Kiara acordou cedo no dia seguinte, apesar do cansaço que ainda a envolvia. O quarto estava banhado pela luz suave da manhã, filtrada pelas persianas fechadas. A cama onde ela dormia era incrivelmente confortável, mas nada que fosse capaz de mascarar o desconforto de sua mente, que girava em torno dos eventos da noite anterior. Sergey Novikov. Ele ainda estava em sua cabeça, uma presença constante, sua voz profunda e os olhos âmbar que pareciam enxergar além de sua pele. Cada momento que ela passava naquele lugar, cada segundo em sua presença, parecia intensificar o turbilhão dentro dela. Ela sabia que sua vida, assim como a conhecia, havia mudado para sempre.
Ela olhou para o relógio, percebendo que ainda tinha tempo antes que qualquer coisa acontecesse. Levantou-se devagar, os pés descalços tocando o chão gelado. O quarto era elegante, com uma decoração minimalista que, ao mesmo tempo, parecia impessoal. As paredes brancas, os móveis escuros e modernos, o cheiro sutil de madeira e um leve toque de incenso pairando no ar, tudo parecia perfeitamente planejado, mas nada parecia acolhedor. A mobília moderna contrastava com a grande janela que oferecia uma vista panorâmica da cidade, com seus prédios altos e ruas que pareciam tão distantes agora. A sensação de estar tão longe de casa era palpável, e ela não conseguia afastar o medo do que poderia vir a seguir.
Kiara se aproximou da janela e olhou para fora, tentando se concentrar em algo que não fosse seu destino incerto. A cidade parecia calma, mas ela sabia que, em algum lugar, alguém estava se perguntando onde ela estava. Ela sentia falta de sua rotina, da vida simples que levara até aquela noite. O que aconteceu ontem parecia um pesadelo, mas ela sabia que era muito real. Ela se viu olhando para o homem morto, cercada por homens que pareciam mais sombras do que pessoas. E, em seguida, a presença de Sergey — dominante, implacável. Ele havia a levado para aquele lugar. Para longe de tudo o que ela conhecia.
O som da porta do quarto se abrindo a fez voltar ao presente. Sergey entrou, sem bater, como se a casa fosse sua e ele tivesse direito a cada espaço. Sua figura era imponente à medida que ele se aproximava, mas não havia agressividade em seus passos. Apenas aquela calma de quem controla tudo ao seu redor. Ele entrou como se fosse natural, e o simples fato de sua presença ali parecia preencher o ar de uma maneira que a deixava inquieta.
— Bom dia, devotchka — disse ele, a voz tão profunda quanto da noite anterior. Ele parecia diferente com a luz suave do dia iluminando seus traços, mas os olhos âmbar ainda tinham o mesmo brilho frio. Não havia sorriso, não havia suavidade em seu tom. Ele a observava com uma intensidade que fazia Kiara se sentir exposta, como se ele pudesse ver cada pensamento que passava pela sua mente.
Kiara o encarou, seu estômago revirando. Ela ainda não conseguia se acostumar com a proximidade dele, com o peso de sua presença. Mas, ao mesmo tempo, havia algo nele que a desconcertava. Algo que a desafiava, mas de uma maneira que ela não conseguia identificar. Era uma mistura de medo e uma atração involuntária que ela não queria admitir, mas que se fazia presente. Ela tentou se concentrar em manter a compostura, mas tudo dentro de si parecia em frangalhos.
— Eu não sou sua devotchka — respondeu, tentando manter a firmeza na voz, mas sabia que havia algo em seu tom que traía sua insegurança. As palavras pareciam vazias assim que saíam de sua boca. Ela sabia que a situação estava além do que poderia controlar.
Ele não reagiu imediatamente, observando-a com uma calma que fazia a tensão na sala crescer. Ele apenas assentiu, como se o reconhecimento fosse suficiente.
— Por enquanto, sim. E você está aqui, sob minha responsabilidade. Eu cuido dos meus.
