Sam sentiu o coração disparar assim que ouviu o que o homem de uniforme azul dizia. Mas, disse com um sorriso lisonjeiro:― O que você quer dizer com tentativa de homicídio? Há algum tipo de mal-entendido? ― O policial disse franzindo a testa:― Você acha que há um mal-entendido quando o cheiro de sangue é tão forte aqui? Você pode impedir as pessoas de fora de falar sobre esta situação? Estou avisando para não interferir na acusação deste crime. Deirdre é suspeita de crime e vamos levá-la para a delegacia para interrogatório, agora mesmo! ― Ao dizer isso, o homem examinou a mulher sentada no chão e notou que seu rosto desfigurado correspondia totalmente ao relatório policial. Ele não fez mais comentários e apenas disse:― Deirdre, você vem conosco! ― O segurança ficou surpreso, mas deu um passo à frente e disse: ― Isso é um mal-entendido, senhor! Isso deve ser um mal-entendido. Alguém foi ferido aqui, de fato, mas definitivamente não foi um crime tão sério quanto tentat
Madame Brighthall ficou extremamente furiosa e se recusou a ouvir a explicação de Sam.― Não, Sam. As coisas são simples. Se você deve dinheiro a alguém, você devolve o dinheiro. Se você tentar matar alguém, você paga com sua vida. Eu não me importo com o que aconteceu entre eles. Já que aquela mulher feriu Brendan, ela merece ser punida! Traga-me o telefone. ― Na delegacia, Deirdre recuperou a consciência quando um balde de água fria foi derramado sobre ela. Ela havia perdido a conta de quanto tempo se passara desde que fora detida. Então, percebeu que as pessoas ao seu redor eram todas criminosas, quando o policial parado à sua frente deu uma ordem, com voz fria.— Venha, agora mesmo. ― Deirdre seguiu o policial e ouviu o barulho de suas algemas, quando foi presa contra a mesa. A voz dominadora do oficial veio de cima dela, quando ele disse:― Deirdre, você sabe qual é a seu crime? Você infringiu a Lei 121 do Código Penal, sobre homicídio doloso. Você será condenado à morte,
― Desculpe. ― Brendan apoiou a testa e disse: ― Eu só estava tentando descobrir o que aconteceu com Deirdre. Afinal, foi minha culpa que a mãe dela morreu. ― ― Como pode ter sido sua culpa? ― Charlene mordeu o lábio inferior com força. ― Foi ela quem se suicidou. Você ia designar alguém para cuidar dela o dia todo? Por outro lado, a Deirdre é muito insensível. Você tratou a mãe dela tão bem e até abriu uma exceção para enterrá-la. ― ― Isso não foi nada. ― Brendan a interrompeu, com as sobrancelhas ainda mais franzidas. ― Se eu não tivesse feito dela seu bode expiatório, Ophelia não teria morrido. ― ― Então, você se arrepende do que fez? ― Charlene estava incrédula e seus lábios tremiam. Brendan estava tão agitado, em seu coração, que não se deu ao trabalho de se explicar. Enquanto isso, Sam entrou na sala com pressa e seus olhos desanimados se iluminaram abruptamente, quando viu que Brendan estava consciente.― Você finalmente acordou, senhor Brighthall! ― ― O que acont
Brendan cobriu seu abdômen, fracamente. Mas, o desespero era tão grande que o empresário não conseguia mais sentir a dor de seu ferimento, talvez devido à dor em seu coração, que superava tudo o mais. Pelo contrário, ele abriu um sorriso e disse: ― Mãe, pague a fiança dela... ― E, como não houve resposta, continuou, com a voz trêmula:― Devo isso a Deirdre, porque fui eu quem causou morte da mãe dela. Além do fato de que ela não conseguiu me esfaquear até a morte, eu merecia mesmo ter morrido, você mesmo disse isso, mãe. Quem fere uma pessoa merece a morte. ― ― Ora, seu moleque! ― Madame Brighthall ficou sem palavras. Ela cambaleou, dando alguns passos, devido ao intenso mal-estar que a acometeu. ― O que diabos aconteceu entre vocês dois? ― Brendan sentiu a sensação quente e úmida em suas mãos. Mas, antes que pudesse falar, um médico entrou correndo na sala. ― As suturas da ferida romperam. E o corte precisa ser fechado novamente. Ele vai precisar de outra cirurgia para est
Brendan ficou em silêncio, por um longo tempo, antes de responder:― Esta é a última vez que peço para que confie em mim, em relação à Deirdre, eu prometo. ― Madame Brighthall se recusou a acreditar na promessa do filho, mas saiu, batendo a porta do quarto do hospital, pronta para ir até a delegacia, mesmo assim. Brendan e Sam ficaram sozinhos no quarto e era evidente que Sam não esperava que a situação progredisse tanto e tão rápido, por isso, perguntou de maneira exploratória:― Então, o que devemos fazer agora, senhor Brighthall? ― ― Vá para a delegacia e descubra uma maneira de eu falar com Deirdre. ― Sam assentiu. Ele se virou para sair, quando Brendan o chamou.― Além disso, por favor, me ajude a investigar o incidente da morte de Ophelia. Descubra o que aconteceu depois que mandei que a despejassem da casa. ― ― Sim, senhor. ― Charlene tinha acabado de chegar à delegacia com o advogado, quando Madame Brighthall entrou. Ao mesmo tempo, Deirdre era trazida.
