Sophie Montenegro.
Ela diz isso com uma empolgação tão evidente que quase consigo ver a aura de fofoca brilhando ao redor dela. - O que aconteceu? - pergunto, mais curiosa do que deveria ser. - Me contaram que o antigo capitão do time foi expulso da universidade por má conduta. - Ela faz uma pausa dramática. - Mas, na verdade, ele estava transando com uma das professoras, que também foi demitida. E adivinha? O novo capitão é um verdadeiro astro da liga universitária, vindo de New York só para jogar pela nossa universidade. - Com "me contaram" você quer dizer que o Luke te contou a fofoca, né? - dou uma risada. Ela faz uma careta, mas não consegue evitar de rir também. Stormy namora Luke Evans, um dos caras do time de basquete. Ele é um bom sujeito, o que é uma surpresa para alguém que faz parte do time de basquete. E, claro, também é um tremendo fofoqueiro. - Isso não vem ao caso. - Ela dá de ombros. - Vamos ter uma estrela de basquete aqui na universidade! Isso é tão empolgante. Ela começa a dar pulinhos de animação. - Sim, para quem gosta de basquete, é bem legal. - respondo, tentando parecer entediada. - A apresentação dele vai ser hoje à tarde, e nós vamos! - As palavras dela fazem meu cérebro parar por um segundo e eu a olho, curiosa. - Como é? Nós quem? - pergunto, levantando uma sobrancelha. - Não seja tão chata, Sophie. Vai ser um amistoso. Luke vai jogar e eu quero muito ir apoiar ele. - Você tem todo o meu apoio, Smurfette, mas eu não vou. - digo calmamente, enquanto me aproximo da mulher que está na minha frente para pegar meu horário. - Sophie Montenegro. - Ela demora um pouco, mas logo me entrega meu horário. - Sophie, você sabe que eu não gosto de ir aos jogos sozinha. - Ela faz aquela carinha de cachorro triste que, honestamente, me faz revirar os olhos. - Não adianta, Stormy, eu não vou ao jogo. - Respondo com firmeza, já ciente de que isso vai continuar a me incomodar até o fim do dia. Stormy ainda me olha com aqueles olhos azuis tristes, como se estivesse tentando me convencer com um olhar. Eu já conheço esse truque, e sei que ela não vai desistir facilmente. - Ah, vai ser divertido, Sophie. - Ela insiste, esfregando as mãos como se estivesse preparando um argumento irrecusável. - Vai ser só um jogo, e eu prometo que vai ser rapidinho. E depois, quem sabe, podemos até sair para comer algo. - Vou pensar no seu caso. - digo enquanto analiso meus horários de aula. Sem nenhuma intenção de ir ao bendito jogo. Sejamos sinceros, eu não gosto de basquete, não conheço nenhum dos caras que jogam pela universidade e o único contato que tenho com alguém do time é com Luke, pois em primeiro lugar ele é namorado da minha amiga, e em segundo lugar ele é gente boa. Me pergunto sinceramente onde diabos estava com a cabeça quando deixei Stormy me arrastar para esse lugar. Digamos que assistir um bando de caras suados correndo atrás de uma bola, enquanto tentam desesperadamente enfiá-la em uma cesta, não é exatamente a minha definição de diversão. Mas, aparentemente, é a de Stormy, que vibra ao meu lado como se estivéssemos na final da NBA. Já Luke, seu namorado e estrela em ascensão no time de basquete, está claramente dando o máximo de si para impressioná-la. E olha, devo admitir, até funciona. Os dois são aquele tipo de casal que faz os outros rolarem os olhos de inveja ou tentarem disfarçar o ciúme. O novo capitão do time já foi apresentado, e, como era de se esperar, causou um alvoroço nas arquibancadas. O cara é alto – tipo, quase dois metros –, atlético, com pele bronzeada e cabelos cacheados e cheios. Basicamente, o pacote completo para arrancar suspiros de qualquer garota da universidade. Não posso negar que ele é bonito, mas, sinceramente? Para mim, ele não é essa Coca-Cola toda. E as garotas praticamente se jogando da arquibancada por ele? Um show à parte. A humanidade não cansa de me surpreender. Entre gritos e cestas, o jogo finalmente termina. Stormy corre até Luke, como era de se esperar, e se j**a nos braços dele para comemorar a vitória. Eu, por outro lado, me aproximo calmamente, mantendo minha postura habitual de “tanto faz”. — Foi um bom jogo. — Comento, com um sorriso calmo e educado, enquanto Stormy praticamente salta de animação. — Meu amor foi fantástico! — Ela exclama, abraçando Luke como se ele tivesse acabado de ganhar um Oscar. — Não infla o ego dele, Stormy. Ele já se acha o suficiente. — Digo com ironia, arrancando uma risada da minha amiga. — Mas falando sério, Luke, foi um ótimo jogo. — Eu sei, eu sou incrível. — Ele