Eloise Thompson
Um dia de trabalho. Era tudo que eu precisava. Odiava ficar parada, mas ao mesmo tempo amava ficar sobre o conforto dos meus pais. Principalmente, o da mamãe. De alguma maneira me fazia sentir uma criança novamente. Eu adorava o jeito doce e maternal que mamãe nos tratava, ela fala que sempre seremos seus bebês, mesmo a deixando com cabelos brancos na maioria das vezes. Suspirei, encarando a amostra laranja à minha frente. Adorava liderar a Morel Thompson, mas a burocracia era um peso. A supervisão de cores, especialmente, consumia meu tempo. Contratei alguém para isso, mas não deu certo. Agora, eu mesma lidava com tudo, desde paletas de cores até detalhes de design. Cinco anos de dedicação e suor. Meu sonho: ver Morel Thompson crescer, se consolidar no mercado e superar a sombra da Stylus Thompson. Mas, por mais que me esforçasse, parecia um desafio intransponível. A Stylus era poderosa, com uma reputação sólida e uma presença avassaladora. Não queria ser hipócrita; esperava genuinamente superar aquele obstáculo. Morel Thompson era meu campo de treinamento para algo maior. Cada vitória, por menor que fosse, me motivava. E este ano seria decisivo. Quarto lugar, apenas três posições abaixo da Stylus. O desafio me consumia. - Sam, já disse para não comprar essa tonalidade de laranja! O que você estava pensando? - Eu disse para o meu assistente. - Eu pedi exatamente a cor que você escolheu, Eloise. Juro que não entendi por que está errada. - Não pedi essa cor! - Enfatizei, levantando a amostra. - Você sabe perfeitamente que ela não combina com nenhum tom de pele. Isso afeta toda a linha de produtos! - Às vezes, a impressora edita a imagem e altera o tom. - Sam, explicou. - Costuma acontecer. - Você deveria ter checado antes de confirmar a compra. Isso é básico. - eu disse, frustrada. - Eu sei, Eloise. Me desculpe. Vou verificar melhor da próxima vez. Prometo. -Sua obrigação é fazer isso corretamente. - lembrei, firme. - Não quero surpresas desagradáveis. Entendido? - Sim, entendi. Não vai acontecer novamente. Samuel, ou Sam, meu fiel assistente desde o início da Morel Thompson. Ele era não apenas confiável, mas também uma fonte inesgotável de fofocas. Sam parou na porta, um sorriso malicioso no rosto. -Aquele segurança novo é um deus grego, Eloise! - Sam, concentre-se no trabalho - repreendi, rindo, enquanto preenchia as planilhas. - Não sou cego, Eloise! - respondeu ele, arqueando uma sobrancelha. - Ele é irresistível! Se não fosse hétero, eu já teria conquistado! -E como você sabe que ele não é gay? - perguntei, curiosa. - Vi ele olhando para as mulheres aqui. Se for gay, é um mestre em disfarçar! - afirmou Sam, com um sorriso maroto. Revirei os olhos, dispensando Sam, mas minha mente permaneceu fixa no novo segurança. Michael Dallas: alto, cabelos loiros-escuros, olhos azuis penetrantes e aquela sobrancelha franzida que me fazia tremer. Por que os homens de terno precisavam ser tão atraentes? Era injusto. E Michael... era um caso à parte. Seu charme discreto e aquele olhar intenso me deixavam sem fôlego. Nunca admitiria em voz alta, mas ele era irresistível. E aquela sobrancelha franzida? Um pecado de tanto charme. Precisava me controlar; afinal, eu era a chefe. Quando por fim terminei tudo o que eu precisava sai da sala, porém fui surpreendida por uma pequena multidão próxima a mesa da recepção. De longe avistou Sam balançando a cabeça não concordando com o que estava acontecendo. Me aproximei com passos rápidos em direção a multidão. - O que está acontecendo aqui? - meu tom de voz era firme. As seis mulheres rapidamente se viraram assustadas. Vi Michael no meio delas e o encaro incrédula. Não posso acreditar que logo no primeiro dia de emprego ele estava se divertindo com as mulheres em um ambiente de trabalho. - Poderiam me explicar porque estão aqui ao invés de estarem trabalhando? Como era de se esperar nenhuma delas disseram uma