'Você ainda tem a mim.' No passado, Deirdre não teria ficado aliviada. Em vez disso, ela teria ficado assombrada e, até mesmo, com medo do comentário de Brendan. No entanto, baixou o olhar e sentiu seu coração, que estava selado no gelo, começar a rachar lentamente. Ela realmente achou a observação de Brendan convincente. Talvez fosse devido à presença de Ophelia que seu coração murcho havia sido restaurado. Ela havia encontrado uma maneira de perseguir seu sonho e não estava mais vivendo como zumbi. Entretanto, mesmo se sentindo mais acolhida, não daria nenhuma esperança a Brendan, como fizera no passado. Ela sentia que sua vida atual era muito boa. Sua mãe voltaria para ela quando sua doença fosse curada e o tempo passaria mais rápido, afinal, Deirdre estaria trabalhando, enquanto isso. Essa perspectiva já era o suficiente para ela. Um dia, poderia partir sem sentir nenhuma decepção e viver uma vida que pertencia à quando Brendan estivesse entediado com sua companhia.
A estreita cama de solteiro de repente pareceu larga, e Deirdre se apoiou com a mão na testa. 'Que horas são? Quando Brendan foi embora?’ Ela achou uma pena que estivesse sozinha, porque pensava em perguntar a Brendan por que, em seu sono, pedia para que ela não o odiasse. Ela queria descobrir o significado de sua observação. De repente, a porta do quarto se abriu e a jovem presumiu que fosse Maeve, então levantou a cabeça e disse sorrindo:― Mãe? Que horas são? Já é de manhã? Se não, por que você está aqui tão cedo? ― ― Mãe? Você está falando de Maeve O'Keefe ? ― Ela foi pega de surpresa pelo riso espúrio e o sorriso no rosto de Deirdre congelou instantaneamente. Então, virou o rosto na direção da porta, com cautela.― Charlene, o que você está fazendo aqui! ― ― Como você pode falar comigo assim, Deirdre? Sinto muito por você ter sido enganada por um monte de gente e ser tratada como uma palhaça. Estou aqui para alertá-la, por gentileza. ― ― Por gentileza? Você n
Deirdre ficou congelada, no mesmo lugar, com os olhos arregalados de espanto, enquanto ouvia o som de alguém soluçando com o rosto coberto, provavelmente pelas mãos, ou contra um ombro em um abraço carinhoso. Ela sentiu como se seus ouvidos estivessem pregando uma peça nela e ela estava com tanta dor que não conseguia falar. A voz que ela reconheceria em qualquer lugar... A voz que fez companhia a ela todo esse tempo e a chamou de filha com tanto carinho dizia a mesma frase para outra garota... 'Você é minha filha mais querida?' ― Sério mesmo? Achei que você tinha me abandonado. Por que você não me respondeu quando tentei entrar em contato com você, por todo esse tempo? Além disso, aquela cega do quarto também estava te chamando de 'mãe'. Você tem apenas 40 anos. Como poderia ter uma filha tão crescida? Como acabei tendo uma irmã mais velha, do nada? ― ― Uh... ― Maeve parecia hesitante. Silvia, a filha de Maeve, ficava cada vez mais impaciente e bateu o pé, com raiva, enquan
O rosto de Maeve ficou terrivelmente pálido, instantaneamente.― Meu Deus! O que aconteceu com sua mão! ― Ela chamou apressadamente o médico e a enfermeira, mas Deirdre foi sacudida de volta à realidade e cobriu a mão ensanguentada com a outra mão, dizendo, com o olhar abaixado:― Está... está bem. Não se preocupe. ― ― Como você pode dizer que está tudo bem? O curativo está encharcado de sangue! Por que você não se cuida? O que você vai fazer quando eu for embora? ― Maeve estava em pânico e furiosa. O médico veio e examinou Deirdre, apenas para descobrir que sua ferida havia aberto novamente e precisava de novos pontos. O médico franziu a testa profundamente, enquanto avaliava a ferida:― O senhor Brighthall estava muito preocupado que sua mão ficasse com cicatrizes, desde o início. Você precisa de pontos novamente, então certamente vai deixar uma cicatriz. Senhora McQuenny, por favor, peça mais analgésicos se a dor ficar intensa, mas não se machuque mais. ― A mente de