Kiara franziu a testa, tentando esconder a indignação que começou a tomar conta dela. Como ele ousava tratá-la assim? Como se fosse uma propriedade dele, algo que ele pudesse "cuidar"? Mas as palavras dele a martelavam de uma maneira inquietante, e ela sentiu o peso de sua presença dominando qualquer tentativa de resistência.
— Você cuida das pessoas assim? Com um nome e uma promessa vazia? — Ela tentou desafiar sua autoridade, a raiva e o medo se misturando em seu peito. A palavra "vazia" parecia ter tocado algum ponto sensível, porque ele a olhou com mais intensidade, seus olhos brilhando com algo mais. Ele se aproximou lentamente, tão perto que ela pôde sentir seu calor.
— Não é vazio, devotchka — disse ele com uma suavidade perigosa. — Você ainda não entende, mas vai entender logo.
Ela deu um passo para trás, sentindo a parede fria contra as costas. Seus olhos não se desviavam dos dele, e ela viu algo mais ali, algo que ela não queria identificar. Havia um tipo de dor em seu olhar, algo que não se encaixava com o homem que ela conhecia. Uma vulnerabilidade, talvez, mas tão oculta e bem protegida que parecia impossível alcançá-la.
— Você não sabe nada sobre mim — disse ela, tentando manter a calma, mas o medo já começava a se infiltrar em sua voz. Ela sabia que estava lidando com um homem perigoso, alguém cujas ações pareciam ser tão calculadas quanto suas palavras.
Sergey sorriu, um sorriso estranho, quase imperceptível, como se soubesse algo que ela ainda não sabia. Era um sorriso enigmático, que não prometia nada de bom.
— Eu sei mais do que você imagina. — Sua voz era calma, mas havia um toque de mistério. Ele parecia saber exatamente onde queria que a conversa fosse. Ele estava sempre no controle, e isso a deixava ainda mais irritada e impotente.
Os minutos seguintes foram preenchidos apenas pelo som dos talheres e pela tensão no ar. Kiara não sabia como se comportar. A ideia de ficar ali mais tempo parecia insuportável, mas ao mesmo tempo, ela sabia que tentar sair era um risco que não podia correr. A sensação de estar em território desconhecido a deixava sem rumo, sem opções. Qualquer movimento errado poderia ser fatal, e isso a deixava em uma prisão invisível.
— Por que eu? — perguntou ela, sua voz mais suave, mas ainda com um tom de frustração. — Por que você não simplesmente me deixa ir embora?
Sergey não respondeu de imediato. Ele terminou de comer e, então, levantou-se, indo até a janela para olhar a vista. A luz suave da manhã refletia nos vidros da janela, mas não parecia aliviar a dureza de sua presença.
— Eu poderia deixar você ir, mas... o que você faria depois? Você está envolvida em algo que não pode simplesmente apagar. Agora, você pertence a este mundo. — Ele falou com uma frieza quase tangível, como se já tivesse visto milhares de pessoas perderem-se no mesmo labirinto de mentiras e perigos que ele dominava.
Ele se virou para ela, os olhos fixos, como se estivesse medindo cada palavra que ela pronunciava.
— E eu não posso deixar que você desapareça. Não sem saber o que sabe.
Kiara sentiu um frio correr pela espinha. O mundo que ele falava era o mesmo que ela havia visto na noite passada. O corpo. Os homens. O perigo. Agora, ela estava dentro dele. E não havia mais volta. Ela não sabia como, mas algo dentro de si sabia que o que estava prestes a acontecer seria ainda mais desafiador do que qualquer coisa que ela já enfrentara antes.
Ela olhou para Sergey, seu olhar desafiador, mas sabia que não tinha mais controle. Ela estava presa. E ele, de alguma forma, sabia disso. O que mais poderia acontecer? E como ela poderia escapar de um mundo que ele já havia desenhado para ela, sem nem que ela soubesse como entrar nele?
