— Paulo, algum recado para mim? — Pergunto parando em frente a sua mesa.
— Alguns, Sr. Castillo. — Ele diz pegando um caderno em cima de sua mesa, procurou por alguns segundos os recados no caderno, em seguida voltou a falar. — O arquiteto ligou, disse que sua casa está pronta, só falta uns detalhes a ser resolvido, mas precisa que o senhor esteja presente. — Balanço a cabeça afirmando. — Sua ex-mulher ligou, mas, não quis deixar recado.
Com toda certeza ela deve está querendo mais dinheiro. Pensei com raiva.
— Algo mais?
— Sim... — Ele diz, fazendo uma pausa. — Aqui! — Uma senhorita chamada Cecile ligou...
— E o que ela queria? — Pergunto impaciente.
— Ela não quis deixar recado, apenas disse que ligaria mais tarde.
— Grazie, Paulo. — Digo tentando conter minha ansiedade.
— Ainda faltam mais alguns recados Sr. Casti...
— Se não for urgente, não precisa falar nada, Paulo. Separe os urgente e os importantes e me mande por e-mail e os desnecessários você ignora. — Digo isso e caminho em direção a minha sala. — Outra coisa, Paulo. — Paro de andar e volto a falar com ele. — Quando minha ex-mulher ligar, Dille all'inferno con la vita di Satana, non mia (diga que mandei ela infernizar a vida do Satanás, não à minha). — Paulo afirma com um sorriso discreto. — A inclua na lista de recado desnecessários. — Dizendo isso, eu voltei a caminhar.
Sempre aprendi desde menino a ser civilizado, mas quando se refere à Daniela, minha ex-mulher, eu só consigo sentir raiva.
Lembro como se fosse hoje, quando descobrir a traição de Daniela, algo que antigamente eu poderia dizer ser raro acontecer com um homem, onde acontecia o contrário, quando os homens eram os infiéis.
Meu pai foi criado com base católica, mesmo não seguindo esse caminho depois de adulto, ele sempre guardou com carinho todos os ensinamentos de seus pais e esses mesmos ensinamentos, ele passou para mim. Ele me ensinou a respeitar, a ser fiel, a ser um homem de caráter, a ter princípios. Até hoje lembro quando ele me levava para o trabalho e me dava aula com seus sábios ensinamentos.
— Andrew filho, o homem precisa viver por princípios, ter caráter, respeitar para ser respeitado.
Eu só balançava minha cabeça, admirado, meu pai era um homem orgulhoso, mas, era um homem de caráter, que influenciou a muitos.
— Filho, nunca tome uma decisão baseado em sentimentos ou emoções, nossas escolhas trazem consequências que muitas das vezes podem não ser prazerosas, as decisões decidem o cenário.
Essa ultima parte, acho que eu não levei muito a sério, porque foi os sentimentos que eu achei que tinha, que me levou a perdi Daniela em casamento.
Eu era jovem e meus negócios estavam em ascensão, meu pai tinha falecido e eu me sentia só, meu coração estava devastado, por meu pai ter morrido sem me perdoar. Foi aí que Daniela entrou em minha vida, ela me usou e eu me deixei ser usado.
Em uma decisão impulsiva, resolvi me casar com ela, que dizia me amar, eu achava que a amava também, mas, hoje eu sei que aquilo não era amor, era minha válvula de escape, minha carência falando mais alto.
Sei que nesse assunto não há inocentes, a opção de me trair com o motorista foi de Daniela. Ele trabalhava para mim há anos, ainda assim, ele me traiu.
Mas, a pior traição que aquela vagabunda fez, foi matar o nosso bambino. Ela nem tinha me dito que estava grávida, quando eu soube, já era tarde demais.
Fiquei casado com ela quatro anos e nunca a conheci, divorciei-me dela faz apenas três meses e foi a melhor decisão que tomei. Hoje com meus vinte e oito anos, ainda tem muita coisa para ser sarada nesse meu coração machucado e decepcionado.
Sou frustrado comigo mesmo, frustrado com a pessoa com a qual eu me casei, é isso que sinto. Com o tempo fui melhorando, mas, toda vez que Daniela tenta algum contato comigo, eu volto a me sentir pior.
