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Rainha de um Mafioso
Rainha de um Mafioso
Por: CERCIE
Capítulo 1: Sob a Tempestade

A chuva caía em uma melodia constante, ecoando pela cidade quase vazia. Kiara Dubois apertava o casaco contra o corpo magro enquanto caminhava para casa. O frio da noite não era novidade para ela; tampouco a sensação de exaustão após mais um turno no bar onde trabalhava. Seus pés doíam, e ela desejava apenas uma cama quente e um pouco de paz.

O céu estava enegrecido, e os trovões ocasionalmente iluminavam as ruas molhadas. Ela havia aprendido cedo a ser cuidadosa à noite, mas o bairro geralmente era tranquilo. Hoje seria apenas mais uma noite comum, pensou. Mas ao dobrar uma esquina estreita, algo quebrou sua rotina com a força de uma rajada de vento.

À sua frente, cinco homens formavam um círculo em torno de algo que parecia inerte. Não é da minha conta, ela tentou dizer a si mesma. Seus passos hesitaram. Era tarde demais. Uma rajada de vento levantou a aba do casaco de um deles, revelando um brilho metálico de algo que ela não queria identificar. Um dos homens se afastou por um momento, e foi quando Kiara viu: um corpo.

O pânico tomou conta. Seu instinto gritava para correr, mas seus pés estavam congelados no chão. Ela sentiu o sangue drenar de seu rosto. Então, quando finalmente conseguiu se mover, girou para fugir, apenas para colidir com algo – não, alguém.

Era como se tivesse batido em uma parede de concreto. O impacto a desequilibrou, mas antes que pudesse cair, mãos grandes e firmes a seguraram pelos braços. Ela ergueu os olhos, e sua respiração ficou presa na garganta.

O homem à sua frente era enorme, facilmente ultrapassando dois metros de altura, com ombros largos e músculos esculpidos que pareciam ameaçadoramente visíveis mesmo sob as roupas escuras. Mas o que realmente a paralisou foram os olhos âmbar. Eles brilhavam sob a luz fraca do poste, predatórios, avaliando-a como um lobo faria com uma presa vulnerável.

— Parece que uma preciosa ovelhinha viu algo que não devia... — a voz dele era grave, profunda, com um sotaque russo que rolava como trovões distantes.

Kiara tentou se soltar, mas ele a segurou firme, sem machucá-la. Seu toque era quente, em contraste com a frieza da noite.

— Eu... eu não vi nada, eu juro! — ela disse, sua voz tremendo tanto quanto seu corpo.

Os lábios dele curvaram-se em um sorriso frio, um que não alcançou os olhos. Ele inclinou a cabeça, como se analisasse cada palavra.

— Não minta, devotchka. Seus olhos dizem a verdade mesmo quando sua boca tenta escondê-la.

A palavra em russo era desconhecida, mas ela não precisava de uma tradução para entender o significado. Ele a chamou de algo doce, algo que parecia contradizer o perigo que ele exalava.

— Por favor... eu não vou contar nada, eu prometo... — ela implorou, seu tom quase um sussurro.

Ele soltou um riso baixo, que parecia vibrar em seu peito.

— Você acredita mesmo que é tão simples? — Ele aproximou o rosto do dela, seus olhos fixando-se nos dela, como se pudesse ver direto em sua alma. — Você tem duas opções: fingir que nada aconteceu e confiar que eu a deixarei ir em segurança... ou vir comigo, para garantir que sua pequena boca nunca traia ninguém.

Os homens atrás dele começaram a murmurar em russo, mas ela não entendia nada. Tudo o que podia sentir era a tensão no ar, o peso da escolha que ele acabara de colocar sobre ela.

— Eu não quero problemas, — ela murmurou, sem saber se estava pedindo clemência ou tentando acalmar a si mesma.

O sorriso dele se aprofundou, dessa vez com um toque de algo mais quente, quase apreciativo.

— Isso é bom, devotchka. Então venha comigo.

Antes que ela pudesse protestar, ele puxou um casaco pesado de suas costas e o envolveu ao redor dela, protegendo-a da chuva. Seus movimentos eram firmes, mas não brutais. Ele segurou seu braço e a conduziu para uma SUV preta estacionada a poucos metros dali.

— O que você está fazendo? — ela perguntou, a voz mais alta desta vez, a adrenalina finalmente começando a aflorar.

— Garantindo sua segurança, — ele respondeu, sua voz calma como se estivesse discutindo o tempo.

Kiara tentou resistir, mas a força dele era sobre-humana. Não havia escapatória. Quando ele abriu a porta do veículo, ela tentou dar um passo para trás, mas ele foi mais rápido, guiando-a para dentro com uma facilidade irritante.

Ela se viu sentada ao lado dele, enquanto os outros homens entravam na frente e o motorista ligava o motor.

— Quem é você? — ela perguntou, sua voz carregada de medo, mas também de uma curiosidade que não conseguia suprimir.

Ele virou a cabeça em sua direção, os olhos âmbar brilhando com algo que parecia perigoso e encantador ao mesmo tempo.

— Meu nome é Sergey Novikov, devotchka. E você acabou de entrar no meu mundo.

O veículo avançava pela estrada escura, cortando a chuva com o ronco do motor. O cheiro de couro do interior do carro misturava-se com o do frio, criando uma atmosfera tensa e desconfortável. Kiara não sabia se se sentia mais assustada com a situação ou com a presença avassaladora de Sergey ao seu lado. Sua mente estava atordoada, tentando processar o que acabara de acontecer, mas o silêncio no carro parecia denso demais para qualquer tentativa de fuga ou explicação.

Sergey, por outro lado, parecia completamente à vontade. Seus olhos, ainda fixos nela, observavam-na com um interesse distante, como se estivesse decidindo o que fazer com aquela peça no jogo. Kiara sentiu-se pequena, vulnerável, e isso a irritava de uma maneira que não podia controlar. Ela queria gritar, fazer algo para mudar aquele cenário, mas uma parte de si sabia que isso seria inútil.

De repente, o som do movimento de Sergey interrompeu seus pensamentos. Ele se inclinou para a frente, puxando a alça de uma bolsa de couro que estava no banco de trás, ao alcance de sua mão. Era uma bolsa pequena, mas bem trabalhada, com detalhes sutis que a tornavam distinta. Ele a abriu sem pressa, seus dedos ágeis vasculhando o conteúdo como se soubesse exatamente o que procurava. Kiara olhou para ele, confusa, mas antes que pudesse perguntar o que estava fazendo, seus olhos se fixaram na sua bolsa, e ela sentiu um frio correr pela espinha.

Sergey retirou alguns papéis e documentos de dentro da bolsa. Kiara sentiu seu coração bater mais rápido, o pânico se misturando com a ansiedade. Ele estava examinando os papéis com uma calma inquietante, enquanto ela tentava entender o que ele estava procurando.

— O que você está fazendo? — ela perguntou, sua voz carregada de uma ansiedade crescente.

Ele não respondeu de imediato, seus olhos ainda fixos nos documentos que segurava entre os dedos. Quando finalmente ergueu os olhos para ela, seu olhar estava mais afiado, como se tivesse encontrado algo importante.

— Estou tentando descobrir seu nome, — ele disse, sua voz suave, mas com um toque de ameaça. — Porque, devotchka, você já viu demais para continuar com essa ignorância.

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