Michael Dallas
Antes de ser contratado por Heitor Thompson eu já havia ouvido poucas e boas sobre aquela família. Os Thompson's. Eles não eram de se envolver em escândalos, mas não tinham uma boa reputação. Começando pelos filhos. As irmãs Thompson tinham personalidades diferentes, e a mais diferenciada das quatro era a mais velha. Eloise Thompson. Eu já sabia tudo sobre aquela mulher, já que sempre estava nas revistas de fofoca, conhecida por ser uma pessoa fria e exigente - além, de ser a empresária que mais demite funcionários num mês. De alguma forma eu sabia que podia ter entrado numa fria a partir do momento em que pisei na mansão Thompson's e a vi pela primeira vez. Eu nunca tinha a visto pessoalmente, mas naquele momento toda a história que ouvi sobre ela nunca havia feito tanto sentido. Um barulho de salto alto ecoou sobre as escadas, eu subiu o olhar e lá estava ela. Radiante. Ela era alta e tinha várias curvas. Seus cabelos eram compridos e escuros como os de todos os Thompson's. Eloise tinha os olhos verde que olhava diretamente para o fundo dos meus olhos. Ela não tinha medo de olhar. Parecia decidida. Sabia o que queria. Me arrisco a pensar que no momento em que ela surgiu na sala algo mudou, como se ela marcasse uma simples presença. Talvez esse fosse o poder dela, de fato. Depois de cumprimentá-la, ela me fitou por um breve segundos me examinando com o olhar de cima para baixo. Eu não sabia identificar a expressão no rosto dela. - Quero saber mais sobre o turno dele. - ela disse rispidamente, desviando o olhar para o pai, ignorando completamente a minha mão estendida. - Não quero um guarda-costa me vigiando enquanto eu durmo. - Se me permite dizer. - ela me olhou com desdém, e arqueou as sombrancelhas. Com certeza, não estava acostumada com aquilo. - Não sou um guarda-costa, e sim, um segurança. E não precisa se preocupar, não ficarei com a senhorita durante a noite. E muito menos a vigiarei enquanto estiver dormindo. Ela o encarou de uma forma estranha. Parecendo incrédula com o jeito como eu a respondi - Ah, não? - Não, querida. Michael só ficará no turno do dia. A noite quem ficará será Thobias. - explicou Heitor. - Não precisarei deixá-los dentro do meu apartamento, né? Eu franzi o cenho. Do jeito que ela falava parecia que estava se referindo à um cão de rua. - Não. Tanto Michael quanto Thobias ficaram do lado de fora fazendo ronda. - Menos mal - resmungou ela. - Bom, acho que já posso voltar para minha vida sem que vocês fiquem no pé, né? - Eloise inclinou a cabeça. - Diga a mamãe que eu já fui. Observei ela passar por mim e sem pensar duas vezes eu segui depois de acenar para Heitor. Já estávamos do lado de fora da casa Thompson, e eu a acompanhava em direção a Mercedes branca. Eu franzi o cenho quando ela abriu a porta de trás e entrou. - Perdão... eu... - O que? - ela abaixou os vidros pretos - Você não acha que vou dirigir, acha? - Acho que está me confundindo. Eu sou o segurança não o motorista. - Está trabalhando pra mim, então, vai fazer tudo que eu mandar. Eu continuei a encarando esperando que fosse algum tipo de piada, aquela mulher tinha um olhar intimidador. Não é a toa que todos a chamavam de rainha do gelo. - Não - Eu disse, e ela me encarou com os enormes olhos verdes, surpresa pela minha ousadia. - Não estou trabalhando pra você, e sim, para seu pai. Só recebo ordens dele. - Você acha que é quem? - Michael Dallas ao seu dispor. Eloise grunhiu e saiu do banco de trás se sentando na frente. Eu suspirei e sentei no banco carona. Eu sei que uma das funções de um segurança era bancar o motorista na maior parte das vezes. Mas eu precisava colocar aquela mulher em seu devido lugar. Ela era uma mulher atraente de