A chegada de Sawyer ajudou Brendan a sair da espiral de sofrimento e recuperar seu equilíbrio mental. Como se nada tivesse acontecido, o empresário desceu as escadas e ao notar a presença do patrão, Sawyer entregou um livreto:― Senhor Brighthall! Isto aqui é o catálogo de todos os designs para o vestido de noivado da senhorita McKinney. A loja gostaria que você finalizasse suas seleções o mais rápido possível. — Brendan pegou o catálogo, sem dar muita atenção e perguntou, casualmente:― Onde está Sam? ― Sawyer coçou a nuca.― Ele, uh, ainda está procurando pelo corpo dela. Ele disse que queria encontrá-la, para que pudesse ter um lugar de descanso. — Brendan não deixou isso explícito, mas até ele tinha desistido da possibilidade de ver o corpo de Deirdre novamente. Por isso, a persistência de Sam causou uma certa admiração e surpresa, que o empresário disfarçou. Então, recuperou a compostura e comentou:― Estes são dias muito frios, Sawyer. Diga a ele para não ficar tanto
Brendan não esperou que Charlene apresentasse uma desculpa e se levantou, em pura raiva.― E você varreu isso para debaixo do tapete, sem me dizer uma única palavra! Através do seu silêncio, você concordou em mandar Deirdre para a prisão em seu lugar! Por quê? Porque quem estaria protegido com esse ato era você, não é? Puta que pariu! Como você consegue dormir à noite!? ― As veias saltavam de seu pescoço, mas o pior de tudo é que não havia nenhum traço de carinho em sua voz, como se ela fosse uma estranha. Charlene entrou em pânico, estendeu a mão para ele e implorou:― Espere, eu posso explicar! ― Brendan afastou a mão que o tocava e sentiu um frio na espinha, pois percebeu que não a conhecia mais. Para quem ele estava olhando? Como ela podia ser tão calculista e cruel? Como ela poderia pensar que os meios justificam o fim? Ela não era mais aquela jovem gentil e inocente que jogaria sua vida fora para salvar os outros. Os olhos de Charlene estavam vermelhos. Ela esta
Brendan acordou com dor de garganta e o corpo pesado como chumbo. Choques de frio e calor percorreram suas veias, alertando-o sobre a possibilidade de estar com febre. A última vez que ele tinha ficado doente assim foi cerca de um ano atrás, e Brendan tinha uma vaga ideia de onde estava o kit de remédios. Deirdre o colocou no armário perto da cabeceira. Ele tossiu e abriu a porta do armário e cada frasco de remédio tinha um post-it com rabiscos sobre a dosagem e a data de validade. Era exatamente quem Deirdre era, sempre foi muito meticulosa com tudo o que empreendia. Revoltado com a lembrança, Brendan rasgou o bilhete e sentiu como se seu coração tivesse sido rasgado junto. Alguns dias se passaram, sem nenhum sinal de que sua doença melhorava e ainda assim, Brendan foi trabalhar, lutando contra seus acessos de tosse e enjoo, enquanto folheava a papelada. Mais dias se passaram e ele começava a pensar que suas memórias desapareciam em um ruído branco. Parecia que seu mund
― Toda certeza do mundo, senhor. Ir para lá com este tempo não foi moleza e não retornaríamos sem nenhum resultado, a menos que não houvesse resultado para mostrar. ― Respondeu o mergulhador. ― E se quer saber... Honestamente, esta é a primeira vez que vejo algo assim. Nem um único corpo dentro de um carro que derrapou e caiu no mar. Isso é simplesmente assustador! ― ― Talvez o corpo tenha sido movido para outro lugar, pela corrente? ― alguém perguntou. O homem sacudiu a cabeça.― De jeito nenhum. As janelas estavam fechadas e ninguém poderia ter aberto o carro contra a pressão da água depois que o veículo inteiro afundou no mar. A única explicação plausível é que... não havia ninguém dentro do carro quando ele caiu. ― 'Ninguém dentro do carro.' Parecia uma explosão no peito de Brendan. Ele não conseguia nem dizer se a maior parte era alegria ou tristeza, tudo o que sabia era que aquilo disparava direto para seu crânio e fazia o mundo girar diante de seus olhos. Ele se sentiu p
― Droga! ― Era a primeira vez que Madame Brighthall ficava tão fora de si. Ela lançou um olhar duro para Brendan e rosnou: ― Você ainda não chegou ao fundo do poço?! Quer se humilhar ainda mais? ― Brendan respirou fundo, mas estendeu as duas palmas da mão, viradas para cima, quando disse:― Sim. Eu posso me humilhar muito mais, se esse for o preço. É por isso que preciso de Deirdre. Eu preciso expiar meus crimes. ― — E se ela não quiser sua estúpida expiação? ― Madame Brighthall retrucou. Brendan sentiu uma pontada no peito e cerrou os punhos.― Vou fazê-la aceitar. ― Madame Brighthall virou-se para encarar uma estátua da Mãe Maria.― Não, acho que não vai funcionar. Você realmente acha que ela estaria ansiosa para ir embora por minha causa? Não. É porque ela te odeia profundamente. Ela queria escapar de você e nunca mais vê-lo, em toda a patética vida dela. Se você está realmente procurando uma reconciliação, então deixe tudo sobre ela para trás e se acomode com Lena.
