Rainha vermelha
Rainha vermelha
Por: Rhamos
prólogo

Desde que nasci fui educada para ser uma perfeita dama perante a sociedade, sem demonstrar aos demais quem realmente sou. Fui criada para ser uma socialite fútil, casada com algum milionário. Mal sabem o monstro que habita dentro de mim.

Não demonstro nem ao meu pai , que é o Don da camorra, minhas verdadeiras intenções. Caso o demonstrasse tentaria me impedir, não aceitaria minhas decisões, de provar a todos que sou capaz de herdar o comando da camorra, dentro da nossa organização machista.

Uso meus atrativos fisicos e a beleza para seduzir meus oponentes, enredado em uma teia a qual eu os manipulo como fantoches. Os deixo acreditar que eles que me seduzem.

Os homens são seres desprezíveis, aos quais o que mais lhe importam são, sua satisfação sexual. Os deixo acreditar que realmente estão me seduzindo, para inflamar ainda mais seu ego masculino, na verdade, quem manda sou eu.

Sou eu quem escolhe, se será meu parceiro sexual ou não. Os uso para meus propósitos depois os descartos.

Para mim, os soldados do meu pai não passam de peças como um xadrez, as quais movimento de acordo com meus planos, preparando dia após dia o grande xeque mate, e assumir o posto no lugar do meu pai.

Vou provar a todo o clã da camorra que sou competente, e assumir o lugar do grande Don Giancarlo Campanaro.

Não permitirei que o vagabundo do meu irmão Dino, assuma como Don. Sem esforço nenhum para isso. Lutarei até o fim contra as tradições arcaicas da nossa organização, que coloca a mulher para o papel de mensageira, contadora dos negócios da nossa organização.

Jogarei pesado para alcançar meu maior anseio. Olho em minha volta verificando todo o aeroporto de Nápoles a procura do meu braço direito, a Laura, analiso alguns homens vestidos de ternos pretos circulando.

Disfarçadamente passo a mão sobre o meu vestido, como se fosse ajeita-lo , verificando se meu punhal e minha arma estão fixos no lugar.

Fico em estado de alerta, qualquer movimento estranho, saco a minha arma. Percorri meus olhos pelo local, a procura de câmeras de seguranças, as quais possam me identificar.

Em um gesto premeditado, retiro os fones de ouvidos conectados aos meus telefone. Pressionando-o para desbloquear, ligo para o chefe dos meus soldados.

- Desligue as câmeras de segurança do aeroporto de Nápoles, o Capodichino. - ordenei de imediato sem esperar que falasse algo

- Mas senhora...- Frederico apelidado por mim de Fred me encheria de perguntas, das quais não estou disposta a responder nenhuma.

- Sem mas, apenas faça o que estou mandando. - rosno, enquanto giro meu pescoço para balançar meus cabelos.

- Sim senhora. - me respondeu em forma de continência pelo seu tom.- Entrarei no sistema e farei.

Desliguei meu telefone, da minha bolsa de mão retirei os óculos escuros, os coloquei para disfarçar evitando que percebam aonde percorrerei meu olhar.

Fixei meus olhos nos movimentos dos homens, meu instinto me alertava a cada segundo que aqueles homens não estão aqui a toa. Me sentei aguardando Laura chegar, cruzei as pernas, os homens a minha volta me olhavam com cobiça.

Avistei Laura adentrando no aeroporto, atraindo a atenção dos homens com seu gesto espalhafatoso, vestida com um vestido preto que lhe acentuada cada curva, os cabelos loiros bem escovados lhe caindo sobre os ombros, suas joias lhe chamavam a atenção reluzentes sobre a iluminação do local.

Parou diante de mim com um sorriso debochado, ergueu lentamente os óculos escuros, me deu uma piscadela. A qual dei pouca importância, minha atenção era nos homens espalhados pelo local.

- Vamos?- me indagou , levando o óculos de volta ao seu rosto.- Não reclame, me atrasei, estava resolvendo um assunto que você me ordenou. - se defendeu antes mesmo que diga alguma coisa.

Me levantei preparada para o que poderia acontecer.

- Está irritadiça por que? - Laura sussurrou

- Observe a sua volta. - disse enquanto me reclinava fingidamente em sua direção, como se algo tivesse caído ao chão

Laura rápida girou ficando ao meu lado, atenta ao movimento dos homens que começaram andar inquietos.

Vindo de um dos portões de desembarque apareceu um homem cabelos castanhos escuros bem alinhados em um tapete, a barba bem aparada rente ao rostos, olhos azuis vestindo um terno preto com a camisa de seda azul celeste.

