Kiara passou o resto do dia em silêncio, observando a casa que Sergey havia chamado de “refúgio”. Cada corredor, cada cômodo parecia ter sido projetado para ser moderno e impessoal, mas ao mesmo tempo, havia algo de inquietante naquela perfeição. As paredes, de um branco gelado, refletiam a luz das lâmpadas discretas que iluminavam os espaços. O silêncio era opressor, com exceção do som ocasional dos passos de Sergey, que a vigiavam como uma sombra.
Ela se sentava na sala, onde o sol estava começando a se esconder atrás dos edifícios da cidade. Estava impaciente, seu corpo nervoso pela tensão no ar, mas não sabia o que mais fazer além de esperar.
Sergey não havia lhe dado explicações sobre o que aconteceria a seguir. Nenhuma garantia de segurança, de liberdade, de qualquer coisa que ela realmente quisesse. Ela se sentia como uma prisioneira, mas uma prisioneira com um raro e desconcertante contato com seu captor. Não era apenas o poder dele que a intimidava; havia algo mais, algo que ela não conseguia colocar em palavras. Ele a tratava como se fosse parte de algo muito maior, algo que ela não entendia.
Às vezes, quando olhava para ele, seus olhos não eram os de um homem frio e calculista, mas os de alguém que carregava um peso tão profundo que a assustava. O que ele esconderia por trás daquele sorriso enigmático? Ele sabia que ela tinha medo. E isso, de alguma forma, parecia alimentá-lo.
O som da porta sendo aberta trouxe-a de volta à realidade. Sergey entrou, seus passos ecoando pelo corredor silencioso.
— Temos algo a resolver — disse ele, a voz baixa, mas com uma firmeza que fez Kiara se arrepiar.
Ela o observou, a postura rígida e os olhos desconcertantemente calmos. Ele parecia saber exatamente o que estava fazendo, o que estava pensando. Mas ela? Ela não sabia de nada. Não mais.
— Resolver o quê? — perguntou, a voz carregada de frustração.
Sergey deu um passo à frente, seus olhos fixando os dela com uma intensidade implacável. Ele parecia medir suas palavras, como se estivesse escolhendo o que seria revelado.
— Você viu algo ontem. Algo que não deveria ter visto. E agora, faz parte disso. — Ele fez uma pausa, como se esperasse que ela digerisse aquelas palavras. — Mas você ainda não sabe o que isso significa.
Kiara franziu a testa, tentando compreender a magnitude do que ele dizia.
— O que exatamente significa? Eu já vi algo… mas isso não é motivo para você me manter aqui. Eu não sou parte de nada.
Sergey a observou por um momento, os olhos âmbar reluzindo com uma mistura de paciência e algo mais, algo que ela não podia identificar.
— Você é mais parte disso do que imagina, Kiara. E eu não sou o único que sabe disso.
Aquelas palavras atingiram Kiara como uma bomba, mas não havia tempo para processá-las completamente. Sergey estava a ponto de revelar algo, ela podia sentir.
— O que quer dizer com “não sou o único”? — ela perguntou, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.
Ele se aproximou lentamente, como se quisesse criar uma tensão no ar. O cheiro de seu perfume — algo forte e enigmático, misturado com a presença de madeira e tabaco — envolvia-a. Ela queria recuar, mas sua curiosidade estava mais forte do que o medo.
— Existem pessoas que têm interesse no que você viu. Pessoas que não vão simplesmente deixar você ir embora sem querer algo em troca.
Kiara sentiu a angústia se alastrando por seu peito. O peso daquelas palavras parecia esmagador, e ela não sabia o que temer mais: a ameaça velada ou o que ela mesma começava a entender.
— Então, o que você vai fazer comigo? — Sua voz saiu mais fraca do que ela gostaria.
Sergey a encarou, o semblante sério, mas de alguma forma tranquilo. Ele parecia saber que ela estava em um dilema, que suas opções eram limitadas.
— Eu estou mantendo você segura, Kiara. Há muitos olhos no que aconteceu ontem, e eles não são tão... gentis quanto eu.
A palavra “gentis” soou com um tom sarcástico que não escapou dela. Sergey estava lhe dizendo que, apesar de suas ações, ele não era a maior ameaça. Mas a verdadeira questão era: o que ele queria dela? Por que mantê-la tão perto? Ele parecia se divertir com a incerteza dela, com o poder que tinha sobre a situação.
— Eu não sou uma prisioneira — disse Kiara, tentando firmar sua voz.
Ele sorriu levemente, mas sem humor, como se reconhecesse o esforço dela para se afirmar.
— Claro que não. Mas você está em um lugar onde as opções são... limitadas.
O silêncio entre eles cresceu, e Kiara sentiu o peso da situação se intensificar. Ela não sabia em quem confiar, se poderia confiar em alguém ali. Sergey parecia ser o tipo de homem que sempre estava um passo à frente, e ela não conseguia encontrar um caminho claro para escapar de sua influência.