Eu sei que Daniela nunca me mereceu e por um instante, eu já cheguei a imaginar que mereço ser feliz com outra pessoa, mas, não penso mais assim, desistir do casamento, o máximo que eu faço é o sexo casual. Nunca precisei dar em cima de ninguém e quando faço sexo com alguém, à atração é mútua, sempre deixo claro que é somente sexo, elas aceitam, então seguimos em frente com nossas vidas. No entanto, com a senhorita Cecile, parece ser algo mais, só não sei ainda, mas irei descobrir.
Meu ramal toca, me despertando de meus devaneios.
— É algo importante Paulo? Porque no momento não desejo falar com ninguém, passei amanhã toda em reuniões, tudo que desejo agora é fazer meu trabalho sem interrupções.
Digo isso como se realmente estivesse trabalhando. Penso irritado comigo mesmo.
— Entendo Sr. Castillo, mas, é a senhorita Cecile na linha dois...
— E porque não disse isso antes?
— O Senhor Não me deu uma chance de falar. — Paulo diz em voz baixa.
— O que disse?
— Nada Sr. Castillo, não disse nada. — Eu tinha escutado, mas preferir deixar para lá, tudo que eu quero é saber a resposta de Cecile.
— Passe a ligação, Paulo.
— Acabei de passar, senhor.
— Grazie, Paulo. (Obrigado).
— Organizzare Sr. Castillo. (Disponha).
— Boa tarde Senhorita Viana? — Um grande silêncio do outro lado da linha. — Cecile? A chamo pelo primeiro nome, como se fossemos intimos.
Algo que eu quero muito que aconteça e que seja logo. Penso satisfeito.
— Boa tarde, Sr. Castillo.
Eu não notei o quanto sentia falta de escutar a voz dela. Preocupei-me em pensar dessa forma, só a conheço há dois dias e me excito só de escutar a sua voz. Longe de mim apaixonar-me, ainda mais por uma brasileira. Não, eu não odeio as mulheres brasileiras, odeio o que elas me fazem lembrar.
— A Senhorita está bem? — A voz dela me pareceu exausta e mais uma vez me peguei preocupado com ela.
— Estou bem, só cansada, não dormir bem a noite.
Eu não dormir nada, desde que minha casa foi incendiada, eu vivo preocupado. No fundo eu sabia que Jonas tinha alguma coisa a ver com o incêndio, mas, ainda não tenho provas. — Sr. Castillo, ainda aí? — Ela pergunta cortando a linha de meus pensamentos.
— Sim, perdono, a senhorita pode repetir novamente.
— O começo, o meio, ou o final? — Ela pergunta com um leve tom de brincadeira, algo que me surpreendeu.
— O final. — Respondo a ela de igual modo.
— Perguntei se posso passar aí para a entrevista...
— Qual entrevista?
— A minha entrevista de emprego.
— Então a senhorita aceita o emprego? — Pergunto surpreso.
Ela deve ter tirado o dia para me surpreender. Penso com um sorriso nos lábios.
— Sim, mas...
— Ótimo, fique despreocupada que não precisa de entrevista...
— Escute, Sr. Castillo. — Ela diz com um tom de nervosismo.
— Estou escutando. — Respondo, me recostando na cadeira.
— Eu aceito o emprego, mas se fizermos tudo certo, começando pela entrevista.
Fico em silêncio, assimilando a condição dela. Não achei nada demais, já vi o currículo dela, não tem experiência nessa área, mas já trabalhou em várias funções, posso ver que ela não tem medo do trabalho duro.
— Para mim tudo bem em fazer a entrevista. Algo mais?
— Sim...
— Prossiga.
— A entrevista pode ser hoje?
Por mais que seja um motivo a mais para vê-la novamente, preciso pensar nela primeiro, ela acabou de dizer que está cansada.
— acredito que podemos deixar para amanhã, afinal a senhorita está cansada e já passa das 16h00min.
— Não se preocupe comigo, Sr. Castillo, estou bem. — Ela diz com um tom indiferente.
— Como não me preocupar senhorita? Eu cuido de meus funcionários.
— Ainda não sou sua funcionária, no momento o senhor está liberado de se preocupar comigo. — Ela diz a última frase com um tom brincalhão.
— Mas será! — Respondo não achando graça. — Que tipo de chefe eu seria se não me preocupasse com o bem estar de meus funcionários? — Eu não esperava essa minha reação.
