Brendan não poderia ter esquecido disso e nem se permitiria fazê-lo. Afinal, Charlene tinha arriscado sua vida para salvá-lo do incêndio, então ele devia sua vida a ela. ― Vou honrar minha promessa. ― Depois de um longo tempo, o olhar de Brendan esmaeceu e ele disse em um tom triste: ― No entanto, agora não é a hora. Deirdre foi para a prisão por nossa causa e não só perdeu os olhos, mas também a pessoa de quem ela mais gosta, sua mãe. Devo dar a ela outro motivo para viver. ― Ele virou seu rosto lindo e impecável para o lado. Sua expressão estava sobrecarregada de emoções:― Eu quero e preciso expiar o crime que cometemos. ― ― Bren... ― Os lábios de Charlene tremeram e sua respiração acelerou. ― Expiar o crime que cometemos? ― A observação soou digna e sensata, mas Charlene sabia que Brendan não ligaria a mínima para o assunto se realmente não se importasse com Deirdre. 'Isso significa que ele realmente se apaixonou por ela?' Seu peito fervia de desconforto e ela cerrou os
Mas, pensando por outro lado, foi ele mesmo quem a compeliu a se tornar tão submissa e não conflituosa. Deirdre estava prestes a dizer algo quando o médico abriu a porta da sala e entrou. O homem careca ficou atordoado quando encontrou Brendan sentado no sofá com a bolsa de soro na mão:― Senhor Brighthall, você não estava descansando no quarto do primeiro andar? Por que você desceu? ― Então, ele notou o refluxo de sangue na linha do acesso de Brendan e sentiu seu coração disparar. Ele correu e disse:― Por que há tanto refluxo? Você não deveria ficar caminhando por aí, não importa o quão forte seja seu corpo. A parte de trás da sua mão está muito inchada e o acesso foi bloqueado. Você não quer melhorar? ― O médico estava furioso, mas sem palavras, pois nunca havia encontrado um paciente problemático como Brendan. Em comparação, Deirdre era uma paciente muito mais obediente. ― Nós vamos ter que fazer o acesso na sua outra mão, desta vez. No entanto, não se mova mais assim.
O homem era tão forte que Deirdre foi realmente incapaz de se mexer quando os braços dele envolveram sua cintura fina. Então, a jovem virou o rosto para o lado, tentando escapar do peito forte e da água e disse, com a voz fraca:― Me solta. ― ― Me responde uma coisa, antes. O que te impede de me desculpar? ― O olhar de Brendan era ardente. O relacionamento deles não progrediu mais nos últimos dias, não importa o quão íntimas tenham sido suas interações. ‘O coração dela ainda está ocupado por Sterling? Ela tem tanta dificuldade assim em esquecê-lo?’ Deirdre respirou fundo. Ela não queria resistir, mas sentia seu corpo tentando escapar instintivamente e não tinha controle sobre isso. ― Não sei. ― ― Deixe-me adivinhar. ― O olhar de Brendan fixou-se no rosto de Deirdre. ― É por causa de Charlene ou Sterling? Ou é por causa da criança? ― As pupilas de Deirdre se contraíram instintivamente à menção da criança, e Brendan franziu a testa ao perceber isso. Ele estava se referindo
Brendan perguntou, mas não houve resposta de Deirdre. Mesmo que a jovem fingisse, o homem percebia que ela ainda estava acordada, então se inclinou, ficando bem próximo do ouvido dela e sussurrou:― Foi minha culpa desapontá-la. Eu arruinei sua vida e tudo nela. Se eu pudesse fazer tudo de novo, gostaria de ficar com a criança e pedir para você ficar. No entanto, não posso voltar no tempo, então, por favor, me dê uma chance de expiar meus erros. Se você ainda quiser ir embora depois de se reencontrar com Ophelia, lhe darei a liberdade de fazê-lo. ― Ao dizer isso, colocou uma coberta sobre Deirdre, passou a mão nos cabelos sedosos da jovem e saiu do quarto. Deirdre abriu os olhos, sentindo seus batimentos cardíacos tão violentos, que ela era capaz de ouvir. Na manhã seguinte, Brendan recebeu algumas informações da empresa. Um dos projetos de desenvolvimento do turismo enfrentava alguns problemas e Brendan era necessário que se encontrasse com os sócios e parceiros, com urgên