Mas ela não ia se deixar ser submissa. Não sabia o que o futuro reservava, mas sabia que não iria esperar passivamente. Algo dentro dela estava gritando por uma chance, por uma maneira de recuperar o controle sobre sua vida.
— E o que você espera de mim? — perguntou, de novo. — O que quer realmente, Sergey?
Ele a encarou por alguns segundos antes de responder, como se estivesse pesando suas palavras. Algo na expressão dele, mais uma vez, a fez sentir uma estranha mistura de apreensão e algo... mais.
— Eu espero que você entenda que, agora, você tem um papel a desempenhar nesse jogo. E esse papel não pode ser ignorado.
Kiara sentiu seu estômago apertar. As palavras dele estavam carregadas de uma promessa que ela ainda não conseguia entender. Ele estava sendo claro e, ao mesmo tempo, incrivelmente vago. Mas uma coisa era certa: ela estava envolvida em algo muito maior do que imaginava.
— E o que acontece com as pessoas que não jogam o jogo? — perguntou ela, sua voz desafiadora.
O sorriso de Sergey foi quase imperceptível, mas a frieza nos olhos dele não deixou dúvidas.
— Elas não têm mais a oportunidade de fazer perguntas.
Com um movimento sutil, Sergey se afastou, deixando Kiara para absorver o peso de suas palavras. Ela não sabia o que ele realmente queria, mas sentia que a resposta estava mais perto do que ela imaginava. E o mais aterrador era saber que, talvez, não fosse mais possível sair de sua teia.
O sol já havia se posto há horas, mas Kiara ainda não conseguia deixar de olhar pela janela, tentando encontrar alguma forma de entender sua nova realidade. Ela estava presa em uma casa de luxo, cercada por paredes imponentes e câmeras de segurança em todos os cantos. Sergey parecia sempre um passo à frente, como se soubesse exatamente como cada movimento dela seria. E isso a incomodava mais do que qualquer coisa.Desde a conversa com ele naquela tarde, Kiara não tivera mais a chance de falar sobre o que estava acontecendo. Sergey a manteve à distância, dando-lhe tempo para refletir, ou talvez para intensificar o medo que crescia em seu peito. Ela sabia que ele estava esperando algo, mas não sabia o quê. Ele dissera que ela tinha um papel, mas qual? Como uma mulher comum, sem nada de especial, ela não conseguia entender como poderia ser parte de algo tão complexo, tão perigoso.A noite já havia avançado quando a porta do seu quarto se abriu, quebrando o silêncio. Sergey entrou sem faz
A casa estava silenciosa, mas Kiara não conseguia dormir. A cama macia, os lençóis de seda, o luxo em que estava envolvida... tudo isso parecia irreal, como um sonho do qual ela queria acordar. Mas, à medida que a noite avançava, algo nela começava a mudar. O desconforto de estar ali, a sensação de aprisionamento, se misturava com algo mais profundo. Algo mais perigoso.Ela sabia o que era, mas não queria admitir. Havia algo em Sergey Novikov que a atraía, algo sombrio e impenetrável que despertava nela uma curiosidade mórbida. Ele era como uma tempestade que não podia ser evitada — e, apesar do medo que ele causava, ela sentia uma necessidade inexplicável de se aproximar.Não era apenas a autoridade com que ele a tratava, ou a frieza calculista que exalava de cada um de seus gestos. Havia uma intensidade em seu olhar, uma força incontrolável que se misturava com uma calma quase desesperadora. Sergey não se deixava dominar por nada, e isso, por alguma razão, a atraía. Ele não parecia
Kiara ainda sentia o gosto de Sergey em seus lábios, o calor de seu corpo que permanecia em cada centímetro de sua pele. O beijo havia sido como um fogo, rápido e impetuoso, deixando um rastro de ardor em seu peito. Mas, mais do que a intensidade do momento, era a forma como ele a fazia se sentir: totalmente consumida, perdida em algo que não conseguia mais controlar.Ela o observava agora, seus olhos fixos nele, esperando por algo, sem saber exatamente o quê. Sergey se afastou um pouco, mas não o suficiente para perder o contato visual. Ele ainda estava perto, o cheiro de sua pele misturado ao álcool que ele exalava. Ele se inclinou novamente, mas dessa vez, seu toque foi mais suave, mais calculado. As mãos grandes, sempre firmes e imponentes, deslizaram pelo pescoço de Kiara, descendo até seus ombros.O calor de suas mãos fez seu corpo tremer involuntariamente. Ela não conseguia desviar os olhos, como se fosse atraída por um ímã irresistível. Ele não falava, apenas a tocava, tocava