- Porca miséria( e uma expressão italiana utilizada para demostrar admiração,sentimento profundo,dor,surpresa ou desconforto) que homem lindo. - Laura atrás de mim deixou escapar

- Sossegue. - ralhei pela sua atitude exagerada para não chamar atenção - Não passa de mais um ceo arrogante, que se acha superior a todos. - disse com desprezo o fitando disfarçadamente - Que em breve descobriremos em qual empresa trabalha, e vamos extorqui-lo.

Analisei a nossa volta novamente, percorrendo meus olhos no local.

- Vamos .- a chamei iniciando a minha caminhada em direção a saída.

- Nossa Michela!- Exclamou enquanto andava atrás de mim - Cada dia que passa você se torna ainda mas fria. - se queixou se empenhando em me alcançar, queixas essas que dou a mínima importância.

- Laura. - Parei, me virei para ficar a sua frente - Aonde quero chegar necessita disso. Não me conformarei com o papel que nossa organização machista quer nos dar.- rosnei me deixando cheia de ódio em ter que voltar novamente nesse assunto.

Ela destravou as portas do carro, com um gesto fez um sinal para um dos nossos soldados trazer a minha mala, e colocar no porta mala. Assim que o homem se afastou, entramos no carro.

- Não posso me divertir em quanto isso?- me indagou enquanto dirigia rumo a saída do aeroporto - Você deveria fazer o mesmo. - sugeriu com uma gargalhada maliciosa

- Sei bem aonde quero chegar. - desviei meu rosto encarando a passagem de Nápoles, não prestei atenção em nada do que Laura me falava.

- Rainha vermelha. - Laura me chamou pela forma que mais detesto, e riu ao ver minha cara de poucos amigos com a sua gracinha. - Só assim consigo sua atenção.

- Já lhe disse para não me chamar assim. - grunhiu

- Afinal os soldados tem razão. - insistiu Laura nesse maldito assunto - Você é fria, arrogante, calculista. E destrói seus oponentes quando eles menos esperam, por você seu closet era todo vermelho.

Sorri com a visão simplória, mal sabem o que estou planejando. Os soldados para mim são simples peões aos quais o movimento de acordo com meus interreses, como se fosse um grande jogo de xadrez, a cada movimento premeditado e estratégico me levará ao meu maior desejo. Ser a rainha desse jogo, a qual comandará, todas as outras peças.

- Vamos me diga como foi na Colômbia?- Laura mudou o assunto, seus olhos azuis fixados no meu rosto, de esgueira enquanto dirigia - Espero ser bem recompensada. Sou jovem demais para morrer!- disse em um gesto dramático se fazendo de vítima.- Ainda não aproveitei todos os prazeres que a vida pode me dar.- Laura segurava o riso. - Não quero nem pensar o que Don Campanaro fará comigo se descobrir que estou lhe encobrindo.

- Nunca descobrirá. - afirmei confiante - você será bem recompensada por isso. Na Colômbia foi péssimo, o quartel de Medelin é fiel ao acordo com os Ndrangheta.

- Trouxe algum presente para mim?- me cobrou descaradamente - Espero que não seja vermelho.

Dei um sorriso sem graça, afinal Trouxe um lindo vestido para a Laura, porém é vermelho. A cor me atrai, e algo que chama minha atenção. A grande parte das minhas roupas são vermelhas.

- Não sei por que ainda pergunto. - a vi revirar os olhos - Espero uma quantia generosa na minha conta, dona Michela.

- Pode deixar. - disse enquanto fazia a transferência bancária.

- Espero que desista dessa loucura! - Laura discordava das minhas decisões, apesar de me apoiar em cada movimento que dou.

Avistei a minha frente os portões da nossa mansão, não aceito ser apenas a filha de um mafioso, quero ser a herdeira do comando da máfia, a sucessora do meu pai.

Buscarei meus meios para alcançar meu desejo. Laura parou o carro diante a porta principal, desci do carro observei a mansão , observando cada detalhe da arquitetura da mansão campanaro, passada de geração para geração da família.

A mansão Campanaro fica na ilha de Capri, a ilha encanta turista por causa da sua paisagem acidentada, costa repleta de enseadas e centro comercial que reúne grandes grifes mais sofisticadas do mundo. A mansão faz jus a elegância da ilha,com três andares, piscina de borda infinita,heliporto, duas salas de jantar com vista para o oceano, três suítes Master com closet remodeladas, com mais algumas suítes mais simples, um amplo escritório aonde meu pai faz as principais reuniões com seus capos.

Como em todo castelo há uma hierárquia, no castelo dos campanaro não é diferente. O sucessor direto do meu pai é o vagabundo do meu irmão, com juramento de sangue. Do qual farei desejar nunca ter aceitado.

