaine. - ― Não gosto que você mencione outros homens na minha frente. ― A cabeça de Deirdre ficou em branco quando ouviu o que Kyran dizia. Mesmo que ele estivesse digitando em seu telefone, ela podia sentir que ele não gostava de Tobey, através das palavras que usava naquela conversa. Seu coração apertou um pouco, quando a jovem apertou os lábios e perguntou:― Por que você não gosta dele? É porque você nunca viu Tobey antes? Você deveria vê-lo primeiro. Ele é uma pessoa muito legal... ― ― Não é por causa disso. ― Kyran
Kyran sentiu que elas estavam certas. Então encostou o carro, pegou o celular e digitou:― Tudo bem. ― Assim que o carro parou, o trio percebeu que a nevasca era ainda mais forte do que parecia. Deirdre abriu a porta, e o vento gelado que soprava pelo pátio parecia feito de facas, cortando sua pele. Cobrindo o rosto com uma mão e sendo guiada por madame Russell, batalharam o caminho para dentro da casa.Então, Eilis foi pegar um pouco de carvão para montar um braseiro no quarto de Kyran. Enquanto Deirdre ajudava Kyran a fazer sua cama. Então, a jovem tirou a jaqueta coberta de neve e começou a trabalhar. Kyran olhou ao redor e pegou a foto na mesa. Havia quatro pessoas na imagem, duas mulheres, um menino e uma menina. A menina olhava para a câmera com dois dedos esticados, fazendo o sinal de paz e amor. Havia um sorriso brilhante em seu rosto e ela era a que mais se destacava entre as quatro pessoas da foto. O menino parado ao lado dela olhava para ela. Mesmo tentando esc
Deirdre caminhou para o lado esquerdo do quintal e ficou encostada na parede enquanto dizia:― Pelo que me lembro, o quadro de luz fica por aqui. ― Kyran ligou a lanterna de seu celular e viu. Então, abriu o quadro elétrico e descobriu que era um pouco mais complicado do que um disjuntor desarmado. Era uma sorte que ele tivesse uma caixa de ferramentas no carro. ― Você pode segurar o telefone? ― Ele precisava de alguém para iluminar. Deirdre assentiu.― Claro. ― Deirdre recebeu o aparelho e aguardou enquanto Kyran mexia em seus braços, direcionando o feixe de luz para a direção correta. Mesmo não havendo vento no quintal e o quadro de luz sendo protegido por uma marquise, a jovem ainda tremia de frio. Então, sem aviso, Kyran tirou sua jaqueta e a colocou sobre o corpo de Deirdre. A jovem sentiu seu corpo esquentar rapidamente, no entanto, se lembrou de que Kyran também não se vestia com roupas quentes, então ela queria tirar a jaqueta e devolver.― Não precisa, senho
― Caramba, que notícia triste! ― Eilis disse, espantada, enquanto comia seu mingau de aveia: ― Uma pessoa influente como ele foi ferida à faca? Como isso aconteceu? Pessoas influentes como eles não são constantemente protegidas por guarda-costas? Deve ter sido um acidente doméstico, não é? ― Deirdre ficou atordoada e sentiu seu coração apertar de dor. Ela riu em autoironia, por ter o coração mais mole do mundo e manteve a cabeça baixa para consumir a aveia. O noticiário foi substituído pela programação regular e Eilis estava se divertindo assistindo um programa de entrevistas. Deirdre lavou o rosto e pegou suas ferramentas de jardinagem, antes de dizer:― Estou indo para o quintal. ― A jovem não poderia plantar nada enquanto o inverno não acabasse e não havia muito o que fazer, mas ela não podia se permitir ficar ociosa. Ela precisaria encontrar algo para ocupar a mente, porque era a única maneira de se impedir de pensar e perguntar. Eilis conhecia muito bem a personalidad