fato. Atraente ainda é pouco para descrever. Eloise Thompson era o próprio pecado. Mas não significava que ela podia falar como bem entender com as pessoas. - Para onde vamos? - eu perguntei na esperança de quebrar o silêncio. - Minha empresa - ela respondeu olhando fixamente para a estrada. - Preciso ver como estão as coisas por lá já que fiquei muito tempo longe. - Não sabia que tinha uma empresa - comentei, enquanto ela virava a esquina. - Está surpreso por eu ter uma empresa ou por eu ser mulher e ter uma empresa? - indagou Eloise com as sombracelhas arqueadas. Eu a encarou confuso. - Eu não entendi. - Os homens tem uma visão muito machista a respeito das mulheres serem CEO's de empresas grandes. - Eu não quis dizer isso... - Acredito que não. Eu senti o olhar dela sobre mim. Nenhuma mulher tinha o poder de me desestabilizar daquele jeito. Mas Eloise, em meia hora que se conheceram conseguiu, e surpreendemente tinha o poder. - O que foi? - ela perguntou ainda sem tirar os olhos de mim - Nada - eu pigarrei, ainda sentindo o olhar dela. Eu olhei para frente e agradeci mentalmente quando vi de longe a empresa Morel Thompson. Ela estacionou próximo a empresa e elegantemente, saiu de dentro do carro arrumando a postura e seguindo para dentro da empresa. Automaticamente desvia o olhar para bunda de Eloise. A saia justa que ela usava deixava a bunda dela escandalosamente marcada. Se controla, Michael! Você está em serviço! Saio de dentro do carro e a sigo em direção ao elevador. - Pra começar. Procure ficar o mais longe possível de mim. Não quero me sentir sufocada no meu ambiente de trabalho. Sem dar tempo de eu responder ela saiu andando quando as portas do elevador se abriram. Aquela mulher era louca, só pode. Observei de longe Eloise conversando com a recepcionista que estava ao celular. Arregalei os olhos quando Eloise tomou o celular da mão da mulher e o jogou por cima do balcão e em seguida falou algo sobre melhorar a postura ou perder o emprego. A recepcionista falou algo que eu não soube interpretar e desviou a atenção para o computador a sua frente. Satisfeita, Eloise foi caminhando em direção a uma sala onde fechou a porta. - Não fique assustado. Eloise é assim com todo mundo. Um homem de pele negra e cabelos cacheados sussurrou ao meu lado. Ele usava um crachá escrito o nome dele em negrito: Sammy. - Nunca te vi por aqui. É novo? - ele perguntou. - Sim, sou o novo segurança da... - Empresa? - o tal homem o interrompeu. - Da Sra. Thompson. - Ah - deu de ombros. - É seu primeiro dia, não é? Eu assenti. - Então não deve saber muito sobre a Sra. Thompson - refletiu ele. - Preciso te contar tudo que você precisa saber. - Acho que já sei tudo. - Não, você definitivamente não sabe! - ele deu uma pausa com um ar dramático. - A Sra. Thompson é cheia de mania. Às vezes está de bom humor e às vezes parece que quer matar qualquer pessoa que entra na sua frente. Na maioria das vezes ela está de péssimo humor. Então você não deve nunca contraria-la, mesmo se ela estiver errada. Isso a deixa furiosa e ela é capaz de acabar com a sua vida num estalar de dedo. Enquanto o homem que eu mal conhecia tagarelava, eu só pensava em uma coisa. Era assim que eles a viam. Como uma rainha que jamais deve ser contrariada. - Você entendeu? Saio dos devaneios e só agora percebo que fazia mais de cinco minutos que o homem tagarelava e eu não fazia ideia do que ele havia falado. - Sim. Eu entendi. - menti. - Oh, eu nem perguntei seu nome. Como se chama? - Michael. - Bom, eu me chamo... - SAM! NA MINHA SALA AGORA! - O grito de Eloise ecoou fazendo todos em volta dar um pulinho. - Sim, senhora! Prontamente Sam foi em direção a sala onde eu havia entrado minutos atrás.Eloise