O sol já havia se posto há horas, mas Kiara ainda não conseguia deixar de olhar pela janela, tentando encontrar alguma forma de entender sua nova realidade. Ela estava presa em uma casa de luxo, cercada por paredes imponentes e câmeras de segurança em todos os cantos. Sergey parecia sempre um passo à frente, como se soubesse exatamente como cada movimento dela seria. E isso a incomodava mais do que qualquer coisa.
Desde a conversa com ele naquela tarde, Kiara não tivera mais a chance de falar sobre o que estava acontecendo. Sergey a manteve à distância, dando-lhe tempo para refletir, ou talvez para intensificar o medo que crescia em seu peito. Ela sabia que ele estava esperando algo, mas não sabia o quê. Ele dissera que ela tinha um papel, mas qual? Como uma mulher comum, sem nada de especial, ela não conseguia entender como poderia ser parte de algo tão complexo, tão perigoso.
A noite já havia avançado quando a porta do seu quarto se abriu, quebrando o silêncio. Sergey entrou sem fazer barulho, como sempre. Seus passos eram quase imperceptíveis, mas sua presença era esmagadora. Kiara se virou rapidamente, como se tivesse esperado por ele, embora tentasse esconder o quanto estava inquieta.
Ele estava com um terno escuro, impecável, seus olhos âmbar brilhando com uma intensidade que parecia penetrar nela. Como sempre, ele exalava uma confiança que parecia impossível de ser desafiada. Ele era o tipo de homem que ninguém questionava, e Kiara estava começando a perceber que questioná-lo poderia ser fatal.
— Está confortável? — perguntou Sergey, sua voz suave, mas com um tom de comando.
Kiara o observou, tentando disfarçar o desconforto que sentia, mas não conseguiu esconder a rigidez de seus ombros.
— Claro — respondeu, a palavra saindo mais amarga do que pretendia. — Confortável no sentido de estar longe de casa e sem saber o que está acontecendo? Sim, estou muito confortável.
Sergey não se ofendeu. Ele simplesmente a observou por um momento, como se estivesse avaliando suas palavras, e depois se aproximou lentamente, sentando-se na poltrona perto da janela.
— Eu sei que você está confusa, Kiara. E entendo que a situação seja desconcertante. Mas a verdade é que, agora, você faz parte de um mundo que não pode mais ser ignorado.
Kiara deu um passo à frente, suas mãos firmes ao lado de seu corpo, o olhar desafiador.
— Eu não pedi por isso. Eu só queria voltar para casa, Sergey. Não sou parte de nenhum jogo. Não sou uma peça em seu tabuleiro. Eu sou... uma pessoa normal. Você não pode me obrigar a ser algo que não sou.
Sergey levantou os olhos lentamente, observando-a com uma expressão difícil de ler.
— Você não entende o que está dizendo, Kiara. O jogo já começou, e você não pode sair dele. Não agora.
Ele se levantou e caminhou até ela, sua presença imponente fazendo Kiara recuar instintivamente, mas ela se manteve firme. Ele parou à sua frente, seus olhos intensos fixos nos dela.
— Eu não sou um monstro, — ele disse, sua voz mais baixa, quase suave. — Eu estou tentando protegê-la. Não estou fazendo isso por prazer, Kiara. Se fosse por prazer, você já estaria longe de tudo isso, longe de mim.
Kiara tentou processar suas palavras, mas tudo parecia tão nebuloso. O que ele queria dizer com isso? Ele não parecia genuíno, mas a dúvida se infiltrava em sua mente. Talvez houvesse algo mais por trás de sua obsessão, algo que ela ainda não conseguia ver.
— Protegendo de quê? — ela perguntou, a voz mais calma agora, embora ainda cheia de frustração. — O que você quer de mim, Sergey?
Ele ficou em silêncio por um momento, como se a pergunta o surpreendesse. Então, seus lábios se curvaram levemente, mas não com um sorriso. Era algo mais sutil, mais como uma constatação.
— Eu preciso de você, Kiara. Não apenas para manter as aparências, mas porque você é a chave para algo muito maior do que você imagina. Você viu o que não devia ter visto, e por isso, você agora carrega o peso disso.
Ela sentiu o ar ficar mais denso, seu estômago se revirando com a percepção de que suas palavras estavam carregadas de um significado profundo, mas oculto.
— Eu não sou uma chave, Sergey. Não sou ninguém importante. Eu só vi um corpo. Só isso.
Ele a encarou intensamente, sem dizer nada. O silêncio entre eles se estendeu por alguns segundos, até que ele finalmente falou, com a mesma calma de antes, mas agora havia uma tensão crescente na sua voz.
— Você não entende o que está acontecendo aqui. O corpo que você viu não é um simples acidente. E os homens envolvidos... bem, digamos apenas que eles não vão parar até que tudo o que você sabe desapareça. Até que você desapareça.
