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RENASCIDA: Nos Braços do Meu Inimigo
RENASCIDA: Nos Braços do Meu Inimigo
Por: jeopside
Capitulo 01: Um último suspiro.

O cheiro de ferro e suor impregnava o ar abafado. O frio do chão de pedra contrastava com o calor pegajoso do sangue que escorria lentamente da testa de Jade, deslizando por sua pele pálida. Os pulsos estavam amarrados com cordas ásperas que cravavam na carne, provocando uma dor surda e constante. Uma venda negra cobria seus olhos, mergulhando-a em uma escuridão opressora. Tudo o que restava era o som. Passos ecoando, o tilintar de lâminas afiadas e sorrisos abafados pelo rancor.

O coração dela batia com uma fúria descompassada, lutando para manter alguma sanidade. O gosto metálico na boca lembrava que já havia gritado demais. O silêncio, agora, era sua única arma.

"Que fofa, ela ainda acha que vai conseguir escapar", disse uma voz feminina, cortando o ar como uma lâmina. Doce como veneno, carregada de escárnio.

A venda foi arrancada de seu rosto com um puxão brusco. A luz crua da tocha atingiu seus olhos sensíveis, forçando Jade a piscar até a visão se ajustar. Quando finalmente enxergou, o choque a golpeou com mais força do que qualquer tortura física poderia.

Helena.

Ela estava ali, em pé, com um sorriso satisfeito curvando seus lábios perfeitos. Seus longos cabelos ruivos caíam como cascatas de fogo sobre seus ombros, e seus olhos cor de mel, penetrantes e frios, brilhavam com algo que Jade nunca havia visto antes: uma mistura de prazer e loucura. O rosto impecável estava maquiado como se fosse para um evento, não para uma cena de horror.

"Surpresa?" Helena se aproximou, inclinando-se para sussurrar perto do ouvido de Jade. "Sempre foi você, não é? A favorita. A adorada. Mas veja só agora... quem está no controle?"

Jade quis falar, mas a garganta seca e a dor pulsante não permitiram. Seus olhos buscaram uma saída, qualquer sinal de salvação, mas o que encontrou foi algo ainda pior.

Julie, sua irmãzinha, estava ali, caída no chão frio, os olhos vítreos fixos no nada. O sangue formava uma poça ao redor de seu corpo frágil, tingindo a pedra de um vermelho cruel. Jade tentou gritar, mas só um soluço rouco escapou.

"Oh, não chore agora, Jade", zombou Helena, segurando o rosto dela com uma mão fria e cruel. "Ela foi um lembrete de que tudo que você ama pode ser tirado de você... assim."

“Des… graçada…” Jade sussurrou, sua voz rouca se desfazendo por um fio.

O mundo de Jade desabou. O som do riso de Helena se misturava com o zumbido em seus ouvidos. Ela mal percebeu os homens sombrios ao lado da amiga traidora, seus olhares vazios e sorrisos lascivos. Eles a puxaram com brutalidade, arrastando-a como se fosse nada além de um fardo. O inferno continuou.

Quando finalmente a largaram, Jade era apenas um eco do que havia sido. Não havia mais orgulho, nem forças. Só dor. E raiva.

Helena se aproximou uma última vez, segurando uma adaga com um brilho prateado, refletindo o fogo das tochas e o desespero nos olhos de Jade.

"Sabe o que é mais engraçado?" Helena sussurrou, inclinando-se para perto. "Ele nunca te amou. Viktor... ele te tolerava. Eu sou quem ele deveria ter escolhido."

O golpe veio rápido. O metal frio rasgou o abdômen de Jade, e a dor foi tão intensa que ela não conseguiu gritar. O sangue quente jorrou, manchando o chão já saturado. Helena segurou seus cabelos ensanguentados, erguendo sua cabeça para que seus olhos se encontrassem uma última vez.

"Agora você é só uma memória", murmurou Helena, deslizando a lâmina pelo pescoço de Jade com precisão, um sorriso psicótico estampado no rosto.

O mundo começou a desaparecer. Ela não sabia quanto tempo havia se passado, mas escutou os saltos altos de Helena batendo freneticamente contra o chão, os passos tornando-se cada vez mais distantes, até sumirem por completo. O som ficou abafado, a luz se esvaiu e o único eco que permaneceu foi uma voz distante, desesperada, gritando seu nome:

"JADE!"

A voz de Viktor.

E então... silêncio.

.....

Não era o fim.

Jade ofegou, o ar invadindo seus pulmões como uma lâmina afiada. Seus olhos se abriram abruptamente, fixos no teto escuro acima dela. O espaço era apertado, claustrofóbico. Madeira fria ao redor. Um caixão.

Ela tentou se mover, mas o corpo estava rigido, dormente. Com esforço, virou a cabeça para o lado. Seus olhos antes azuis agora estavam negros como a própria noite, refletindo um vazio profundo e desconhecido.

E lá estava ele. Viktor Morvane.

Sentado em uma cadeira simples, com o rosto enterrado nas mãos, o corpo tenso e rígido. Ele ergueu o olhar lentamente, seus olhos cinzentos encontrando os dela com uma intensidade feroz. Não havia surpresa, apenas uma dor crua e uma fúria contida.

Ele se levantou, aproximando-se do caixão sem dizer uma palavra. O silêncio entre eles era ensurdecedor, cheio de tudo o que nunca foi dito. Ele a observou por um longo momento, os olhos vazios, mas carregados de algo que Jade não conseguia entender.

Então, ele falou:

"Eles vão pagar por tudo. Todos eles."

Sem esperar por uma resposta, ele se virou e saiu, a porta se fechando com um estrondo atrás dele, deixando Jade sozinha, envolta pelo cheiro levemente amadeirado e sangue seco.

Confusão. Raiva. Dor. Um novo fogo queimando dentro dela.

Ela não estava morta. E, de alguma forma, isso era só o começo.

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