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Capítulo 03: Rainha do Gelo

Michael Dallas

Antes de ser contratado, eu já havia ouvido sobre aquela família. Os Thompson's. Eles não eram de se envolver em escândalos, mas não tinham uma boa reputação. Começando pelos filhos.

As irmãs Thompson apresentavam personalidades distintas, com Eloise, a primogênita, sendo a mais singular. Sua reputação antecedia-a: frequentemente destaque nas revistas de celebridades, Eloise era conhecida por sua personalidade reservada e exigente, além de ser reconhecida como uma das empresárias mais implacáveis do país.

Ao pisar na mansão dos Thompson e ver Eloise pela primeira vez, senti um arrepio. Embora já tivesse ouvido histórias sobre ela, nada me preparou para aquela presença imponente. Toda a fama de frieza e exigência que a cercava se tornou cristalina naquele instante.

Um som agudo de saltos altos ecoou nas escadas.

Levantei o olhar e ela surgiu, radiante. Alta, curvilínea e com cabelos escuros até a cintura, típicos dos Thompson. Seus olhos verdes, penetrantes, me encararam profundamente, como se vissem além da superfície

Ela possuía uma presença imponente. Seu olhar direto e decidido revelava uma mulher segura de si. Parecia saber exatamente o que queria. Sua entrada na sala foi como um golpe de ar fresco, mudando a dinâmica do ambiente. Era como se sua simples presença exercesse um poder invisível, deixando todos à sua volta em alerta. Talvez esse fosse o poder dela, de fato.

Após o cumprimento, Eloise me encarou por alguns segundos, analisando-me de cima a baixo com um olhar perscrutador, deixando-me intrigado sobre o significado por trás de sua expressão.

- Quero saber mais sobre o turno dele. - ela disse rispidamente, desviando o olhar para o pai. - Não quero um guarda-costa me vigiando enquanto eu durmo.

- Se me permite. - ela me olhou com desdém, e arqueou as sombrancelhas. Com certeza, não estava acostumada com aquilo. - Sou segurança, não guarda-costas. Estou aqui para protegê-la, não para vigiá-la."

Ela me encarou de uma forma estranha. Parecendo incrédula com o jeito como eu a respondi

Seu olhar perscrutador me atravessou.

— Ah, não?

A voz de Heitor interrompeu o silêncio:

— Michael cuidará do dia, Thobias da noite. — Eloise arregalou os olhos, desdenhosa. — Não precisarei hospedar meus... protetores, suponho.

Contrai o rosto, ofendido.

Do jeito que ela falava parecia que estava se referindo à um cão de rua.

— Eles permanecerão do lado de fora. — Heitor garantiu, sem jeito.

Eloise exalou, aliviada.

— Perfeito. Posso retomar minha vida.

Com um breve aceno, ela se virou e partiu. Eu a segui, após um gesto de despedida para Heitor.

Diante da Mercedes branca, Eloise abriu a porta traseira e desapareceu no interior sombrio.

— Perdão... — comecei. O vidro preto desceu, revelando seu sorriso irônico.

— Você não acha que eu vá dirigir né?

— Eu sou segurança, não motorista — disse eu.

— Você trabalha pra mim. Faça o que eu mandar. — Ela respondeu séria.

Seu olhar gelado confirmou sua fama de "Rainha do Gelo".

- Não - Eu disse, e ela me encarou com os enormes olhos verdes, surpresa pela minha ousadia. - Trabalho para seu pai, não para você.

- Quem você pensa que é?

- Michael Dallas ao seu dispor.

Eloise grunhiu e saiu do banco de trás se sentando na frente. Eu suspirei, sentando-me ao lado. Eu sei que uma das funções de um segurança era bancar o motorista na maior parte das vezes. Mas eu precisava colocar aquela mulher em seu devido lugar.

Enquanto ela dirigia, eu discretamente admirava sua beleza incomum. Atraente era pouco para descrevê-la; cada linha de seu rosto exalava elegância e poder.

Eloise Thompson era atraente.

— Para onde vamos? — perguntei, tentando quebrar o silêncio.