ThompsonUm dia de trabalho. Era tudo que eu precisava.Odiava ficar parada, mas ao mesmo tempo amava ficar sobre o conforto dos meus pais. Principalmente, o da mamãe. De alguma maneira me fazia sentir uma criança novamente. Eu adorava o jeito doce e maternal que mamãe nos tratava, ela fala que sempre seremos seus bebês, mesmo a deixando com cabelos brancos na maioria das vezes.Soltei um suspiro enquanto encarava a amostra laranja na frente. Mesmo adorando trabalhar, eu odiava ter que lidar com diversos assuntos burocrático, como supervisão de cores que eu claramente não escolhi.Eu havia contrato uma pessoa para essa função, porém com ela não havia dado certo então eu mesma passei a supervisionar tudo.Morel Thompson era a minha marca.Eu sonhava que um dia, a empresa a qual me dediquei por cinco anos fosse crescer algum dia. Mas não botava fé, sei que talvez ou bem provável que ela nunca ultrapassaria Stylus Thompson. N
Acordei pontualmente no horário que sempre acordava. Às sete. Me levantei e fui para o banheiro onde fiz minhas higienes matinais. Depois tomei um banho e me arrumei. Dessa vez eu peguei uma roupa mais formal que tinha no guarda-roupa. Eu tinha que está perfeita. Já que naquela manhã teria uma reunião com um dos acionistas com quem eu estava fechando contrato.Suspirei ao ver meu reflexo do espelho.Sempre gostei de estar vestida com os melhores looks. Uma mulher bem vestida é uma mulher determinada ao sucesso.Fui para cozinha onde me deparei com May, minha funcionária. Eu havia contratado May a três anos, assim que sai da casa dos meus pais. May era bastante competente e era uma das únicas pessoas que nunca me decepcionou - o que era raro.- Você está deslumbrante como sempre, Eloise - elogiou May, assim que eu me sentei na cadeira.- Obrigada - sorrio. - Como foi o seu final de semana? Imagino que tenha divertido bastante - perguntei e
- Soube que a reunião não saiu como o esperado. Os acionistas não fecharam o contrato e Eloise está uma fera! - comentou Lauren, a recepcionista.- Eu não entendo. Dessa vez tinha tudo pra dar certo - murmurou Sam.- Eloise deve está muito sobrecarregada. Isso é muita responsabilidade, coitada. Sorri. Mesmo que Eloise os tratassem mal na maioria das vezes, eles ainda se preocupavam com ela. Era lindo de ver todo o amor e carinho que todos tinham por ela.- Você devia ir na sala dela e conversar. - sugeriu Lauren dando de ombros.- Por que eu? - Sam arqueou as sombracelhas. - Porquê você é o assistente. Conhece ela melhor do que todo mundo. - Eu me recuso a ir na sala dela! Lembra do que aconteceu ano passado? Ela me acertou um abajur. Um abajur! - disse Sam.Arqueei as sombracelhas. Eu sabia o quanto Eloise era mandona e exigente, mas não fazia ideia de que ela também fosse o tipo de chefe que joga coisas nas
Eloise recordou um beijo emocionante. Thomas, meu irmão, chegou da França. Conversamos sobre Joseph, um passado sombrio da família. Thomas duvidou que Joseph buscasse vingança por dinheiro.Mudando de assunto, Thomas notou que eu estava sorrindo e perguntou sobre um possível namorado. Claro que eu neguei. Thomas me lembrou sobre o nosso acordo de avaliar namorados. – Isso não se aplica a mim — eu disse.— Direitos iguais para todos nós. — Thomas discordou.— Não estou namorando.Ele debochou da minha cara por um momento me fazendo revirar os olhos. Thomas saiu, mencionando um jantar familiar para celebrar sua volta. — Mamãe faz isso todos os anos — eu disse.— Tradição de familia — Ele respondeu.♡♡♡Eu e Michael caminhávamos para o apartamento em silêncio. A brisa me lembrava meu pai e nossas aventuras de bicicleta. Sentia falta dele.Michael recebeu uma ligação: Thobias estava doente. — Meu pai enviará outro? — perguntei. Michael respondeu que cobriria o turno. — Vinte e quatro
