REFÉM DE UM MAGNATA
REFÉM DE UM MAGNATA
Por: Liliene Mira
Prólogo

— O que você quer comigo, Jonas? — Pergunto a ele mais uma vez em italiano, já acomodada no banco do carro.

Confesso que estou bastante preocupada e com medo, não o conheço, entrei nesse carro contra a minha vontade.

Eu estava na minha, mexendo em meu celular, a boate estava cheia, mas, eu não estava a fim de dançar.

Foi quando Jonas se aproximou de mim, jogando todo seu charme, tentei resistir, no entanto, é difícil resistir quando um cara faz você se sentir a mulher mais linda do mundo.

Pensando bem, só agora notei o quanto estou carente, se eu tivesse olhado bem pra ele, veria o quão fingindo ele é.

O deixei me guiar entre a multidão, achei que estávamos indo para um lugar mais reservado.

Eu queria beijar na boca, faz tempo que não sei o que é isso.

Quando notei que tínhamos saído da boate, comecei a ficar em pânico.

— Onde você está me levando? — Pergunto tentando disfarçar o medo com a raiva.

Naquele momento lembrei-me de minha mãe, ela achava que eu estava no meu pequeno apartamento estudando.

Quando recebi uma bolsa para estudar administração em Roma, na Itália, não pensei duas vezes, sempre foi meu sonho e o sonho da minha mãe.

Ela trabalhou duro para que eu estivesse nesse país e sempre quando dá, ela manda algum dinheiro para mim e eu mando para ela também.

Trabalho como babá temporária, o dinheiro é bom e o melhor, não me atrapalha nos estudos.

Depois de tanto tempo, hoje, foi à primeira vez desde que cheguei que saí para me divertir.

Calm si sarà già sapere (Calma que você já vai saber). — Ele réplica em italiano, me fazendo ficar com mais medo.

Ele não espera a minha resposta e continua me puxando pela mão, eu tento resistir, mas nada adianta.

Um carro utilitário preto estaciona e ele literalmente me jogar dentro do carro. O veículo começa a andar e meu coração parece que vai sair pela boca de tanto medo que estou.

— Onde você está me levando? — Já acomodada no carro, pergunto a ele novamente.

— De onde você é? Você não é italiana, isso está bem claro para mim. A verdade é que seu sotaque te denúncia. — Ele diz com um sorriso zombeteiro.

— Não é da sua conta. — Respondo com raiva.

— Brasileira? Maravilha. — Ele diz, batendo palmas. — Si dice che il Brasile ha la passione, Verità? (Dizem que as brasileiras têm paixão, verdade?) — As palavras em italiano sumiam de minha mente, então preferir ficar em silêncio. — Não vai responder? — Ele pergunta em português, me fazendo ficar surpresa. — Não fique surpresa minha cara, eu sei falar um pouco do português, não é dos melhores, mas, eu sei.

— Onde você está me levando? O que você quer comigo? — Ele fica calado e lança sobre mim um olhar malicioso. — Não faço sexo com alguém que acabei de conhecer. Digo a ele com raiva.

Na verdade, ainda não fiz com ninguém.

— Não foi o que me pareceu agora a pouco. — Ele diz torcendo a boca em um sorriso de desprezo.

— Beijar alguém nunca fez mal a ninguém.

— Já que é assim. Ele tira o cinto de segurança dele e avança sobre mim e me beija.

Um beijo duro, que machuca meus lábios, eu tento resistir, mas a língua dele é insistente, então deixo sua língua entrar em minha boca.

Na primeira oportunidade mordo a boca dele, o fazendo gemer de dor.

Sinto o gosto do sangue dele e o empurro com toda força, o afastando de mim. Tudo isso só me fez ficar com mais raiva dele.

— Você se enganou quando disse que beijar não faz mal.

Esse homem tem um senso de humor horrível.

Volto a mim quando ele estaciona o carro em uma praça com pouco movimento.

Acredito que já passa das três da manhã.

Quando faço que vou sair, ele agarra meu braço, me impedindo de descer do carro.