As palavras dele caíram como uma pedra no fundo de seu peito. A verdade, pela primeira vez, parecia clara. Ela não estava ali por acidente. Ela estava ali porque era uma testemunha. Uma peça no quebra-cabeça de algo muito maior do que ela imaginava.
— E o que você espera de mim? — perguntou Kiara, a voz trêmula, mas sem perder o controle.
Sergey a observou, como se avaliasse o momento exato de responder. Ele deu um passo mais próximo, seu olhar ainda fixo nos dela.
— Eu espero que você tome uma decisão. Porque, em breve, você terá que escolher entre se tornar uma parte ativa deste mundo... ou ser eliminada dele.
Aquelas palavras a atingiram com força, mais do que qualquer coisa que ele tivesse dito até agora. A escolha estava diante dela, e Kiara sentiu uma onda de pânico misturada com algo que ela não sabia identificar. O que seria pior? Permanecer sob o controle de Sergey, ou tentar escapar e enfrentar os perigos de um mundo do qual não fazia parte?
Sergey não esperou por sua resposta. Em vez disso, ele se virou e caminhou até a porta.
— Amanhã será o dia em que você decidirá. Prepare-se, Kiara. Sua vida, do jeito que você a conhecia, já acabou.
E com isso, ele desapareceu pela porta, deixando-a sozinha em um mundo de sombras e escolhas difíceis.
A casa estava silenciosa, mas Kiara não conseguia dormir. A cama macia, os lençóis de seda, o luxo em que estava envolvida... tudo isso parecia irreal, como um sonho do qual ela queria acordar. Mas, à medida que a noite avançava, algo nela começava a mudar. O desconforto de estar ali, a sensação de aprisionamento, se misturava com algo mais profundo. Algo mais perigoso.Ela sabia o que era, mas não queria admitir. Havia algo em Sergey Novikov que a atraía, algo sombrio e impenetrável que despertava nela uma curiosidade mórbida. Ele era como uma tempestade que não podia ser evitada — e, apesar do medo que ele causava, ela sentia uma necessidade inexplicável de se aproximar.Não era apenas a autoridade com que ele a tratava, ou a frieza calculista que exalava de cada um de seus gestos. Havia uma intensidade em seu olhar, uma força incontrolável que se misturava com uma calma quase desesperadora. Sergey não se deixava dominar por nada, e isso, por alguma razão, a atraía. Ele não parecia
Kiara ainda sentia o gosto de Sergey em seus lábios, o calor de seu corpo que permanecia em cada centímetro de sua pele. O beijo havia sido como um fogo, rápido e impetuoso, deixando um rastro de ardor em seu peito. Mas, mais do que a intensidade do momento, era a forma como ele a fazia se sentir: totalmente consumida, perdida em algo que não conseguia mais controlar.Ela o observava agora, seus olhos fixos nele, esperando por algo, sem saber exatamente o quê. Sergey se afastou um pouco, mas não o suficiente para perder o contato visual. Ele ainda estava perto, o cheiro de sua pele misturado ao álcool que ele exalava. Ele se inclinou novamente, mas dessa vez, seu toque foi mais suave, mais calculado. As mãos grandes, sempre firmes e imponentes, deslizaram pelo pescoço de Kiara, descendo até seus ombros.O calor de suas mãos fez seu corpo tremer involuntariamente. Ela não conseguia desviar os olhos, como se fosse atraída por um ímã irresistível. Ele não falava, apenas a tocava, tocava
A noite estava imersa em uma quietude carregada de tensão, e Kiara sentia a pressão do ambiente apertando o peito. As ruas estavam vazias, o único som que preenchia o espaço era o suave eco da chuva batendo contra as janelas. Ela estava no limite, entre o que sentia e o que sabia ser perigoso. Sergey, ali, diante dela, era como uma tempestade prestes a explodir, uma presença física e emocional que a envolvia de forma avassaladora.O calor que emanava dele parecia não só físico, mas uma energia que penetrava profundamente nela. A cada passo que ele dava em sua direção, ela sentia uma mistura de apreensão e desejo, uma necessidade inexplicável de se entregar àquela proximidade. O corpo dela respondia a ele com uma força que ela não sabia que possuía, um ímpeto que desafiava todas as suas tentativas de controlar o que estava acontecendo. Ela não podia negar. Algo em Sergey a atraía, algo além da atração física. Era como se ele estivesse desvendando os cantos mais escondidos de seu ser, c
