Capítulo 06

- Soube que a reunião não saiu como o esperado. Os acionistas não fecharam o contrato e Eloise está uma fera! - comentou Lauren, a recepcionista.

- Eu não entendo. Dessa vez tinha tudo pra dar certo - murmurou Sam.

- Eloise deve está muito sobrecarregada. Isso é muita responsabilidade, coitada.

Sorri. Mesmo que Eloise os tratassem mal na maioria das vezes, eles ainda se preocupavam com ela. Era lindo de ver todo o amor e carinho que todos tinham por ela.

- Você devia ir na sala dela e conversar. - sugeriu Lauren dando de ombros.

- Por que eu? - Sam arqueou as sombracelhas.

- Porquê você é o assistente. Conhece ela melhor do que todo mundo.

- Eu me recuso a ir na sala dela! Lembra do que aconteceu ano passado? Ela me acertou um abajur. Um abajur! - disse Sam.

Arqueei as sombracelhas. Eu sabia o quanto Eloise era mandona e exigente, mas não fazia ideia de que ela também fosse o tipo de chefe que j**a coisas nas pessoas. Cada dia uma surpresa diferente.

- Costuma passar por isso? - me repreendi mentalmente por ter saído do meu posto e se metido na fofoca.

- Na maioria das vezes.

- Isso é sério?

- Você não conhece Eloise - respondeu Lauren. - Quando nada dá certo é na gente que ela desconta.

Esse comportamento parecia ser a cara de Eloise. Mas não parecia certo ela descontar a raiva em pessoas que não tinham nada haver com o que estava acontecendo.

- Eloise odeia admiti, mas cobra muito de si mesma na esperança de ser tão perfeita quanto o pai. - Sam se encostou na parede do meu lado. - Sabemos que isso nunca será possível, mas Eloise é teimosa e nunca desiste de encontrar a perfeição.

Por um momento senti um pouco de pena de Eloise. Ela só queria ser igual ao pai.

- Isso aos poucos está a prejudicando, sabe. Ela está cegamente louca pela perfeição, o que acaba atingindo todo mundo a sua volta. Incluindo, alguns funcionários que mal chegam e já são demitidos.

- Mas, isso não é justo.

- Sra. Thompson não tem pena de ninguém. - disse Lauren.

Pensei em como aquilo tudo estava sendo uma tortura pra ele. Eloise Thompson era má, e eu não tinha noção do quanto.

- Ah, Kristal! - Sam foi em direção a uma mulher que estava aos prantos. - O que aconteceu?

- Ela me demitiu.

- Eu sinto muito. Vem cá - Sam a puxou para um abraço.

A mulher chorava sem parar. Eu por um momento me coloquei no lugar dela. Eu também ficaria indignado se tivessem o demitido daquele jeito.

Eu agradecia por não ter sido ela que o contratou. E mesmo se fosse, eu não ficaria ali parado observando, enquanto ela humilhava as pessoas. Odiava ver pessoas inocentes sendo humilhada daquele jeito. Mesmo sendo meu trabalho, não se meter em assuntos que não lhe diz respeito, eu tenho que fazer alguma coisa.

E então, sem pensar duas vezes fui em direção a sala dela, entrei sem bater e me deparei com Eloise virada para a janela. Ela se virou rapidamente assustada.

Ok, aquela não era uma das maneiras mais elegante de eu entrar numa sala.

- O que pensa que está fazendo?

- O que você pensa que está fazendo? Não é justo você demiti alguém quando na verdade, a culpa é sua.

- Saí da minha sala! Você não tem permissão de entrar aqui. - ela andou em direção a mesa.

- Eu sou seu segurança. Querendo ou não eu vou ficar.

- Ah, eu vou ligar para meu pai pra acabar com isso agora mesmo! - Eloise esticou o braço e alcançou o celular.

- Pra ele me demiti igual você fez com aquela mulher? - indaguei, fazendo Eloise arquear as sombracelhas pela minha ousadia. - Sabe de uma coisa? Você não passa de uma mimada. Sempre teve tudo na vida, e por isso, não sabe o quanto um trabalho é importante para as pessoas.

- Bom, você não me parece se importar com o seu trabalho.

A segurei pelo braço e a encarei nos olhos. Eloise me olhava assustada.

- Você erra e acha que os outros são responsáveis pelos seus erros. Essa é Eloise Thompson.

- Não sabe do que está falando!

- É claro que eu sei. Você é uma mulher fria e sem coração. As pessoas têm razão de te chamarem de rainha do gelo.

Ela me acertou um tapa forte no rosto, me fazendo a soltar.

Eu encarei e novamente a segurei pelo braço a colando contra a parede. Sua respiração era pesada como a de um touro a nocautear o dominador.

