Deirdre ficou congelada, no mesmo lugar, com os olhos arregalados de espanto, enquanto ouvia o som de alguém soluçando com o rosto coberto, provavelmente pelas mãos, ou contra um ombro em um abraço carinhoso. Ela sentiu como se seus ouvidos estivessem pregando uma peça nela e ela estava com tanta dor que não conseguia falar. A voz que ela reconheceria em qualquer lugar... A voz que fez companhia a ela todo esse tempo e a chamou de filha com tanto carinho dizia a mesma frase para outra garota... 'Você é minha filha mais querida?' ― Sério mesmo? Achei que você tinha me abandonado. Por que você não me respondeu quando tentei entrar em contato com você, por todo esse tempo? Além disso, aquela cega do quarto também estava te chamando de 'mãe'. Você tem apenas 40 anos. Como poderia ter uma filha tão crescida? Como acabei tendo uma irmã mais velha, do nada? ― ― Uh... ― Maeve parecia hesitante. Silvia, a filha de Maeve, ficava cada vez mais impaciente e bateu o pé, com raiva, enquan
O rosto de Maeve ficou terrivelmente pálido, instantaneamente.― Meu Deus! O que aconteceu com sua mão! ― Ela chamou apressadamente o médico e a enfermeira, mas Deirdre foi sacudida de volta à realidade e cobriu a mão ensanguentada com a outra mão, dizendo, com o olhar abaixado:― Está... está bem. Não se preocupe. ― ― Como você pode dizer que está tudo bem? O curativo está encharcado de sangue! Por que você não se cuida? O que você vai fazer quando eu for embora? ― Maeve estava em pânico e furiosa. O médico veio e examinou Deirdre, apenas para descobrir que sua ferida havia aberto novamente e precisava de novos pontos. O médico franziu a testa profundamente, enquanto avaliava a ferida:― O senhor Brighthall estava muito preocupado que sua mão ficasse com cicatrizes, desde o início. Você precisa de pontos novamente, então certamente vai deixar uma cicatriz. Senhora McQuenny, por favor, peça mais analgésicos se a dor ficar intensa, mas não se machuque mais. ― A mente de
Maeve abaixou a cabeça para verificar a hora e franziu as sobrancelhas.― Já passa das nove... ― ― Você vai embora às dez, não é? ― Certamente seria impossível para Maeve afirmar que estava disposta a se separar de Deirdre. Ela gostava muito da jovem, mas ainda não era a verdadeira mãe e sua própria filha ainda esperava por ela. ― Sim... ― Maeve disse, sorrindo e fingindo um comportamento relaxado. ― Mas é uma coisa boa que vou receber tratamento. Dessa forma, não esquecerei suas histórias de infância, da próxima vez. Deirdre abriu um sorriso e demorou a responder. Então, fechou os olhos e disse:― Mãe, por favor, me chame pelo meu nome, mais uma vez? ― Maeve parecia um pouco hesitante.― Dee Dee? ― Uma lágrima rolou do canto do olho de Deirdre.― Obrigada. ― Maeve estendeu a mão para enxugar as lágrimas de Deirdre e, depois de também derramar algumas lágrimas, foi embora. Deirdre não a despediu porque não tinha condições para isso. No dia anterior, acredito
Deirdre não respondeu, mas continuou falando sobre o assunto.― Você tirou a casa onde minha mãe estava hospedada e a deixou ser levada para algum hospital psiquiátrico desconhecido, para ser punida. Ela tinha 40 anos, mas foi forçada a comer comida estragada e apanhar. Eu não tive escolha a não ser me submeter, depois de ver o quão cruel você era... ― As pupilas de Brendan se contraíram abruptamente e ele se sentiu incrédulo. ― Pera aí! Do que você está falando? Eu realmente a despejei da casa onde residia, mas nunca ordenei ou permiti que fosse levada para algum hospital psiquiátrico de má qualidade. Você está fazendo alguma confusão? ― ― Eu estou fazendo confusão? ― As lágrimas escorriam continuamente pelo rosto de Deirdre. A cena ainda assombrara seus pesadelos, por incontáveis noites. Sua mãe costumava ser uma mulher orgulhosa quando era jovem, mas foi tratada como um animal, depois de ter sido levada para o hospício. Deirdre ainda enxergava e viu com os próprios olhos
Deirdre começou a rir, enquanto chorava.― Brendan, você me considera uma idiota, certo? Eu acredito que você está maravilhado em seu coração, sobre como foi capaz de me contar uma mentira absurda e me fez ficar todo esse tempo hipnotizada nesse mundinho de mentiras. ―A jovem sentiu uma dor intensa na garganta, fez uma careta e voltou a falar: ― Ontem à noite... Você me disse que eu ainda tinha você. Você estava zombando de mim? Por outro lado, acreditei em você como uma imbecil! ― ― Não! ― O rosto de Brendan estava lívido de dor. Mas, o empresário se opôs com tanta força que o sangue voltou a escorrer de seu ferimento. Ele sentiu o fluxo quente de sangue sem fim na palma da mão. Brendan sentia medo, mas não era medo de sangrar até a morte. Era medo de que Deirdre sofresse um colapso emocional. ― As palavras que eu disse... foram completamente sinceras... Deirdre, me desculpe... ― Ele não tinha mais nada a dizer naquele momento, exceto pedir desculpas e fazer a jovem acr
Chegando alguns minutos depois de Brendan, Sam se deparou com Deirdre parada, com uma faca na mão e Brendan ajoelhado no chão, com o rosto lívido e as mãos cobrindo o abdômen, que sangrava profusamente. ― Senhor Brighthall! ― Ele correu para Brendan com pressa. Percebendo que seria interrompida, Deirdre avançou contra o empresário, mais uma vez, gritando:― Você expiará seu crime, no inferno! ― ― Deirdre! ― Sam rugiu e avançou para parar Deirdre, arrancando a faca da mão da jovem e arremessando o objeto para o outro lado do quarto. Sam estava incrédulo. ― O que você está fazendo? ― ― O que estou fazendo? ― Deirdre levantou a cabeça, para revelar seu rosto, que estava cheio de ódio e lágrimas. ― Estou vingando minha mãe! ― ― Por favor, acalme-se. ― Sam não se importava com nada além do ferimento de Brendan. Era um corte muito profundo e o sangue tinha encharcado metade da camisa do empresário e formava uma poça em seu redor. Com uma expressão de desespero no rosto, o s
Sam sentiu o coração disparar assim que ouviu o que o homem de uniforme azul dizia. Mas, disse com um sorriso lisonjeiro:― O que você quer dizer com tentativa de homicídio? Há algum tipo de mal-entendido? ― O policial disse franzindo a testa:― Você acha que há um mal-entendido quando o cheiro de sangue é tão forte aqui? Você pode impedir as pessoas de fora de falar sobre esta situação? Estou avisando para não interferir na acusação deste crime. Deirdre é suspeita de crime e vamos levá-la para a delegacia para interrogatório, agora mesmo! ― Ao dizer isso, o homem examinou a mulher sentada no chão e notou que seu rosto desfigurado correspondia totalmente ao relatório policial. Ele não fez mais comentários e apenas disse:― Deirdre, você vem conosco! ― O segurança ficou surpreso, mas deu um passo à frente e disse: ― Isso é um mal-entendido, senhor! Isso deve ser um mal-entendido. Alguém foi ferido aqui, de fato, mas definitivamente não foi um crime tão sério quanto tentat
Madame Brighthall ficou extremamente furiosa e se recusou a ouvir a explicação de Sam.― Não, Sam. As coisas são simples. Se você deve dinheiro a alguém, você devolve o dinheiro. Se você tentar matar alguém, você paga com sua vida. Eu não me importo com o que aconteceu entre eles. Já que aquela mulher feriu Brendan, ela merece ser punida! Traga-me o telefone. ― Na delegacia, Deirdre recuperou a consciência quando um balde de água fria foi derramado sobre ela. Ela havia perdido a conta de quanto tempo se passara desde que fora detida. Então, percebeu que as pessoas ao seu redor eram todas criminosas, quando o policial parado à sua frente deu uma ordem, com voz fria.— Venha, agora mesmo. ― Deirdre seguiu o policial e ouviu o barulho de suas algemas, quando foi presa contra a mesa. A voz dominadora do oficial veio de cima dela, quando ele disse:― Deirdre, você sabe qual é a seu crime? Você infringiu a Lei 121 do Código Penal, sobre homicídio doloso. Você será condenado à morte,