palavra. - Eu poderia demitir as seis! Mas não estou podendo demitir ninguém essa semana. Então, se tiverem amor ao trabalho de vocês, voltem ao trabalho! Elas arregalam os olhos e rapidamente se afastaram cada uma para um lado. Soltei um breve suspiro e passei por Michael. Eu continuei caminhando, sentindo o olhar de Michael em minhas costas. O silêncio era desconfortável, mas também estranhamente reconfortante. Ao entrar no elevador, o silêncio se tornou ainda mais intenso. Michael permaneceu atrás de mim, sem dizer uma palavra. Eu não sabia se ele estava arrependido ou apenas refletindo sobre a situação. ♡♡♡ Quando cheguei em meu apartamento, Michael ficou do lado de fora como o combinado e eu entrei. Fui direto para o banheiro tomar um banho e ficar relaxada. Já era a noite quando eu me dei conta de que Michael não havia comido nada. Eu não perguntei quando era o horário de almoço ou quando eles tiravam uma horinha de descanso. Por um momento me senti péssima. Sem pensar duas vezes sai do apartamento esperando ver ele do lado de fora. Mas não era ele. - Quem é você? - eu perguntei. - Ah - o homem de óculos e cabelos pretos caídos sobre a testa se virou para mim. - Sou Thobias. Havia me esquecido do outro segurança. Será que eu havia passado tempo demais pensando em Michael? - Faz muito tempo que Michael saiu? - Mais ou menos uma hora. Assenti e voltei para dentro do apartamento. Eu ainda me sentia uma idiota. ♡♡♡ Michael Dallas Damon, segurança da irmã de Eloise, tomou um gole de whisky no bar. - Tenho certeza que Eloise não é pior que Jade - disse ele, rindo. - Ela me levou ao shopping com as amigas e fez-me carregar todas as bolsas! - Pelo menos ela não é a rainha do gelo - comentei. Damon arregalou os olhos. - Eloise é gata, não é? Porque Jade é incrível! Fiz uma careta. - Damon, a menina tem apenas 15 anos! Cuidado com o que diz, porque você pode ser preso. Ele deu de ombros. - Em breve fará 16 e é apenas três anos mais nova que eu. Mantive a expressão séria. Damon se calou e bebeu um pouco de sua bebida. Soltei um suspiro e desviei o olhar para o palco, onde uma dançarina loira subira. Seu vestido ousado e movimentos sedutores capturaram minha atenção. No entanto, o que mais me chamou a atenção foi seu olhar fixo em mim. "Acho que ela gostou de você", sussurrou Damon. A loira se aproximou do pole, girando sensualmente em torno dele. Seus olhos nunca deixaram os meus, criando uma conexão intensa. Quando a apresentação terminou eu fui em direção ao corredor e não demorou muito pra mim agarrar a loira pelo pescoço e jogá-la na parede. Eu a beijei sentindo todo o prazer crescer dentro de mim. A loira gemeu quando eu apertei seus seios. Parei por um momento para encará-la e vi Eloise bem ali. Apertei os olhos e voltei a ver a loira. Ela se ajoelhou e abriu o zíper da minha calça alcançando meu membro logo em seguida. Sem demorar ela o abocanhou e passou a língua ao redor. Coloquei a mão na cabeça dela e empurrei para baixo e para cima rapidamente. Vez ou outro a loira subia o olhar e eu podia ver Eloise bem ali no lugar dela. Eu imaginava sua boca carnuda e macia bem ali. Com esses pensamentos não demorou muito pra que eu explodisse na boca dela. A mulher me encarou com um olhar malicioso e em seguida começou a limpar o canto da boca. - Se quiser podemos ir para o quarto terminar o que começamos. - sugeriu ela passando a mão lentamente pelo meu abdômen. Fecho o zíper de sua calça. - Deixa para próxima. Amanhã eu trabalho bem cedo. - Ah não... - a mulher choramingou. - Preciso ir. Eu já estava quase virando o corredor quando ela disse: - Espero te ver mais vezes. Balancei a cabeça e ela sorriu. Eu estava acostumado a frequentar aqueles lugares com os amigos e a ficar com as dançarinas. Mas naquele dia algo havia mudado. Eu não parava de pensar no rosto de Eloise. Aquela mulher só podia ser uma feiticeira.Acordei pontualmente às 7h, seguindo minha rotina