responde com aquele tom brincalhão que sempre me dá vontade de revirar os olhos. Mas aí ele solta algo que me faz parar no lugar. — A propósito, sereia, meu irmão disse para você tomar mais cuidado na próxima vez que resolver passar um cruzamento quando o trem estiver chegando. Eu estreito os olhos para ele, sentindo o sangue começar a ferver. — Tá ficando maluco, imbecil? — Pergunto antes de dar um tapa certeiro na cabeça dele. — Outra vez, Sophie? — Stormy pergunta, agora com a preocupação estampada no rosto. — Quando vai parar de tentar se matar desse jeito? — Quando eu finalmente conseguir. — Respondo com um sorriso, mas minha tentativa de piada não cola. O semblante dela se fecha na hora. — Eu tô brincando! — Acrescento rapidamente. — Eu tô bem, sério. Só precisava desestressar um pouco, e eu não estava sozinha. — Você vai acabar se machucando, Soph. — Ela insiste, claramente preocupada. — Prometo que tomo todos os cuidados. — Respondo com o tom mais calmo que consigo. — Claro que sim, até porque, segundo Alex, você estava de capacete. — Luke solta, com aquele sorrisinho irritante que só ele sabe fazer.A vontade de agarrar o pescoço dele e torcer como se fosse um saco de lixo é quase incontrolável. — Não me faça cometer um homicídio, Evans. — Ameaço, com o olhar fixo nele. — Vai com calma, sereia... — Cala a droga da boca, Luke. — Respondo, séria. O problema com Luke, além do fato de ser um fofoqueiro nato, é que ele tem essa mania insuportável de meter o nariz onde não é chamado. E, claro, essa curiosidade insana já o colocou em apuros mais vezes do que ele poderia contar. Quanto ao apelido "sereia", é o meu nome nas pistas. Ninguém é idiota o suficiente para usar o nome real quando as corridas clandestinas estão cheias de policiais, seja disfarçados para investigar ou apenas lá para curtir a adrenalina. Ah, e Luke tem um irmão, Alexsander Evans, conhecido nas pistas como "Fantasma". Ele é uma das ironias vivas da cidade: um dos policiais mais respeitados durante o dia, e um dos melhores pilotos mascarados à noite. A moral dessa história? Todo mundo tem seus segredos – alguns
Eles começaram a fazer os pedidos, um de cada vez, entre risinhos e comentários que eu escolhi ignorar. Quando finalmente chegou a vez dele, a estrela ascendente, Aaron se inclinou casualmente contra a cadeira, como se fosse dono do lugar. — Um hambúrguer duplo, batatas fritas grandes e um milk-shake de chocolate. — Ele sorriu como quem sabia que tinha todo o tempo do mundo. — Certo. — Anotei o pedido e estava prestes a dar meia-volta quando ele resolveu abrir a boca de novo. — Valeu, sereia. O silêncio que se seguiu foi quase palpável. Todos na mesa olharam para ele, alguns prendendo o riso, outros claramente curiosos. Eu, por outro lado, estreitei os olhos e o fuzilei com um olhar que prometia consequências. — Você é muito engraçado, sabia? — murmurei, sem esperar resposta antes de virar as costas e me afastar, deixando a mesa e o engraçadinho para trás. Sabe aquela vontade súbita de cometer um homicídio? Pois é, eu estava sentindo isso agora. Primeiro, Luke, aquele imbec
Sophie Montenegro. HORAS ANTES... O vento frio corta meu rosto enquanto avanço pelas avenidas quase desertas. Estou exausta, meu corpo inteiro dói, meus pés protestam, e minha cabeça pede um descanso que parece nunca chegar. Mas, por ora, a moto é meu alívio. Ela sempre é. Chego a um cruzamento, a cidade quase silenciosa, e, por um raro momento, decido respeitar as regras. O sinal está vermelho. Olho para trás, e vejo uma picape escura, com os vidros fumê, parando logo atrás de mim. Não ligo muito, as ruas estão vazias, então sigo em frente. Quando o sinal abre, acelero sem hesitar. O vento agora parece uma faca cortando minha pele, mas eu gosto disso. A adrenalina me mantém alerta. A moto vibra sob mim, como se soubesse que eu preciso dela mais do que nunca. Passo por mais algumas esquinas, e, ao olhar para trás, a picape está lá, ainda me seguindo. O que diabos? Não quero saber quem é, nem por que está me perseguindo. A sensação estranha na minha barriga diz que não devo arri
