Brendan cobriu seu abdômen, fracamente. Mas, o desespero era tão grande que o empresário não conseguia mais sentir a dor de seu ferimento, talvez devido à dor em seu coração, que superava tudo o mais. Pelo contrário, ele abriu um sorriso e disse: ― Mãe, pague a fiança dela... ― E, como não houve resposta, continuou, com a voz trêmula:― Devo isso a Deirdre, porque fui eu quem causou morte da mãe dela. Além do fato de que ela não conseguiu me esfaquear até a morte, eu merecia mesmo ter morrido, você mesmo disse isso, mãe. Quem fere uma pessoa merece a morte. ― ― Ora, seu moleque! ― Madame Brighthall ficou sem palavras. Ela cambaleou, dando alguns passos, devido ao intenso mal-estar que a acometeu. ― O que diabos aconteceu entre vocês dois? ― Brendan sentiu a sensação quente e úmida em suas mãos. Mas, antes que pudesse falar, um médico entrou correndo na sala. ― As suturas da ferida romperam. E o corte precisa ser fechado novamente. Ele vai precisar de outra cirurgia para est
Brendan ficou em silêncio, por um longo tempo, antes de responder:― Esta é a última vez que peço para que confie em mim, em relação à Deirdre, eu prometo. ― Madame Brighthall se recusou a acreditar na promessa do filho, mas saiu, batendo a porta do quarto do hospital, pronta para ir até a delegacia, mesmo assim. Brendan e Sam ficaram sozinhos no quarto e era evidente que Sam não esperava que a situação progredisse tanto e tão rápido, por isso, perguntou de maneira exploratória:― Então, o que devemos fazer agora, senhor Brighthall? ― ― Vá para a delegacia e descubra uma maneira de eu falar com Deirdre. ― Sam assentiu. Ele se virou para sair, quando Brendan o chamou.― Além disso, por favor, me ajude a investigar o incidente da morte de Ophelia. Descubra o que aconteceu depois que mandei que a despejassem da casa. ― ― Sim, senhor. ― Charlene tinha acabado de chegar à delegacia com o advogado, quando Madame Brighthall entrou. Ao mesmo tempo, Deirdre era trazida.
Deirdre conseguiu recuperar alguma aparência de compostura, mas seus olhos injetados ainda eram tão belicosos quanto virou a voz fulminante na direção do advogado público e do investigador da polícia.― Por que... vocês... mentiram?! Por que você mentiu?! Você me disse que me ajudaria a montar um caso!!! ― Mas, a acusação desagradou o investigador.― Não dá para construir um caso sem evidências sólidas, senhora. E você não tem nada disso! Você realmente achou que poderia decidir se um caso de um ano atrás foi assassinato só porque você disse isso? Dá um tempo! ― ― Chega, por favor... ― Sam falou, com a voz cansada, colocando uma mão no ombro do homem. Aquela situação não podia continuar e ele simplesmente sabia disso. Cerrando os dentes, disse vigorosamente: ― Você tem que acabar com isso agora, senhora Deirdre! Você tem que retirar todas as suas acusações contra o senhor Brighthall e apenas... deixar o resto com ele, está bem? Dessa forma, você deixará a delegacia até o final
Deirdre permaneceu imóvel como uma estátua, até que os gritos de Brendan a fizeram reagir. Ela ergueu a cabeça e olhou para ele. Mas, os olhos que antes eram vivos e alegres, agora eram sem alma e dilapidados, como dois espelhos quebrados, encontrados em um caixão. A calma superficial que ela simulava, desmentia um ódio intenso. ― Eu não ligo. ― A voz saiu falhada e baixa, pois, como a jovem não conversava com ninguém, sua garganta perdia o hábito da fala. Suas palavras lembravam vagamente um o som de uma vitrola antiga. ― Você realmente acha que eu dou a mínima, Brendan? É apenas encarceramento. Não é nem minha primeira vez, acredita? Já passei por isso antes, estou acostumada. Eu posso passar mais um tempo na prisão, se for preciso, mas você? Você não vai se safar dessa. Eu não vou deixar você escapar ileso! ― Um dilúvio de ódio irrompeu de seus olhos como facas perfurando o peito de Brendan. ― Como você pôde se destruir assim, Deirdre?! Por vingança? E os seus sonhos? Seu f