Não gostei da forma que ela falou. Não sei se foi pelo pouco caso a minha preocupação a ela, ou pela sua indiferença a mim.
Cecile fica em silêncio por alguns segundos e volta a falar.
— Entendo, Sr. Castillo, não quis fazer pouco caso, só quis deixá-lo ciente que estou bem o suficiente para a entrevista. Além do mais, já estou a caminho.
— Va bene senhorita. — Digo fingindo derrota. — Estou a sua espera.
Despedimo-nos com um até logo, ela desligou o telefone e em seguida eu fiz o mesmo.
Levanto-me e vou até a mesa de Paulo. Encontro-o com a fisionomia muito séria, olhando a tela de seu computador.
— Paulo? — chamo. Ele levanta os olhos e noto um Paulo mais cansado que o normal. — O que está fazendo, Paulo?
— Estou avaliando as finanças do hotel de Portugal, Sr. Castillo, deseja algo?
— Não, apenas peço a você que quando a senhorita Cecile chegar, a leve até minha sala, logo após você pode ir para casa.
— Para casa? — Pergunta ele, espantado. — Ainda não são nem 18h00min, Sr. Castillo.
— Você está exausto, Paulo, esses últimos dias tem sido corrido, com a compra do terreno do México e com a inauguração do hotel de Salvador, no Brasil, sei que estou exigindo o máximo de você. — Paulo suspira e recosta em sua cadeira. Não me parecia convencido a ir embora. — Sr. Lorenzo, não é um pedido. — Dizendo isso, volto ao conforto de minha sala, preciso terminar os últimos ajustes de minha viagem para o México.
— Eu não tenho nada para vestir, Livi. — Quando olhei para o notebook, Lívia revirava os olhos. — Assim você não ajuda. — Digo fingindo estar aborrecida. — Pare de reclamar Cecil, seu guarda roupa está lotado de roupas, garanto que você não usou nem metade. Não sei o que mais me frustra, não achar uma roupa do meu agrado ou ter mentido para Andrew que já estava a caminho — Penso demonstrando cansaço. — Espere que vou te ajudar Cecil, saia da frente, deixe eu ver seu guarda roupas. Saio da frente e deixo-a dar uma olhada, ela faz isso por um tempo, depois volta a falar. — Cecil, você precisa vestir algo que impressione, mas ao mesmo tempo não te deixe parecer desesperada pelo emprego. Balanço a cabeça concordando com ela. Lívia coloca a mão no queixo pensativa. — Humm... Que tal aquela calça jeans azul escura, ela te deixa gostosa, mas, ao mesmo tempo elegante, usa aquela blusa cinza, ela fica bonita com a calça e com aquele bla
Entrar na sala de Andrew, e, vê-lo sentado em sua cadeira, relaxado à minha espera, me deu um frio na barriga de uma forma que eu nunca havia sentido, seu blazer que descansava no encosto da cadeira, era preto e fazia par com sua calça, ele vestia uma camisa social azul e uma gravata de cor roxa com algumas listras, sua barba aparada e seu cabelo penteado para trás, formavam um belo conjunto. Era uma visão e tanto.“Como não se excitar com essa visão?”Até os homens devem sentir-se atraídos por ele, afinal, ele tem algo que aflora a imaginação de qualquer um.“Sexy demais para minha sanidade.”Naquele momento, dei graças a Deus por está usando blazer. Parece que meu corpo sabe quando está perto do Sr. Castillo, agora mesmo, meus seios estão duros e erguidos, e minha mente teima em imaginar Andrew os chupad
— O certo a se fazer? — É a primeira coisa que consigo falar depois do breve discurso dela.— Sim, o certo a se fazer. — Ela afirma.— Lembra o que eu disse que ia fazer caso a senhorita fizesse isso? — Seus olhos crescem e por um momento noto medo neles.— O senhor não faria isso? Aquelas famílias não tem nada haver com isso.— Por que não pensou isso antes? — Pergunto irritado.— Não gosto de ser ameaçada, senhor. — Ela diz com raiva.Até com raiva ela fica linda, vai ser difícil ficar longe dela, agora mesmo estou me segurando para não agarrá-la e beijar essa sua boca gostosa.“Preciso mudar o rumo de meus pensamentos se não é isso mesmo que vou fazer.” — Penso frustrado.— E eu cumpro minhas promessas. — Respondo categórico.