matinal precisa. Após as higiene pessoal e um banho revigorante, escolhi um traje formal do meu guarda-roupa, optando por um conjunto de tailleur preto e uma blusa de seda branca. Hoje era especial: uma reunião crucial com um importante acionista para fechar um contrato. Ao me olhar no espelho, um suspiro de confiança escapou. Meu reflexo mostrava uma mulher elegante e determinada. Sempre acreditei que um look perfeito é sinônimo de sucesso. Ajustei o colar de pérolas e verifiquei se meu cabelo estava perfeitamente arrumado. Peguei minha pasta e revisei os documentos da reunião. Estava preparada para impressionar. A confiança e a competência seriam minhas aliadas. Antes de sair, lancei um olhar pela janela. O dia prometia ser perfeito. Ao entrar na cozinha, encontrei May, minha leal funcionária, preparando o café da manhã. — Você está deslumbrante, Eloise — disse ela, com um sorriso sincero. — Obrigada. — respondi, sentando-me à
Michael — Soube que a reunião não correu bem — comentou Lauren, a recepcionista. — Os acionistas não fecharam o contrato e Eloise está furiosa! Sam murmurou: — Eu não entendo. Tinha tudo para dar certo. Lauren acrescentou. — Eloise deve estar sobrecarregada. É muita responsabilidade. Era incrível como todos se preocupam com Eloise, apesar de suas atitudes difíceis. O carinho e dedicação da equipe são realmente tocantes. - Ela precisa de apoio. Você precisa ir falar com ela. - sugeriu Lauren. - Por que eu? - Sam arqueou as sombracelhas. - Porquê você é o assistente. Conhece ela melhor que todo mundo. - Eu me recuso a ir na sala dela! Lembra do que aconteceu ano passado? Ela me acertou um abajur. Um abajur! - disse Sam. Arqueei as sombracelhas. Eu sabia o quanto Eloise era mandona e exigente, mas não fazia ideia de que ela também fosse o tipo de chefe que j**a coisas nas pessoas. Cada dia uma surpresa diferente. - Costuma passar por isso? - me repreendi mentalmente por te
Eloise recordou um beijo emocionante. Thomas, meu irmão, chegou da França. Conversamos sobre Joseph, um passado sombrio da família. Thomas duvidou que Joseph buscasse vingança por dinheiro.Mudando de assunto, Thomas notou que eu estava sorrindo e perguntou sobre um possível namorado. Claro que eu neguei. Thomas me lembrou sobre o nosso acordo de avaliar namorados. – Isso não se aplica a mim — eu disse.— Direitos iguais para todos nós. — Thomas discordou.— Não estou namorando.Ele debochou da minha cara por um momento me fazendo revirar os olhos. Thomas saiu, mencionando um jantar familiar para celebrar sua volta. — Mamãe faz isso todos os anos — eu disse.— Tradição de familia — Ele respondeu.♡♡♡Eu e Michael caminhávamos para o apartamento em silêncio. A brisa me lembrava meu pai e nossas aventuras de bicicleta. Sentia falta dele.Michael recebeu uma ligação: Thobias estava doente. — Meu pai enviará outro? — perguntei. Michael respondeu que cobriria o turno. — Vinte e quatro
Eloise Cada toque, cada beijo, me deixava vulnerável de um jeito que nunca tinha sentido. Era como se meu coração acordasse de repente. Mas eu não podia me apaixonar pelo meu segurança! Ele estava sempre por perto, e isso era perigoso. Por um momento, quis ignorar tudo e ver onde aquela conexão nos levaria. Mas a realidade era dura: ele trabalhava para mim. E se as coisas desandassem? Meu coração e minha cabeça estavam em guerra. Um lado pedia prudência; o outro, paixão. Eu precisava decidir: seguir meu instinto ou manter distância? Uma coisa era certa: nada seria como antes. - Que merda está acontecendo aqui, Eloise? - perguntou Benjamin, meu irmão. Rapidamente me levantei ajeitando o vestido, e tirando um pouco da grama do jardim. - Vocês estavam... - Não! - respondi rápido. - Não estávamos. - Mas eu vi seus... seios. Senti meu rosto rapidamente perdeu a cor. O meu irmão acabou de ver meu seios. Meu irmão. - Não é o que está pensando - atalhou ela. — Uma abelha te picou