Kiara acordou no dia seguinte com o peso de uma noite carregada de emoções conflitantes. A luz suave da manhã filtrava-se pelas cortinas da janela, tingindo o quarto com um tom dourado e quente. Ela estava sozinha, envolta nos lençóis que ainda exalavam o cheiro dele, a mistura de almíscar e madeira que ficara impregnada em sua pele. Ela não conseguia afastar a sensação de que algo havia mudado entre ela e Sergey, mas o que exatamente? Seus pensamentos estavam confusos, mas o corpo ainda lembrava cada toque, cada momento daquela noite.Levou alguns segundos para que seus olhos se ajustassem completamente à realidade, e ela percebeu que estava no quarto dele, naquela mansão imponente, ainda vestindo a mesma roupa que usara antes de ser puxada para o mundo de Sergey Novikov. Mas o que acontecera entre eles naquela noite? Uma noite onde os limites entre o prazer e o medo se desfizeram, onde cada toque parecia mais uma promessa não dita.Ela tentou se levantar, mas uma dor suave percorreu
A manhã seguinte chegou com uma calma quase desconcertante. Kiara despertou, o corpo pesado e ainda marcado pelos toques de Sergey da noite anterior. O quarto estava imerso em um silêncio profundo, mas dentro dela, as memórias da noite vibravam como uma onda constante. O desejo, misturado com um medo incontrolável, permanecia em seu peito. Ela sentia-se dividida entre o desejo de afastar-se de Sergey e a irresistível necessidade de voltar para ele, de se perder mais uma vez na tempestade que ele representava.Ela levantou-se devagar, o corpo exausto, mas a mente acelerada. As lembranças estavam frescas em sua mente: os sussurros, as carícias intensas e a sensação de que algo mais estava se formando entre eles. Algo que ela não sabia como controlar, algo que a assustava, mas também a atraía de maneira inegável. O medo de se perder era real, mas o prazer que ele proporcionava parecia ser a única coisa que fazia sentido naquele caos.Ao olhar pela janela, Kiara viu a cidade ainda tomada
A madrugada ainda estava distante, mas Kiara sentia o peso da noite se arrastando como uma sombra sobre ela. O som do vento batendo contra a janela era a única coisa que quebrava o silêncio do quarto, onde ela permanecia em pé, observando Sergey com um olhar carregado de sentimentos contraditórios. O homem diante dela era um enigma, uma força que a atraía e a amedrontava ao mesmo tempo.Ele se aproximou dela com passos lentos, como se soubesse exatamente o efeito que causava, como se jogasse um jogo onde ele controlava as regras e ela, apesar de toda a resistência, já estivesse profundamente envolvida.— Você está em conflito, Kiara, — ele disse, sua voz suave, mas carregada de uma intensidade que a fez estremecer. Ele parou a apenas alguns centímetros dela, os olhos âmbar observando-a com uma precisão inquietante. — Eu posso sentir o medo, mas também posso sentir o desejo. Você não consegue negar o que sente.Ela tentou, em vão, esconder o que estava claramente estampado em sua pele.
A noite estava ainda jovem quando Kiara acordou. Ela não sabia quanto tempo havia se passado desde que adormeceu, mas o ambiente ao seu redor parecia ter mudado. A luz suave da manhã mal penetrava pela janela, filtrada pelas cortinas que balançavam levemente com o vento, mas o cheiro de café fresco no ar era um alívio familiar, um lembrete de que, apesar de tudo, a vida continuava. Mas o peso do que acontecera entre ela e Sergey ainda pairava sobre sua mente, como uma sombra, obscurecendo seus pensamentos. A lembrança das sensações intensas, do prazer avassalador que a consumiu, estava ali, viva em cada fibra de seu corpo. Mas também havia algo mais, uma confusão, um turbilhão de emoções que ela não sabia como processar.Ela se sentou lentamente na cama, os dedos tocando sua pele onde as marcas dos toques dele ainda estavam frescas, como se a cada movimento sentisse a lembrança do prazer, da intensidade, do abandono. O corpo parecia vibrar em sintonia com a memória daquele encontro, m
O amanhecer ainda não havia tocado a cidade quando Kiara acordou. O quarto estava mergulhado em uma escuridão densa, quebrada apenas pelas lâmpadas suaves que delineavam as sombras da mobília. Ela se sentou na cama, os dedos pressionando sua testa, tentando afastar a dor que ainda ressoava em seu corpo. Cada parte dela parecia marcada pelas mãos de Sergey, pela força de seus toques, pelos sussurros carregados de promessas que ainda ecoavam em sua mente.Ela não sabia o que fazer com esses sentimentos conflitantes que surgiam a cada olhar dele, a cada palavra que ele dizia. Parte dela queria ignorar, afastar a intensidade, mas havia algo irresistível sobre ele, algo que a atraía e a destruía ao mesmo tempo. Ele não era apenas um homem comum; era como se fosse parte de um mundo diferente, um mundo do qual ela não podia escapar, mas ao qual também não queria se opor.A porta do quarto se abriu, e Sergey entrou, seus passos silenciosos no chão de madeira polida. Ele estava impecável, como