— Quero que você leve essa pasta para mim, lá naquele prédio. — Ele abaixa o vidro do carro e aponta um edifício enorme, mais ou menos uns vinte metros de distância. Parece um hotel de luxo.

— Eu não vou a lugar nenhum. Leve você mesmo sua pasta. Além do mais, deve ser mais de três da manhã, não deve ter ninguém. — Digo a ele cruzando meus braços.

— É um hotel, sempre tem alguém acordado, eu levaria, mas não dá.

Como pensei, um hotel.

— O que eu tenho que ver com isso? Você me sequestrou, ainda quer a minha ajuda? Deixe-me ir que não irei te denunciar a polícia. — Ele parecia achar graça de mim. Idiota. ­­— Ainda tenho que estudar para uma prova, Jonas. Quando faço que vou sair novamente, ele prende uma algema prateada em meu braço, gelei na hora.

Noto que a algema também está presa á pasta.

Porra, onde foi que eu me meti?

— Como pode fazer isso? Me solte. Ordeno a ele desesperada.

— Você não me deu outra opção. Quando tudo estiver terminado, você pode ir embora, te dou minha palavra. — Ele pegou um pedaço de papel, não sei de onde ele tirou, escreveu alguma coisa e colocou dentro da pasta e a fechou. — Você vai chegar na recepção e dizer que deseja entregar a pasta a Andrew Castillo, a mando de Jonas Vitello, lá eles dirão o que você deve fazer.

— E a chave da algema? — Pergunto não conseguindo conter as lágrimas.

— Está com Andrew.

Eu estou com medo, muito medo, mas não posso demonstrar, esse homem parecia estar brincando com minha cara.

ESSE DESGRAÇADO. Grito em minha mente.

Limpei as lágrimas do meu rosto e saí do carro sem dirigir mais nenhuma palavra a ele.

Ajeitei minha saia, meu Cropped e caminhei até o prédio.

Visto do carro, o prédio me pareceu muito mais perto, mas, caminhando em cima de um salto alto, não é nada agradável.

Quando estava me aproximando, olhei para cima e li o nome; Hotel Andrew Castillo, escrito na fachada do enorme prédio.

Engoli em seco, nunca havia entrado em um lugar tão luxuoso. Um segurança com a fisionomia carrancuda abre a porta de vidro e eu entro. Esse hotel só pode ser vinte e quatro horas, uma hora dessas ainda tem recepcionista.

De cara, dá para perceber o quanto esse Andrew é rico.

“Deve ser bilionário ou talvez o primeiro trilionário no mundo todo. Será?” — Esse pensamento só me deixa mais nervosa ainda.

Na recepção há vários sofás espalhados para conforto das pessoas que chegam.

Mas naquele momento estava deserto, a não ser pelos seguranças e o recepcionista.

Caminho a passos lentos até a recepção, tentando disfarçar meu nervosismo. A face do recepcionista está séria, muito séria, não me ajudava em nada, minhas mãos tremiam involuntariamente e eu me segurava para não limpá-las em minha saia.

— Posso ajudar senhorita? — Ele pergunta com cara de nojo.

Tudo bem que minha aparência não está das melhores, por causa das lágrimas, com toda certeza o lápis de olho ficou borrado, mas, isso não é motivo para esse cara me olhar desse jeito, o que ele está pensando que eu sou?

— Estou aqui para fazer uma entrega ao senhor Andrew Castillo. — Respondo.

— A senhorita marcou horário? — Ele pergunta me olhando estranho.

— Não!

— O senhor Castillo não marcou horário com nenhuma pessoa a essa hora, muito menos pediu uma prostituta.

— O QUE DISSE? — Digo em um tom alto, perdendo toda calma.

“Questo figlio di puttana. (Esse filho da puta).” — Penso contrariada.

O cara nem me conhece e me destrata assim.

Ele apenas me olhou com desprezo, como se eu o estivesse importunando.

Quando eu estava para dar uma bofetada na cara dele, apareceu um homem segurando meus braços. Ele apertava tanto que eu sentia dor.

