Todo o corpo de Deirdre tremia e ela sentiu como se o céu desabasse sobre si, trazendo consigo todo o frio do mundo. ― Não ― ela respirou fundo e disse, com a voz trêmula. Seus olhos ficaram vermelhos e cheios de lágrimas, em uma tentativa de se acalmar, enquanto implorava a Brendan ― eu estou te implorando, Brendan. Não envolva a polícia. Eu concordo com qualquer condição ― ― Não implore a ele! Deirdre! ― Sterling sentiu seu coração apertar de dor. Ele esfregou o cabelo de Deirdre suavemente, sem se preocupar com o olhar frio de Brendan, e disse com determinação na voz ― Vou ser colocado em um centro de detenção por alguns dias. Não é nada sério. De qualquer maneira, eu não me importo. ― Ele olhou para Brendan mais uma vez, com olhos frios:― Nossa sociedade é regida pela lei. Será que ele vai me matar no centro de detenção? ― O olhar de Brendan desviou-se da mão de Sterling, que tocava a mão de Deirdre. Ele sentiu o seu coração tão agitado que precisava bater em alguém.
Gotas frias de suor escorriam pelo rosto de Sterling e ele gemeu em agonia com a dor do caco de vidro perfurando sua carne, profundamente. Andre disse:― Ops ― e riu enquanto puxava a perna para trás ― sinto muito, fui um pouco descuidado. Eu não te machuquei, certo? ― O gerente do restaurante teve dificuldade em controlar a respiração ao ver o caco de vidro penetrando a palma da mão de Sterling. Considerando a situação descabida, o homem, de natureza gentil, pensou em intervir, mas desistiu ao considerar que também ficaria em apuros.Havia apenas confusão nos olhos de Deirdre quando perguntou em voz assustada: ― O que aconteceu? ― ― Nada ― Andre olhou para Sterling e enunciou suas palavras claramente ao dizer ― Sterling se machucou um pouquinho, por causa de seu descuido durante a limpeza. ― ― Ele se machucou? ― A mente de Deirdre ficou em branco. ‘Sterling é médico. Ele não pode se dar ao luxo de machucar as mãos.' Então ela perguntou, agoniada:― Como você está,
‘Ela está admitindo só por causa de Sterling? Ela teve um colapso emocional completo só porque ele foi punido? Isso bastou para que ela confessasse algo que negava até ao custo da própria saúde?’ O peito de Brendan ardia de raiva e ele não fazia ideia do porquê. Ele queria que Deirdre admitisse sua mentira e mirava nesse objetivo específico, mas ficou furioso, no exato momento em que ela finalmente cedeu. Em uma mistura de ódio e triunfo, Brendan agarrou o pulso fino da jovem com um aperto forte o suficiente para quebrar-lhe o braço, se ele assim quisesse:― Então, finalmente, você admite? ― ― Sim. ― Deirdre assentiu. Considerando a situação em que estavam, a jovem não tinha outra escolha a não ser admitir. Sua inocência não era nada comparada ao bem estar de Sterling. Além disso, Brendan nunca acreditaria que ela era inocente, não importa o que acontecesse. ― Eu sabia. Você é desprezível e sem escrúpulos, como esperado ― o monstro estava furioso e seu domínio sobre Deir
Brendan rangeu os dentes. ‘Para ela não importa mais nada do mundo. O bem estar de Sterling é tudo com o que ela se preocupa.’ ― Agora você se arrepende e acha que pode me pedir o que quer que seja? Você deveria ter agido de forma diferente e nada disso teria acontecido. ― Deirdre riu e sentiu a cabeça girar. ‘Você tem razão. Eu deveria ter agido de forma diferente se soubesse que chegaria a isso...’ A noite terminou com a dupla voltando para a mansão de Brendan, onde Deirdre foi deixada, com Brendan dizendo:― Charlene ainda está no hospital. Mas, vou trazê-la para a mansão assim que ela se recuperar. Lembre-se de falar e não finja que ficou muda, quando a hora chegar! ― Brendan foi embora, antes que Deirdre pudesse responder. Quando chegou no hospital, ao abrir a porta, encontrou sua mãe, sentada no sofá do quarto. Sua expressão, quando viu Brendan, foi de desagrado. ― Você chegou na hora certa, Brendan. Acompanhe-me lá fora. Tenho algo para falar com você. ― Madame
‘Deirdre não será capaz de me ofuscar quando eu me mudar para a mansão.’ Um toque de crueldade passou por seus belos olhos e, logo depois, Charlene assentiu, com uma expressão gentil:― Eu não tenho nenhum pedido, exceto que Deirdre não me machuque mais. ― Três dias se passaram sem que Brendan visitasse a mansão. Nesse tempo, a jovem aproveitou para desfrutar de um pouco de paz. Naquele momento, ela se sentava sozinha na espaçosa sala de estar, exatamente como fazia dois anos atrás e a única mudança tinha sido seu estado de espírito. Ela tinha deixado de ser um jasmim branco, esperando o sol nascente, para se tornar uma rosa murcha exalando podridão e fedor. ― Senhora Deirdre ― Sam estivera guardando a porta, todo esse tempo, e observara Deirdre sentada no sofá, atordoada, do nascer ao pôr do sol. Ele sentia muita pena dela e não pôde deixar de puxar conversa com ela ― as flores no quintal floresceram e cheiram muito bem. Gostaria de sair para dar um passeio? Talvez a senhora po
Sam ficou desapontado, quando perguntou:― A senhora não gostou? ― ― Não é isso... ― Deirdre esfregou a cabeça do cachorrinho, que se aproximou dela afetuosamente, para lamber seus dedos ― É que eu não posso ver, então será muito difícil cuidar dele. Além disso, moro na casa de outra pessoa. Como posso manter um animal de estimação, sem a permissão de Brendan? ― ― Então, é com isso que a senhora está preocupada? ― Sam não pôde deixar de rir. ― Não se preocupe. Eu cuidarei das necessidades diárias do filhote. Quanto ao Senhor Brighthall, vou informá-lo, assim que ele se acalmar. É apenas um animal de estimação. Ele não vai se importar. ― ― Por favor, Sam... Não... ― ― Não recuse mais. Na verdade, não posso mais devolver o cachorrinho porque a cachorra da vizinha morreu depois de dar à luz. O vizinho se afastou do cachorrinho com receio de sentir falta da cachorra velha. No entanto, não estou em casa a maior parte do tempo. Se você não quiser, realmente não sei mais o que faze
Os olhos de Brendan se estreitaram e ele ficou com uma expressão muito perigosa no rosto. ‘Ela já está começando a guardar novos segredos, depois de ser deixada sozinha na mansão, por apenas alguns dias.’ ― Deirdre, vou contar até três. Não evoque minha raiva. ― Ela mordeu o lábio inferior, com força. ― Três... dois... ― ― É Bliss! ― ― Bliss!? ― Deirdre percebeu que havia gritado o nome do cachorrinho. Então, ela abriu a caixa, completamente apavorada, e revelou a cabecinha peluda e chorona do filhote. O cachorrinho se aproximou de Deirdre, para cheirá-la. ― É ele. ― Brendan recuou, enojado. Ele era alérgico a cães:― Por que você trouxe isso aqui? Livre-se disso, imediatamente. ― Deirdre mordeu o lábio inferior e não tentou refutar. Em vez disso, envolveu a caixa com os braços, para protegê-la. Brendan zombou:― O que você está fazendo, Deirdre? Você considera isso como sua casa? Você é apenas um cachorro para mim, mas ainda assim, está tentando manter
Brendan não tinha ideia do que tinha mudado no quintal da mansão, mas parecia que algo tinha sido arrancado de seu coração e, movido por um impulso que nem ele conhecia, apenas entrou no carro e foi embora, sem saber para onde e sem avisar o motorista. Quando chegou no prédio da empresa, o segurança perguntou, preocupado: ― Senhor Brighthall. Seu motorista estava lá para buscá-lo. O que aconteceu? ― ― Nada. ― Ele se virou e disse: ― Vamos para o hospital. ― Assim que acordou, Deirdre foi direto verificar a caixa. Bliss estava lá, mas ela não podia ver, então a única opção era tatear o filhote. O cachorro parecia estar dormindo e finalmente ela ouviu que ele roncava, ocasionalmente. O animalzinho foi acordado pela presença de Deirdre e lambeu seus dedos, enquanto latia duas vezes. Deirdre riu, porque o som era realmente adorável. ― Senhora Deirdre ― Sam começava o turno e se sentiu profundamente satisfeito ao encontrar Deirdre sorrindo para Bliss ― você tomou seu café da