A noite estava imersa em uma quietude carregada de tensão, e Kiara sentia a pressão do ambiente apertando o peito. As ruas estavam vazias, o único som que preenchia o espaço era o suave eco da chuva batendo contra as janelas. Ela estava no limite, entre o que sentia e o que sabia ser perigoso. Sergey, ali, diante dela, era como uma tempestade prestes a explodir, uma presença física e emocional que a envolvia de forma avassaladora.O calor que emanava dele parecia não só físico, mas uma energia que penetrava profundamente nela. A cada passo que ele dava em sua direção, ela sentia uma mistura de apreensão e desejo, uma necessidade inexplicável de se entregar àquela proximidade. O corpo dela respondia a ele com uma força que ela não sabia que possuía, um ímpeto que desafiava todas as suas tentativas de controlar o que estava acontecendo. Ela não podia negar. Algo em Sergey a atraía, algo além da atração física. Era como se ele estivesse desvendando os cantos mais escondidos de seu ser, c
Kiara acordou no dia seguinte com o peso de uma noite carregada de emoções conflitantes. A luz suave da manhã filtrava-se pelas cortinas da janela, tingindo o quarto com um tom dourado e quente. Ela estava sozinha, envolta nos lençóis que ainda exalavam o cheiro dele, a mistura de almíscar e madeira que ficara impregnada em sua pele. Ela não conseguia afastar a sensação de que algo havia mudado entre ela e Sergey, mas o que exatamente? Seus pensamentos estavam confusos, mas o corpo ainda lembrava cada toque, cada momento daquela noite.Levou alguns segundos para que seus olhos se ajustassem completamente à realidade, e ela percebeu que estava no quarto dele, naquela mansão imponente, ainda vestindo a mesma roupa que usara antes de ser puxada para o mundo de Sergey Novikov. Mas o que acontecera entre eles naquela noite? Uma noite onde os limites entre o prazer e o medo se desfizeram, onde cada toque parecia mais uma promessa não dita.Ela tentou se levantar, mas uma dor suave percorreu
A manhã seguinte chegou com uma calma quase desconcertante. Kiara despertou, o corpo pesado e ainda marcado pelos toques de Sergey da noite anterior. O quarto estava imerso em um silêncio profundo, mas dentro dela, as memórias da noite vibravam como uma onda constante. O desejo, misturado com um medo incontrolável, permanecia em seu peito. Ela sentia-se dividida entre o desejo de afastar-se de Sergey e a irresistível necessidade de voltar para ele, de se perder mais uma vez na tempestade que ele representava.Ela levantou-se devagar, o corpo exausto, mas a mente acelerada. As lembranças estavam frescas em sua mente: os sussurros, as carícias intensas e a sensação de que algo mais estava se formando entre eles. Algo que ela não sabia como controlar, algo que a assustava, mas também a atraía de maneira inegável. O medo de se perder era real, mas o prazer que ele proporcionava parecia ser a única coisa que fazia sentido naquele caos.Ao olhar pela janela, Kiara viu a cidade ainda tomada
A madrugada ainda estava distante, mas Kiara sentia o peso da noite se arrastando como uma sombra sobre ela. O som do vento batendo contra a janela era a única coisa que quebrava o silêncio do quarto, onde ela permanecia em pé, observando Sergey com um olhar carregado de sentimentos contraditórios. O homem diante dela era um enigma, uma força que a atraía e a amedrontava ao mesmo tempo.Ele se aproximou dela com passos lentos, como se soubesse exatamente o efeito que causava, como se jogasse um jogo onde ele controlava as regras e ela, apesar de toda a resistência, já estivesse profundamente envolvida.— Você está em conflito, Kiara, — ele disse, sua voz suave, mas carregada de uma intensidade que a fez estremecer. Ele parou a apenas alguns centímetros dela, os olhos âmbar observando-a com uma precisão inquietante. — Eu posso sentir o medo, mas também posso sentir o desejo. Você não consegue negar o que sente.Ela tentou, em vão, esconder o que estava claramente estampado em sua pele.
A noite estava ainda jovem quando Kiara acordou. Ela não sabia quanto tempo havia se passado desde que adormeceu, mas o ambiente ao seu redor parecia ter mudado. A luz suave da manhã mal penetrava pela janela, filtrada pelas cortinas que balançavam levemente com o vento, mas o cheiro de café fresco no ar era um alívio familiar, um lembrete de que, apesar de tudo, a vida continuava. Mas o peso do que acontecera entre ela e Sergey ainda pairava sobre sua mente, como uma sombra, obscurecendo seus pensamentos. A lembrança das sensações intensas, do prazer avassalador que a consumiu, estava ali, viva em cada fibra de seu corpo. Mas também havia algo mais, uma confusão, um turbilhão de emoções que ela não sabia como processar.Ela se sentou lentamente na cama, os dedos tocando sua pele onde as marcas dos toques dele ainda estavam frescas, como se a cada movimento sentisse a lembrança do prazer, da intensidade, do abandono. O corpo parecia vibrar em sintonia com a memória daquele encontro, m