— O QUE É ISSO? SOLTE-ME SEU BRUTAMONTE DE MERDA, VOCÊ NÃO PODEM FAZER ISSO, SEI OS MEUS DIREITOS.

Eu gritava, mas nada adiantava.

— Já chega mulher, diga logo o que você quer.

— Em primeiro lugar, não me trate assim, pois, você não me conhece, em segundo lugar, eu já disse o porquê estou aqui, você não é surdo.

Eu já estava com raiva do que Jonas fez comigo, ainda vem esse cara me destratar? Fiquei indignada.

Eu só posso ter tombado com o capiroto para ter uma noite de cão como essa. Não tem como piorar. Pensei.

— A mando de quem você deseja fazer a tal entrega? — Ele pergunta com ironia.

— A mando de Jonas Vitello.

O recepcionista idiota me olhou estranho novamente. Pegou o ramal, apertou algum número, passaram-se uns dez segundos, alguém atende do outro lado.

— Senhor? Há uma mulher precisando falar com o senhor a mando de Jonas Vitello. — Ele faz uma pausa. — A quem eu anúncio?

— Jonas, ele estar no carro me esperando.

Ele fala ao telefone.

— Qual o seu nome?

— Não, Jonas que me enviou.

— O senhor Castillo quer saber qual é seu nome senhorita? — Ele pergunta novamente, impaciente.

Agora sou senhorita? A pouco esse fuleiro me chamava de prostituta, agora tá parecendo uma cadela balançando o rabo para o seu dono.

O brutamonte não largava meu braço, só diminuiu o aperto, mesmo assim me sentia incomodada.

— Cecile.

— Cecile de quê?

— Apenas  Cecile. — Respondo, já ficando preocupada. — Se o senhor Castillo puder vir rápido, porque tenho... — Ele levanta a mão me impedindo de completar a frase.

Cazzo (Caralho), nem falar eu posso.

O que deu nesses homens de agir feito uns trogloditas comigo hoje?

— O senhor Castillo, está á caminho. — Saber isso, não me fez respirar aliviada, só me preocupou mais ainda. ­­— Ele pediu para senhorita aguardar aqui.

— Posso me sentar ou me encostar em algum canto? — Pergunto, minhas pernas estão bambas e se tornou uma tarefa difícil disfarçar o medo, fora o salto scarpin, que em nada facilitava minha vida.

— Não senhorita, o senhor Castillo disse que é para ficar aí, se ele disse que é para ficar aí, é melhor obedecer a ordem dele.

Eu não disse nada, só fiquei olhando para ele.

Cadela!

Acho que não se passou nem dois minutos, ouço a chegada do elevador, cinco homens saem de lá, todos mal encarados, caminhando em minha direção.

Olhei assustada, eles pareciam cinco leões querendo abocanhar a sua presa, nesse caso, eu.

Eu nem tinha notado que o homem que segurava meu abraço tinha se afastado e os homens que saíram do elevador me cercaram, me pegaram por meus dois braços e começaram a me arrastar até o elevador.

— O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO? POR FAVOR, PAREM, EU NÃO FIZ NADA. — Eu gritava em italiano, mas, eles nem ligavam para mim.

Comecei a tremer, com a pasta pendurada machucando meu pulso.

Chegando ao décimo quinto andar, os homens saem, esperam eu sair também, mas, eu não faço menção de sair do elevador.

“Onde foi que eu me meti? Pergunto-me novamente.”

Os homens agarraram meus braços novamente, me puxando sem se importar se está ou não me machucando.

Seguimos por um corredor muito bonito, onde as paredes são feitas com madeira.

Eles entram em um quarto enorme, vão direto a uma porta de madeira e me empurram, me fazendo tropeçar. Quando consigo me equilibrar, ainda tremendo, observo a sala, linda e espaçosa.

Assim que meus olhos caem sobre uma cadeira no canto da sala, noto um par de olhos verdes me encarando, um olhar mal e avaliativo, que fez meu corpo todo se arrepiar.

Aquele deve ser o tal Andrew.

Ele estava literalmente jogado na cadeira, observando todos os meus movimentos, como um predador faz antes de acabar com sua presa.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo