Se tem uma coisa que eu nunca superei na vida foi o meu passado, e tudo que sofri quando tinha doze anos e morava no Canadá. Nunca esqueci das vezes que o Joseph tentava me molestar.
Eu nunca pensei que um dia ele seria capaz de fazer uma coisa dessa. No começo eu achava que Joseph tinha por mim um carinho tão grande por mim como por Jade e Sophie. Um carinho de pai para filha. Eu não me lembro qual era a intensidade do carinho que meu verdadeiro pai tinha por mim, mas sabia que era o mais incondicional e amoroso possível. Pelas coisas que mamãe dizia, Gregory me amava mais do que tudo no mundo. Eu era o seu tesouro, assim como meus irmãos. Mas com Joseph eu sentia que aquele não era um carinho paternal. O jeito que ele me olhava não era o mesmo que um pai deveria olhar para a filha. Era bem diferente. Um olhar maldoso. Uma garota de doze anos nunca esqueceria aquele olhar. Mas infelizmente, ele ainda me assombrava todas as noites em pesadelos. Mesmo tendo passado anos e anos esse pesadelo ainda estava ali, só que dessa vez mais perto do que eu imaginava. - Conversei com sua mãe e nós dois chegamos a uma conclusão - começou papai sentado na beira da enorme cama de solteiro, onde eu estava deitada encolhida e abraçada a uma almofada macia. - Iremos contratar um segurança particular para você. - Já temos seguranças o suficiente na mansão - resmunguei, cabisbaixa. - Temos. Mas não podemos correr outro risco. Precisamos de um qualificado para ser apenas particular. - Papai, isso não será necessário. Não preciso de ninguém pra estar comigo vinte e quatro horas por dia acompanhando meus passos e tudo que eu faço. Isso é frustrante! - Mas é para seu bem. - ele suspirou cansado. - E não será por muito tempo. - Será até quando? - Até prendermos Joseph Medina. Eu assenti. Joseph deveria ser preso no ano em que abusou da mãe no Canadá. Ele deveria apodrecer na prisão e passar por todos os meios de torturas possíveis. Só Deus sabia o quanto eu odiava aquele homem com todas as forças. - Só eu vou ter segurança? - Não - dessa vez foi mamãe que respondeu. - Resolvemos contratar para suas irmãs também. Não sabemos os planos de Joseph e não podemos correr o risco de ele querer se aproximar das filhas. Mamãe me encarou com um olhar acolhedor. - Vocês falaram para Jade? Sabem que ela irá odiar isso tudo. Mamãe suspirou. Dos sete filhos Jade era a mais rebelde, e a que mais dava trabalho. Até hoje ela não sabe o real motivo que fizeram a mãe e os irmãos fugirem do Canadá. O único dos três que sabe é Benjamin. - Estou procurando o momento certo para contar a ela. Você conhece sua irmã. Sabe o quanto ela pode ser impulsiva, e não querer entender e complicar ainda mais as coisas. Eu mesma poderia muito bem falar com ela, mas Jade era uma adolescente, e tudo que eu menos queria era ter que lidar com aquilo naquele momento. Não teria cabeça quando ela começasse a surtar e a fazer escândalos como sempre fazia em momentos assim. - Acabei de falar com o Thomas. - Benjamin entrou no quarto com o celular na mão. - Ele disse que chegará amanhã. Thomas atualmente estava terminando a faculdade na Itália. - Isso é ótimo. Não vejo a hora de vê-lo. - disse mamãe, com um orgulho maternal. - Nem eu. - papai sorriu pegando na mão da esposa. - Bom, acho que deveríamos fazer um banquete, aproveitando todos os meus filhos juntos! — Eu acho uma excelente ideia, meu amor - mamãe sorriu. Eu admirava tanto aquele homem. Ele ajudou uma mulher que conheceu num parque lhe oferecendo um serviço em sua casa. Se apaixonou por ela e assumiu sete filhos que não eram nem um pouco fáceis de lidar. Era uma atitude linda vindo de um homem bem renomado. (...) Mais tarde naquele dia. Eu estava tão entediada de estar em casa sem poder sair. Queria estar em meu apartamento. Já que fazia alguns anos desde que saí da casa dos meus pais. Pelo menos em meu apartamento eu não teria de lidar com nenhuma atenção o tempo todo. - Eloise - a voz da minha irmã caçula, Daphne ecoou pelo quarto. - Que bom que está acordada! - O que é Daphne? - É verdade que um homem quase te sequestrou? Eu arqueou as sobrancelhas. - Quem te contou isso? - Eu ouvi um dos empregados comentando. - a mais nova deu de ombros. - Que assustador! Revirei os olhos. A fofoca naquela casa corriam mais rápida do que uma internet via satélite. - Onde está a mamãe? - perguntei mudando o assunto. Eu não podia falar nada a respeito do sequestro para ela. Daphne era filha dele. Só não fazia ideia já que nem nascida era. Eu pude agradecer mentalmente pelos empregados não saberem dessa parte da história se não as coisas só piorariam. - Dá última vez que a vi ela estava conversando com a Jade. Elas estão brigando. - Novidade - sussurrei baixinho. Depois de alguns minutos, eu resolvi me levantar. Não estava mais aguentando as tagarelices de Daphne. El tinha quase doze anos, era totalmente extrovertida e faladeira. O novo segurança dela que lute. Passo pelos corredores e sorrio delicadamente para Zara, uma das empregadas. Quando estava prestes a descer a escada e ir para o Hall ouviu uma voz grossa que definitivamente não era de nenhum de meus irmãos - e muito menos de meu pai. Fui em direção ao começo da escada onde vi um homem de terno, alto, com os cabelos loiros-escuros, um maxilar bem marcado, uma barba baixinha e os olhos azuis. Eu engoli em seco quando ele me viu. O homem tinha as sobrancelhas franzidas o que o deixava ser ainda mais sexy. Papai se virou e sorriu ao notar minha presença. - Eloise! Venha aqui. Desci as escadas, sem tirar os olhos do homem de terno. E para minha surpresa, ele também não tirava os olhos de mim. - Esse é Michael Dallas - papai o apresentou. - Ele será o seu novo segurança. Michael me encarou por um tempo, e então pegou uma das minhas mãos e a beijou. - Senhorita - É um prazer te conhecer.Michael DallasAntes de ser contratado por Heitor Thompson eu já havia ouvido poucas e boas sobre aquela família. Os Thompson's. Eles não eram de se envolver em escândalos, mas não tinham uma boa reputação. Começando pelos filhos.As irmãs Thompson tinham personalidades diferentes, e a mais diferenciada das quatro era a mais velha. Eloise Thompson. Eu já sabia tudo sobre aquela mulher, já que sempre estava nas revistas de fofoca, conhecida por ser uma pessoa fria e exigente - além, de ser a empresária que mais demite funcionários num mês.De alguma forma eu sabia que podia ter entrado numa fria a partir do momento em que pisei na mansão Thompson's e a vi pela primeira vez. Eu nunca tinha a visto pessoalmente, mas naquele momento toda a história que ouvi sobre ela nunca havia feito tanto sentido. Um barulho de salto alto ecoou sobre as escadas, eu subiu o olhar e lá estava ela. Radiante.Ela era alta e tinha várias curvas. Seus cabelos eram compridos e escuros como os de todos os Thom
Eloise ThompsonUm dia de trabalho. Era tudo que eu precisava.Odiava ficar parada, mas ao mesmo tempo amava ficar sobre o conforto dos meus pais. Principalmente, o da mamãe. De alguma maneira me fazia sentir uma criança novamente. Eu adorava o jeito doce e maternal que mamãe nos tratava, ela fala que sempre seremos seus bebês, mesmo a deixando com cabelos brancos na maioria das vezes.Soltei um suspiro enquanto encarava a amostra laranja na frente. Mesmo adorando trabalhar, eu odiava ter que lidar com diversos assuntos burocrático, como supervisão de cores que eu claramente não escolhi.Eu havia contrato uma pessoa para essa função, porém com ela não havia dado certo então eu mesma passei a supervisionar tudo.Morel Thompson era a minha marca.Eu sonhava que um dia, a empresa a qual me dediquei por cinco anos fosse crescer algum dia. Mas não botava fé, sei que talvez ou bem provável que ela nunca ultrapassaria Stylus Thompson. N
Acordei pontualmente no horário que sempre acordava. Às sete. Me levantei e fui para o banheiro onde fiz minhas higienes matinais. Depois tomei um banho e me arrumei. Dessa vez eu peguei uma roupa mais formal que tinha no guarda-roupa. Eu tinha que está perfeita. Já que naquela manhã teria uma reunião com um dos acionistas com quem eu estava fechando contrato.Suspirei ao ver meu reflexo do espelho.Sempre gostei de estar vestida com os melhores looks. Uma mulher bem vestida é uma mulher determinada ao sucesso.Fui para cozinha onde me deparei com May, minha funcionária. Eu havia contratado May a três anos, assim que sai da casa dos meus pais. May era bastante competente e era uma das únicas pessoas que nunca me decepcionou - o que era raro.- Você está deslumbrante como sempre, Eloise - elogiou May, assim que eu me sentei na cadeira.- Obrigada - sorrio. - Como foi o seu final de semana? Imagino que tenha divertido bastante - perguntei e
