Capítulo 03

Michael Dallas

Antes de ser contratado por Heitor Thompson eu já havia ouvido poucas e boas sobre aquela família. Os Thompson's. Eles não eram de se envolver em escândalos, mas não tinham uma boa reputação. Começando pelos filhos.

As irmãs Thompson tinham personalidades diferentes, e a mais diferenciada das quatro era a mais velha. Eloise Thompson. Eu já sabia tudo sobre aquela mulher, já que sempre estava nas revistas de fofoca, conhecida por ser uma pessoa fria e exigente - além, de ser a empresária que mais demite funcionários num mês.

De alguma forma eu sabia que podia ter entrado numa fria a partir do momento em que pisei na mansão Thompson's e a vi pela primeira vez. Eu nunca tinha a visto pessoalmente, mas naquele momento toda a história que ouvi sobre ela nunca havia feito tanto sentido.

Um barulho de salto alto ecoou sobre as escadas, eu subiu o olhar e lá estava ela. Radiante.

Ela era alta e tinha várias curvas. Seus cabelos eram compridos e escuros como os de todos os Thompson's. Eloise tinha os olhos verde que olhava diretamente para o fundo dos meus olhos.

Ela não tinha medo de olhar. Parecia decidida. Sabia o que queria.

Me arrisco a pensar que no momento em que ela surgiu na sala algo mudou, como se ela marcasse uma simples presença. Talvez esse fosse o poder dela, de fato.

Depois de cumprimentá-la, ela me fitou por um breve segundos me examinando com o olhar de cima para baixo. Eu não sabia identificar a expressão no rosto dela.

- Quero saber mais sobre o turno dele. - ela disse rispidamente, desviando o olhar para o pai, ignorando completamente a minha mão estendida. - Não quero um guarda-costa me vigiando enquanto eu durmo.

- Se me permite dizer. - ela me olhou com desdém, e arqueou as sombrancelhas. Com certeza, não estava acostumada com aquilo. - Não sou um guarda-costa, e sim, um segurança. E não precisa se preocupar, não ficarei com a senhorita durante a noite. E muito menos a vigiarei enquanto estiver dormindo.

Ela o encarou de uma forma estranha. Parecendo incrédula com o jeito como eu a respondi

- Ah, não?

- Não, querida. Michael só ficará no turno do dia. A noite quem ficará será Thobias. - explicou Heitor.

- Não precisarei deixá-los dentro do meu apartamento, né?

Eu franzi o cenho. Do jeito que ela falava parecia que estava se referindo à um cão de rua.

- Não. Tanto Michael quanto Thobias ficaram do lado de fora fazendo ronda.

- Menos mal - resmungou ela. - Bom, acho que já posso voltar para minha vida sem que vocês fiquem no pé, né? - Eloise inclinou a cabeça. - Diga a mamãe que eu já fui.

Observei ela passar por mim e sem pensar duas vezes eu segui depois de acenar para Heitor.

Já estávamos do lado de fora da casa Thompson, e eu a acompanhava em direção a Mercedes branca. Eu franzi o cenho quando ela abriu a porta de trás e entrou.

- Perdão... eu...

- O que? - ela abaixou os vidros pretos - Você não acha que vou dirigir, acha?

- Acho que está me confundindo. Eu sou o segurança não o motorista.

- Está trabalhando pra mim, então, vai fazer tudo que eu mandar.

Eu continuei a encarando esperando que fosse algum tipo de piada, aquela mulher tinha um olhar intimidador. Não é a toa que todos a chamavam de rainha do gelo.

- Não - Eu disse, e ela me encarou com os enormes olhos verdes, surpresa pela minha ousadia. - Não estou trabalhando pra você, e sim, para seu pai. Só recebo ordens dele.

- Você acha que é quem?

- Michael Dallas ao seu dispor.

Eloise grunhiu e saiu do banco de trás se sentando na frente. Eu suspirei e sentei no banco carona. Eu sei que uma das funções de um segurança era bancar o motorista na maior parte das vezes. Mas eu precisava colocar aquela mulher em seu devido lugar. Ela era uma mulher atraente de fato. Atraente ainda é pouco para descrever.

