Inicio / Romance / Querida, Rendição / Capítulo 02: O Segurança
Capítulo 02: O Segurança

O passado ainda me sufoca, especialmente o que sofri aos doze anos no Canadá. As memórias de Joseph me perseguem: olhares lascivos, toques indesejados...

Eu pensava que ele tinha carinho por mim, como por Jade e Sophie. Mas o jeito que ele me olhava... era maldoso. Uma garota de doze anos nunca esqueceria aquele olhar.

Lembro o cheiro de álcool no hálito dele, o som da sua risada sinistra. Medo, raiva e vergonha ainda me consumem.

Sinto uma dor profunda por não lembrar do amor incondicional do meu pai, Gregory. Mamãe dizia que eu era o seu tesouro...

Mesmo após anos, o pesadelo persiste, mais perto do que imaginava.

Mesmo tendo passado anos e anos esse pesadelo ainda estava ali, só que dessa vez mais perto do que eu imaginava.

- Sua mãe e eu decidimos - começou papai sentado na beira da enorme cama de solteiro, onde eu estava deitada encolhida e abraçada a uma almofada macia. - Iremos contratar um segurança particular para você.

- Já temos seguranças o suficiente na mansão, não acha? - protestei.

- Temos sim. Mas precisamos de alguém qualificado apenas para você.

- Papai, isso não será necessário. Não preciso de ninguém pra estar comigo vinte e quatro horas por dia acompanhando meus passos e tudo que eu faço. Isso é frustrante!

- Mas é para seu bem. - ele suspirou cansado. - E não será por muito tempo.

- Será até quando?

- Até prendermos Joseph Medina.

Eu assenti. Joseph deveria ser preso no ano em que abusou da mãe no Canadá. Ele deveria apodrecer na prisão e passar por todos os meios de torturas possíveis.

Só Deus sabia o quanto eu odiava aquele homem com todas as forças.

- Só eu vou ter segurança?

- Não - dessa vez foi mamãe que respondeu. - Resolvemos contratar para suas irmãs também. Não sabemos os planos de Joseph e não podemos correr o risco de ele querer se aproximar das filhas.

Mamãe me encarou com um olhar acolhedor.

- Vocês falaram para Jade? Sabem que ela irá odiar isso tudo.

Mamãe suspirou. Dos sete filhos Jade era a mais rebelde, a que mais dava trabalho. Até hoje ela não sabe o real motivo que nos fizeram fugir do Canadá.

- Estou procurando o momento certo para contar a ela. Você conhece sua irmã. Sabe o quanto ela pode ser impulsiva, e não querer entender e complicar ainda mais as coisas.

Eu mesma poderia muito bem falar com ela, mas Jade era uma adolescente, e tudo que eu menos queria era ter que lidar com aquilo naquele momento. Não teria cabeça quando ela começasse a surtar e a fazer escândalos como sempre fazia em momentos assim.

- Acabei de falar com o Thomas. - Benjamin entrou no quarto com o celular na mão. - Ele disse que chegará amanhã.

Thomas atualmente estava terminando a faculdade na Itália.

- Isso é ótimo. Não vejo a hora de vê-lo. - disse mamãe, com um orgulho maternal.

- Nem eu. - papai sorriu pegando na mão da esposa. - Bom, acho que deveríamos fazer um banquete, aproveitando todos os meus filhos juntos!

— Eu acho uma excelente ideia, meu amor - mamãe sorriu.

Eu admirava tanto aquele homem. Ele ajudou uma mulher que conheceu num parque lhe oferecendo um serviço em sua casa. Se apaixonou por ela e assumiu sete filhos que não eram nem um pouco fáceis de lidar. Era uma atitude linda vindo de um homem bem renomado.

(...)

Mais tarde naquele dia.

Eu estava tão entediada de estar em casa sem poder sair. Queria estar em meu apartamento. Já que fazia alguns anos desde que saí da casa dos meus pais.

Pelo menos em meu apartamento eu não teria de lidar com nenhuma atenção o tempo todo.

- Eloise, que bom que acordou! — Daphne, minha irmã caçula, entrou no meu quarto. Seus olhos brilhavam de curiosidade. — É verdade que um homem tentou te sequestrar?

Minhas sobrancelhas se arquearam.

— Quem te contou isso?

— Ouvi um dos empregados. — respondeu ela, encolhendo os ombros. — Que assustador!

Revirei os olhos. A fofoca naquela mansão era mais rápida que um foguete.

- Onde está a mamãe? - perguntei mudando o assunto.

Eu não podia falar nada a respeito do sequestro para ela. Daphne era filha dele. Só não fazia ideia.

Eu pude agradecer mentalmente pelos empregados não saberem dessa parte da história se não as coisas só piorariam.

- Ela está com Jade. Estão discutindo.

- Novidade - sussurrei baixinho.

Depois de alguns minutos, me levantei, cansada das tagarelices incessantes de Daphne, uma pré-adolescente extrovertida de quase doze anos.

O novo segurança teria um grande desafio.

Enquanto atravessava os corredores, lancei um sorriso gentil para Zara, uma das empregadas. Ao chegar à escada, uma voz rude e desconhecida ecoou, fazendo-me pausar. Não era nenhum dos meus irmãos, nem meu pai. Quem seria?

Ao pé da escada, um homem imponente me surpreendeu. Seu terno elegante realçava o físico atlético. Cabelos loiros-escuros, maxilar definido, barba bem cuidada e olhos azuis penetrantes. Seu olhar intenso me fez engolir em seco. As sobrancelhas franzidas acrescentavam um ar de mistério e sensualidade.

Papai se virou e sorriu ao me ver.

— Eloise, venha cá.

Desci as escadas, cativada pelo homem de terno, cujos olhos azuis não se desviavam de mim. Seu olhar intenso me fazia sentir uma mistura de curiosidade e desconforto.

Papai sorriu.

— Eloise, este é Michael Dallas, seu novo segurança.

Michael me encarou intensamente, depois pegou minha mão e a beijou com elegância.

— Prazer, Eloise. — Seu olhar persistente me deixou arrepiada.

Sigue leyendo en Buenovela
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Escanea el código para leer en la APP