Michael Dallas
Antes de ser contratado, eu já havia ouvido sobre aquela família. Os Thompson's. Eles não eram de se envolver em escândalos, mas não tinham uma boa reputação. Começando pelos filhos. As irmãs Thompson apresentavam personalidades distintas, com Eloise, a primogênita, sendo a mais singular. Sua reputação antecedia-a: frequentemente destaque nas revistas de celebridades, Eloise era conhecida por sua personalidade reservada e exigente, além de ser reconhecida como uma das empresárias mais implacáveis do país. Ao pisar na mansão dos Thompson e ver Eloise pela primeira vez, senti um arrepio. Embora já tivesse ouvido histórias sobre ela, nada me preparou para aquela presença imponente. Toda a fama de frieza e exigência que a cercava se tornou cristalina naquele instante. Um som agudo de saltos altos ecoou nas escadas. Levantei o olhar e ela surgiu, radiante. Alta, curvilínea e com cabelos escuros até a cintura, típicos dos Thompson. Seus olhos verdes, penetrantes, me encararam profundamente, como se vissem além da superfície Ela possuía uma presença imponente. Seu olhar direto e decidido revelava uma mulher segura de si. Parecia saber exatamente o que queria. Sua entrada na sala foi como um golpe de ar fresco, mudando a dinâmica do ambiente. Era como se sua simples presença exercesse um poder invisível, deixando todos à sua volta em alerta. Talvez esse fosse o poder dela, de fato. Após o cumprimento, Eloise me encarou por alguns segundos, analisando-me de cima a baixo com um olhar perscrutador, deixando-me intrigado sobre o significado por trás de sua expressão. - Quero saber mais sobre o turno dele. - ela disse rispidamente, desviando o olhar para o pai. - Não quero um guarda-costa me vigiando enquanto eu durmo. - Se me permite. - ela me olhou com desdém, e arqueou as sombrancelhas. Com certeza, não estava acostumada com aquilo. - Sou segurança, não guarda-costas. Estou aqui para protegê-la, não para vigiá-la." Ela me encarou de uma forma estranha. Parecendo incrédula com o jeito como eu a respondi Seu olhar perscrutador me atravessou. — Ah, não? A voz de Heitor interrompeu o silêncio: — Michael cuidará do dia, Thobias da noite. — Eloise arregalou os olhos, desdenhosa. — Não precisarei hospedar meus... protetores, suponho. Contrai o rosto, ofendido. Do jeito que ela falava parecia que estava se referindo à um cão de rua. — Eles permanecerão do lado de fora. — Heitor garantiu, sem jeito. Eloise exalou, aliviada. — Perfeito. Posso retomar minha vida. Com um breve aceno, ela se virou e partiu. Eu a segui, após um gesto de despedida para Heitor. Diante da Mercedes branca, Eloise abriu a porta traseira e desapareceu no interior sombrio. — Perdão... — comecei. O vidro preto desceu, revelando seu sorriso irônico. — Você não acha que eu vá dirigir né? — Eu sou segurança, não motorista — disse eu. — Você trabalha pra mim. Faça o que eu mandar. — Ela respondeu séria. Seu olhar gelado confirmou sua fama de "Rainha do Gelo". - Não - Eu disse, e ela me encarou com os enormes olhos verdes, surpresa pela minha ousadia. - Trabalho para seu pai, não para você. - Quem você pensa que é? - Michael Dallas ao seu dispor. Eloise grunhiu e saiu do banco de trás se sentando na frente. Eu suspirei, sentando-me ao lado. Eu sei que uma das funções de um segurança era bancar o motorista na maior parte das vezes. Mas eu precisava colocar aquela mulher em seu devido lugar. Enquanto ela dirigia, eu discretamente admirava sua beleza incomum. Atraente era pouco para descrevê-la; cada linha de seu rosto exalava elegância e poder. Eloise Thompson era atraente. — Para onde vamos? — perguntei, tentando quebrar o silêncio. — Minha empresa — respondeu Eloise, olhando fixamente para a estrada. — Preciso verificar como estão as coisas após minha