O que aquela mulher estava fazendo na empresa de Andrew? — Pergunto para mim mesmo curioso.Por um momento minha curiosidade sobrepôs a minha raiva. Certamente eu não esperava isso acontecer quando a forcei entregar aquela a pasta a Andrew.O engraçado é que ela nem queria ir, mas agora está trasando com ele. Penso voltando a ficar com raiva. Foi preciso colocar as algemas para que ela fosse entregar a maleta.Minha tigresa que tinha me dado essa ideia.— Se a vagabunda que você escolher resistir, coloque nossas algemas preferidas, quando você vir, tenho uma surpresa para você. Aquela mulher me domina, sempre faço as suas vontades. Então, eu fiz o que ela me pediu, naquele dia, eu iria comê-la de todas as formas possíveis. Meu grande ragazzo em minhas calças chega vibrou de ansiedade.Mas então, vi uma
— Eu não entendo essa mulher. — Penso vendo-a ir embora.Faz dois meses que Cecile trabalha para mim.Dois longos e torturantes meses.Eu tentei de várias formas fazê-la mudar de ideia, claro que não diretamente, eram toques prolongados, eu ensinava várias vezes a mesma coisa para ela, mesmo sabendo que ela já tinha aprendido da primeira vez.Cecil é bastante inteligente, suas respostas rápidas, seu jeito de falar, seu jeito de andar, tudo nela me excitava.É uma sensação horrível, você está tão próximo de alguém que te excita e não poder fazer nada, isso tem me deixado estressado.Pior que eu não consigo sentir mais tesão por ninguém, vou as boates tentar acabar com essa tensão insuportável e nenhuma gostosa atrai meu interesse.Só
Por que tudo está tão claro?— Mãe apague essa luz pelo amor de Deus.— Cecil? Está acordada?— Andrew, o que faz em minha casa no Brasil? — Eu não consigo abrir meus, eu não lembrava que as luzes de minha casa fosse tão forte.— Você não está em casa Cecil, estamos em um hospital.— O que estamos fazendo aqui? Não gosto de hospitais Andrew, me tire daqui, por favor.Hospitais me trazem sensações ruins, o ambiente é pesado demais.— Por que estou aqui?— Se acalme mia vita. — Ele me chamou de sua vida? Porque soa tão bom? — Você precisa abrir os olhos, preciso saber se você está bem. Apri gli occhi, abra os olhos para mim, por favor.— Certo, vou abrir. — É tudo o que eu cons
— Coloque-me no chão Andrew, eu sei andar.Na ida para casa de Andrew, eu acabei cochichando no carro. Eu estava meio que acordada ainda e, meu corpo instantaneamente (prefiro pensar que tenha sido assim) se aconchegou mais próximo dele.Eu senti seus braços me envolverem, isso foi minha perdição. Acabei dormindo sem nem mesmo sentir o sono vir com tudo sobre mim.Acordei, eu estava sendo carregada por ele, Andrew subia uma escada, pedi para ele me colocar no chão, não porque estava ruim a sensação de ter o corpo dele tão próximo, na verdade é tão maravilhosa que poderia ser viciante.Não posso pensar isso.— Da para me colocar no chão?— Deixe de chatice Cecil, eu posso muito bem te carregar até o quarto.— A questão não é essa, eu quero que você me coloqu
Acordei e o sol ainda nem tinha surgido, Cecil ainda dormia profundamente. Um sorriso inesperado apareceu em meus lábios, lembrando-me de nossa noite mais que desejada.Fiquei olhando sua face, tentando gravar cada detalhe. Ela é tão linda, sua beleza vai além de sua aparência. Sua inocência, inteligência, sua teimosia, e ousadia, tudo é um pacote que a torna única.Única para mim.Nunca fui possessivo em nenhum relacionamento meu, mas, com Cecil está sendo diferente, e o que me intriga, é que eu e ela não temos um relacionamento, nem sei o que temos.Cheguei a imaginar que somente uma noite com ela seria o suficiente, mas, eu quero muito mais que uma noite, sem data ou dia para acabar.Não é que eu a ame, gosto muito dela e quero ver até onde isso vai dar.É isso que eu quero.— Já acordad