Deirdre conseguiu recuperar alguma aparência de compostura, mas seus olhos injetados ainda eram tão belicosos quanto virou a voz fulminante na direção do advogado público e do investigador da polícia.― Por que... vocês... mentiram?! Por que você mentiu?! Você me disse que me ajudaria a montar um caso!!! ― Mas, a acusação desagradou o investigador.― Não dá para construir um caso sem evidências sólidas, senhora. E você não tem nada disso! Você realmente achou que poderia decidir se um caso de um ano atrás foi assassinato só porque você disse isso? Dá um tempo! ― ― Chega, por favor... ― Sam falou, com a voz cansada, colocando uma mão no ombro do homem. Aquela situação não podia continuar e ele simplesmente sabia disso. Cerrando os dentes, disse vigorosamente: ― Você tem que acabar com isso agora, senhora Deirdre! Você tem que retirar todas as suas acusações contra o senhor Brighthall e apenas... deixar o resto com ele, está bem? Dessa forma, você deixará a delegacia até o final
Deirdre permaneceu imóvel como uma estátua, até que os gritos de Brendan a fizeram reagir. Ela ergueu a cabeça e olhou para ele. Mas, os olhos que antes eram vivos e alegres, agora eram sem alma e dilapidados, como dois espelhos quebrados, encontrados em um caixão. A calma superficial que ela simulava, desmentia um ódio intenso. ― Eu não ligo. ― A voz saiu falhada e baixa, pois, como a jovem não conversava com ninguém, sua garganta perdia o hábito da fala. Suas palavras lembravam vagamente um o som de uma vitrola antiga. ― Você realmente acha que eu dou a mínima, Brendan? É apenas encarceramento. Não é nem minha primeira vez, acredita? Já passei por isso antes, estou acostumada. Eu posso passar mais um tempo na prisão, se for preciso, mas você? Você não vai se safar dessa. Eu não vou deixar você escapar ileso! ― Um dilúvio de ódio irrompeu de seus olhos como facas perfurando o peito de Brendan. ― Como você pôde se destruir assim, Deirdre?! Por vingança? E os seus sonhos? Seu f
Deirdre se contorcia, e gritava palavras ininteligíveis, enquanto dois brutamontes a golpeavam e tentavam imobilizá-la. Brendan percebeu o que acontecia e pegou o telefone, esquecendo, até mesmo, da própria dor, enquanto gritava:― Parem! Vocês a estão machucando! ― Percebendo a reação do poderoso magnata e sem querer causar problemas, os policiais encontraram seus olhos e afrouxaram o aperto, fazendo com que Deirdre caísse no chão. Os olhos da jovem estavam desfocados, como se a magnitude de sua tristeza tornasse impossível que ela enxergasse.― Você é um assassino, Brendan. Você é bom nisso, não é? ― ela resmungou, em lágrimas. O empresário havia tratado o amor dela por ele como um convite para usar e abusar dela. Mas, mesmo depois de todos os pecados cometidos, a única proposta de Brendan era 'fingir que nada aconteceu’. Esquecer é mais fácil para quem bate. Ele sempre desdenhou abertamente o amor dela no passado e, como Deirdre notava, ele ainda cuspia no nobre sentimento