ausência. – Não sabia que você tinha uma empresa. — comentei. Eloise ergueu uma sobrancelha. — Surpreso por eu ter uma empresa ou por ser mulher e CEO? — Não entendi. — Eu hesitei. — Alguns homens costumam ter preconceito contra mulheres CEO de grandes empresas — explicou Eloise. — Não quis ofender — acrescentei. Ela sorriu levemente. — Acredito que não. Eu senti o olhar penetrante de Eloise sobre mim, uma sensação inédita. Nenhuma mulher havia conseguido me desestabilizar daquela forma, mas ela, em apenas meia hora, havia conseguido o impossível. Eloise não desviou o olhar. — O que foi? — perguntou, intrigada. — Não é nada — eu disse, engolindo em seco, sentindo-me desconfortável sob seu escrutínio. Que mulher diabólica! Como vou aguentar um dia inteiro ao lado dela, com essa atração intensa me consumindo por dentro? Olhei para frente, aliviado, ao avistar ao longe o prédio onde se destacava o logotipo da Morel Thompson. Eloise estacionou a Mercedes no estacionamento particular e desceu com elegância, ajustando seu tailleur antes de entrar na empresa com passos seguros. Desviei o olhar, repreendendo-me por um momento de fraqueza. Saí do carro e segui Eloise, mantendo distância respeitosa. O elevador nos aguardava. Seu profissionalismo era inegável, mas a saia justa revelava uma elegância que me desafiava a manter a concentração. Se controla, Michael! Você está em serviço! A sigo em direção até o elevador. — Fique o mais longe possível de mim, não quero me sentir sufocada aqui. — Eloise ordenou secamente. Antes que eu pudesse reagir, ela saiu do elevador, deixando-me perplexo. Observei-a se aproximar da recepcionista, que falava ao celular. Eloise tomou o aparelho e o jogou por cima do balcão. — Melhore sua postura ou perderá o emprego — advertiu friamente. A recepcionista murmurou algo ininteligível e se concentrou no computador. Eloise, satisfeita, dirigiu-se à sua sala e fechou a porta atrás de si, deixando um clima tenso no ambiente. Sua autoridade era inegável. Um homem negro e cabelos cacheados, aproximou-se discretamente. Li em seu crachá "SAMMY". — Não fique assustado, Eloise é assim com todo mundo — ele sussurrou com um sorriso. Seus olhos curiosos se fixaram em mim. — Você é novo aqui? — Sim, sou o novo segurança — respondi. Sammy ergueu uma sobrancelha. — Da Sra. Thompson, certo? Confirmei com um aceno. —Primeiro dia? Bem-vindo ao circo! Com um ar exagerado, ele prosseguiu: — Deixe-me contar sobre a Sra. Thompson. Ela é... complicada. Muda de humor rápido. Um dia, sorrisos e elogios. Outro, olhares assassinos. Nunca contrarie-a, mesmo que esteja errada. Isso a deixa furiosa. Ela pode destruir sua carreira com um simples telefonema ou olhar desaprovador. Sammy fez uma pausa dramática. — Ela é perfeccionista, exigente e não tolera erros. Mas, por outro lado, pode ser generosa e justa quando quer. O segredo é conhecer seus limites e evitar conflitos. Enquanto Sammy falava sem parar, minha mente divagava. Eles viam Eloise como uma rainha onipotente, intocável. — Você entendeu? — Sammy perguntou, me trazendo de volta à realidade. — Sim, entendi – menti, sem fazer a menor ideia do que ele havia dito. —Oh, não perguntei seu nome! — disse Sammy. — Eu sou Sam. E você? — Michael — respondi. Antes que Sam pudesse continuar, um grito cortou o ar: — SAM! NA MINHA SALA, AGORA! Todos ao redor se assustaram. Sam empalideceu e correu para a sala de Eloise. O clima tenso voltou.Eloise Thompson Um dia de trabalho. Era tudo que eu precisava. Odiava ficar parada, mas ao mesmo tempo amava ficar sobre o conforto dos meus pais. Principalmente, o da mamãe. De alguma maneira me fazia sentir uma criança novamente. Eu adorava o jeito doce e maternal que mamãe nos tratava, ela fala que sempre seremos seus bebês, mesmo a deixando