EloiseCada toque...Cada amasso...Cada beijo...Trazia uma sensação de vulnerabilidade que nenhum outro homem conseguiu despertar em mim. O poder de uma rendição, talvez. Não. Eu não podia me render tão fácil para um homem que eu mal conhecia, e o pior, um homem que além de tudo ficaria sempre por perto já que é meu segurança particular. Eu não me renderia. Não tão rápido. Por um momento eu desejei que nada atrapalhasse, mas o destino não foi muito ao meu favor. Ou era um sinal. - Que merda está acontecendo aqui, Eloise? - perguntou Benjamin, meu irmão.Rapidamente me levantei ajeitando o vestido.- Vocês estavam...- Não! - respondi rápido. - Não estávamos. - Mas eu vi seus... seios.Senti meu rosto rapidamente perdeu a cor. O meu irmão acabou de ver meu seios. Meu irmão. - Não é o que está pensando - atalhou ela.- Ah não? Vai me dizer que
Jamais imaginei que um dia deixaria um segurança dormi no meu apartamento. E muito menos que o deixaria tomar banho no meu chuveiro. Mesmo Michael não sendo um funcionário comum. Ele era a pessoa que passava o dia todo me protegendo. A pessoa que era paga a dar a vida por mim se fosse preciso. E o atrevido que teve a audácia de me beijar. Não que eu não tivesse adorado o beijo, e o jeito como ele me tocou no jardim. Eu adorei cada detalhe, mas nunca, nunquinha admitiria isso. De certa, forma eu sabia o que Michael fazia com meu corpo quando estava a míseros centímetros por perto. Eu sabia o quanto as batidas do meu coração aceravam a cada movimento. Como eu odiava ser vulnerável. Ouvir a voz dele me chamar.- O que é? - perguntei do outro lado da porta.- Você esqueceu a toalha.Revirei os olhos e fui buscá-la em outro quarto. Quando voltei, bati na porta. E outra vez. Mas não obtive resposta. - Michael! A toalha.Nad
A loira correu em minha direção me abraçando pelo pescoço e depositando vários beijos no meu rosto.— Você não imagina o quanto eu senti a sua falta! — Eu posso imaginar — respondi a afastando devagar. — Está tudo bem?Ela me soltou rapidamente e sua expressão mudou.— Eu estou péssima! Você sumiu por dias! — gritou irritada. — Não me mandou uma mensagem perguntando como eu estou ou se estou bem!— Olha, Marina, você sabe bem como é o meu trabalho.— Eu sei que você virou a noitada com os seus amigos. — ela cruzou os braços. — Não minta pra mim Michael!Revirei os olhos. A relação entre mim e Marina era complicada. A gente se conheceu em uma balada quando Marina tinha acabado de ser deixada no altar pelo noivo. De algum jeito eu a fiz sorrir, mesmo aquele sendo o pior dia da vida dela. E desde então, viramos melhores amigos. No começo era só isso. Até que um dia Marina resolver me pedir em namoro, mas eu não aceitei. Nã
O dia seguinte fluiu normal. Michael não havia falado nenhuma palavra comigo e passou o dia todo em silêncio. O que de fato, não era comum vindo dele a final.Eu me perguntava a todo o momento o que poderia estar passando na cabeça dele. Aquilo estava me incomodando tanto que fazia eu me sentir surpresa por sentir falta de conversar com ele – mesmo que 2 ou 3 palavras que falassemos fossem insulto –, eu sentia falta.- Sra. Thompson? - desvei o olhar do computador para a porta onde Lauren estava parada segurando uma pasta. - Os acionistas estão te esperando para a reunião.Suspirando olhei para o relógio de pulso que marcavam exato 08h35 e novamente suspirou. Eu estava cinco minutos atrasada.- Obrigada, Lauren. Diz que eu já vou. - eu disse, me levantando e organizando as papeladas.- A senhora quer que eu leve um café para a sala? - se ofereceu, num tom preocupado.- Um cappuchino seria ótimo, obrigada! - sorri e ela assentiu.<