Deirdre caminhou para o lado esquerdo do quintal e ficou encostada na parede enquanto dizia:― Pelo que me lembro, o quadro de luz fica por aqui. ― Kyran ligou a lanterna de seu celular e viu. Então, abriu o quadro elétrico e descobriu que era um pouco mais complicado do que um disjuntor desarmado. Era uma sorte que ele tivesse uma caixa de ferramentas no carro. ― Você pode segurar o telefone? ― Ele precisava de alguém para iluminar. Deirdre assentiu.― Claro. ― Deirdre recebeu o aparelho e aguardou enquanto Kyran mexia em seus braços, direcionando o feixe de luz para a direção correta. Mesmo não havendo vento no quintal e o quadro de luz sendo protegido por uma marquise, a jovem ainda tremia de frio. Então, sem aviso, Kyran tirou sua jaqueta e a colocou sobre o corpo de Deirdre. A jovem sentiu seu corpo esquentar rapidamente, no entanto, se lembrou de que Kyran também não se vestia com roupas quentes, então ela queria tirar a jaqueta e devolver.― Não precisa, senho
― Caramba, que notícia triste! ― Eilis disse, espantada, enquanto comia seu mingau de aveia: ― Uma pessoa influente como ele foi ferida à faca? Como isso aconteceu? Pessoas influentes como eles não são constantemente protegidas por guarda-costas? Deve ter sido um acidente doméstico, não é? ― Deirdre ficou atordoada e sentiu seu coração apertar de dor. Ela riu em autoironia, por ter o coração mais mole do mundo e manteve a cabeça baixa para consumir a aveia. O noticiário foi substituído pela programação regular e Eilis estava se divertindo assistindo um programa de entrevistas. Deirdre lavou o rosto e pegou suas ferramentas de jardinagem, antes de dizer:― Estou indo para o quintal. ― A jovem não poderia plantar nada enquanto o inverno não acabasse e não havia muito o que fazer, mas ela não podia se permitir ficar ociosa. Ela precisaria encontrar algo para ocupar a mente, porque era a única maneira de se impedir de pensar e perguntar. Eilis conhecia muito bem a personalidad
Kyran não sabia o número dela, mas poderia ligar para o líder comunitário ou para algum dos trabalhadores. Ela se recusava a acreditar que Kyran não conseguiria seu telefone em vista das conexões de Declan. 'Ou ele está tentando chegar aqui, mas a neve pesada bloqueia sua rota?' Com esse pensamento, Deirdre decidiu que esperaria um pouco mais, até que, um momento depois, a porta do salão se abriu. Deirdre levantou a cabeça com uma agradável surpresa apenas para ouvir a voz do paroquiano.— São nove, Deirdre. ― ― Sinto muito por atrasá-lo. ― Deirdre sentiu um sentimento inefável em seu coração e saiu com a bolsa de remédios. Já havia começado a nevar lá fora e uma espessa camada de neve estava no chão, quase até os tornozelos. Então, a voz do paroquiano soou atrás dela:― Vou acompanhar você, já que vamos para o mesmo lado. É inconveniente para você voltar para casa com este tempo. ― Deirdre hesitou por um momento, antes de dizer com um sorriso forçado:― Não precisa! V
Nesse ponto, Declan se divertiu.― Vocês dois são iguais. Um é mais teimoso que o outro. Um insistiu em vir, enquanto o outro insistiu em esperar. Vocês dois estão tentando se matar? ― O primeiro pensamento que veio à mente de Deirdre foi a reportagem sobre o colapso de Brendan pela manhã, sobre ele ter sido enviado ao hospital para tratamento naquela mesma noite. Kyran também... Parecia um pouco coincidência demais. No entanto, ela descartou essa ideia imediatamente. Essas pessoas tinham personalidades totalmente diferentes. Brendan era dominador, enquanto Kyran era gentil. Se Brendan descobrisse que ela estava falando com Tobey ao telefone, pegaria o aparelho e desligaria, como um monstro, antes de humilhá-la. No entanto, Kyran não faria isso. Ele nunca a forçaria a fazer nada contra sua vontade quando ele estivesse descontente. Talvez ele simplesmente tivesse pegado um resfriado ao consertar o quadro de luz, na noite anterior.Não era de admirar que ela não tivesse recebid