com cabelos brancos na maioria das vezes. Suspirei, encarando a amostra laranja à minha frente. Adorava liderar a Morel Thompson, mas a burocracia era um peso. A supervisão de cores, especialmente, consumia meu tempo. Contratei alguém para isso, mas não deu certo. Agora, eu mesma lidava com tudo, desde paletas de cores até detalhes de design. Cinco anos de dedicação e suor. Meu sonho: ver Morel Thompson crescer, se consolidar no mercado e superar a sombra da Stylus Thompson. Mas, por mais que me esforçasse, parecia um desafio intransponível. A Stylus era poderosa, com uma reputação sólida e uma presença avassaladora. Não queria ser hip
Acordei pontualmente às 7h, seguindo minha rotina matinal precisa. Após as higiene pessoal e um banho revigorante, escolhi um traje formal do meu guarda-roupa, optando por um conjunto de tailleur preto e uma blusa de seda branca. Hoje era especial: uma reunião crucial com um importante acionista para fechar um contrato. Ao me olhar no espelho, um suspiro de confiança escapou. Meu reflexo mostrava uma mulher elegante e determinada. Sempre acreditei que um look perfeito é sinônimo de sucesso. Ajustei o colar de pérolas e verifiquei se meu cabelo estava perfeitamente arrumado. Peguei minha pasta e revisei os documentos da reunião. Estava preparada para impressionar. A confiança e a competência seriam minhas aliadas. Antes de sair, lancei um olhar pela janela. O dia prometia ser perfeito. Ao entrar na cozinha, encontrei May, minha leal funcionária, preparando o café da manhã. — Você está deslumbrante, Eloise — disse ela, com um sorriso sincero. — Obrigada. — respondi, sentando-me à
Michael — Soube que a reunião não correu bem — comentou Lauren, a recepcionista. — Os acionistas não fecharam o contrato e Eloise está furiosa! Sam murmurou: — Eu não entendo. Tinha tudo para dar certo. Lauren acrescentou. — Eloise deve estar sobrecarregada. É muita responsabilidade. Era incrível como todos se preocupam com Eloise, apesar de suas atitudes difíceis. O carinho e dedicação da equipe são realmente tocantes. - Ela precisa de apoio. Você precisa ir falar com ela. - sugeriu Lauren. - Por que eu? - Sam arqueou as sombracelhas. - Porquê você é o assistente. Conhece ela melhor que todo mundo. - Eu me recuso a ir na sala dela! Lembra do que aconteceu ano passado? Ela me acertou um abajur. Um abajur! - disse Sam. Arqueei as sombracelhas. Eu sabia o quanto Eloise era mandona e exigente, mas não fazia ideia de que ela também fosse o tipo de chefe que j**a coisas nas pessoas. Cada dia uma surpresa diferente. - Costuma passar por isso? - me repreendi mentalmente por te
Eloise recordou um beijo emocionante. Thomas, meu irmão, chegou da França. Conversamos sobre Joseph, um passado sombrio da família. Thomas duvidou que Joseph buscasse vingança por dinheiro.Mudando de assunto, Thomas notou que eu estava sorrindo e perguntou sobre um possível namorado. Claro que eu neguei. Thomas me lembrou sobre o nosso acordo de avaliar namorados. – Isso não se aplica a mim — eu disse.— Direitos iguais para todos nós. — Thomas discordou.— Não estou namorando.Ele debochou da minha cara por um momento me fazendo revirar os olhos. Thomas saiu, mencionando um jantar familiar para celebrar sua volta. — Mamãe faz isso todos os anos — eu disse.— Tradição de familia — Ele respondeu.♡♡♡Eu e Michael caminhávamos para o apartamento em silêncio. A brisa me lembrava meu pai e nossas aventuras de bicicleta. Sentia falta dele.Michael recebeu uma ligação: Thobias estava doente. — Meu pai enviará outro? — perguntei. Michael respondeu que cobriria o turno. — Vinte e quatro