Eloise Thompson era o próprio pecado.

Mas não significava que ela podia falar como bem entender com as pessoas.

- Para onde vamos? - eu perguntei na esperança de quebrar o silêncio.

- Minha empresa - ela respondeu olhando fixamente para a estrada. - Preciso ver como estão as coisas por lá já que fiquei muito tempo longe.

- Não sabia que tinha uma empresa - comentei, enquanto ela virava a esquina.

- Está surpreso por eu ter uma empresa ou por eu ser mulher e ter uma empresa? - indagou Eloise com as sombracelhas arqueadas.

Eu a encarou confuso.

- Eu não entendi.

- Os homens tem uma visão muito machista a respeito das mulheres serem CEO's de empresas grandes.

- Eu não quis dizer isso...

- Acredito que não.

Eu senti o olhar dela sobre mim. Nenhuma mulher tinha o poder de me desestabilizar daquele jeito. Mas Eloise, em meia hora que se conheceram conseguiu, e surpreendemente tinha o poder.

- O que foi? - ela perguntou ainda sem tirar os olhos de mim

- Nada - eu pigarrei, ainda sentindo o olhar dela.

Eu olhei para frente e agradeci mentalmente quando vi de longe a empresa Morel Thompson. Ela estacionou próximo a empresa e elegantemente, saiu de dentro do carro arrumando a postura e seguindo para dentro da empresa.

Automaticamente desvia o olhar para bunda de Eloise. A saia justa que ela usava deixava a bunda dela escandalosamente marcada.

Se controla, Michael!

Você está em serviço!

Saio de dentro do carro e a sigo em direção ao elevador.

- Pra começar. Procure ficar o mais longe possível de mim. Não quero me sentir sufocada no meu ambiente de trabalho.

Sem dar tempo de eu responder ela saiu andando quando as portas do elevador se abriram.

Aquela mulher era louca, só pode.

Observei de longe Eloise conversando com a recepcionista que estava ao celular. Arregalei os olhos quando Eloise tomou o celular da mão da mulher e o jogou por cima do balcão e em seguida falou algo sobre melhorar a postura ou perder o emprego.

A recepcionista falou algo que eu não soube interpretar e desviou a atenção para o computador a sua frente. Satisfeita, Eloise foi caminhando em direção a uma sala onde fechou a porta.

- Não fique assustado. Eloise é assim com todo mundo.

Um homem de pele negra e cabelos cacheados sussurrou ao meu lado. Ele usava um crachá escrito o nome dele em negrito: Sammy.

- Nunca te vi por aqui. É novo? - ele perguntou.

- Sim, sou o novo segurança da...

- Empresa? - o tal homem o interrompeu.

- Da Sra. Thompson.

- Ah - deu de ombros. - É seu primeiro dia, não é?

Eu assenti.

- Então não deve saber muito sobre a Sra. Thompson - refletiu ele. - Preciso te contar tudo que você precisa saber.

- Acho que já sei tudo.

- Não, você definitivamente não sabe! - ele deu uma pausa com um ar dramático. - A Sra. Thompson é cheia de mania. Às vezes está de bom humor e às vezes parece que quer matar qualquer pessoa que entra na sua frente. Na maioria das vezes ela está de péssimo humor. Então você não deve nunca contraria-la, mesmo se ela estiver errada. Isso a deixa furiosa e ela é capaz de acabar com a sua vida num estalar de dedo.

Enquanto o homem que eu mal conhecia tagarelava, eu só pensava em uma coisa. Era assim que eles a viam. Como uma rainha que jamais deve ser contrariada.

- Você entendeu?

Saio dos devaneios e só agora percebo que fazia mais de cinco minutos que o homem tagarelava e eu não fazia ideia do que ele havia falado.

- Sim. Eu entendi. - menti.

- Oh, eu nem perguntei seu nome. Como se chama?

- Michael.

- Bom, eu me chamo...

- SAM! NA MINHA SALA AGORA! - O grito de Eloise ecoou fazendo todos em volta dar um pulinho.

- Sim, senhora!

Prontamente Sam foi em direção a sala onde eu havia entrado minutos atrás.

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