Jamais imaginei que um dia deixaria um segurança dormi no meu apartamento. E muito menos que o deixaria tomar banho no meu chuveiro. Mesmo Michael não sendo um funcionário comum. Ele era a pessoa que passava o dia todo me protegendo. A pessoa que era paga a dar a vida por mim se fosse preciso. E o atrevido que teve a audácia de me beijar. Não que eu não tivesse adorado o beijo, e o jeito como ele me tocou no jardim. Eu adorei cada detalhe, mas nunca, nunquinha admitiria isso. De certa, forma eu sabia o que Michael fazia com meu corpo quando estava a míseros centímetros por perto. Eu sabia o quanto as batidas do meu coração aceravam a cada movimento. Como eu odiava ser vulnerável. Ouvir a voz dele me chamar. - O que é? - perguntei do outro lado da porta. - Você esqueceu de me dar a toalha. Revirei os olhos e fui buscá-la em outro quarto. Quando voltei, bati na porta. E outra vez. Mas não obtive resposta. - Michael! A toalha. Nada. Pensei se seria uma boa ideia abrir a porta e
A loira correu em minha direção me abraçando pelo pescoço e depositando vários beijos no meu rosto. — Você não imagina o quanto eu senti a sua falta! — Eu posso imaginar — respondi a afastando devagar. — Está tudo bem? Ela me soltou rapidamente e sua expressão mudou. — Eu estou péssima! Você sumiu por dias! — gritou irritada. — Não me mandou uma mensagem perguntando como eu estou ou se estou bem! — Olha, Marina, você sabe bem como é o meu trabalho. — Eu sei que você virou a noitada com os seus amigos. — ela cruzou os braços. — Não minta pra mim Michael! Revirei os olhos. A relação entre mim e Marina era complicada. A gente se conheceu em uma balada quando Marina tinha acabado de ser deixada no altar pelo noivo. De algum jeito eu a fiz sorrir, mesmo aquele sendo o pior dia da vida dela. E desde então, viramos melhores amigos. No começo era só isso. Até que um dia Marina resolver me pedir em namoro, mas eu não aceitei. Não gostava dela do jeito que ela queria. Então ela propôs um
No dia seguinte, tudo foi normal. Michael nem me olhou e ficou o dia todo em silêncio. Eu não parava de me perguntar o que estava rolando na cabeça dele. Aquilo estava me deixando louca, e eu até sentia falta de conversar com ele! — Sra. Thompson? — chamou Kristal, na porta, segurando uma pasta. Eu desviei os olhos do computador. — Os acionistas já estão me esperando, né? — ela assentiu. Eram 8h35. Cinco minutos de atraso. Suspirei. — Obrigada, Kristal. Avisa que eu já vou – disse, me levantando e arrumando os papéis. — Quer um café na sala? — ofereceu-se ela, preocupada. — Um cappuccino, por favor! — sorri. Kristal assentiu e saiu. Eu estava completamente esgotada. A noite fora uma corrida contra o relógio para resolver os problemas de marketing da empresa. Mal tive tempo para estudar para aquela reunião importante, e agora meu estômago rugia de fome. Sempre sonhei em seguir os passos do meu pai, um empresário bem-sucedido, mas a realidade era bem diferente. A pressão era
Eloise Thompson O alarme despertou. Estiquei os braços e o desliguei ainda sonolenta. Era um domingo um dia que eu não trabalharia e passaria a tarde inteira deitada na cama. E eu ia até que um braço se envolveu na minha cintura me fazendo dar um grito. Instantaneamente me virei e lá vi Michael. Ele estava completamente nu e deitado ao meu lado. Ah meu Deus! Flashblack da noite anterior vieram à tona e na hora e logo me dei conta da merda que fez. Fui pra cama com Michael. O meu segurança! Como eu pude ser tão baixa? Eu queria dar uma surra em mim mesma por ter sido tão burra. Como eu pude? Eu mal o conhecia e dei pra ele. Minha mãe com certeza ficaria envergonhada se soubesse. E meu pai? Bem, nem se fala. Uma coisa era certa, eu estava ainda pior por ter gostado de cada detalhe. Sem perceber eu estava sorrindo. — Pelo visto teve ótimos sonhos. — Michael disse com a voz rouca. Voltei a realidade ao ver o homem me encarando com um sorriso escancarado nos lábios.