Eloise Cada toque, cada beijo, me deixava vulnerável de um jeito que nunca tinha sentido. Era como se meu coração acordasse de repente. Mas eu não podia me apaixonar pelo meu segurança! Ele estava sempre por perto, e isso era perigoso. Por um momento, quis ignorar tudo e ver onde aquela conexão nos levaria. Mas a realidade era dura: ele trabalhava para mim. E se as coisas desandassem? Meu coração e minha cabeça estavam em guerra. Um lado pedia prudência; o outro, paixão. Eu precisava decidir: seguir meu instinto ou manter distância? Uma coisa era certa: nada seria como antes. - Que merda está acontecendo aqui, Eloise? - perguntou Benjamin, meu irmão. Rapidamente me levantei ajeitando o vestido, e tirando um pouco da grama do jardim. - Vocês estavam... - Não! - respondi rápido. - Não estávamos. - Mas eu vi seus... seios. Senti meu rosto rapidamente perdeu a cor. O meu irmão acabou de ver meu seios. Meu irmão. - Não é o que está pensando - atalhou ela. — Uma abelha te picou
Jamais imaginei que um dia deixaria um segurança dormi no meu apartamento. E muito menos que o deixaria tomar banho no meu chuveiro. Mesmo Michael não sendo um funcionário comum. Ele era a pessoa que passava o dia todo me protegendo. A pessoa que era paga a dar a vida por mim se fosse preciso. E o atrevido que teve a audácia de me beijar. Não que eu não tivesse adorado o beijo, e o jeito como ele me tocou no jardim. Eu adorei cada detalhe, mas nunca, nunquinha admitiria isso. De certa, forma eu sabia o que Michael fazia com meu corpo quando estava a míseros centímetros por perto. Eu sabia o quanto as batidas do meu coração aceravam a cada movimento. Como eu odiava ser vulnerável. Ouvir a voz dele me chamar. - O que é? - perguntei do outro lado da porta. - Você esqueceu de me dar a toalha. Revirei os olhos e fui buscá-la em outro quarto. Quando voltei, bati na porta. E outra vez. Mas não obtive resposta. - Michael! A toalha. Nada. Pensei se seria uma boa ideia abrir a porta e
A loira correu em minha direção me abraçando pelo pescoço e depositando vários beijos no meu rosto. — Você não imagina o quanto eu senti a sua falta! — Eu posso imaginar — respondi a afastando devagar. — Está tudo bem? Ela me soltou rapidamente e sua expressão mudou. — Eu estou péssima! Você sumiu por dias! — gritou irritada. — Não me mandou uma mensagem perguntando como eu estou ou se estou bem! — Olha, Marina, você sabe bem como é o meu trabalho. — Eu sei que você virou a noitada com os seus amigos. — ela cruzou os braços. — Não minta pra mim Michael! Revirei os olhos. A relação entre mim e Marina era complicada. A gente se conheceu em uma balada quando Marina tinha acabado de ser deixada no altar pelo noivo. De algum jeito eu a fiz sorrir, mesmo aquele sendo o pior dia da vida dela. E desde então, viramos melhores amigos. No começo era só isso. Até que um dia Marina resolver me pedir em namoro, mas eu não aceitei. Não gostava dela do jeito que ela queria. Então ela propôs um
No dia seguinte, tudo foi normal. Michael nem me olhou e ficou o dia todo em silêncio. Eu não parava de me perguntar o que estava rolando na cabeça dele. Aquilo estava me deixando louca, e eu até sentia falta de conversar com ele! — Sra. Thompson? — chamou Kristal, na porta, segurando uma pasta. Eu desviei os olhos do computador. — Os acionistas já estão me esperando, né? — ela assentiu. Eram 8h35. Cinco minutos de atraso. Suspirei. — Obrigada, Kristal. Avisa que eu já vou – disse, me levantando e arrumando os papéis. — Quer um café na sala? — ofereceu-se ela, preocupada. — Um cappuccino, por favor! — sorri. Kristal assentiu e saiu. Eu estava completamente esgotada. A noite fora uma corrida contra o relógio para resolver os problemas de marketing da empresa. Mal tive tempo para estudar para aquela reunião importante, e agora meu estômago rugia de fome. Sempre sonhei em seguir os passos do meu pai, um empresário bem-sucedido, mas a realidade era bem diferente. A pressão era