Maeve abaixou a cabeça para verificar a hora e franziu as sobrancelhas.― Já passa das nove... ― ― Você vai embora às dez, não é? ― Certamente seria impossível para Maeve afirmar que estava disposta a se separar de Deirdre. Ela gostava muito da jovem, mas ainda não era a verdadeira mãe e sua própria filha ainda esperava por ela. ― Sim... ― Maeve disse, sorrindo e fingindo um comportamento relaxado. ― Mas é uma coisa boa que vou receber tratamento. Dessa forma, não esquecerei suas histórias de infância, da próxima vez. Deirdre abriu um sorriso e demorou a responder. Então, fechou os olhos e disse:― Mãe, por favor, me chame pelo meu nome, mais uma vez? ― Maeve parecia um pouco hesitante.― Dee Dee? ― Uma lágrima rolou do canto do olho de Deirdre.― Obrigada. ― Maeve estendeu a mão para enxugar as lágrimas de Deirdre e, depois de também derramar algumas lágrimas, foi embora. Deirdre não a despediu porque não tinha condições para isso. No dia anterior, acredito
Deirdre não respondeu, mas continuou falando sobre o assunto.― Você tirou a casa onde minha mãe estava hospedada e a deixou ser levada para algum hospital psiquiátrico desconhecido, para ser punida. Ela tinha 40 anos, mas foi forçada a comer comida estragada e apanhar. Eu não tive escolha a não ser me submeter, depois de ver o quão cruel você era... ― As pupilas de Brendan se contraíram abruptamente e ele se sentiu incrédulo. ― Pera aí! Do que você está falando? Eu realmente a despejei da casa onde residia, mas nunca ordenei ou permiti que fosse levada para algum hospital psiquiátrico de má qualidade. Você está fazendo alguma confusão? ― ― Eu estou fazendo confusão? ― As lágrimas escorriam continuamente pelo rosto de Deirdre. A cena ainda assombrara seus pesadelos, por incontáveis noites. Sua mãe costumava ser uma mulher orgulhosa quando era jovem, mas foi tratada como um animal, depois de ter sido levada para o hospício. Deirdre ainda enxergava e viu com os próprios olhos
Deirdre começou a rir, enquanto chorava.― Brendan, você me considera uma idiota, certo? Eu acredito que você está maravilhado em seu coração, sobre como foi capaz de me contar uma mentira absurda e me fez ficar todo esse tempo hipnotizada nesse mundinho de mentiras. ―A jovem sentiu uma dor intensa na garganta, fez uma careta e voltou a falar: ― Ontem à noite... Você me disse que eu ainda tinha você. Você estava zombando de mim? Por outro lado, acreditei em você como uma imbecil! ― ― Não! ― O rosto de Brendan estava lívido de dor. Mas, o empresário se opôs com tanta força que o sangue voltou a escorrer de seu ferimento. Ele sentiu o fluxo quente de sangue sem fim na palma da mão. Brendan sentia medo, mas não era medo de sangrar até a morte. Era medo de que Deirdre sofresse um colapso emocional. ― As palavras que eu disse... foram completamente sinceras... Deirdre, me desculpe... ― Ele não tinha mais nada a dizer naquele momento, exceto pedir desculpas e fazer a jovem acr
Chegando alguns minutos depois de Brendan, Sam se deparou com Deirdre parada, com uma faca na mão e Brendan ajoelhado no chão, com o rosto lívido e as mãos cobrindo o abdômen, que sangrava profusamente. ― Senhor Brighthall! ― Ele correu para Brendan com pressa. Percebendo que seria interrompida, Deirdre avançou contra o empresário, mais uma vez, gritando:― Você expiará seu crime, no inferno! ― ― Deirdre! ― Sam rugiu e avançou para parar Deirdre, arrancando a faca da mão da jovem e arremessando o objeto para o outro lado do quarto. Sam estava incrédulo. ― O que você está fazendo? ― ― O que estou fazendo? ― Deirdre levantou a cabeça, para revelar seu rosto, que estava cheio de ódio e lágrimas. ― Estou vingando minha mãe! ― ― Por favor, acalme-se. ― Sam não se importava com nada além do ferimento de Brendan. Era um corte muito profundo e o sangue tinha encharcado metade da camisa do empresário e formava uma poça em seu redor. Com uma expressão de desespero no rosto, o s