― Entendo... ― Deirdre disse suavemente. ― Deve ser muito cansativo para você percorrer um caminho tão difícil para chegar até mim com pressa, certo? Desculpe. ― Declan ficou surpreso ao ouvir a observação de Deirdre e passou a entender a situação. Ele sorriu inconscientemente e disse:― Desde o início, nunca vi Kyran perto de uma mulher, mas você é a única exceção. Você é tão gentil, senhorita McQuenny. Talvez eu também tivesse me apaixonado por você se já não tivesse outra pessoa a quem amo. ― Deirdre teve dificuldade em explicar seu relacionamento com Kyran em um curto período, então ela imediatamente mudou o assunto da conversa.― Você tem uma namorada? ― ― Infelizmente, não... Ela não está planeja ficar comigo. ― ― É assim mesmo? ― Deirdre expressou seu espanto. Declan não pôde deixar de rir.― Por quê? Por que você está se sentindo incrédula em saber que ainda estou solteiro? ― Deirdre disse com sinceridade:― É porque você parece um homem muito notável, senh
― K-Kyran? ― Os olhos do homem estavam cheios de dor e letargia. Mas, a visão da jovem o deixou sóbrio. Ele agarrou a mão de Deirdre mais uma vez e escreveu na palma dela. ‘Estou bem.’ Deirdre começou a chorar de alegria. Então, Kyran escreveu:‘Sinto muito.’ ― Como assim? Sente muito por quê? ― Deirdre estava atordoada. 'Por fazer você esperar.' Os olhos de Deirdre ficaram vermelhos de lágrimas, abruptamente. Ela balançou a cabeça com toda a força e reprimiu as emoções avassaladoras em seu coração. ― Sou eu quem deveria se desculpar. Fui eu quem causou isso. Você não teria sido pego em uma estrada interditada por causa da nevasca se não tivesse me acompanhado ao shopping. Se eu não tivesse esquecido do agasalho, você não teria ficado no frio arrumando o quadro de luz. Tudo o que aconteceu foi minha culpa... ― Kyran bateu na palma da mão dela para acenar para ela parar. Então, procurou na cabeceira da cama, até encontrar o celular e começar a digitar: ― Eu fi
Deirdre estava atordoada. Ela tateou o telefone em seu bolso e percebeu que estava desligado, pois tinha acabado a bateria. Ela estendeu a mão e disse:― Você pode passar para mim? ― O telefone foi entregue a Deirdre e ela se levantou para atender a ligação.― Oi, tia. ― ― Ah! Sua garota boba! ― Eilis estava quase chorando. ― Por que você não atende o telefone? Você me assustou! Eu procurei por você em todos os lugares, a noite toda! Achei que tinha se perdido e estava soterrada na neve! ― ― Sinto muito... ― Deirdre fungou. Ela estava tão preocupada com Kyran que se esqueceu de ligar e atualizar Eilis sobre seu paradeiro. Madame Russell disse:― Fico feliz que está sã e salva. Onde você está? ― Deirdre também não fazia ideia. Ela disse com sinceridade:― O senhor Reed ficou doente e foi internado no hospital, por causa daquela nevasca. Pedi a ajuda do senhor King e ele me trouxe ao hospital, que fica bem longe do bairro. ― ― Entendo… Você está com frio? Quer que
― Eu sei que não foi sua intenção nos deixar preocupados, mas lamento ainda mais não poder te fazer companhia durante estes dias. ― Tobey parecia cansado quando perguntou a Deirdre: ― Quem é esse senhor Reed? ― Deirdre ficou sem saber o que responder e mordeu o lábio inferior, antes de dizer a Kyran que estava saindo para atender a ligação. Ela tomou a liberdade de sair do quarto e fechar a porta atrás de si, antes de dizer:― Ele é um novo amigo meu. ― ― Ele pareceu se opor à minha presença ― disse Tobey, meio brincando, mas com um toque de seriedade. ― Seria ótimo se eu estivesse ao seu lado. ― A expressão de Deirdre tornou-se gentil. Ela estava prestes a falar quando alguém passou por ela e disse com entusiasmo que não podia ser escondido:― Você sabia que Brendan Brighthall está nesse hospital? ― Todo o sangue foi drenado do rosto de Deirdre, instantaneamente, e seus olhos se arregalaram, incrédulos, quando virou a cabeça na direção da origem da voz que continuou a di