— Minha empresa — respondeu Eloise, olhando fixamente para a estrada. — Preciso verificar como estão as coisas após minha ausência.

– Não sabia que você tinha uma empresa. — comentei.

Eloise ergueu uma sobrancelha.

— Surpreso por eu ter uma empresa ou por ser mulher e CEO?

— Não entendi. — Eu hesitei.

— Alguns homens costumam ter preconceito contra mulheres CEO de grandes empresas — explicou Eloise.

— Não quis ofender — acrescentei.

Ela sorriu levemente.

— Acredito que não.

Eu senti o olhar penetrante de Eloise sobre mim, uma sensação inédita. Nenhuma mulher havia conseguido me desestabilizar daquela forma, mas ela, em apenas meia hora, havia conseguido o impossível.

Eloise não desviou o olhar.

— O que foi? — perguntou, intrigada.

— Não é nada — eu disse, engolindo em seco, sentindo-me desconfortável sob seu escrutínio.

Que mulher diabólica! Como vou aguentar um dia inteiro ao lado dela, com essa atração intensa me consumindo por dentro?

Olhei para frente, aliviado, ao avistar ao longe o prédio onde se destacava o logotipo da Morel Thompson. Eloise estacionou a Mercedes no estacionamento particular e desceu com elegância, ajustando seu tailleur antes de entrar na empresa com passos seguros.

Desviei o olhar, repreendendo-me por um momento de fraqueza. Saí do carro e segui Eloise, mantendo distância respeitosa. O elevador nos aguardava. Seu profissionalismo era inegável, mas a saia justa revelava uma elegância que me desafiava a manter a concentração.

Se controla, Michael!

Você está em serviço!

A sigo em direção até o elevador.

— Fique o mais longe possível de mim, não quero me sentir sufocada aqui. — Eloise ordenou secamente.

Antes que eu pudesse reagir, ela saiu do elevador, deixando-me perplexo.

Observei-a se aproximar da recepcionista, que falava ao celular. Eloise tomou o aparelho e o jogou por cima do balcão.

— Melhore sua postura ou perderá o emprego — advertiu friamente.

A recepcionista murmurou algo ininteligível e se concentrou no computador. Eloise, satisfeita, dirigiu-se à sua sala e fechou a porta atrás de si, deixando um clima tenso no ambiente. Sua autoridade era inegável.

Um homem negro e cabelos cacheados, aproximou-se discretamente. Li em seu crachá "SAMMY".

— Não fique assustado, Eloise é assim com todo mundo — ele sussurrou com um sorriso.

Seus olhos curiosos se fixaram em mim.

— Você é novo aqui?

— Sim, sou o novo segurança — respondi.

Sammy ergueu uma sobrancelha.

— Da Sra. Thompson, certo?

Confirmei com um aceno.

—Primeiro dia? Bem-vindo ao circo!

Com um ar exagerado, ele prosseguiu:

— Deixe-me contar sobre a Sra. Thompson. Ela é... complicada. Muda de humor rápido. Um dia, sorrisos e elogios. Outro, olhares assassinos. Nunca contrarie-a, mesmo que esteja errada. Isso a deixa furiosa. Ela pode destruir sua carreira com um simples telefonema ou olhar desaprovador.

Sammy fez uma pausa dramática.

— Ela é perfeccionista, exigente e não tolera erros. Mas, por outro lado, pode ser generosa e justa quando quer. O segredo é conhecer seus limites e evitar conflitos.

Enquanto Sammy falava sem parar, minha mente divagava. Eles viam Eloise como uma rainha onipotente, intocável.

— Você entendeu? — Sammy perguntou, me trazendo de volta à realidade.

— Sim, entendi – menti, sem fazer a menor ideia do que ele havia dito.

—Oh, não perguntei seu nome! — disse Sammy. — Eu sou Sam. E você?

— Michael — respondi.

Antes que Sam pudesse continuar, um grito cortou o ar:

— SAM! NA MINHA SALA, AGORA!

Todos ao redor se assustaram. Sam empalideceu e correu para a sala de Eloise. O clima tenso voltou.

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