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Capítulo 5: O Jogo Começa

O sol já havia se posto há horas, mas Kiara ainda não conseguia deixar de olhar pela janela, tentando encontrar alguma forma de entender sua nova realidade. Ela estava presa em uma casa de luxo, cercada por paredes imponentes e câmeras de segurança em todos os cantos. Sergey parecia sempre um passo à frente, como se soubesse exatamente como cada movimento dela seria. E isso a incomodava mais do que qualquer coisa.

Desde a conversa com ele naquela tarde, Kiara não tivera mais a chance de falar sobre o que estava acontecendo. Sergey a manteve à distância, dando-lhe tempo para refletir, ou talvez para intensificar o medo que crescia em seu peito. Ela sabia que ele estava esperando algo, mas não sabia o quê. Ele dissera que ela tinha um papel, mas qual? Como uma mulher comum, sem nada de especial, ela não conseguia entender como poderia ser parte de algo tão complexo, tão perigoso.

A noite já havia avançado quando a porta do seu quarto se abriu, quebrando o silêncio. Sergey entrou sem fazer barulho, como sempre. Seus passos eram quase imperceptíveis, mas sua presença era esmagadora. Kiara se virou rapidamente, como se tivesse esperado por ele, embora tentasse esconder o quanto estava inquieta.

Ele estava com um terno escuro, impecável, seus olhos âmbar brilhando com uma intensidade que parecia penetrar nela. Como sempre, ele exalava uma confiança que parecia impossível de ser desafiada. Ele era o tipo de homem que ninguém questionava, e Kiara estava começando a perceber que questioná-lo poderia ser fatal.

— Está confortável? — perguntou Sergey, sua voz suave, mas com um tom de comando.

Kiara o observou, tentando disfarçar o desconforto que sentia, mas não conseguiu esconder a rigidez de seus ombros.

— Claro — respondeu, a palavra saindo mais amarga do que pretendia. — Confortável no sentido de estar longe de casa e sem saber o que está acontecendo? Sim, estou muito confortável.

Sergey não se ofendeu. Ele simplesmente a observou por um momento, como se estivesse avaliando suas palavras, e depois se aproximou lentamente, sentando-se na poltrona perto da janela.

— Eu sei que você está confusa, Kiara. E entendo que a situação seja desconcertante. Mas a verdade é que, agora, você faz parte de um mundo que não pode mais ser ignorado.

Kiara deu um passo à frente, suas mãos firmes ao lado de seu corpo, o olhar desafiador.

— Eu não pedi por isso. Eu só queria voltar para casa, Sergey. Não sou parte de nenhum jogo. Não sou uma peça em seu tabuleiro. Eu sou... uma pessoa normal. Você não pode me obrigar a ser algo que não sou.

Sergey levantou os olhos lentamente, observando-a com uma expressão difícil de ler.

— Você não entende o que está dizendo, Kiara. O jogo já começou, e você não pode sair dele. Não agora.

Ele se levantou e caminhou até ela, sua presença imponente fazendo Kiara recuar instintivamente, mas ela se manteve firme. Ele parou à sua frente, seus olhos intensos fixos nos dela.

— Eu não sou um monstro, — ele disse, sua voz mais baixa, quase suave. — Eu estou tentando protegê-la. Não estou fazendo isso por prazer, Kiara. Se fosse por prazer, você já estaria longe de tudo isso, longe de mim.

Kiara tentou processar suas palavras, mas tudo parecia tão nebuloso. O que ele queria dizer com isso? Ele não parecia genuíno, mas a dúvida se infiltrava em sua mente. Talvez houvesse algo mais por trás de sua obsessão, algo que ela ainda não conseguia ver.

— Protegendo de quê? — ela perguntou, a voz mais calma agora, embora ainda cheia de frustração. — O que você quer de mim, Sergey?

Ele ficou em silêncio por um momento, como se a pergunta o surpreendesse. Então, seus lábios se curvaram levemente, mas não com um sorriso. Era algo mais sutil, mais como uma constatação.

— Eu preciso de você, Kiara. Não apenas para manter as aparências, mas porque você é a chave para algo muito maior do que você imagina. Você viu o que não devia ter visto, e por isso, você agora carrega o peso disso.

Ela sentiu o ar ficar mais denso, seu estômago se revirando com a percepção de que suas palavras estavam carregadas de um significado profundo, mas oculto.

— Eu não sou uma chave, Sergey. Não sou ninguém importante. Eu só vi um corpo. Só isso.

Ele a encarou intensamente, sem dizer nada. O silêncio entre eles se estendeu por alguns segundos, até que ele finalmente falou, com a mesma calma de antes, mas agora havia uma tensão crescente na sua voz.

— Você não entende o que está acontecendo aqui. O corpo que você viu não é um simples acidente. E os homens envolvidos... bem, digamos apenas que eles não vão parar até que tudo o que você sabe desapareça. Até que você desapareça.

As palavras dele caíram como uma pedra no fundo de seu peito. A verdade, pela primeira vez, parecia clara. Ela não estava ali por acidente. Ela estava ali porque era uma testemunha. Uma peça no quebra-cabeça de algo muito maior do que ela imaginava.

— E o que você espera de mim? — perguntou Kiara, a voz trêmula, mas sem perder o controle.

Sergey a observou, como se avaliasse o momento exato de responder. Ele deu um passo mais próximo, seu olhar ainda fixo nos dela.

— Eu espero que você tome uma decisão. Porque, em breve, você terá que escolher entre se tornar uma parte ativa deste mundo... ou ser eliminada dele.

Aquelas palavras a atingiram com força, mais do que qualquer coisa que ele tivesse dito até agora. A escolha estava diante dela, e Kiara sentiu uma onda de pânico misturada com algo que ela não sabia identificar. O que seria pior? Permanecer sob o controle de Sergey, ou tentar escapar e enfrentar os perigos de um mundo do qual não fazia parte?

Sergey não esperou por sua resposta. Em vez disso, ele se virou e caminhou até a porta.

— Amanhã será o dia em que você decidirá. Prepare-se, Kiara. Sua vida, do jeito que você a conhecia, já acabou.

E com isso, ele desapareceu pela porta, deixando-a sozinha em um mundo de sombras e escolhas difíceis.

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