Deirdre se contorcia, e gritava palavras ininteligíveis, enquanto dois brutamontes a golpeavam e tentavam imobilizá-la. Brendan percebeu o que acontecia e pegou o telefone, esquecendo, até mesmo, da própria dor, enquanto gritava:― Parem! Vocês a estão machucando! ― Percebendo a reação do poderoso magnata e sem querer causar problemas, os policiais encontraram seus olhos e afrouxaram o aperto, fazendo com que Deirdre caísse no chão. Os olhos da jovem estavam desfocados, como se a magnitude de sua tristeza tornasse impossível que ela enxergasse.― Você é um assassino, Brendan. Você é bom nisso, não é? ― ela resmungou, em lágrimas. O empresário havia tratado o amor dela por ele como um convite para usar e abusar dela. Mas, mesmo depois de todos os pecados cometidos, a única proposta de Brendan era 'fingir que nada aconteceu’. Esquecer é mais fácil para quem bate. Ele sempre desdenhou abertamente o amor dela no passado e, como Deirdre notava, ele ainda cuspia no nobre sentimento
Brendan não tinha muitas opções, aliás, a ajuda de Sam parecia ser a última que lhe restava.― Você é a pessoa que fez companhia a ela por mais tempo. Ela pelo menos daria a você a chance de falar, eu sei disso. Então, por favor, diga a ela... Que se ela continuar assim, nenhum de nós poderá salvá-la da prisão. ― Mais um dia para Deirdre naquela cela era mais um dia para ele perder o sono. Ele não aguentou. Como Brendan havia previsto. A jovem permitiu que Sam a encontrasse. Assim que Deirdre se aproximou, para ocupar seu lugar, junto ao telefone, o peito de Sam doeu, como nunca. Mesmo em sua pior fase, enquanto morava na mansão, a jovem sempre tinha cuidado muito bem do cabelo e da higiene pessoal, mas no encarceramento, parecia não haver mais nenhum pingo de dignidade em Deirdre. Os cabelos estavam desgrenhados, as roupas a pele estavam encardidas e, até mesmo, com manchas de urina e as unhas estavam sem aparar. A jovem mais parecia uma louca abandonada em um asilo.Sam peg
Medo e arrependimento devastaram a mente do empresário que, sem motivo físico, se sentiu fraco. Sam fingiu não notar o abatimento de seu patrão e aguardou, até que finalmente recuperou a compostura. Então, Brendan fingiu alguma calma e declarou:— Não. Só precisamos esperar um pouco mais. Vou falar com ela de novo! — Apesar da segurança na voz do empresário, tanto ele quanto Sam, imaginavam que Deirdre não aceitaria a visita. Mesmo assim, ele não a deixaria. Nunca. Entretanto, o destino tinha planos diferentes e antes que ele se recuperasse o suficiente para falar com Deirdre, a polícia foi até ele e informou que ela havia recuado e finalmente concordado em resolver isso em particular. Brendan estava feliz e, quando chegou o dia de seu interrogatório, quando a polícia perguntou se a agressora demonstrou intenção homicida, naturalmente, Brendan negou. Ele também não expressou intenção de prosseguir com uma acusação criminal contra ela e, portanto, o caso foi encerrado. El
― Cale-se! ― Brendan berrou, com todas as forças e o corte vibrou com seu rosnado, fazendo-o gritar de dor aguda, logo em seguida. Sua visão embaçou e seus joelhos se dobraram. ‘O carro dela caiu no mar? Deirdre morreu?’ Impossível! Aquilo só poderia ser alguma loucura! Ela estava viva, no dia anterior, quando amaldiçoou o nome dele, deixando claro o quanto ele a enojava e gritando sobre vingar a morte da mãe. Ela estava viva quando desejou que ele estivesse morto! E agora... seu destino era incerto? A visão de Brendan escureceu e ele caiu. Antes que sua consciência desaparecesse, o empresário ouviu a voz de alguém gritando, pedindo ajuda. Com pesar, em um último fio de realidade, murmurou:― Deirdre... Deirdre... ― O homem imergiu em um sonho. Nos primeiros dias, após a prisão de Deirdre, Brendan surpreendentemente não estava acostumado com sua ausência e, assim que voltava para casa, gritava instintivamente:― Deirdre, faça uma sopa de cogumelos para mim! ― Ele entã