Me revolta ver o Dino em vez de se esforçar para ser o sucessor do nosso pai, usufruir do status que o sobrenome Campanaro lhe dá, em constantes orgias regadas a bebidas e drogas.

Quem fez todo o treinamento foi eu, me esforcei dia após dia, aprendendo a usar armas, as aulas de lutas marciais. Dino se aproveitou da minha ingenuidade, me colocando para fazer todo treinamento no seu lugar, subornou alguns soldados para confirma que era ele quem estava fazendo.

Até o dia que despertei, e comecei enxergar que estava sendo usada pelo meu querido irmão. O esforço e a dedicação eram meus, quem recebia as recompensas era ele.

Sorridente caminhou em minha direção o Don Campanaro, meu pai. Vi Laura abaixar a cabeça em sinal de respeito, enquanto olhei em sua direção. Seu rosto demonstrava cansaço, suas olheiras denunciavam que passou a noite em claro, seus cabelos grisalhos bem alinhados , seus olhos azuis tinha um brilho diferente misterioso.

- Don Campanaro.- Laura o comprimento mantendo a cabeça baixa

Meu pai assentiu, a tensão que era visível em Laura aos poucos começou a se dissipar.

- Espero que você não resolva mais se esconder de mim. Naquele maldito apartamento, que ainda tacarei fogo.- disse abrindo um sorriso brincalhão- Michela tenho um novo desafio para você. - afirmou papai com um brilho diferente

- Qual seria? - perguntei no auge da minha curiosidade, tentando dissipar a tensão visível no ar - Pai não estava me escondendo, apenas tirei uns dias para descansar. - me aproximei beijando-lhe sua bochecha me defendendo, me deu um sorriso sem jeito, por causa da minha demonstração de carinho perante os soldados. - Te amo, e agradeço o senhor por respeitar, e me permitir esses dias de descanso.

O chefe dos meus soldados se aproximou discretamente, tentando se misturar entre os demais soldados. Para que meu pai não o percebesse, olhei-o de soslaio, fiz um gesto para sair dali. Antes que meu pai pudesse olhar em sua direção, o abracei para desviar sua atenção.

Seguimos para dentro da mansão, com Laura no nosso encalço. Para meu desgosto dei de cara com o vagabundo do meu irmão. O Dino é uma cópia do meu pai mais jovem, com os cabelos castanhos escuros, olhos azuis, a barba bem aparada e rente ao rosto, em compensação puxei a beleza da minha mãe, o gênio e a astúcia do meu pai.

- Olha papai quem resolveu dar o ar da graça.- irônico me encarou

- Diferente de você, eu trabalho para os interesses da camorra. - rosnei me soltando do abraço do meu pai.

Caminhei irritada com a provocação, os meus saltos ecoavam contra o mármore , mostrando a tensão que se instalou no ambiente.

- Se não está satisfeito, ocupe meu lugar, realizando as minhas tarefas.- cuspi as palavras o encarando de frente. Sei perfeitamente que não o fará, Dino quer saber apenas da boa vida.

- Vamos parar com isso. - Meu pai aumentou seu tom de voz, retirou da sua cintura sua arma, deu um tiro para o alto, em uma tentativa fútil de acabar com a nossa rixa.

Ainda não me dei por vencida!

- Michela no escritório agora. - Meu pai ordenou, nos dando as costas, seu tom autoritário e o respeito que tenho por ele me fez o segui-lo.

- Laura me espere no meu quarto. - dei a ordem pouco me importando se iria gostar ou não

De esgueira vi Dino se aproximando dela.

- Estava sentindo sua falta. A sua beleza nessa casa. - parei de caminhar para ouvir, a cantada barata do cafajeste que tenho como irmão. - O que acha de irmos jantar juntos?- a convidou

- Acorda Dino. - me virei para ver o que Laura iria fazer, deu um leve tapinha no rosto do meu irmão, como se faz com uma pessoa desmaiada para acordar.- Nem você se tornando o Don da camorra. - respondeu sarcástica - Me deixarei seduzir por você e suas cantadas de quinta, vá usa-las com suas prostitutas baratas. - deu um sorriso de satisfação ao ouvir suas palavras - Está vendo? - Laura desceu com as mãos pelo corpo o mostrando sensual. - Nesse corpinho aqui você não encosta querido. - disse passando a mão no queixo dele - Limpe a baba querido.- Girou e caminhou em direção às escadas seguindo para o meu quarto.

Voltei para o meu caminho ir ao escritório do meu pai, certamente receber um sermão por enfrentar o Dino. Parei diante da porta, levei minha mão a maçaneta respirei fundo para escutar mais um sermão do meu pai.

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