Kiara passou o resto do dia em silêncio, observando a casa que Sergey havia chamado de “refúgio”. Cada corredor, cada cômodo parecia ter sido projetado para ser moderno e impessoal, mas ao mesmo tempo, havia algo de inquietante naquela perfeição. As paredes, de um branco gelado, refletiam a luz das lâmpadas discretas que iluminavam os espaços. O silêncio era opressor, com exceção do som ocasional dos passos de Sergey, que a vigiavam como uma sombra.Ela se sentava na sala, onde o sol estava começando a se esconder atrás dos edifícios da cidade. Estava impaciente, seu corpo nervoso pela tensão no ar, mas não sabia o que mais fazer além de esperar.Sergey não havia lhe dado explicações sobre o que aconteceria a seguir. Nenhuma garantia de segurança, de liberdade, de qualquer coisa que ela realmente quisesse. Ela se sentia como uma prisioneira, mas uma prisioneira com um raro e desconcertante contato com seu captor. Não era apenas o poder dele que a intimidava; havia algo mais, algo que
O sol já havia se posto há horas, mas Kiara ainda não conseguia deixar de olhar pela janela, tentando encontrar alguma forma de entender sua nova realidade. Ela estava presa em uma casa de luxo, cercada por paredes imponentes e câmeras de segurança em todos os cantos. Sergey parecia sempre um passo à frente, como se soubesse exatamente como cada movimento dela seria. E isso a incomodava mais do que qualquer coisa.Desde a conversa com ele naquela tarde, Kiara não tivera mais a chance de falar sobre o que estava acontecendo. Sergey a manteve à distância, dando-lhe tempo para refletir, ou talvez para intensificar o medo que crescia em seu peito. Ela sabia que ele estava esperando algo, mas não sabia o quê. Ele dissera que ela tinha um papel, mas qual? Como uma mulher comum, sem nada de especial, ela não conseguia entender como poderia ser parte de algo tão complexo, tão perigoso.A noite já havia avançado quando a porta do seu quarto se abriu, quebrando o silêncio. Sergey entrou sem faz
A casa estava silenciosa, mas Kiara não conseguia dormir. A cama macia, os lençóis de seda, o luxo em que estava envolvida... tudo isso parecia irreal, como um sonho do qual ela queria acordar. Mas, à medida que a noite avançava, algo nela começava a mudar. O desconforto de estar ali, a sensação de aprisionamento, se misturava com algo mais profundo. Algo mais perigoso.Ela sabia o que era, mas não queria admitir. Havia algo em Sergey Novikov que a atraía, algo sombrio e impenetrável que despertava nela uma curiosidade mórbida. Ele era como uma tempestade que não podia ser evitada — e, apesar do medo que ele causava, ela sentia uma necessidade inexplicável de se aproximar.Não era apenas a autoridade com que ele a tratava, ou a frieza calculista que exalava de cada um de seus gestos. Havia uma intensidade em seu olhar, uma força incontrolável que se misturava com uma calma quase desesperadora. Sergey não se deixava dominar por nada, e isso, por alguma razão, a atraía. Ele não parecia
Kiara ainda sentia o gosto de Sergey em seus lábios, o calor de seu corpo que permanecia em cada centímetro de sua pele. O beijo havia sido como um fogo, rápido e impetuoso, deixando um rastro de ardor em seu peito. Mas, mais do que a intensidade do momento, era a forma como ele a fazia se sentir: totalmente consumida, perdida em algo que não conseguia mais controlar.Ela o observava agora, seus olhos fixos nele, esperando por algo, sem saber exatamente o quê. Sergey se afastou um pouco, mas não o suficiente para perder o contato visual. Ele ainda estava perto, o cheiro de sua pele misturado ao álcool que ele exalava. Ele se inclinou novamente, mas dessa vez, seu toque foi mais suave, mais calculado. As mãos grandes, sempre firmes e imponentes, deslizaram pelo pescoço de Kiara, descendo até seus ombros.O calor de suas mãos fez seu corpo tremer involuntariamente. Ela não conseguia desviar os olhos, como se fosse atraída por um ímã irresistível. Ele não falava, apenas a tocava, tocava