Os lábios de Brendan estavam pálidos, assim como toda a sua aparência, exceto pelo brilho estranho nas bochechas e no olhar. E, no entanto, cada palavra soava como uma batida em um velho sino.― Vou encontrá-la mesmo que isso me mate! ― Ele se levantou e começou a tossir tão forte que parecia quase cuspir os pulmões. Seu corpo cambaleava a cada passo, mas ele cerrou os dentes e marchou em direção à porta da frente e direto para a neve. ― Pare com isso! ― Madame Brighthall gritou, sem fôlego. ― Como você ousa chantagear sua mãe, com sua própria vida? E agora? Você vai ficar do lado de fora na neve, até morrer, a menos que eu revele o paradeiro dela? É assim que você vai ameaçar sua própria mãe?! ― Um vendaval de inverno varreu a paisagem, levantando um redemoinho caótico de neve na frente de Brendan, enquanto ele estava parado na porta. Emoldurado pelo horizonte branco cortante e pela agitação implacável, suas costas pareciam pequenas e desamparadas.― Não estou chantageando
― E-Então... Então quem é ela?! ― Madame Brighthall perguntou, incrédula. Brendan cerrou os punhos.― No ano em que você se opôs ao nosso casamento, Lena sofreu um acidente e entrou em coma. Ninguém sabia se ela acordaria novamente, mas eu sabia que você nunca me deixaria casar com uma mulher inconsciente. O único meio que eu tinha era encontrar outra pessoa para fingir ser Charlene. E aquela impostora... foi Deirdre McQuenny. ― Madame Brighthall não gostou de Charlene, na primeira vez que Brendan a trouxe para casa. A mulher mais velha se orgulhava de seu agudo julgamento de caráter e sabia, com base na ganância e ambição em seus olhos, que Charlene seria apenas o começo de um pesadelo. Por isso, naturalmente, se opôs ao casamento do filho. Mas então, um dia, Charlene simplesmente... mudou. Madame Brighthall ficou confusa ao ver a mesma pessoa calculista carregando-a nas costas pela neve quando teve um ataque cardíaco. Ela ficou perplexa ao ouvir sobre aquela conspiradora c
― Tobey está voltando? ― Deirdre não pôde deixar de se sentir surpresa. ― Por quê? Ainda não falta algum tempo até o Natal? ― Madame Russell olhou para Deirdre com um sorriso.― Ele me ligou, há algum tempo, e era natural que eu mencionasse você, em nossa conversa. Então, ele pediu uma licença da empresa, alegando que sentia minha falta, afinal, ele tem direito a férias e não volta para cá há mais de seis meses. No entanto, tenho certeza de que decidiu voltar para vê-la. ― ― Para me ver? ― Deidre torceu a toalha e ficou confusa. ― Por que ele voltaria para me ver? ― ― Ah, garota boba, eu me recuso a acreditar que você não tem a menor ideia do motivo. ― Madame Russell abriu um sorriso gentil. ― Você não sabia que Tobey gosta de você, desde que vocês são crianças? ― Deirdre se engasgou com a água que bebia. Madame Russell rapidamente a acalmou, dando tapinhas nas costas da jovem que Deirdre se recuperou da tosse, mas ainda estava atordoada. Ela considerava Tobey como um