Sophie Montenegro. Ela para no meio do corredor abarrotado de estudantes, a boca aberta em choque. — Você o quê? Sophie, tem noção do quão perigoso isso é? E você nem contou pra ninguém? — Estou contando pra você agora, parabéns. — Respondo, a voz carregada de sarcasmo enquanto sigo andando. Ela, é claro, não desiste e me segue como um grilo falante. — Sophie, isso é sério! Você deveria falar com a polícia. Isso é perigoso e quanto a seu irmão, contou a ele ? Dou uma risada seca, balançando a cabeça em sinal negativo enquanto seguimos até os armários. Zack já é protetor o suficiente eu não preciso que ele monte guarda em frente ao meu trabalho, portanto um maldito taco de baysibol ou quem sabe esperante qualquer cara que se aproxime de mim. Na verdade eu prefiro evitar problemas, com isso concluo que contar a Zack não é uma boa opção. Saímos do prédio principal e seguimos para uma das áreas arborizadas do campus. O sol está brilhando, as árvores dançam ao vento, e o lugar seria
Sophie Montenegro Uma semana depois. — Eu não vou. — digo calmamente, tomando um gole de água enquanto observo o campus à minha frente. — Nem adianta, Stormy. Não vou. — Por favor, Sophie, vai ser aniversário do Luke. Ele pediu para te chamar. — Ela faz uma cara de suplica, e eu reviro os olhos. — Você fez o que ele pediu, está me chamando, e eu me reservo ao direito de não comparecer. — Dou de ombros. — Tenho compromisso, você sabe disso. — Onde vai ser? — Ela pergunta, com uma mistura de acusação e curiosidade na voz. — Onde vai ser o quê? — me faço de desentendida. — A corrida, onde vai ser? — Não sei do que você está falando. — Dou de ombros novamente, tentando desviar. — Vamos lá, eu vou com você quando acabar a festa. — Ela diz, como se fosse a melhor troca do mundo. — Nem em sonho. — Riu, sem esconder a diversão. — Ainda não enlouqueci ao ponto de colocar você nesse meio. — Se você não me contar, eu descubro com o Alex. — Ela dá de ombros, desafiadora. — Como se um
— Cara***! — Ele levou a mão ao peito, o susto claro em seus olhos. — Que p*** você tá fazendo aqui, sua maluca? — Por que essa reação, Aaron? Achei que você ia gostar de me ver. — Um sorriso surgiu nos meus lábios enquanto eu avançava em passos lentos, quase dançando. — Me diga, estrela em ascensão... Isso é saudade ou só uma curiosidade doentia sobre minha vida? — parei bem à sua frente, obrigando-o a recuar até se encurralar no fim do corredor. — O que você quer aqui? — ele tentou soar firme, mas sua voz tremia. — Eu... Eu vou chamar a segurança! Você... você não pode estar aqui! — Engraçado. — Ri suavemente. — Seus amigos não acham o mesmo. Na verdade, eles dariam qualquer coisa para estarem sozinhos comigo. — Inclinei a cabeça, avaliando a reação dele. — Mas, claro, você foi o escolhido. Então... vamos jogar um jogo, pode ser? Minhas unhas deslizaram pelo peitoral dele, sentindo os músculos tensos enquanto sua respiração acelerava. — Verdade ou consequência. — Minha voz saiu
Sophie Montenegro. Ressaca. Era a palavra que mais se encaixava em mim naquele momento, enquanto estacionava minha moto no estacionamento da faculdade, já perto da segunda aula. Cheguei em casa praticamente ao amanhecer, por volta das 5h40, e caí direto na cama, como um saco de batatas. Perdi a hora, e com ela, a primeira aula, o que, para ser sincera, não era nem um pouco surpreendente, mas era também um desastre. Retirei o capacete, respirando fundo. Quando acordei, minha primeira ação foi pegar a primeira coisa que encontrei no guarda-roupa e vesti-la, engolir uma torrada seca e pegar meu capacete, as chaves da moto e a mochila, tudo em um só movimento. Eu não queria estar ali. Na verdade, minha cama me parecia muito mais convidativa, mas o teste da terceira aula estava me esperando. Um teste do qual eu não fazia a menor ideia de como iria me sair, já que o único plano que eu tinha para o dia era não cair de cara no chão por conta da ressaca. Desci da moto e me arrastei em dire
Reviro os olhos e acelero a moto, alcançando-o rapidamente. Ele dá um sorriso divertido, provavelmente achando graça da minha insistência. - Não vai não. - digo, firme, enquanto o observo. Tyler sorri para mim, prestes a sair do estacionamento, quando uma picape preta entra no local. Não é uma manobra brusca, mas definitivamente rápida demais para o horário. Reconheceria aquele carro em qualquer lugar. - Ei... Oh, ei, cara. - Tyler diz, aproximando-se da picape enquanto o vidro desce, confirmando minhas suspeitas. - Estamos fechados, cara. - Droga. - ouço Aaron murmurar de dentro do carro, a voz carregada de cansaço. - Eu só preciso de um café, desenrola essa pra mim. - Sinto muito, irmão. Já passa da meia-noite. Ficamos além do horário e as chaves nem estão conosco. - Tyler responde com sua calma habitual, apontando para nós. - Mas tem um posto de gasolina com loja de conveniência 24 horas a algumas quadras daqui. Eles vendem café. Tyler se aproxima mais do carro e começa a dar