Querida, Rendição
Querida, Rendição
Por: Eduarda Rangel
Prólogo

Há 12 anos, minha vida era muito diferente. Aos cinco anos, perdi meu pai, minha figura paterna e pessoa mais importante. Sua partida mudou tudo.

Minha mãe, sozinha, precisou sustentar três filhos: Edward, meu irmão gêmeo, Thomas, o caçula, e eu. Foi um desafio cruel. Tive que crescer rapidamente, tornando-me forte e resiliente para superar as adversidades.

Lembro-me das longas horas que minha mãe passava fora, trabalhando. Ela nos deixava com dona Maria, nossa querida vizinha. Mesmo com pouco, mamãe sempre encontrava maneiras de nos fazer sorrir.

Um dia, ela chegou em casa com um homem. Seu sorriso era caloroso, mas havia algo misterioso em seu olhar. Ele se apresentou como "amigo da mamãe". Inicialmente, não desconfiamos de nada. Ele nos trazia brinquedos e roupas, parecia um anjo da guarda.

No entanto, logo percebemos que sua presença não era tão inocente quanto parecia...

A tranquilidade foi substituída pelo terror. O "amigo" da mamãe se mudou para casa e revelou sua verdadeira face: um homem agressivo e violento. A casa se transformou em um campo de batalha.

Cada dia era uma nova luta. Ele chegava bêbado, gritando, batendo em mamãe e nos irmãos. Eu implorava:

— Mamãe, por favor, vamos embora! Não aguento mais!

Ela, paralisada pelo medo, respondia:

— Não tenho para onde ir, filha.

Eu sentia raiva, medo e impotência. Aquele homem roubou nossa paz.

Quando mamãe finalmente encontrou forças para se libertar, uma nova realidade a imobilizou: uma gravidez. Joseph, o homem que trouxe sombras à nossa casa, sorriu ao saber da notícia. Eu, ingênua, achei que isso mudaria tudo. Mas nada mudou.

A chegada do novo irmão não trouxe paz. Joseph continuou cruel, apenas poupando mamãe durante a gravidez.

Os anos se arrastavam, marcados pela dor e desesperança. Mamãe engravidou novamente, e eu sentia um peso no coração. Quatro irmãos, agora um quinto a caminho. Fugir parecia impossível.

Joseph chegava tarde, bêbado e drogado, transformando nossa casa em um inferno. O barulho, os gritos, as lágrimas. Vivíamos reféns de seu ódio.

Mamãe, novamente, encontrou forças para se libertar, mas o destino a surpreendeu: outra gravidez. Seu olhar desolado me dilacerou. Joseph, ao saber, sorriu, ocultando sua crueldade.

Eu já tinha perdido as esperanças que ele mudaria com a chegada de seu terceiro filho, mas não. A chegada de um novo irmão não amenizou sua agressividade. Joseph continuou cruel, poupando mamãe apenas durante as gravidez.

A tristeza se arrastava. Mamãe, presa num ciclo de violência e medo. Eu, testemunhando o inferno que nossa casa se tornou.

Quando completei 12 anos, notei uma mudança sinistra no olhar de Joseph. Ele me encarava com uma intensidade inquietante. Minhas roupas, antes inocentes, agora eram motivo de críticas. Shorts eram proibidos. Ciúmes obsessivos quando eu saía com amigas. Conversas com meninos, um tabu.

Eu sentia um arrepio.

Até que um dia, ele tentou me agarrar no banheiro bêbado, por muito custo eu conseguir derrubá-lo. Contei tudo pra minha mãe, e por fim, ela resolveu criar um plano para fugirmos.

No dia da nossa fuga desesperada, Joseph chegou em casa, bêbado e irado. Meus irmãos e eu nos escondemos no armário, nosso refúgio de terror. Ele havia espancado mamãe brutalmente.

Quando ele encontrou mim, a fúria explodiu. Pancadas cruéis. Edward foi o próximo. Mas quando Joseph se aproximou de Thomas, mamãe encontrou sua força e com uma garrafa de Wisky, ela o derrubou.

Na praça Dundas, em Toronto, nossa vida deu uma reviravolta. Foi lá que conhecemos Heitor Thompson, um empresário de sucesso de Los Angeles. Ele era tudo menos o que esperávamos: humilde, gentil e atencioso.

Quando ele viu mamãe, foi como se o tempo tivesse parado. Ele se apaixonou à primeira vista! Ofereceu um emprego como assistente pessoal e uma casa luxuosa. Mamãe ficou incrédula, desconfiada após anos de abuso.

Heitor, percebendo suas dúvidas, mostrou sua verdadeira face: altruísta e protetor. Ele contou sobre sua infância difícil e como superou obstáculos. Mamãe, sensibilizada, começou a confiar.

Depois de semanas de hesitação, mamãe aceitou a proposta. Heitor nos recebeu em sua mansão, com um sorriso caloroso.

Heitor em tão nos levou para Los Angeles, e nós deixou ficar em sua enorme mansão.

A mansão era um palácio de sonhos, com estrutura imponente, colunas gregas, jardins luxuriantes, fontes e lagos. A piscina olímpica e spa eram perfeitas para relaxar. O interior era ainda mais deslumbrante, com salas amplas, pisos de mármore, tetos afrescados e lustres cristalizados.

A biblioteca, repleta de livros raros, convidava à leitura. O cinema particular oferecia noites de filme em família. A sala de jogos, com videogames e mesa de bilhar, era o point dos meus irmãos. E, para manter o corpo e espírito saudáveis, havia quadra de tênis, campo de futebol, estúdio de música e dança, academia pessoal e spa com massagens.

A cozinha gourmet, com chefs particulares, preparava delícias. Os quartos eram suítes luxuosas com banheiras de hidromassagem e varandas com vista para os jardins. E ainda havia garagem com carros de luxo e heliponto particular. Tínhamos segurança 24 horas. Vivíamos em um verdadeiro paraíso, graças ao amor e cuidado de Heitor.

Mamãe trabalhava na mansão de Heitor, enquanto nós estudávamos em escolas particulares. Mas, semanas depois, mamãe adoeceu. Desmaios, palidez... Eu me desesperei.

Quando entrei em seu quarto, encontrei-a sorrindo com Heitor.

Minha confusão foi substituída por surpresa:

"Mamãe está grávida novamente!" Setima vez! Meu coração pulou.

Heitor abraçou-me

— Vai ser mais um irmãozinho ou irmãzinha para você cuidar!

Mamãe sorriu.

Pela primeira vez, uma gravidez não me assustou. Heitor cuidou de mamãe com carinho, acompanhando-a em consultas e nos apoiando. Ele se tornou um verdadeiro pai para nós.

Me levava nas aulas de lutas. Levava Edward e Thomas nos jogos de futebol. Ajudava Benjamin no basquete. Levava Jade nas aulas de balé. E sempre brincava com Sophie.

Heitor revolucionou nossa vida. De uma existência marcada por medo e insegurança, passamos a viver em um ambiente de amor, respeito e união. Ele nos acolheu como filhos, nos dando segurança financeira e emocional.

Seu casamento com mamãe, poucos meses antes do nascimento de Daphne, selou nossa nova família. O sobrenome Thompson nos deu identidade e orgulho.

Agora, como Thompsons, víamos o mundo com novos olhos. Nossa casa era um refúgio de alegria, risos e apoio mútuo. Heitor nos ensinou valores, disciplina e responsabilidade.

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