- Nunca mais me bata. Ouviu bem?

Eloise não balançou a cabeça e não falou nada. Apenas me fitou. O que pareceu deixar eu ainda mais irritado.

- Você tem tudo. Como consegue ser tão estúpida?

Ela tentou me empurrar, mas foi em vão. Parecia odiar o fato de eu ter o dobro da força dela.

- Me solta!

- Não! Você vai me ouvir.

- Eu não tenho que te ouvir! Me solta!

Ela começou a se debater e as poucos foi parando. Eu a fitei por um instante. Os olhos verdes de Eloise a fazia ser ainda mais atraente do que já era. Meus olhos foram pairando nos lábios dela, e eu me perguntou como seria beijá-la bem ali.

A respiração dela estava pesada e ela tinha o olhar na minha boca. No automático minhas mãos foram deslizando sobre a cintura dela, eu a apertou levemente sem tirar os olhos da boca dela.

Eu tentava me segurar ao máximo para não atacá-la, mas todo meu esforço foi por água a baixo quando Eloise mordeu os lábios. Aquele era o sinal e a permissão de que eu podia beijá-la.

Então eu o fiz.

Eu a beijei com toda a necessidade que eu tinha de sentir cada parte dos labios macios dela. As mãos de Eloise puxava de leve meus cabelos , enquanto eu a impresava cada vez mais na parede o beijo foi ficando cada vez mais intenso me fazendo querer cada vez mais o corpo dela. Eu levei minha mão na bunda dela e a apertei com força a fazendo ofegar baixinho.

Eu gostava do som que ouvia. E quando estava prestes a enfiar a mão por baixo da saia dela...

O telefone tocou.

Rapidamente nos soltamos. Eloise pegou o telefone e o atendeu. Eu tentei ajeitar o terno o máximo que conseguia.

- Isso não podia ter acontecido! - Eloise disse depois de desligar o telefone.

- O telefone nos interromper?

- Não seu idiota! O beijo. O beijo, não deveria ter acontecido!

- Mas aconteceu e você gostou.

- Você não tinha o direito de me beijar. Ficou maluco?

- Teoricamente você também me beijou.

- Foi você que me beijou.

- E, você correspondeu e gostou.

- Eu não gostei!

- É sério?

- Já beijei pessoas melhores.

- Bom, acredito que se não tivesse gostado não teria correspondido.

Eloise engoliu em seco e eu sorri. As maçãs do rosto dela mudaram o tom para vermelho o que a deixava mais atraente na minha opinião.

- Não quero você entrando na minha sala de novo! Se não vou ter que informar ao meu pai que além de você ser um péssimo segurança você ainda me beijou!

- Péssimo segurança? É sério? Só estou aqui a dois dias. No máximo ele vai achar que é mais um showzinho da filhinha mimada.

Eloise me empurrou.

- Se me chamar de mimada de novo eu juro que...

- Vai me beijar de novo?

Era tão divertido irritá-la.

- Sai da minha sala! - Eloise apontou para porta. - Agora!

Eu resolvi não contraria-la. Então caminhei em direção a porta e Eloise a bateu assim que passei

Tinha algo misterioso nela. Ela não parecia ser iguais as outras, desde o momento em que a beijei, senti que estivesse se privando de algo. Eloise parecia estar gostando e querendo quase tanto quanto eu a queria. Mas ao mesmo tempo ela parecia estar distante.

- Você foi corajoso - Sam disse me dando leves t***s nas costas. - Pelo menos saiu vivo.

Forcei um sorriso. Do jeito que eles se referiam a Eloise parecia que ela era mesmo um monstro.

- Uma pena que seu terno esteja amarrotado.

Observo o olhar de Sam na minha roupa mal ajeitada.

- O que que rolou lá dentro? Eu ouvi gritos e depois barulho de coisas se quebrando. Ela te atacou um abajur?

- Não - respondi. Era óbvio que eu não falaria a ninguém o que rolou naquela sala. Eloise merecia respeito. Antes de ser a patroa, ela era uma mulher, não era justo ser exposta daquele jeito. Ainda mais para seus funcionários. - Tivemos uma discussão, mas já resolvemos. Preciso voltar ao meu posto.

O telefone da recepção tocou e rapidamente Sam foi atendê-lo. Assim que encerrou a ligação me olhou com os olhos arregalados.

— Crystal ela cancelou o seu desligamento!

— Sério? Eu não acredito! — comemorou a mulher que à minutos atrás se debruçava em lágrimas.

— Olha, eu não sei o que você fez, mas muito obrigada! — disse Sam me dando um leve tapinha nos braços. — Isso nunca aconteceu antes.

— Fico feliz em ter ajudado de alguma forma. — Sorri.

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