Brendan não tentou segurar a mão de Deirdre de novo, mas, apesar de sua expressão estar confusa, dessa vez não havia raiva, quando perguntou:― O que aconteceu? ― Deirdre respirou fundo.― Você não percebe? Eu não gosto mais de estar em público. Tente se colocar em meu lugar. Se você tivesse a mesma aparência que eu, ainda gostaria de sair para ser ridicularizado pelos outros? Mesmo que eu esteja acostumada com isso, ainda não vou me expor em situações assim de boa vontade. ― Deirdre não apenas se surpreendeu ao fazer o comentário, mas também se perguntou se teria enlouquecido. ‘Como ouso contar a Brendan meus pensamentos mais íntimos e resistir a ele? Ele sempre quis que eu fosse obediente e submissa.' Afinal, era a única maneira de Brendan não prejudicar a pessoa com quem ela mais se importava, sua mãe, Ophelia. Como esperado, a atmosfera no quarto se tornou opressiva e sombria, abruptamente. O rosto de Deirdre ficou ligeiramente pálido e ela estava prestes a se explic
Quando a mulher terminou de falar, foi direto para o banheiro. O funcionário soltou uma tosse ao perceber que Deirdre ainda estava sentada no mesmo lugar distraidamente e, percebendo que, nem assim, a jovem reagia, o rapaz disse:― Senhorita, como você trabalha para o senhor Brighthall, isso significa que você não é tola. Você deve entender a situação e sair. Há um sofá no saguão, do lado de fora, e quando terminar, o senhor Brighthall o deixará voltar para a sala. ― 'Entender o quê? Que Brendan se interessou por uma mulher e que eles vão transar enquanto eu aguardo esquecida na entrada do hotel?' Deirdre sentiu náuseas e todo seu corpo se retraiu. Ela se apoiou no sofá e se levantou. Mas, se aquela era a escolha de Brendan, ela não tinha o direito de ficar ressentida. Afinal, ela não era nada para ele. Ela saiu pela porta sentindo a parede e suas ações surpreenderam o funcionário.― Você é cega? ― Deirdre não respondeu ao funcionário, mas continuou a acompanhar a pare
O tombo tinha machucado bastante. Doeu tanto que somado à chuva e ao frio, fazia todo o corpo de Deirdre tremer. Mas, a jovem não queria ceder e desanimar, por isso, conteve a vontade de chorar. Quando estava na prisão havia aprendido que suas lágrimas eram inúteis. A chuva parou de cair sobre Deirdre e uma voz gentil de mulher disse:― Você está bem? Você está sozinha na chuva. O que está acontecendo? ― Deirdre se virou na direção da voz e a mulher ficou atordoada, perguntando, surpresa:― Você não pode ver? ― Os olhos de Deirdre eram desfocados e vazios, o que era um sinal óbvio de uma pessoa cega. A mulher não pôde deixar de suspirar. O que uma pessoa cega fazia sozinha na chuva e à noite? ― É quase inverno e o tempo hoje não está muito bom. Está muito frio. O que a trouxe aqui nas montanhas? ― Antes que Deirdre pudesse responder, alguém chamou a mulher e ela atendeu. Então, enfiou um guarda-chuva nas mãos de Deirdre. ― Sinto muito, eu preciso ir. Acredito que vo
A mulher olhou para Brendan com olhos sedutores, como uma rosa prestes a florescer e a expressão de Brendan ficou gelada instantaneamente. Ele emanava uma presença maligna e agourenta.― Quem é você? Quem deixou você entrar no meu quarto? ― A mulher ficou tão assustada que se levantou apressadamente da cama.― Senhor. Brighthall... Por favor, não fique com raiva. Foi o senhor Gull... Ele quer fazer parte desse projeto de turismo, então me mandou aqui para agradá-lo. ― ― Saia do meu quarto, agora mesmo! ― Brendan falou, com os dentes cerrados. Ele achou o cheiro do óleo de fragrância na sala tão pungente que ficou enjoado. Então puxou o lençol para longe da cama. Ele se recusou a dar uma segunda olhada em qualquer coisa que a mulher tinha tocado. ― Vou garantir que você deseje estar morta, se não for embora imediatamente! ― O belo rosto da mulher tornou-se medonho. Ela não estava vestida adequadamente, mas não teve coragem de enrolar, pedindo para colocar as roupas. Entã