- Soube que a reunião não saiu como o esperado. Os acionistas não fecharam o contrato e Eloise está uma fera! - comentou Lauren, a recepcionista.- Eu não entendo. Dessa vez tinha tudo pra dar certo - murmurou Sam.- Eloise deve está muito sobrecarregada. Isso é muita responsabilidade, coitada. Sorri. Mesmo que Eloise os tratassem mal na maioria das vezes, eles ainda se preocupavam com ela. Era lindo de ver todo o amor e carinho que todos tinham por ela.- Você devia ir na sala dela e conversar. - sugeriu Lauren dando de ombros.- Por que eu? - Sam arqueou as sombracelhas. - Porquê você é o assistente. Conhece ela melhor do que todo mundo. - Eu me recuso a ir na sala dela! Lembra do que aconteceu ano passado? Ela me acertou um abajur. Um abajur! - disse Sam.Arqueei as sombracelhas. Eu sabia o quanto Eloise era mandona e exigente, mas não fazia ideia de que ela também fosse o tipo de chefe que joga coisas nas
Eloise recordou um beijo emocionante. Thomas, meu irmão, chegou da França. Conversamos sobre Joseph, um passado sombrio da família. Thomas duvidou que Joseph buscasse vingança por dinheiro.Mudando de assunto, Thomas notou que eu estava sorrindo e perguntou sobre um possível namorado. Claro que eu neguei. Thomas me lembrou sobre o nosso acordo de avaliar namorados. – Isso não se aplica a mim — eu disse.— Direitos iguais para todos nós. — Thomas discordou.— Não estou namorando.Ele debochou da minha cara por um momento me fazendo revirar os olhos. Thomas saiu, mencionando um jantar familiar para celebrar sua volta. — Mamãe faz isso todos os anos — eu disse.— Tradição de familia — Ele respondeu.♡♡♡Eu e Michael caminhávamos para o apartamento em silêncio. A brisa me lembrava meu pai e nossas aventuras de bicicleta. Sentia falta dele.Michael recebeu uma ligação: Thobias estava doente. — Meu pai enviará outro? — perguntei. Michael respondeu que cobriria o turno. — Vinte e quatro
EloiseCada toque...Cada amasso...Cada beijo...Trazia uma sensação de vulnerabilidade que nenhum outro homem conseguiu despertar em mim. O poder de uma rendição, talvez. Não. Eu não podia me render tão fácil para um homem que eu mal conhecia, e o pior, um homem que além de tudo ficaria sempre por perto já que é meu segurança particular. Eu não me renderia. Não tão rápido. Por um momento eu desejei que nada atrapalhasse, mas o destino não foi muito ao meu favor. Ou era um sinal. - Que merda está acontecendo aqui, Eloise? - perguntou Benjamin, meu irmão.Rapidamente me levantei ajeitando o vestido.- Vocês estavam...- Não! - respondi rápido. - Não estávamos. - Mas eu vi seus... seios.Senti meu rosto rapidamente perdeu a cor. O meu irmão acabou de ver meu seios. Meu irmão. - Não é o que está pensando - atalhou ela.- Ah não? Vai me dizer que
Jamais imaginei que um dia deixaria um segurança dormi no meu apartamento. E muito menos que o deixaria tomar banho no meu chuveiro. Mesmo Michael não sendo um funcionário comum. Ele era a pessoa que passava o dia todo me protegendo. A pessoa que era paga a dar a vida por mim se fosse preciso. E o atrevido que teve a audácia de me beijar. Não que eu não tivesse adorado o beijo, e o jeito como ele me tocou no jardim. Eu adorei cada detalhe, mas nunca, nunquinha admitiria isso. De certa, forma eu sabia o que Michael fazia com meu corpo quando estava a míseros centímetros por perto. Eu sabia o quanto as batidas do meu coração aceravam a cada movimento. Como eu odiava ser vulnerável. Ouvir a voz dele me chamar.- O que é? - perguntei do outro lado da porta.- Você esqueceu a toalha.Revirei os olhos e fui buscá-la em outro quarto. Quando voltei, bati na porta. E outra vez. Mas não obtive resposta. - Michael! A toalha.Nad
A loira correu em minha direção me abraçando pelo pescoço e depositando vários beijos no meu rosto.— Você não imagina o quanto eu senti a sua falta! — Eu posso imaginar — respondi a afastando devagar. — Está tudo bem?Ela me soltou rapidamente e sua expressão mudou.— Eu estou péssima! Você sumiu por dias! — gritou irritada. — Não me mandou uma mensagem perguntando como eu estou ou se estou bem!— Olha, Marina, você sabe bem como é o meu trabalho.— Eu sei que você virou a noitada com os seus amigos. — ela cruzou os braços. — Não minta pra mim Michael!Revirei os olhos. A relação entre mim e Marina era complicada. A gente se conheceu em uma balada quando Marina tinha acabado de ser deixada no altar pelo noivo. De algum jeito eu a fiz sorrir, mesmo aquele sendo o pior dia da vida dela. E desde então, viramos melhores amigos. No começo era só isso. Até que um dia Marina resolver me pedir em namoro, mas eu não aceitei. Nã