A noite estava imersa em uma quietude carregada de tensão, e Kiara sentia a pressão do ambiente apertando o peito. As ruas estavam vazias, o único som que preenchia o espaço era o suave eco da chuva batendo contra as janelas. Ela estava no limite, entre o que sentia e o que sabia ser perigoso. Sergey, ali, diante dela, era como uma tempestade prestes a explodir, uma presença física e emocional que a envolvia de forma avassaladora.O calor que emanava dele parecia não só físico, mas uma energia que penetrava profundamente nela. A cada passo que ele dava em sua direção, ela sentia uma mistura de apreensão e desejo, uma necessidade inexplicável de se entregar àquela proximidade. O corpo dela respondia a ele com uma força que ela não sabia que possuía, um ímpeto que desafiava todas as suas tentativas de controlar o que estava acontecendo. Ela não podia negar. Algo em Sergey a atraía, algo além da atração física. Era como se ele estivesse desvendando os cantos mais escondidos de seu ser, c
Kiara acordou no dia seguinte com o peso de uma noite carregada de emoções conflitantes. A luz suave da manhã filtrava-se pelas cortinas da janela, tingindo o quarto com um tom dourado e quente. Ela estava sozinha, envolta nos lençóis que ainda exalavam o cheiro dele, a mistura de almíscar e madeira que ficara impregnada em sua pele. Ela não conseguia afastar a sensação de que algo havia mudado entre ela e Sergey, mas o que exatamente? Seus pensamentos estavam confusos, mas o corpo ainda lembrava cada toque, cada momento daquela noite.Levou alguns segundos para que seus olhos se ajustassem completamente à realidade, e ela percebeu que estava no quarto dele, naquela mansão imponente, ainda vestindo a mesma roupa que usara antes de ser puxada para o mundo de Sergey Novikov. Mas o que acontecera entre eles naquela noite? Uma noite onde os limites entre o prazer e o medo se desfizeram, onde cada toque parecia mais uma promessa não dita.Ela tentou se levantar, mas uma dor suave percorreu
A manhã seguinte chegou com uma calma quase desconcertante. Kiara despertou, o corpo pesado e ainda marcado pelos toques de Sergey da noite anterior. O quarto estava imerso em um silêncio profundo, mas dentro dela, as memórias da noite vibravam como uma onda constante. O desejo, misturado com um medo incontrolável, permanecia em seu peito. Ela sentia-se dividida entre o desejo de afastar-se de Sergey e a irresistível necessidade de voltar para ele, de se perder mais uma vez na tempestade que ele representava.Ela levantou-se devagar, o corpo exausto, mas a mente acelerada. As lembranças estavam frescas em sua mente: os sussurros, as carícias intensas e a sensação de que algo mais estava se formando entre eles. Algo que ela não sabia como controlar, algo que a assustava, mas também a atraía de maneira inegável. O medo de se perder era real, mas o prazer que ele proporcionava parecia ser a única coisa que fazia sentido naquele caos.Ao olhar pela janela, Kiara viu a cidade ainda tomada
A madrugada ainda estava distante, mas Kiara sentia o peso da noite se arrastando como uma sombra sobre ela. O som do vento batendo contra a janela era a única coisa que quebrava o silêncio do quarto, onde ela permanecia em pé, observando Sergey com um olhar carregado de sentimentos contraditórios. O homem diante dela era um enigma, uma força que a atraía e a amedrontava ao mesmo tempo.Ele se aproximou dela com passos lentos, como se soubesse exatamente o efeito que causava, como se jogasse um jogo onde ele controlava as regras e ela, apesar de toda a resistência, já estivesse profundamente envolvida.— Você está em conflito, Kiara, — ele disse, sua voz suave, mas carregada de uma intensidade que a fez estremecer. Ele parou a apenas alguns centímetros dela, os olhos âmbar observando-a com uma precisão inquietante. — Eu posso sentir o medo, mas também posso sentir o desejo. Você não consegue negar o que sente.Ela tentou, em vão, esconder o que estava claramente estampado em sua pele.