02

Sophie Montenegro.

— Sério, vocês não têm mais o que fazer? - pergunto, enquanto ajusto a alça da mochila no ombro.

- Não, na verdade não. - Zack responde, fingindo um tom sério, enquanto Rick solta uma risada curta.

- Certo. Ótimo. Então fiquem longe do meu caminho. - Atalho na direção do prédio principal, ignorando os murmúrios ao meu redor.

Algumas pessoas apontam, outras cochicham. Sempre a mesma ladainha. "Olha a garota das tatuagens." "Acho que ouvi dizer que ela participou de rachas ilegais." Ah, que original. Adoro ser o tema do café universitário de gente que claramente não tem nada melhor para fazer.

Rick se aproxima, jogando um braço sobre meus ombros como se tivesse esse direito.

- Vai, admita, princesa. Você ama essa atenção.

- Adoro tanto que sonho com o dia em que você e o Zack vão se perder no caminho e me deixar em paz.

Ele ri, claramente sem intenção de sair do meu pé.

- Só estamos aqui para garantir que ninguém se meta com você.

- Ninguém nunca se mete comigo, Rick. Exceto vocês. - Dou um empurrão em seu braço e sigo meu caminho, ouvindo a risada ecoar atrás de mim.

Ser o "centro das atenções" nunca foi algo que eu desejei, mas, pelo visto, é algo que me persegue. E, para ser sincera, às vezes acho que isso me diverte mais do que eu gostaria de admitir.

Zack, Rick e Kiara já deixaram os dias de universidade para trás há muito tempo. Cada um tem sua carreira bem estabelecida e vidas independentes. Mas, claro, isso nunca os impediria de aparecer na faculdade, principalmente quando se trata de Rick e Zack, que veem isso como um playground de flertes. Diferente de mim, esses dois idiotas são sempre o centro das atenções. "Bad boys", é assim que as garotas os chamam com aqueles olhos brilhando de expectativa. Já perdi a conta de quantas meninas vieram até mim com perguntas cheias de segundas intenções.

- "Me apresenta o ruivo?"

- "Eu prefiro o loiro! Você já viu aquela cara de mal?"

- "Eles realmente são solteiros?"

Sempre as mesmas perguntas, como se eu fosse a gerente da agenda deles. A resposta é simples: não, não estou com nenhum deles. Mas, pelo visto, isso só as deixa mais animadas.

Apesar da fama de "pegadores", as vidas de Zack e Rick não se resumem apenas a azarações. Zack, com 27 anos, é dono de um dos estúdios de tatuagem mais badalados da cidade. O cara é uma figura: loiro, quase dois metros de altura, cabelo longo geralmente preso em um coque despretensioso no topo da cabeça, músculos de quem passa mais tempo na academia do que deveria e tatuagens cobrindo praticamente todo o corpo. Segundo ele, a "cara de marginal" é o que atrai as mulheres. E, honestamente? Parece funcionar.

Rick, o ruivo, tem 28 anos e é proprietário de um pub local que combina música ao vivo, boas bebidas e um ambiente que faz você querer voltar sempre. Ele e Kiara cuidam do lugar com paixão, transformando-o em um ponto de encontro icônico na cidade. Rick não fica atrás de Zack no quesito atenção feminina: alto, musculoso, com os cabelos ruivos brilhando como um sinalizador e uma carinha de anjo, que, sem a barba, fica quase infantil. Claro que os piercings, alargadores e tatuagens quebram essa imagem, dando a ele aquele ar de "bom moço rebelde".

Agora, Kiara... Bem, eu honestamente não sei como ela aguenta o irmão. Se fosse eu, já teria o empurrado de cima da roda-gigante do píer. Kiara tem 23 anos e é praticamente um furacão em forma de mulher: cabelos longos e ruivos que parecem pegar fogo sob a luz, curvas de parar o trânsito, e um par de olhos azuis que faz qualquer um esquecer o que estava dizendo. Ah, e claro, algumas tatuagens estratégicas que só adicionam mais charme à sua beleza natural. Modéstia à parte, minha amiga é de tirar o fôlego.

E quanto a mim? Bom, eu gosto de dizer que sou o equilíbrio perfeito entre "normal" e "inesquecível". Tenho 1,68 m de altura, um corpo com curvas no lugar certo, olhos negros que revelam mais do que deveriam e cabelos longos e igualmente negros, caindo em cascatas lisas pelos ombros. Minha pele clara é marcada por tatuagens que contam histórias - algumas minhas, outras inventadas -, mas todas carregadas de significado. E, claro, essas tatuagens também atraem os olhares curiosos. Afinal, nada diz "misteriosa" como uma garota cheia de tinta na pele.

Sigo para o meu armário, guardo o capacete e começo a procurar meus livros quando, de repente, algo pesado pula nas minhas costas, quase nos fazendo cair.

- Sophieee! - Stormy, minha antiga pantera cor-de-rosa, agora transformada em Smurfette, me envolve em um abraço apertado. - Que saudade, amiga! Você não faz ideia de o quanto estou animada para esse ano letivo.

Stormy é uma das poucas garotas da faculdade que fala comigo sem querer algo de Zack, Rick ou qualquer outro babaca. Nos conhecemos no ano passado durante a apresentação, quando tivemos que formar duplas. Por algum motivo, nos demos bem e, cá estamos.

- Como vai, Smurfette? - sorrio, apontando para o cabelo azul dela.

Stormy também cursa artes. Seus pais, artistas, sempre a incentivaram a se expressar da forma que quisesse. Não tem tatuagens ou piercings, mas o cabelo dela é sempre uma obra de arte, com tons vibrantes que, modéstia à parte, são perfeitos.

- Já sabe da novidade? - Ela pergunta, cheia de entusiasmo, enquanto procuramos nossos horários.

- Não me diga... O senhor Gordon finalmente se aposentou e vai nos dar paz? - respondo com uma pitada de sarcasmo. O senhor Gordon, o professor mais velho do curso, era o tipo de pessoa que claramente detestava o que fazia, mas estava ali para pagar as contas.

- Infelizmente, não teremos tanta sorte. - Ela faz uma careta que me faz rir. - Na verdade, é sobre o time de basquete da universidade.

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App